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Administrando Conflitos

 ADMINISTRANDO CONFLITOS

 

DESENVOLVENDO HABILIDADES PARA ADMINISTRAR CONFLITOS 

Comunicação Assertiva

 

Introdução

A comunicação é uma das habilidades mais essenciais para o convívio humano e o funcionamento saudável das relações interpessoais e organizacionais. É por meio dela que compartilhamos ideias, sentimentos, valores e objetivos. No entanto, comunicar-se de forma eficaz não é apenas transmitir uma mensagem, mas fazê-lo de modo que seja compreendida e recebida positivamente pelo outro. Nesse contexto, a comunicação assertiva surge como um estilo equilibrado, capaz de promover o diálogo respeitoso, reduzir conflitos e fortalecer vínculos.

Segundo Robbins e Judge (2014), a assertividade é a habilidade de expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, honesta e apropriada, respeitando tanto os próprios direitos quanto os dos outros. Em contraste, os estilos de comunicação agressivo e passivo representam extremos que, embora comuns, tendem a gerar mal-entendidos e prejudicar as relações.

Diferença entre Comunicação Agressiva, Passiva e Assertiva

A comunicação humana pode se manifestar de diversas formas, mas três estilos se destacam por representarem diferentes posturas diante das interações: agressiva, passiva e assertiva. Entender essas diferenças é fundamental para desenvolver relacionamentos mais saudáveis e produtivos.

Comunicação Agressiva

A comunicação agressiva ocorre quando o indivíduo expressa suas ideias ou sentimentos de forma impositiva, desconsiderando as emoções e direitos do outro. De acordo com Hargie (2011), esse estilo é caracterizado por linguagem autoritária, tom de voz elevado, interrupções e críticas excessivas. O comunicador agressivo busca vencer a conversa, impondo suas opiniões.

Embora possa gerar resultados imediatos em situações de confronto, esse estilo tende a provocar resistência, medo ou ressentimento, deteriorando as relações. No ambiente de trabalho, a comunicação agressiva pode causar clima de hostilidade e queda de motivação, comprometendo o desempenho da equipe.

Comunicação Passiva

A comunicação passiva, por outro lado, é marcada pela evitação de conflitos e pela dificuldade de expressar necessidades e opiniões. Segundo Alberti e Emmons (2017), o comunicador passivo tende a priorizar a harmonia e o bem-estar dos outros, mesmo à custa de seus próprios interesses. Essa postura se manifesta em hesitação, linguagem vaga, tom de voz baixo e uso excessivo de desculpas.

O comportamento

passivo frequentemente gera frustração e sentimento de impotência, pois o indivíduo sente que não é ouvido ou respeitado. A longo prazo, a passividade pode resultar em acúmulo de ressentimento e explosões emocionais inesperadas, transformando-se em uma forma indireta de agressividade.

Comunicação Assertiva

A comunicação assertiva representa o ponto de equilíbrio entre os dois extremos. Trata-se da capacidade de expressar pensamentos, sentimentos e necessidades de maneira clara e respeitosa, sem se submeter nem dominar o outro. Robbins e Judge (2014) afirmam que a assertividade é um estilo de comunicação que combina firmeza com empatia, promovendo trocas mais honestas e produtivas.

O comunicador assertivo utiliza uma linguagem direta, faz uso do pronome “eu” para expressar suas percepções (“Eu penso que...”, “Eu me sinto...”) e busca compreender a perspectiva do outro. Esse estilo valoriza o diálogo e o respeito mútuo, favorecendo a cooperação e a resolução de conflitos.

Em síntese, a comunicação agressiva impõe, a passiva omite e a assertiva propõe. A assertividade não elimina divergências, mas as transforma em oportunidades de entendimento, pois parte do princípio de que é possível discordar sem desrespeitar.

Técnicas de Escuta Ativa

A comunicação assertiva não se resume a expressar-se com clareza; ela também exige escutar de forma consciente e empática. A escuta ativa, conceito desenvolvido inicialmente por Carl Rogers (1957), consiste na capacidade de ouvir o outro com atenção genuína, buscando compreender o conteúdo e o sentimento por trás das palavras. Essa habilidade é essencial para estabelecer conexões autênticas e evitar mal-entendidos.

