MÓDULO
2 — Duas mãos e primeiros acordes
Aula 4 — Mão esquerda: notas graves e
coordenação
Na aula 4 do módulo 2, a gente
finalmente abre espaço para uma personagem que estava “nos bastidores” até
agora: a mão esquerda. Se nas aulas anteriores você sentiu que sua mão direita
já começou a ganhar confiança para tocar notas e pequenas melodias, aqui a
proposta é fazer a esquerda entrar no jogo com calma, sem pressão, do jeito
certo. E eu já te digo de início: é super normal a mão esquerda parecer mais
“desajeitada”. Não é falta de coordenação, é só falta de costume. Ela está
começando agora a aprender uma função nova.
A primeira coisa importante é entender por
que a mão esquerda existe na música do teclado. Pense nela como a base da
casa. Enquanto a mão direita costuma “falar” a melodia (aquilo que a gente
canta, reconhece, assobia), a esquerda geralmente sustenta o chão harmônico e
rítmico. Ela toca as notas mais graves, que dão sensação de apoio, direção e
estabilidade. Quando você ouve uma música e sente que ela tem “corpo”, “peso” e
“caminho”, quase sempre é a mão esquerda — ou o baixo — fazendo esse trabalho
invisível, mas essencial.
Então, antes de qualquer exercício,
repare no teclado: a região mais à esquerda tem sons mais graves, mais
“fundos”. É ali que sua mão esquerda vai morar por enquanto. E isso não quer
dizer que a direita é mais importante. As duas mãos são como duas pessoas numa
conversa: cada uma com papel diferente, mas ambas necessárias para a música
ficar completa.
Nesta aula, você vai começar com algo
que já conhece: a escala de Dó maior. A diferença é que agora você vai
tocar essa escala com a mão esquerda, em uma região mais grave do teclado. Isso
é ótimo porque o cérebro já tem uma referência do caminho das notas, então você
não precisa reaprender a música — só o movimento do outro lado do corpo.
Coloque a mão esquerda em um Dó grave
(um Dó mais à esquerda do teclado). A numeração dos dedos continua a mesma
lógica usada na mão direita, mas invertida no sentido do teclado: o dedo 5
(mínimo) fica no Dó, o 4 no Ré, o 3 no Mi, o 2 no Fá e o 1 (polegar) no Sol.
Repare que, para a esquerda, o polegar está “mais para dentro” do teclado,
enquanto o dedo mínimo fica “apontando para fora”. Isso pode parecer estranho
no começo, mas faz sentido com a anatomia da mão.
Agora toque devagar: Dó – Ré
– Ré – Mi –
Fá – Sol, subindo. Depois volte: Sol – Fá – Mi – Ré – Dó, descendo.
Se no início isso parecer travado, tudo bem. A mão esquerda está aprendendo a
mesma coreografia que a direita aprendeu na aula 2. A diferença é que, como
usamos menos a esquerda no dia a dia, ela demora um pouquinho mais para
“acordar”. Mas ela acorda. E quando acorda, você sente uma evolução enorme.
Um ponto importante aqui é não deixar o corpo compensar. Alguns iniciantes, sem perceber, levantam o ombro esquerdo ou inclinam o tronco para tentar ajudar a mão. Tente manter o corpo neutro, com ombros soltos. A ideia é que a mão se acostume a trabalhar sozinha, com apoios naturais, sem tensão. Se você percebe esforço demais, pare um instante, respire, relaxe a mão, e recomece mais devagar.
Depois que você fizer esse caminho
algumas vezes, experimente um exercício simples que ajuda muito a criar
independência: toque a escala com a esquerda enquanto a direita descansa no
colo. Só esquerda. Aí, depois, faça o inverso: só direita. E por fim, toque as
duas em momentos separados, como se fosse um “pingue-pongue”. Esse tipo de
prática ajuda seu cérebro a entender que existem dois “centros de controle” no
teclado, funcionando de forma independente, mas cooperativa.
