Programação e Configuração de Sistemas de Automação
Programação de Controladores Lógicos Programáveis (CLP/PLC)
Os Controladores Lógicos Programáveis
(CLP/PLC - Programmable Logic Controller) são dispositivos eletrônicos
amplamente utilizados na automação industrial para controlar máquinas e
processos de forma eficiente e flexível. Eles podem ser programados para
executar uma série de tarefas automaticamente, com base em entradas de sensores
e dispositivos de controle. A capacidade de reprogramação do PLC e sua robustez
fazem dele uma peça-chave na automação de diversos setores industriais.
Conceitos
e Funcionamento do PLC
O PLC é essencialmente um pequeno computador
industrial que substitui sistemas de controle eletromecânicos, como painéis de
relés e temporizadores, por uma solução mais flexível e eficiente. Ele é
composto por várias partes essenciais:
O funcionamento básico de um PLC segue um ciclo
contínuo conhecido como ciclo de varredura (scan cycle). Durante o
ciclo, o PLC lê as entradas, executa o programa (que define como responder às
condições das entradas), atualiza as saídas com base nas instruções do
programa, e então repete esse processo continuamente em alta velocidade.
Linguagens
de Programação (Ladder, FBD, STL)
Os PLCs podem ser programados usando diferentes
linguagens de programação, de acordo com o padrão IEC 61131-3, que
define cinco linguagens padrão para o controle de processos. As três linguagens
mais utilizadas são Ladder Diagram (LD), Function Block Diagram (FBD)
e Structured Text (STL).
1.
Ladder Diagram (Ladder):
o Descrição: É a linguagem de programação mais comum e se assemelha a diagramas de relés elétricos, sendo amplamente utilizada por eletricistas e técnicos. Nessa linguagem, as instruções
são representadas em
forma de "degraus" de uma escada, com linhas verticais representando
o circuito de controle.
o
Características: A programação Ladder é intuitiva, pois cada
"degrau" representa uma operação lógica, como liga/desliga (contatos
abertos/fechados), temporizadores e contadores. É ideal para a lógica
sequencial.
o
Exemplo: Programar um PLC para ligar um motor quando um
botão for pressionado e desligar o motor ao soltar o botão.
2.
Function Block Diagram (FBD):
o
Descrição: Essa linguagem usa blocos de funções que
representam operações lógicas, como AND, OR, temporizadores, contadores, entre
outros. Os blocos são interconectados de forma gráfica, facilitando a
visualização do fluxo de controle.
o
Características: A FBD é ideal para aplicações em que o controle é
baseado em operações matemáticas ou de processo contínuo. Ela é amplamente
usada em sistemas que envolvem controle de processos industriais, como controle
de temperatura ou pressão.
o
Exemplo: Criar um programa para controlar a temperatura de
um forno industrial, ativando o aquecedor ou resfriador conforme a temperatura
medida.
3.
Structured Text (STL):
o
Descrição: É uma linguagem textual de alto nível, semelhante a
linguagens de programação convencionais, como Pascal. Nela, o programador
escreve instruções sequenciais que o PLC deve seguir, usando comandos como IF,
THEN, FOR, WHILE.
o
Características: STL é ideal para programas mais complexos, que
exigem cálculos matemáticos avançados, loops ou decisões lógicas complexas.
o
Exemplo: Programar o PLC para executar cálculos complexos de
controle de fluxo em um sistema de tubulação baseado em entradas de sensores de
pressão e vazão.
Exemplos
de Automação Simples com PLC
Os PLCs são extremamente versáteis e podem ser
usados em diversas aplicações industriais, desde as mais simples até as mais
complexas. Abaixo estão alguns exemplos de automação simples utilizando PLC:
1.
Controle de Esteira Transportadora:
o
Descrição: Um PLC pode ser programado para ligar ou desligar
uma esteira transportadora com base na presença de um objeto detectado por um
sensor de proximidade.
o
Funcionamento: Quando o sensor detecta um objeto, o PLC liga a
esteira; quando o objeto chega ao final da esteira, outro sensor desliga o
motor, interrompendo o movimento.