1. Atenção Plena

A escuta ativa começa pela presença. Estar plenamente atento significa eliminar distrações físicas e mentais para dedicar total foco ao interlocutor. Hargie (2011) enfatiza que a postura corporal, o contato visual e os sinais não verbais de interesse — como acenos e expressões faciais — são fundamentais para demonstrar envolvimento. Essa atenção plena transmite respeito e confiança.

2. Parafrasear e Confirmar Compreensão

Outra técnica importante é a paráfrase, que consiste em reformular o que foi dito pelo outro para garantir que a mensagem foi compreendida corretamente. Frases como “Entendo que você quis dizer que...” ou “Então, o que você está sentindo é...” ajudam a evitar mal-entendidos e demonstram empatia. Rogers (1957) destaca que esse tipo de resposta reflete aceitação e validação

dito pelo outro para garantir que a mensagem foi compreendida corretamente. Frases como “Entendo que você quis dizer que...” ou “Então, o que você está sentindo é...” ajudam a evitar mal-entendidos e demonstram empatia. Rogers (1957) destaca que esse tipo de resposta reflete aceitação e validação emocional.

3. Evitar Julgamentos e Interrupções

A escuta ativa requer a suspensão de julgamentos. É comum que, durante uma conversa, o ouvinte se concentre em preparar sua resposta em vez de realmente ouvir. Para Rogers, essa postura impede a verdadeira comunicação.

A escuta ativa implica aceitar a fala do outro sem interromper, discordar imediatamente ou tentar resolver o problema antes de compreendê-lo por completo.

4. Identificar Emoções e Linguagem Não Verbal

Nem toda mensagem é verbalizada. O tom de voz, as pausas, os gestos e as expressões faciais comunicam tanto quanto as palavras. Robbins e Judge (2014) observam que a comunicação não verbal representa grande parte da interação humana, e saber interpretá-la é crucial para compreender sentimentos implícitos. Reconhecer emoções permite respostas mais empáticas e assertivas.

5. Demonstrar Empatia e Apoio

A empatia é a base da escuta ativa. Significa colocar-se no lugar do outro para entender suas percepções e sentimentos, sem necessariamente concordar com elas. Hargie (2011) ressalta que a empatia fortalece a confiança e cria um ambiente seguro para o diálogo. Expressões como “Posso imaginar como você se sente” ou “Entendo a sua preocupação” reforçam a conexão emocional e reduzem tensões.

Benefícios da Comunicação Assertiva e da Escuta Ativa

O desenvolvimento da comunicação assertiva e da escuta ativa traz inúmeros benefícios para as relações interpessoais e organizacionais. Entre eles, destacam-se a melhoria do clima emocional, a redução de conflitos, o aumento da cooperação e a promoção da confiança mútua. Chiavenato (2010) afirma que organizações que estimulam a comunicação aberta e assertiva apresentam maior engajamento, produtividade e bem-estar entre seus membros.

Além disso, a assertividade favorece a autonomia e o senso de responsabilidade individual, pois permite que as pessoas expressem suas opiniões sem medo de retaliações. Da mesma forma, a escuta ativa contribui para a resolução de problemas complexos, pois amplia a compreensão das necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas.

Em suma, a combinação desses dois elementos — expressão clara e escuta empática — constitui o

alicerce de uma comunicação humana mais ética, consciente e colaborativa.

Considerações Finais

A comunicação assertiva é mais do que uma técnica: é uma atitude baseada na autenticidade, no respeito e na empatia. Distinguir os estilos de comunicação agressivo, passivo e assertivo é o primeiro passo para desenvolver relacionamentos mais equilibrados e saudáveis. No entanto, ser assertivo não significa apenas falar com clareza, mas também saber ouvir.

A escuta ativa complementa a assertividade ao criar espaço para o diálogo genuíno e o entendimento mútuo. Juntas, essas habilidades formam a base da convivência ética e eficaz, promovendo ambientes pessoais e profissionais mais cooperativos e resilientes. Assim, comunicar-se assertivamente e escutar ativamente não são apenas competências de comunicação, mas expressões de maturidade emocional e respeito humano.