Uma dica que funciona muito bem é falar
as notas em voz alta enquanto toca. Isso puxa seu foco para o que está
acontecendo e impede que você faça tudo no automático errado. Você pode dizer
“Dó, Ré, Mi…” ou até “5, 4, 3, 2, 1…” se preferir reforçar o dedo. Tanto faz —
o importante é criar a conexão mente–mão–teclado.
A grande vitória desta aula não é tocar
rápido, nem tocar longe. É conquistar um tipo novo de confiança: a sensação de
que a sua mão esquerda também pode aprender música. E isso muda tudo, porque a
partir daqui ela passa a ser o alicerce que vai permitir acordes,
acompanhamentos, baixos e, mais pra frente, músicas inteiras com duas mãos.
Então trate esta aula como um treino de base mesmo. Algo simples, repetido com
carinho, que constrói uma fundação sólida.
Fechando, quero deixar claro: se a mão esquerda parecer “burra” hoje, isso não é verdade. Ela só está começando o caminho. Com prática leve, repetição tranquila e paciência, ela vira sua melhor parceira musical. E quando isso acontecer, você vai sentir que o teclado ficou maior, mais completo — como se as músicas ganhassem uma nova dimensão.
Referências
bibliográficas
· COSTA, Edson. Curso Completo de
Completo de Teclado.
São Paulo: Irmãos Vitale, 2010.
·
ALFRED MUSIC. Alfred’s Basic Adult
Piano Course – Level 1. New York: Alfred Publishing, 2005.
·
THOMPSON, John. Método de Piano para
Iniciantes. São Paulo: Ricordi Brasileira, 2002.
·
GANNON, Janice. Técnica Pianística para
Iniciantes. Porto Alegre: ArtMed, 2008.
·
SADIE, Stanley (Org.). Dicionário Grove
de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
Aula 5 — O que é acorde (e por que é
mágico)
Na aula 5 do módulo 2, a gente chega a
um ponto que costuma ser um divisor de águas para quem está começando: os
acordes. É aqui que o teclado começa a soar “de verdade”, com cara de
música completa, e não só de notas soltas. Muita gente olha para um acorde e
pensa: “isso é complicado demais, três notas ao mesmo tempo!”. Mas eu prometo:
quando você entende a lógica, acorde vira uma coisa bem natural — quase como
montar um Lego.
Primeiro, vamos pensar no que é um
acorde de um jeito simples, sem mistério. Um acorde é como um “pacote de som”.
Em vez de tocar uma nota sozinha, você junta algumas notas que combinam entre
si. Essa combinação cria um clima: alegria, firmeza, suspense, tristeza… tudo
isso nasce da mistura. Então, se a melodia é como uma voz cantando, o acorde é
como o pano de fundo que dá cor a essa voz. É por isso que, quando você aprende
seus primeiros acordes, parece que o teclado abre uma porta nova.
O nosso acorde principal nesta aula é o
Dó maior. Ele é a “casa” do iniciante porque é simples de montar e muito
comum em músicas. O Dó maior tem três notas: Dó – Mi – Sol. Olhando
assim, pode parecer que você precisa decorar, mas o caminho é bem mais esperto:
você vai aprender a montar usando um padrão.
Esse padrão é o que muita gente chama de “pula uma, pega uma”. Funciona assim: você escolhe uma nota inicial (no caso, o Dó), pula uma nota branca e pega a próxima, pula outra e pega a próxima. Se você fizer isso começando no Dó, fica:
·
começa no Dó
·
pula o Ré e pega o Mi
·
pula o Fá e pega o Sol
Pronto:
Dó – Mi – Sol. Isso já é um acorde de Dó maior. Repare como não tem
mágica nenhuma: é só uma forma organizada de “empilhar” notas.
Agora vamos colocar isso na mão. Na mão direita, você vai montar o acorde assim: dedo 1 no Dó, dedo 3 no Mi, dedo 5 no Sol. Se os dedos parecerem meio abertos no começo, tudo bem. É normal a mão se ajustar. O importante é manter aquela forma de “C” relaxado
vamos colocar isso na mão. Na mão
direita, você vai montar o acorde assim: dedo 1 no Dó, dedo 3 no Mi, dedo 5 no
Sol. Se os dedos parecerem meio abertos no começo, tudo bem. É normal a mão se
ajustar. O importante é manter aquela forma de “C” relaxado da aula 2, sem
deixar a mão desabar sobre as teclas.