2.
Controle de Iluminação Automática:
o Descrição: Em um ambiente industrial ou comercial, um PLC pode ser usado para controlar o
acendimento e apagamento das luzes com base em
sensores de presença.
o Funcionamento: Se um sensor de presença detectar movimento em um determinado local, o PLC aciona o circuito de iluminação. Após um período de inatividade, as luzes são desligadas automaticamente.
3.
Sistema de Enchimento de Tanques:
o
Descrição: O PLC pode ser programado para controlar o
enchimento de um tanque com base nos níveis de água detectados por sensores de
nível.
o
Funcionamento: Quando o sensor de nível baixo é acionado, o PLC
abre uma válvula para iniciar o enchimento. Quando o sensor de nível alto é
atingido, o PLC fecha a válvula para interromper o fluxo de água, garantindo
que o tanque não transborde.
Esses exemplos ilustram como os PLCs podem
automatizar processos simples, mas cruciais, em diferentes ambientes
industriais, garantindo eficiência, precisão e segurança nas operações.
Conclusão
A programação de Controladores Lógicos Programáveis
(CLPs/PLCs) desempenha um papel vital na automação de processos industriais.
Com diferentes linguagens de programação como Ladder, FBD e STL,
os PLCs oferecem flexibilidade para controlar e automatizar uma ampla gama de
sistemas e máquinas. Desde a automação de esteiras transportadoras até o
controle de iluminação e sistemas de enchimento de tanques, os PLCs garantem
precisão, segurança e eficiência, sendo indispensáveis para a automação
moderna.
Redes Industriais para
Automação
As redes industriais para automação
desempenham um papel fundamental na comunicação e integração de dispositivos
dentro de sistemas automatizados, permitindo que sensores, atuadores,
controladores lógicos programáveis (CLPs/PLCs) e sistemas de supervisão troquem
informações de forma eficiente e em tempo real. Esses sistemas de comunicação
são organizados em redes industriais, utilizando protocolos específicos que
garantem a transmissão confiável de dados e a interoperabilidade entre
diferentes dispositivos.
Protocolos
de Comunicação Industrial
Os protocolos de comunicação industrial são
padrões de comunicação utilizados em redes de automação para garantir que
dispositivos de diferentes fabricantes e funções possam se comunicar de maneira
padronizada. Alguns dos protocolos mais comuns incluem Modbus, Profibus
e Ethernet/IP.
1.
Modbus:
o Descrição: Criado pela Modicon em 1979, o Modbus é um dos protocolos mais antigos e amplamente utilizados no mundo da automação industrial. Ele é um protocolo aberto, o que o torna acessível e
é um
dos protocolos mais antigos e amplamente utilizados no mundo da automação
industrial. Ele é um protocolo aberto, o que o torna acessível e fácil de
implementar em diversos dispositivos.
o
Funcionamento: Modbus opera em uma arquitetura mestre-escravo,
onde o mestre (geralmente um PLC ou sistema SCADA) solicita dados de
dispositivos escravos (sensores, atuadores, controladores) ou envia comandos a
eles. Ele pode operar em modo serial (Modbus RTU) ou sobre redes Ethernet
(Modbus TCP/IP).
o
Aplicações: Utilizado principalmente em monitoramento de
sistemas, controle de processos e integração de CLPs e sensores.
2.
Profibus:
o
Descrição: Profibus (Process Field Bus) é um protocolo
desenvolvido na Alemanha em 1989, amplamente utilizado em automação industrial,
especialmente em ambientes onde se requer alta velocidade e confiabilidade na
comunicação entre dispositivos de campo e sistemas de controle.
o
Funcionamento: Profibus utiliza uma arquitetura de barramento,
onde todos os dispositivos se conectam a uma linha de comunicação comum. Ele é
conhecido por suas versões Profibus DP (para comunicação de alta
velocidade em dispositivos descentralizados) e Profibus PA (voltado para
a automação de processos).
o
Aplicações: Muito usado em sistemas de manufatura, controle de
máquinas, robótica e automação de processos industriais.
