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Administrando Conflitos

 ADMINISTRANDO CONFLITOS

 

ESTRATÉGIAS DE RESOLUÇÃO E MEDIAÇÃO 

Técnicas de Negociação e Mediação 

 

Introdução

Em qualquer contexto social ou organizacional, as diferenças de opinião, interesses e necessidades são inevitáveis. A forma como essas diferenças são administradas determina se o resultado será construtivo ou destrutivo. Nesse sentido, a negociação e a mediação emergem como instrumentos fundamentais para a resolução pacífica de conflitos e a construção de relacionamentos sustentáveis. Ambas as práticas têm como objetivo encontrar soluções satisfatórias para as partes envolvidas, promovendo entendimento, equilíbrio e colaboração.

A negociação é o processo pelo qual duas ou mais partes buscam alcançar um acordo mutuamente aceitável, enquanto a mediação é uma técnica facilitadora que envolve a presença de um terceiro imparcial — o mediador — responsável por auxiliar o diálogo e a construção de consensos. De acordo com Fisher, Ury e Patton (2014), os conflitos podem ser transformados em oportunidades de crescimento quando as partes adotam uma postura cooperativa e buscam o modelo de negociação ganha-ganha, que privilegia o respeito mútuo e a satisfação de interesses comuns.

Princípios da Negociação Ganha-Ganha

A negociação ganha-ganha, também conhecida como negociação baseada em princípios, foi amplamente difundida por Roger Fisher e William Ury, da Universidade de Harvard, e consiste em um modelo que busca resultados mutuamente benéficos. Diferente da negociação competitiva — em que uma parte ganha à custa da outra —, a abordagem ganha-ganha valoriza o diálogo, a cooperação e a criação de valor para ambas as partes.

1. Separar as pessoas do problema

O primeiro princípio da negociação ganha-ganha é separar as pessoas do problema. Segundo Fisher, Ury e Patton (2014), muitas negociações fracassam porque as partes misturam emoções pessoais com os temas objetivos da disputa. Ao tratar o problema de forma racional e as pessoas com empatia e respeito, evita-se que o relacionamento seja comprometido pelo conflito. Essa separação permite que o diálogo seja mais produtivo e que as soluções se concentrem nas questões reais, e não em ressentimentos ou ataques pessoais.

2. Focar nos interesses, não nas posições

Enquanto a posição é o que a parte diz querer, o interesse é a razão subjacente a essa posição — o porquê do pedido. Por exemplo, ao discutir um aumento salarial, a posição é “quero um aumento”, mas o interesse pode ser “desejo

reconhecimento e segurança financeira”. Focar nos interesses permite encontrar soluções criativas que atendam a ambos os lados. Robbins e Judge (2014) observam que negociações baseadas em interesses aumentam as chances de cooperação e reduzem a hostilidade, pois incentivam a compreensão mútua das necessidades reais.

3. Criar opções de ganho mútuo

A negociação ganha-ganha pressupõe a busca de alternativas criativas que ampliem as possibilidades de satisfação. Fisher e Ury (2014) sugerem a técnica de “gerar antes de decidir”, que consiste em propor várias opções antes de escolher uma. Esse processo estimula a criatividade e reduz a tendência de pensar em soluções de soma zero (em que um ganha e outro perde). O diálogo colaborativo permite que ambas as partes percebam oportunidades de benefício conjunto — por exemplo, em um ambiente organizacional, a redistribuição de responsabilidades pode atender às necessidades de eficiência e, ao mesmo tempo, oferecer desenvolvimento profissional a um funcionário.

4. Utilizar critérios objetivos

Outro princípio essencial é o uso de critérios objetivos para fundamentar decisões, como leis, normas, dados e padrões de mercado. A adoção de critérios imparciais reduz o risco de decisões arbitrárias e aumenta a legitimidade do acordo. Segundo Rahim (2011), quando as partes baseiam suas decisões em fatos verificáveis, o processo de negociação torna-se mais transparente e menos emocional, o que fortalece a confiança entre os envolvidos.