Referências Bibliográficas

  • ALBERTI, Robert; EMMONS, Michael. Your Perfect Right: Assertiveness and Equality in Your Life and Relationships. 10th ed. San Luis Obispo: Impact Publishers, 2017.
  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • HARGIE, Owen. Skilled Interpersonal Communication: Research, Theory and Practice. 5th ed. London: Routledge, 2011.
  • ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
  • ROGERS, Carl R. The necessary and sufficient conditions of therapeutic personality change. Journal of Consulting Psychology, v. 21, n. 2, p. 95–103, 1957.

 

Empatia e Inteligência Emocional

 

Introdução

Nas últimas décadas, o estudo das emoções e de suas implicações nas relações humanas ganhou grande relevância nas áreas da psicologia, da educação e da gestão organizacional. A capacidade de compreender e gerenciar as próprias emoções, assim como de reconhecer e se conectar emocionalmente com os outros, constitui um diferencial determinante para o sucesso interpessoal e profissional. Nesse contexto, os conceitos de empatia e inteligência emocional emergem como pilares fundamentais para a convivência saudável e a administração construtiva de conflitos.

De acordo com Goleman (2012), a inteligência emocional é a habilidade de reconhecer e regular as próprias emoções e compreender as emoções alheias, orientando pensamentos e comportamentos de forma positiva. A empatia, por sua vez, representa o núcleo

relacional dessa competência, pois possibilita perceber e compreender os sentimentos do outro sem julgamento. A combinação dessas habilidades permite que as pessoas lidem com tensões e divergências de modo equilibrado, favorecendo a cooperação e o diálogo.

O Papel da Empatia na Gestão de Conflitos

A empatia é a capacidade de compreender o ponto de vista e os sentimentos do outro, colocando-se em seu lugar sem necessariamente concordar com ele. Segundo Davis (2018), trata-se de um processo cognitivo e emocional que envolve tanto a compreensão intelectual quanto a sensibilidade afetiva diante das experiências alheias.

No contexto da gestão de conflitos, a empatia atua como um mediador essencial, pois reduz a defensividade e favorece o entendimento mútuo.

Conflitos muitas vezes se intensificam devido à ausência de empatia: quando uma das partes se sente ignorada ou invalidada, tende a reagir com resistência ou agressividade. A empatia, ao contrário, cria pontes. Robbins e Judge (2014) afirmam que ouvir o outro com empatia é o primeiro passo para desarmar tensões e transformar o conflito em oportunidade de crescimento. Ao reconhecer as emoções envolvidas, o mediador ou gestor demonstra respeito, o que facilita a negociação e estimula comportamentos colaborativos.

Além disso, a empatia fortalece o vínculo social e promove um clima de confiança — condições indispensáveis para a resolução de conflitos de forma pacífica e construtiva. Goleman (2012) destaca que líderes empáticos conseguem compreender as necessidades e motivações de seus colaboradores, ajustando a comunicação e as decisões de maneira mais humana e eficaz. Assim, a empatia não é apenas um traço de personalidade, mas uma competência emocional estratégica para a harmonia interpessoal e organizacional.

Identificação e Controle das Emoções

A identificação e o controle das emoções constituem o núcleo da inteligência emocional. Segundo Salovey e Mayer (1990), reconhecer as emoções é o primeiro passo para regulá-las. Isso envolve consciência emocional, ou seja, a capacidade de perceber as próprias reações fisiológicas e psicológicas — como raiva, medo ou ansiedade — quando surgem. Essa consciência permite que o indivíduo evite respostas impulsivas e adote comportamentos mais ponderados.

No contexto dos conflitos, a ausência de controle emocional costuma agravar as divergências. Emoções como raiva e ressentimento reduzem a capacidade de escuta e levam a comportamentos defensivos. Goleman (2012)

argumenta que a autopercepção emocional é essencial para que o indivíduo compreenda o que está sentindo e por que, evitando que suas emoções o dominem. Assim, reconhecer as próprias reações é uma forma de empoderamento pessoal.