Quando você tocar as três notas juntas,
vai sentir um som cheio, estável, “redondo”. Diferente de uma nota sozinha, o
acorde parece que “se sustenta” no ar. E aqui entra um detalhe legal: não
precisa apertar com força. O teclado responde com leveza. Pressione de um jeito
firme, mas sem tensão no braço ou no punho. Pense que você está apoiando o peso
natural da mão, não empurrando as teclas.
Depois de tocar em bloco, a gente faz uma variação que ajuda muito o ouvido e a coordenação: o acorde arpejado. Arpejar é tocar as notas do acorde uma por vez, em sequência, como se você estivesse “desenhando” o acorde. Então, em vez de tocar Dó–Mi–Sol juntos, você toca Dó, depois Mi, depois Sol, bem devagar. O som fica como uma escadinha subindo, e isso ajuda a memorizar a forma do acorde com mais segurança.
Uma coisa bem comum nesse momento é o
iniciante dizer: “meu acorde não soa bonito, parece meio estranho”. E quase
sempre isso acontece por dois motivos simples: ou alguma nota errada entrou no
meio, ou algum dedo está apertando uma tecla preta por acidente. A solução é
parar e conferir sem pressa: dedo 1 está mesmo no Dó? dedo 3 no Mi? dedo 5 no
Sol? Essa checagem rápida evita que você treine errado e te dá confiança.
Outro erro comum é achar que precisa
sair montando vários acordes de uma vez, como se fosse uma corrida. Não é. O
objetivo desta aula é fazer amizade com um acorde só, entendendo a
lógica e repetindo com calma até ficar automático. É melhor dominar o Dó maior
de verdade do que “passar por cima” de dez acordes de forma apressada.
Para treinar em casa, um exercício
simples e muito eficiente é este: escolha três lugares diferentes do teclado e
monte o acorde de Dó maior em cada um deles. Isso vai te mostrar que o acorde
não é “uma posição fixa”, e sim uma forma que se repete. Você vai
perceber, na prática, que música funciona por padrões. E isso é libertador,
porque depois você não precisa decorar tudo de novo — você só aplica o mesmo
raciocínio em outras notas.
E, se você quiser um extra bem gostoso de fazer, coloque o metrônomo bem lento (60 bpm) e toque o acorde em bloco no tempo 1, segurando
se você quiser um extra bem gostoso de fazer, coloque o metrônomo bem lento (60 bpm) e toque o acorde em bloco no tempo 1, segurando pelos quatro tempos do compasso. Depois faça o mesmo arpejando em três tempos e segurando no quarto. Esses pequenos jogos rítmicos vão preparando você para a aula 6, quando a mão esquerda entra para acompanhar.
No fim das contas, essa aula 5 não é só sobre “três notas juntas”. É sobre entender que a música tem arquitetura: notas se combinam, criam sentido, constroem emoção. E você está começando a mexer nessa arquitetura com as próprias mãos. Pode parecer um passo pequeno, mas é enorme para quem está começando. A partir daqui o teclado deixa de ser só um lugar de notas e vira um instrumento capaz de te acompanhar em músicas reais.
Referências
bibliográficas
·
COSTA, Edson. Curso Completo de Teclado.
São Paulo: Irmãos Vitale, 2010.
·
ALFRED MUSIC. Alfred’s Basic Adult
Piano Course – Level 1. New York: Alfred Publishing, 2005.
·
THOMPSON, John. Método de Piano para
Iniciantes. São Paulo: Ricordi Brasileira, 2002.
·
CZERNY, Carl. Estudos Práticos para
Piano – Introdução à Harmonia. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1998.
·
SADIE, Stanley (Org.). Dicionário Grove
de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
Aula 6 — Acompanhamento simples com duas
mãos
Na aula 6 do módulo 2, a gente junta duas
conquistas que você vem construindo aos poucos: a mão esquerda começando a se
firmar no grave e a mão direita já conseguindo montar seu primeiro acorde. É
como se, até aqui, você tivesse aprendido duas peças separadas de um
quebra-cabeça, e agora fosse a hora de encaixar. E quando encaixa… acontece uma
coisa muito bonita: o teclado começa a soar como música “de verdade”, com base
e harmonia trabalhando juntas.