5. Buscar o relacionamento a longo prazo

Por fim, a negociação ganha-ganha valoriza a manutenção dos relacionamentos após o acordo. Isso é especialmente importante em ambientes corporativos e educacionais, onde as partes continuarão a interagir. De acordo com Chiavenato (2010), os resultados mais sustentáveis surgem quando a confiança e o respeito mútuo são preservados, pois eles reduzem a necessidade de futuras intervenções e estimulam a cooperação contínua.

O Papel do Mediador

A mediação é uma prática estruturada de resolução de conflitos em que um terceiro imparcial — o mediador — auxilia as partes a restaurarem a comunicação e encontrarem uma solução consensual. Diferentemente do juiz ou do árbitro, o mediador não impõe decisões, mas facilita o diálogo e ajuda as partes a compreenderem seus próprios interesses e responsabilidades.

1. Facilitador do Diálogo

O mediador atua como facilitador do processo comunicativo. Segundo Moore (2014), sua principal função é criar um ambiente de

segurança e confiança, no qual as partes possam expressar seus sentimentos e percepções sem medo de julgamento. O mediador organiza a conversa, assegura que ambas as vozes sejam ouvidas e mantém o foco na busca de soluções. Sua presença ajuda a reduzir tensões emocionais e a transformar acusações em declarações de interesse e necessidade.

2. Promotor da Neutralidade e da Escuta Ativa

A neutralidade é um dos pilares da mediação. O mediador deve manter postura imparcial, evitando favorecer qualquer parte. Além disso, ele deve praticar a escuta ativa, demonstrando empatia e compreensão. De acordo com Goleman (2012), a escuta ativa e a empatia são componentes fundamentais da inteligência emocional e essenciais para o êxito da mediação. Elas permitem identificar os sentimentos subjacentes ao conflito e facilitar a reformulação das questões em termos mais objetivos e construtivos.

3. Transformador de Percepções

O mediador também atua como agente transformador de percepções. Frequentemente, os conflitos se intensificam porque as partes interpretam ações e intenções de forma equivocada. Ao auxiliar na reinterpretação dos fatos e na reconstrução da narrativa, o mediador ajuda os participantes a perceberem o problema de maneira mais racional. Fisher e Ury (2014) ressaltam que a mudança de perspectiva é fundamental para desbloquear negociações travadas e restabelecer a cooperação.

4. Estimulador da Responsabilidade Compartilhada

O papel do mediador não é oferecer soluções prontas, mas incentivar as partes a assumirem responsabilidade conjunta pelo resultado. Essa característica torna o acordo mais legítimo e duradouro. Rahim (2011) observa que soluções impostas externamente tendem a gerar resistência, enquanto as construídas colaborativamente fortalecem o compromisso das partes com a execução do que foi acordado.

5. Guardião do Processo Ético e Respeitoso

Por fim, o mediador atua como guardião da ética e do respeito no processo. Ele assegura que o diálogo ocorra dentro de princípios de civilidade, confidencialidade e equidade. Sua postura serena e imparcial serve de modelo de conduta para as partes, que tendem a reproduzir essa atitude. Moore (2014) enfatiza que a mediação é, acima de tudo, um processo educativo, pois ensina os envolvidos a gerenciar futuros conflitos de forma mais consciente e construtiva.

Considerações Finais

As técnicas de negociação e mediação representam ferramentas indispensáveis para a convivência pacífica e produtiva em qualquer

esfera da vida social e profissional. A negociação ganha-ganha demonstra que é possível resolver conflitos sem que uma parte precise perder, desde que haja disposição para o diálogo, empatia e criatividade. Já a mediação, conduzida por um mediador ético e imparcial, cria o ambiente necessário para que as partes retomem a comunicação e construam soluções sustentáveis.

Mais do que um conjunto de técnicas, negociar e mediar são práticas baseadas em valores humanos — respeito, escuta e cooperação. Quando aplicadas de forma consciente, elas transformam o conflito de obstáculo em oportunidade, fortalecendo as relações e promovendo o desenvolvimento pessoal e coletivo.