3.
Ethernet/IP:
o Descrição: Ethernet/IP (Ethernet Industrial Protocol) é um protocolo baseado no padrão Ethernet que oferece alta velocidade e grande capacidade de comunicação em tempo real para redes industriais. Ele permite que dispositivos tradicionais de automação e equipamentos de TI se comuniquem na mesma rede.
o
Funcionamento: Ethernet/IP utiliza uma arquitetura
cliente-servidor e também é capaz de suportar a comunicação em tempo real por
meio de mensagens de entrada e saída cíclicas. Isso o torna ideal para sistemas
que exigem alta velocidade e grande volume de dados.
o
Aplicações: Utilizado em ambientes industriais que exigem a
integração de sistemas de controle com infraestrutura de TI, como em fábricas
inteligentes e redes industriais com Internet das Coisas (IoT).
Integração
de Dispositivos e Sistemas
Uma das principais vantagens das redes industriais para automação é a integração de dispositivos e sistemas. Em um ambiente automatizado, é essencial que diferentes equipamentos, como PLCs, sensores, atuadores e sistemas de supervisão, sejam capazes de se comunicar de maneira eficiente,
Em um ambiente
automatizado, é essencial que diferentes equipamentos, como PLCs, sensores,
atuadores e sistemas de supervisão, sejam capazes de se comunicar de maneira
eficiente, garantindo o controle e a monitorização de processos complexos.
Topologias
de Redes para Automação
As topologias de redes definem como os
dispositivos estão fisicamente conectados em uma rede industrial. A escolha da
topologia correta depende de fatores como a extensão do sistema, o número de
dispositivos conectados e a necessidade de redundância. As principais
topologias utilizadas em redes de automação são:
1.
Topologia em Barramento:
o
Descrição: Na topologia em barramento, todos os dispositivos
são conectados a um único cabo de comunicação (barramento). Cada dispositivo
pode se comunicar com os outros, mas a comunicação é sequencial, o que
significa que apenas um dispositivo pode transmitir dados de cada vez.
o
Vantagens: Simplicidade de instalação e baixo custo.
o
Desvantagens: Em caso de falha no cabo principal, toda a rede é
afetada.
2.
Topologia em Anel:
o
Descrição: Na topologia em anel, os dispositivos são
conectados em uma sequência circular, onde cada dispositivo tem um vizinho
imediato. Os dados circulam pela rede até chegarem ao destino.
o Vantagens: Proporciona uma boa redundância, pois, se um cabo ou dispositivo falhar, o sistema pode continuar funcionando, pois, os dados podem ser redirecionados pelo
outro lado do anel.
o
Desvantagens: Maior complexidade na instalação e configuração.
3.
Topologia Estrela:
o
Descrição: Na topologia estrela, todos os dispositivos são
conectados a um dispositivo central, como um switch ou hub. O dispositivo
central é responsável por direcionar a comunicação entre os dispositivos.
o
Vantagens: Alta confiabilidade, pois se um cabo ou dispositivo
falhar, isso não afeta os outros dispositivos.
o
Desvantagens: Dependência de um único ponto de falha, que é o
dispositivo central.
4.
Topologia em Malha:
o
Descrição: Na topologia em malha, cada dispositivo é conectado
a vários outros, formando uma rede de interconexões. Isso cria múltiplos
caminhos de comunicação, garantindo que, se um caminho falhar, outros estarão
disponíveis.
o
Vantagens: Alta redundância e confiabilidade.
o Desvantagens: Complexidade e custo elevados de instalação.