Antes de tocar qualquer exercício, vale
lembrar a função de cada mão nessa etapa. A mão esquerda vai fazer o papel de
“chão”, tocando uma nota grave que serve de referência. É como o caminhar
constante de alguém numa estrada: ela dá direção e sustenta o ritmo. A mão
direita entra como “cor”, tocando o acorde que você aprendeu na aula 5. Quando
as duas aparecem juntas, você cria uma sensação de acompanhamento, como se você
estivesse tocando a música e cantando ao mesmo tempo. Esse é o começo real de
tocar com duas mãos.
A proposta daqui é simples e muito inteligente para iniciantes: não tentar fazer as duas mãos superativas ao mesmo tempo. Em vez
disso, a gente distribui funções claras. A mão esquerda toca só no tempo 1 de cada compasso. A mão direita toca o acorde nos tempos seguintes, como se respondesse à esquerda. Isso é um jeito muito gentil de treinar coordenação, porque a esquerda não fica “brigando” com a direita. Cada uma tem seu momento.
Para começar, escolha um Dó grave para
a mão esquerda. Pode ser aquele um pouco à esquerda do meio do teclado,
confortável para você. A mão direita vai montar o acorde de Dó maior
(Dó–Mi–Sol) em uma região mais central, onde sua mão já se sente segura. A
posição não precisa ser perfeita; o importante é que o som esteja limpo e que
seus dedos estejam relaxados.
Agora imagine o compasso como uma
contagem: 1, 2, 3, 4. Ligue um metrônomo a 60 bpm, bem calmo, e faça
assim: no 1, a esquerda toca o Dó grave. Nos 2, 3 e 4, a direita
toca o acorde de Dó maior. Parece simples — e é mesmo — mas aqui o foco não
está na dificuldade, e sim na construção de um hábito musical: ouvir a base e
colocar a harmonia em cima dela.
É normal que nas primeiras tentativas
você sinta a cabeça meio “cheia”, como se precisasse pensar em muitas coisas ao
mesmo tempo. Isso acontece porque o cérebro ainda está aprendendo a separar os
papéis. Uma dica que ajuda demais é falar a contagem em voz alta enquanto toca:
“um (esquerda)… dois (direita)… três (direita)… quatro (direita)”. Isso
organiza o corpo, como se você estivesse dando comandos claros para ele seguir.
Outra coisa importante: não tenha medo de tocar devagar. Se você tentar acelerar cedo demais, as mãos se atropelam e você termina achando que “não tem coordenação”. Mas coordenação não nasce da pressa; ela nasce da repetição lenta. Quando você faz esse exercício bem tranquilo por alguns dias, chega um momento em que a mão esquerda entra sozinha no tempo 1, sem você forçar. É como aprender a dirigir: primeiro você pensa em tudo, depois vira automático.
Depois que o exercício começar a ficar
confortável, você pode brincar com pequenas variações para deixar o estudo mais
vivo. Por exemplo: em vez de tocar o acorde só uma vez nos tempos 2, 3 e 4,
experimente segurar o acorde por dois tempos (tocar no 2 e segurar até o 4), ou
tocar no 2 e no 4 apenas. Essas variações simples treinam o ouvido para sentir
diferentes “respirações” da harmonia, e já te preparam para ritmos de
acompanhamento mais variados lá na frente.
Um erro clássico aqui é a pessoa ficar tão preocupada em
acertar que pressiona as teclas com força. Lembra do que você
já viu: teclado responde melhor quando a mão está firme, mas relaxada. Se você
sentir ombros subindo, punho travando ou mão endurecendo, pare um instante.
Solte o corpo e volte mais devagar. O som melhora quando o corpo melhora.