Referências Bibliográficas

  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: negociação de acordos sem concessões. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
  • GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 10. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • MOORE, Christopher W. The Mediation Process: Practical Strategies for Resolving Conflict. 4th ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2014.
  • RAHIM, M. Afzalur. Managing Conflict in Organizations. 4th ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2011.
  • ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2014.


Construindo Acordos e Soluções

 

Introdução

Resolver conflitos de maneira construtiva exige mais do que eliminar divergências momentâneas. É necessário construir soluções duradouras, capazes de atender aos interesses das partes envolvidas e de prevenir o retorno das tensões. Em um mundo cada vez mais interdependente e dinâmico, a habilidade de negociar e formular acordos eficazes tornou-se uma competência essencial em ambientes pessoais, educacionais e organizacionais.

De acordo com Fisher, Ury e Patton (2014), o verdadeiro sucesso em uma negociação ou mediação não está em vencer o outro, mas em alcançar acordos mutuamente satisfatórios, baseados em princípios de respeito, transparência e cooperação. Para que um acordo seja sustentável, ele precisa ser construído sobre bases sólidas de comunicação, confiança e clareza. O processo de criação de soluções duradouras, portanto, envolve tanto a dimensão relacional (a forma como as partes se tratam) quanto a

dimensão substantiva (o conteúdo e a viabilidade do que é acordado).

Como Formular Soluções Duradouras

A construção de soluções duradouras requer uma abordagem que vá além da resolução imediata do problema. Significa promover transformações que fortaleçam as relações, reduzam futuras disputas e estimulem o aprendizado mútuo. Fisher e Ury (2014) propõem uma metodologia baseada em quatro princípios essenciais para a formulação de acordos sustentáveis.

1. Diagnóstico dos interesses e necessidades

O primeiro passo é compreender as necessidades reais de cada parte envolvida. Muitas vezes, os conflitos aparentam girar em torno de posições — o que cada um diz querer —, mas suas causas profundas estão nos interesses subjacentes, como segurança, reconhecimento, autonomia ou justiça. Segundo Rahim (2011), a identificação dos interesses comuns permite transformar a percepção de oposição em uma oportunidade de cooperação. Assim, o foco se desloca do “quem está certo” para o “como podemos atender às necessidades de ambos”.

2. Comunicação aberta e empática

Soluções duradouras dependem de um diálogo transparente e respeitoso. A comunicação empática permite que as partes expressem sentimentos e preocupações sem medo de julgamento. Goleman (2012) destaca que a inteligência emocional é essencial nesse processo, pois facilita a escuta ativa, a compreensão das emoções e o controle de impulsos que poderiam comprometer a negociação. O diálogo aberto cria um ambiente de confiança, no qual as partes se sentem ouvidas e valorizadas — condição indispensável para a construção de compromissos legítimos.

3. Criatividade e geração de alternativas

Após identificar os interesses e estabelecer um clima de respeito, é hora de buscar alternativas criativas que atendam aos objetivos de todos. Fisher, Ury e Patton (2014) sugerem que, nessa fase, deve-se adotar o princípio de “separar o momento de criar do momento de decidir”. Em outras palavras, primeiro deve-se explorar livremente as possibilidades — sem julgamentos — e só depois avaliá-las quanto à viabilidade. Essa abordagem estimula a inovação e amplia as chances de alcançar soluções personalizadas e sustentáveis.

4. Uso de critérios objetivos e realistas

Um dos fatores que tornam um acordo duradouro é sua legitimidade. Para isso, as decisões devem se basear em critérios objetivos — como normas, leis, dados técnicos ou padrões de mercado — e não em pressões emocionais ou poder de influência. Robbins e Judge (2014) reforçam que

acordos sustentáveis se apoiam em fundamentos claros e verificáveis, que conferem transparência e segurança às partes. Além disso, a definição de responsabilidades e prazos ajuda a transformar intenções em ações concretas.

5. Comprometimento e acompanhamento

Mesmo o melhor acordo pode fracassar se não houver comprometimento com sua implementação. Acordos eficazes exigem o estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, revisão e avaliação periódica. Chiavenato (2010) observa que o engajamento contínuo das partes é o que transforma uma solução em um processo de melhoria constante. O acompanhamento fortalece a confiança e permite ajustes necessários diante de mudanças no contexto.