O controle emocional não significa reprimir sentimentos, mas expressá-los de forma equilibrada e construtiva. Rahim (2011) destaca que pessoas emocionalmente inteligentes sabem canalizar emoções negativas em ações positivas, transformando frustrações em aprendizado. Técnicas como respiração consciente, pausa reflexiva e reformulação cognitiva são estratégias eficazes para o domínio emocional. Elas ajudam a reduzir a reatividade e a manter a clareza durante situações de tensão, permitindo respostas mais adequadas e eficazes.

Ferramentas da Inteligência Emocional: Autoconhecimento e Autorregulação

A inteligência emocional se apoia em um conjunto de competências que, segundo Goleman (2012), podem ser desenvolvidas ao longo da vida. Entre elas, o autoconhecimento e a autorregulação constituem as ferramentas fundamentais para o equilíbrio emocional e a convivência harmoniosa.

Autoconhecimento

O autoconhecimento é a capacidade de reconhecer os próprios estados emocionais, valores, motivações e limitações. Chiavenato (2010) explica que o autoconhecimento é o ponto de partida para a maturidade emocional, pois permite compreender como as emoções influenciam decisões e comportamentos.

Indivíduos com alto nível de autoconhecimento conseguem perceber padrões emocionais recorrentes e identificar gatilhos que geram reações desproporcionais.

Esse processo envolve reflexão e autoavaliação constantes. A prática da atenção plena (mindfulness) tem se mostrado uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento do autoconhecimento, pois ajuda o indivíduo a observar suas emoções sem julgá-las. Essa consciência emocional promove a autenticidade e fortalece a capacidade de agir de forma coerente com os próprios valores, reduzindo impulsividade e arrependimentos posteriores.

Autorregulação

A autorregulação, por sua vez, consiste na capacidade de administrar as próprias emoções e impulsos de maneira adequada ao contexto. De acordo com Salovey e Mayer (1990), é o processo que permite transformar emoções intensas em respostas socialmente construtivas. A autorregulação está diretamente relacionada à tolerância à frustração, à flexibilidade e à capacidade de manter o equilíbrio diante de pressões.

Em situações de conflito, a autorregulação permite evitar

reações impulsivas e agressivas, favorecendo a comunicação assertiva e o diálogo produtivo. Goleman (2012) destaca que indivíduos emocionalmente autorregulados tendem a ser mais confiáveis, adaptáveis e éticos, pois mantêm o controle mesmo sob estresse. Ferramentas como a auto observação, a respiração consciente e a reinterpretação positiva de eventos contribuem para essa capacidade de autocontrole.

O autoconhecimento e a autorregulação formam, portanto, um ciclo virtuoso: quanto mais o indivíduo se conhece, mais apto está a regular suas emoções; quanto mais regula, mais amplia sua compreensão de si mesmo. Essa interação contínua sustenta a empatia, a comunicação eficaz e a habilidade de gerenciar conflitos de forma construtiva.

Considerações Finais

A empatia e a inteligência emocional são competências fundamentais para a convivência humana e a gestão eficaz de conflitos. A empatia permite compreender o outro e construir pontes de diálogo, enquanto a inteligência emocional capacita o indivíduo a lidar com as próprias emoções e a manter o equilíbrio diante de desafios.

Desenvolver essas habilidades requer prática e autoconhecimento. Identificar e controlar emoções, compreender as necessidades alheias e agir com empatia são atitudes que fortalecem o respeito, a confiança e a cooperação. Nas organizações e nas relações pessoais, essas competências contribuem para a formação de ambientes mais saudáveis, colaborativos e emocionalmente inteligentes.

Em síntese, aprender a sentir com consciência e a compreender o outro com sensibilidade é o caminho mais seguro para transformar o conflito em aprendizado, o desafio em crescimento e a diferença em oportunidade de conexão humana.

Referências Bibliográficas

  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • DAVIS, Mark H. Empathy: A Social Psychological Approach. New York: Routledge, 2018.
  • GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 10. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • RAHIM, M. Afzalur. Managing Conflict in Organizations. 4th ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2011.
  • SALOVEY, Peter; MAYER, John D. Emotional Intelligence. Imagination, Cognition and Personality, v. 9, n. 3, p. 185–211, 1990.