Quando essa coordenação começa a
surgir, a sensação costuma ser muito gostosa: você percebe que está fazendo
algo que parece a estrutura real de uma música. Mesmo usando só uma nota na
esquerda e um acorde na direita, já existe uma conversa musical ali. E isso
aumenta muito a motivação, porque você deixa de sentir que está só “fazendo
exercício” e começa a se sentir tocando de verdade.
Então, a aula 6 é, basicamente, o nascimento do acompanhamento. Não é ainda uma música completa, mas é o esqueleto que sustenta praticamente todas as músicas que você vai tocar daqui pra frente. Se você dedicar alguns minutinhos por dia a esse padrão — esquerda no tempo 1, direita nos tempos seguintes — você vai criar uma base sólida que vai facilitar acordes novos, mudanças de harmonia, ritmos mais bonitos e repertório real.
No fim, pense assim: até aqui você estava aprendendo palavras (notas) e pequenas frases (acordes). Agora você está aprendendo a montar uma conversa inteira, com dois personagens falando juntos. E toda conversa boa começa devagar, com espaço para cada um entrar no tempo certo. É exatamente isso que você está treinando.
Referências
bibliográficas
·
COSTA, Edson. Curso Completo de Teclado.
São Paulo: Irmãos Vitale, 2010.
·
ALFRED MUSIC. Alfred’s Basic Adult
Piano Course – Level 1. New York: Alfred Publishing, 2005.
·
THOMPSON, John. Método de Piano para
Iniciantes. São Paulo: Ricordi Brasileira, 2002.
·
CZERNY, Carl. Estudos Práticos para
Piano – Introdução à Harmonia. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1998.
·
GANNON, Janice. Técnica Pianística para
Iniciantes. Porto Alegre: ArtMed, 2008.
Estudo de caso do Módulo 2 — “O salto do
Lucas: de notas soltas para tocar de verdade”
O Lucas tem 35 anos, é pai de duas
crianças e sempre gostou de música, mas nunca teve tempo de aprender. Depois de
concluir o Módulo 1, ele ficou animado: já conseguia achar as notas rápido,
tocar uma melodia simples e se sentia menos travado. O teclado tinha parado de
parecer um “bicho gigante”.
Quando ele começou o Módulo 2, a expectativa era enorme. Ele queria logo tocar músicas conhecidas, usar as
duas mãos e sentir aquele som cheio que ele via outras pessoas fazendo. Só que… as primeiras tentativas trouxeram uma sequência bem típica de dificuldades de iniciante. E é justamente aí que esse módulo ensina as viradas certas.
Erro
comum 1: achar que a mão esquerda “não tem jeito”
Na
aula 4, Lucas começou a treinar a escala com a mão esquerda. Em dois minutos,
ele já estava frustrado. A esquerda parecia pesada, lenta e errava o caminho
que a direita fazia com facilidade. Ele pensou:
“Cara…
minha mão esquerda é burra. Ela não acompanha.”
O
que estava acontecendo:
O Lucas estava comparando uma mão que já tinha treinado no Módulo 1 com outra
que estava começando agora. E a mão esquerda, no dia a dia, normalmente
é menos usada que a direita — então ela demora mesmo para “acordar”.
Como
evitou:
Ele mudou o jeito de estudar:
1. Aceitou
o ritmo da esquerda, sem pressa.
2. Treinou
só cinco notas (Dó–Ré–Mi–Fá–Sol), repetindo bem devagar.
3. Usou
o método “três voltas calmas por dia” em vez de tentar fazer tudo de uma vez.
Em uma semana, ele percebeu que a esquerda estava mais firme. Não ficou rápida — mas ficou confiante. E isso era o que importava.
Erro
comum 2: apertar as teclas com força para “segurar” o acorde
Na
aula 5, Lucas finalmente montou o acorde de Dó maior. Ele ficou feliz com o som
cheio, mas começou a sentir tensão no antebraço. O acorde saía meio duro, sem
leveza.
O
que estava acontecendo:
Ele estava “empurrando o teclado” em vez de apoiar a mão. Iniciantes
fazem isso achando que acordes exigem força, mas o teclado responde muito
melhor ao peso natural da mão, não a pressão.
Como
evitou:
Ele fez um ajuste simples:
·
respirou fundo antes de tocar;
·
relaxou ombros e punho;
·
encostou os dedos e deixou o peso cair
suave.