Checklist de Acordos Eficazes

Para assegurar que um acordo seja realmente eficaz e duradouro, é importante que ele atenda a certos critérios de qualidade. A seguir, são apresentados elementos que compõem um checklist para acordos bem estruturados.

1. Clareza e objetividade

Um acordo deve ser redigido de forma clara, precisa e compreensível para todas as partes. A falta de clareza é uma das principais causas de desentendimentos posteriores. Segundo Moore (2014), as cláusulas e compromissos devem evitar ambiguidades, especificando o que será feito, por quem e em que prazo.

2. Realismo e viabilidade

Soluções eficazes devem ser realistas, compatíveis com os recursos, limitações e capacidades das partes envolvidas. Um acordo baseado em expectativas inalcançáveis tende a gerar frustração e descrédito. Assim, é fundamental que as metas e ações sejam exequíveis e verificáveis.

3. Equilíbrio e reciprocidade

O equilíbrio entre as partes é essencial para a legitimidade do acordo. Fisher e Ury (2014) enfatizam que, quando ambas as partes percebem que ganharam algo relevante, o compromisso tende a ser mais estável. A reciprocidade cria um senso de justiça e reforça o engajamento.

4. Registro formal e transparência

Embora nem todo acordo precise ser formalizado juridicamente, o registro escrito das decisões ajuda a evitar equívocos e esquecimento. O documento deve conter as condições pactuadas, as responsabilidades de cada parte e os mecanismos de acompanhamento. A transparência aumenta a confiança e reduz a possibilidade de manipulação.

5. Definição de prazos e critérios de avaliação

Acordos eficazes incluem prazos definidos para a execução das ações e critérios objetivos de avaliação. Moore (2014) sugere que as partes estabeleçam indicadores de progresso e critérios de revisão

para garantir que o acordo permaneça relevante ao longo do tempo.

6. Previsão de ajustes e revisão

Os contextos sociais e organizacionais são dinâmicos, e mudanças podem exigir revisões nos acordos. Assim, é importante prever mecanismos de adaptação. Robbins e Judge (2014) ressaltam que a flexibilidade é uma das características mais importantes de soluções sustentáveis, pois permite que o acordo se mantenha eficaz mesmo diante de imprevistos.

7. Compromisso emocional e relacional

Por fim, um acordo não se sustenta apenas por formalidade ou coerção, mas pelo vínculo relacional entre as partes. A confiança e a boa-fé são pilares que mantêm o acordo vivo. Goleman (2012) aponta que o engajamento emocional — o sentimento de responsabilidade e empatia — é o que garante a execução genuína das decisões pactuadas.

Considerações Finais

Construir acordos e soluções duradouras é uma arte que exige equilíbrio entre razão e emoção. A eficácia de um acordo depende tanto da qualidade técnica das decisões quanto da qualidade humana do processo. A clareza, o realismo, a reciprocidade e o acompanhamento constante são fatores determinantes para que um acordo produza resultados estáveis e sustentáveis.

Mais do que um documento, um acordo eficaz é um compromisso com o diálogo, o aprendizado e o respeito mútuo. Quando as partes se envolvem genuinamente na busca por soluções justas e cooperativas, o conflito deixa de ser uma ameaça e torna-se um instrumento de evolução e fortalecimento das relações.

Referências Bibliográficas

  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: negociação de acordos sem concessões. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
  • GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 10. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • MOORE, Christopher W. The Mediation Process: Practical Strategies for Resolving Conflict. 4th ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2014.
  • RAHIM, M. Afzalur. Managing Conflict in Organizations. 4th ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2011.
  • ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2014.


Prevenção e Clima Saudável

 

Introdução

O conflito é um fenômeno natural e inevitável nas relações humanas. Ele surge quando

interesses, valores ou percepções se chocam, mas sua existência não deve ser necessariamente vista como algo negativo. O problema não está no conflito em si, mas na forma como ele é percebido e administrado. Nesse sentido, a prevenção de conflitos e a promoção de um clima organizacional saudável tornam-se fundamentais para o desenvolvimento de ambientes produtivos e harmoniosos, tanto em instituições quanto nas relações interpessoais.