Conclusão
As redes industriais para automação são
fundamentais para o sucesso da automação moderna, conectando dispositivos e
sistemas de forma eficiente e confiável. Protocolos como Modbus, Profibus
e Ethernet/IP garantem a comunicação entre diferentes dispositivos e
sistemas, enquanto a escolha da topologia de rede correta permite otimizar a
integração, a redundância e o desempenho do sistema. A correta implementação
dessas redes é essencial para garantir a eficiência, segurança e produtividade
de processos industriais automatizados.
Supervisão e
Monitoramento de Sistemas de Automação
A supervisão e o monitoramento de sistemas de
automação são fundamentais para garantir a eficiência, segurança e controle dos
processos industriais. Esses sistemas permitem que operadores e engenheiros
acompanhem em tempo real o funcionamento de uma planta, detectem falhas e façam
ajustes imediatos, otimizando o desempenho geral. Uma das tecnologias mais
utilizadas para essa função é o SCADA (Supervisory Control and Data
Acquisition), que oferece uma interface centralizada para supervisão e
controle.
Conceitos
de SCADA
SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition) é um
sistema de supervisão e aquisição de dados utilizado para monitorar e controlar
processos industriais. Ele permite que informações de campo, captadas por
sensores e dispositivos, sejam enviadas para um sistema central, onde são
exibidas em tempo real em uma interface gráfica amigável, permitindo o controle
remoto de equipamentos.
Os principais componentes de um sistema SCADA são:
O SCADA é amplamente utilizado em diversos setores,
como fábricas, sistemas de distribuição de energia elétrica, plantas de
tratamento de água, refinarias e infraestruturas críticas. Ele é essencial para
gerenciar processos distribuídos geograficamente e garantir o controle total de
operações complexas.
Monitoramento
em Tempo Real
Um dos principais benefícios dos sistemas SCADA é a
capacidade de realizar o monitoramento em tempo real. Através de
sensores e dispositivos de campo conectados, o sistema coleta dados
continuamente e os exibe de forma instantânea na interface de supervisão. Esse
monitoramento em tempo real permite que os operadores:
Por exemplo, em uma usina de energia, o SCADA
monitora continuamente a produção de eletricidade e o fluxo de energia,
possibilitando ajustes automáticos para manter o equilíbrio entre oferta e
demanda. Isso garante um fornecimento estável e eficiente de energia para a
rede elétrica.
Alarmes
e Relatórios no Sistema de Supervisão
Outra funcionalidade essencial do SCADA é o sistema de
alarmes e a geração de relatórios, que garantem a segurança e a
rastreabilidade dos processos.
Os alarmes podem ser visuais (indicados na interface
gráfica) ou sonoros, alertando os operadores sobre a necessidade de uma
intervenção imediata. Em muitos casos, o SCADA pode ser configurado para tomar
ações corretivas automaticamente, como desligar um equipamento ou ativar
sistemas de backup em caso de falha.
Além dos alarmes em tempo real, o SCADA também
permite o uso de alarmes preditivos, que alertam os operadores antes que
uma falha ocorra, com base em tendências de dados históricos. Isso facilita a
manutenção preditiva, evitando paradas não planejadas.
Esses relatórios são essenciais para a auditoria,
conformidade com regulamentações e a melhoria contínua do
processo. Eles fornecem informações valiosas que ajudam os engenheiros a
identificar áreas de melhoria e otimizar a operação da planta ao longo do
tempo.
Conclusão
A supervisão e o monitoramento de sistemas de
automação por meio de tecnologias como o SCADA são fundamentais para o
controle eficiente e seguro de processos industriais. Com a capacidade de
realizar monitoramento em tempo real, responder a alarmes
automáticos e gerar relatórios detalhados, os sistemas SCADA permitem
que operadores tomem decisões rápidas e precisas, garantindo o bom
funcionamento da planta. Esses sistemas não só aumentam a eficiência e a
produtividade, mas também ajudam a evitar falhas e garantir a segurança das
operações.
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