A
diferença apareceu na hora: o acorde ficou mais bonito e o braço parou de
cansar rápido.
Erro
comum 3: montar acorde sempre no mesmo lugar
O
Lucas decorou Dó–Mi–Sol, mas só conseguia montar o acorde em um ponto
específico do teclado. Se mudava de região, travava.
“Eu
sei o acorde, mas só aqui no meio. Se eu vou pro grave ou pro agudo, eu me
perco.”
O
que estava acontecendo:
Ele estava decorando uma posição, e não entendendo o desenho do
acorde.
Como
evitou:
Ele voltou ao princípio “pula uma, pega uma”:
1. achou
um Dó diferente;
2. pulou
Ré → pegou Mi;
3. pulou
Fá → pegou Sol.
Ele repetiu em três regiões diferentes do teclado. Em poucos dias, o acorde deixou
de deixou de ser um lugar e virou uma forma.
Erro
comum 4: tentar tocar duas mãos fazendo tudo ao mesmo tempo
Quando
chegou na aula 6, Lucas tentou juntar esquerda e direita direto numa velocidade
normal. Resultado: as mãos se atropelavam. A esquerda entrava fora do tempo, a
direita errava o acorde, e ele parava no meio.
“Isso
de duas mãos é impossível. Minha cabeça não dá conta.”
O
que estava acontecendo:
Ele pulou a etapa intermediária: coordenação simples.
Duas mãos não começam “cheias”. Elas começam com papéis separados e claros.
Como
evitou:
Ele seguiu o exercício do módulo do jeito certinho:
·
esquerda só no tempo 1 (Dó grave)
·
direita nos tempos 2, 3 e 4 (acorde
de Dó)
·
metrônomo lento (60 bpm)
·
contagem falada: “um-esquerda /
dois-direita / três-direita / quatro-direita”.
No
começo parecia “música boba”, mas em poucos dias o cérebro dele automatizou a
lógica. E aí veio a primeira grande sensação:
“Ok… agora parece que eu estou acompanhando uma música.”
Erro
comum 5: abandonar o exercício antes dele “assentar”
No
fim da segunda semana, Lucas cometeu um erro de ansiedade: começou a trocar de
exercício todo dia, tentando acelerar o progresso. Fazia um pouco de cada coisa
e não consolidava nada.
Resultado: a coordenação não fixava.
O
que estava acontecendo:
Ele estava estudando com a cabeça de “consumir conteúdo”, não com a cabeça de
“construir habilidade”. Habilidade precisa de repetição.
Como
evitou:
Ele escolheu um padrão de estudo curto e repetiu por 10 dias:
1. 3
minutos escala esquerda
2. 5
minutos acorde de Dó
3. 5
minutos coordenação aula 6
Só depois de ficar confortável ele mudou algo. A evolução ficou visível.
Desfecho:
como Lucas terminou o Módulo 2
No
fim do módulo, Lucas gravou um vídeo tocando:
·
Dó grave na esquerda no tempo 1
·
acorde de Dó na direita nos tempos 2–3–4
·
pulso firme em metrônomo
Ele
não estava tocando uma música famosa ainda. Mas tinha conquistado o principal:
·
a mão esquerda já obedecia
·
os acordes saíam limpos e leves
·
ele entendia a lógica dos acordes
·
as mãos começavam a “conversar” no tempo
certo
·
ele sentia que tocava base de música
E
soltou uma frase muito verdadeira:
“Eu achei que ia ser um salto gigante. Mas foi um monte de passinhos. Só que agora eu estou em outro lugar.”
Lições
práticas do Módulo 2 (pra qualquer iniciante)
1. A mão esquerda não é pior — é só
nova.
Treine pouco, sempre, e ela responde.
2. Acorde
não pede força; pede forma.
Relaxamento melhora o som.
3. Não
decore lugar. Entenda o desenho.
“Pula uma, pega uma” funciona sempre.
4. Duas
mãos começam simples.
Papéis separados primeiro → música real depois.
5. Repetição
calma vence ansiedade.
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