De acordo com Robbins e Judge (2014), um ambiente de trabalho saudável é aquele que estimula a confiança, a cooperação e o respeito mútuo, reduzindo as chances de que divergências se transformem em confrontos destrutivos. A gestão preventiva dos conflitos, portanto, consiste em criar condições para que as diferenças possam ser expressas e resolvidas de forma construtiva, antes que se tornem disfuncionais. Esse processo exige o fortalecimento da comunicação, da empatia e da cultura de diálogo.

Estratégias de Prevenção de Conflitos

A prevenção de conflitos não se resume à simples eliminação de tensões, mas ao estabelecimento de práticas que promovam entendimento e colaboração contínua. Segundo Rahim (2011), a prevenção é mais eficaz quando é incorporada à cultura da organização e à rotina das interações humanas.

Ela envolve tanto aspectos individuais — como o desenvolvimento de competências socioemocionais — quanto estruturais — como políticas e processos institucionais que favorecem o diálogo.

1. Comunicação Clara e Transparente

Uma das principais causas de conflito é a falha na comunicação. Chiavenato (2010) afirma que a ausência de clareza nas informações e a falta de feedback geram mal-entendidos que, acumulados, podem levar à desconfiança e à ruptura das relações. A prevenção começa, portanto, com a promoção de uma comunicação aberta, onde as informações sejam compartilhadas com objetividade e respeito.

É importante que líderes e equipes pratiquem a escuta ativa, buscando compreender antes de responder. Essa prática não apenas evita equívocos, mas também valoriza as pessoas, gerando senso de pertencimento e engajamento. A comunicação eficaz também depende do uso apropriado de canais e linguagens adequados ao contexto e ao público envolvido.

2. Desenvolvimento da Inteligência Emocional

A inteligência emocional é uma ferramenta essencial para a prevenção de conflitos. Segundo Goleman (2012), ela envolve a capacidade de reconhecer e gerenciar as próprias emoções e compreender as emoções dos outros. Pessoas

emocionalmente inteligentes são mais empáticas, tolerantes e capazes de lidar com situações de estresse sem reações impulsivas.

Programas de capacitação voltados ao autoconhecimento, à empatia e à autorregulação emocional ajudam a reduzir o impacto de comportamentos defensivos ou agressivos. A promoção da inteligência emocional nos grupos e instituições cria uma base psicológica de equilíbrio, que favorece o diálogo e o entendimento mútuo.

3. Liderança Humanizada e Ética

Os líderes têm papel determinante na prevenção de conflitos e na construção de um clima saudável. Uma liderança autoritária, centralizadora e insensível às necessidades da equipe tende a gerar ressentimentos e resistência. Por outro lado, a liderança humanizada e ética estimula o respeito, a confiança e a cooperação.

Para Robbins e Judge (2014), líderes eficazes não apenas gerenciam tarefas, mas cuidam de pessoas. Eles promovem a escuta, encorajam a diversidade de ideias e intervêm precocemente diante de tensões. Assim, o líder atua como facilitador do diálogo, não como árbitro impositivo, evitando que divergências se transformem em rupturas.

4. Gestão Participativa

A gestão participativa é uma das estratégias mais eficazes de prevenção de conflitos. Ela se baseia na inclusão dos colaboradores nos processos de decisão, promovendo senso de pertencimento e corresponsabilidade. Quando as pessoas se sentem ouvidas e valorizadas, é menos provável que resistam às mudanças ou manifestem insatisfação de forma conflituosa.

Chiavenato (2010) destaca que a participação ativa dos membros de uma equipe melhora o fluxo de informações e reduz percepções de injustiça, uma das principais fontes de conflito organizacional. A prevenção, portanto, depende da democratização das relações e da criação de espaços de diálogo permanente.

5. Políticas e Canais de Mediação

Organizações e instituições que implementam canais formais de mediação e diálogo contínuo demonstram maturidade na gestão relacional. Moore (2014) ressalta que a criação de instâncias mediadoras — como ouvidorias, comissões de convivência e espaços de escuta — permite que divergências sejam resolvidas de forma rápida e imparcial.

A mediação preventiva atua antes que o conflito se torne destrutivo, restabelecendo a comunicação e reconstruindo a confiança entre as partes. Além disso, o mediador ajuda as pessoas a desenvolverem habilidades de negociação e compreensão mútua, fortalecendo a cultura organizacional.

Cultura de Diálogo e

Cooperação

A prevenção de conflitos está intimamente ligada à construção de uma cultura organizacional baseada no diálogo e na cooperação. Essa cultura não surge espontaneamente; ela precisa ser cultivada intencionalmente, por meio de valores, práticas e exemplos.

1. Diálogo como valor organizacional

O diálogo é a base de qualquer relação saudável. Para Habermas (1989), o diálogo autêntico se caracteriza pela troca racional e respeitosa, na qual as partes buscam o entendimento mútuo e não a imposição de ideias. Instituições que valorizam o diálogo desenvolvem ambientes mais abertos à diversidade, à inovação e à resolução colaborativa de problemas.

Promover o diálogo significa também reconhecer o direito à fala e à escuta. Cada indivíduo deve sentir que sua opinião é importante e que pode contribuir para o coletivo. Isso fortalece a confiança e diminui a probabilidade de conflitos silenciosos ou ressentimentos ocultos.

2. Cooperação e senso de comunidade

A cooperação é o antídoto natural da competição destrutiva. Quando o foco é o bem comum e não apenas o sucesso individual, o clima torna-se mais solidário e equilibrado. Robbins e Judge (2014) argumentam que a cooperação aumenta a coesão das equipes e gera sinergia, ou seja, resultados superiores aos que seriam alcançados individualmente.

A cooperação também depende do reconhecimento mútuo das diferenças. Rahim (2011) afirma que equipes diversas são mais produtivas quando aprendem a transformar a divergência em complementaridade. Assim, o desafio da gestão de pessoas é criar espaços de interação que incentivem o compartilhamento de experiências e a construção coletiva de soluções.

3. Educação emocional e institucional

A formação para o diálogo e a cooperação deve ser contínua. Goleman (2012) sugere que organizações e instituições desenvolvam programas de educação emocional, que promovam empatia, escuta e solidariedade. Do ponto de vista institucional, é importante criar rituais de convivência — reuniões participativas, momentos de integração e avaliação colaborativa — que reforcem valores de respeito e confiança.

4. Reconhecimento e valorização

Ambientes cooperativos e saudáveis são sustentados pelo reconhecimento. Valorizar esforços, conquistas e atitudes positivas motiva os indivíduos e reduz sentimentos de injustiça, um dos principais gatilhos de conflito. Chiavenato (2010) enfatiza que o reconhecimento deve ser transparente e coerente, de modo a reforçar comportamentos alinhados com os

valores organizacionais e humanos.

Considerações Finais

A prevenção de conflitos e a promoção de um clima saudável exigem compromisso coletivo com o diálogo, o respeito e a empatia. Prevenir é agir antes que as tensões se tornem crises, é investir em relacionamentos e na qualidade das interações humanas.

Cultivar uma cultura de diálogo e cooperação fortalece a confiança e amplia a capacidade de resolver problemas de forma construtiva. Em vez de reprimir as diferenças, é preciso valorizá-las como oportunidades de aprendizado e crescimento. Ambientes saudáveis não são aqueles sem conflitos, mas aqueles que sabem dialogar sobre eles e transformá-los em pontes para o desenvolvimento pessoal e coletivo.

Referências Bibliográficas

  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 10. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • HABERMAS, Jürgen. Teoria da Ação Comunicativa: racionalidade da ação e racionalização social. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
  • MOORE, Christopher W. The Mediation Process: Practical Strategies for Resolving Conflict. 4th ed. San Francisco: Jossey-Bass, 2014.
  • RAHIM, M. Afzalur. Managing Conflict in Organizations. 4th ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2011.
  • ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2014.

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