 

Estilos Pessoais de Resolução de Conflitos

 

Introdução

O conflito é uma presença inevitável na convivência humana.

Em qualquer ambiente — pessoal, profissional ou social —, as pessoas se deparam com divergências de opiniões, interesses e valores. No entanto, a forma como cada indivíduo lida com essas situações é o que determina se o conflito resultará em crescimento ou em ruptura. Nesse sentido, Thomas e Kilmann (1974) desenvolveram um modelo que identifica cinco estilos de resolução de conflitos: competir, evitar, ceder, comprometer e colaborar. Cada estilo representa uma combinação diferente entre dois fatores principais — assertividade (defesa dos próprios interesses) e cooperação (preocupação com os interesses dos outros).

Compreender esses estilos e reconhecer aquele que predomina em cada pessoa é fundamental para aprimorar a inteligência relacional e promover relações mais equilibradas. O autodiagnóstico do estilo de resolução de conflitos permite desenvolver consciência sobre padrões de comportamento e ajustar estratégias conforme a situação, fortalecendo a convivência e a eficácia interpessoal.

O Modelo de Thomas-Kilmann

Kenneth Thomas e Ralph Kilmann criaram o Thomas-Kilmann Conflict Mode Instrument (TKI), uma ferramenta que descreve os cinco estilos básicos de resolução de conflitos. O modelo parte do pressuposto de que não existe um estilo “melhor” ou “pior”, mas que cada um é adequado a determinadas circunstâncias. A escolha do estilo ideal depende do contexto, da importância do tema e do tipo de relação envolvida.

Segundo Rahim (2011), compreender esses estilos permite que indivíduos e líderes utilizem estratégias mais conscientes, reduzindo reações impulsivas e fortalecendo o diálogo. A seguir, são apresentados os cinco estilos definidos pelo modelo.

1. Competir (Forçar)

O estilo competitivo caracteriza-se por alta assertividade e baixa cooperação. A pessoa que adota esse estilo busca satisfazer seus próprios interesses, mesmo que isso ocorra às custas do outro. De acordo com Robbins e Judge (2014), o indivíduo competitivo tende a usar o poder, a autoridade ou a persuasão para impor sua posição.

Esse estilo pode ser eficaz em situações que exigem decisões rápidas ou quando há risco significativo para a organização ou o grupo. Contudo, o uso excessivo da competição pode gerar ressentimento, desconfiança e deteriorar relacionamentos. No âmbito organizacional, é importante equilibrar a firmeza com o respeito, para evitar que a busca por resultados se transforme em confronto destrutivo.

2. Evitar (Fugir)

O estilo evitativo combina baixa assertividade

combina baixa assertividade e baixa cooperação. Nesse caso, o indivíduo prefere se afastar do conflito, evitando discussões ou decisões. Para Chiavenato (2010), o comportamento de evitação é comum quando a pessoa não se sente preparada para enfrentar a situação ou quando acredita que o conflito não é relevante.

Evitar pode ser útil quando o tema é trivial ou quando é necessário tempo para reflexão antes de reagir. No entanto, a evitação constante pode levar ao acúmulo de tensões e à falta de resolução de problemas importantes. Pessoas que utilizam esse estilo com frequência correm o risco de perpetuar mal-entendidos e enfraquecer a confiança nas relações.

3. Ceder (Acomodar)

O estilo ceder é marcado por baixa assertividade e alta cooperação. O indivíduo que o adota tende a priorizar a harmonia e o bem-estar do outro, mesmo renunciando a seus próprios interesses. Segundo Rahim (2011), esse estilo é caracterizado pela busca de paz e pela evitação de confrontos, sendo comum em pessoas que valorizam muito as relações interpessoais.

Ceder pode ser apropriado quando a questão é mais importante para o outro do que para si, ou quando se deseja preservar um vínculo significativo. No entanto, quando usado de forma excessiva, pode gerar frustração, perda de autoestima e sensação de injustiça. É necessário, portanto, equilibrar a disposição de ceder com a capacidade de se posicionar.

4. Comprometer (Negociar)

O estilo comprometedor apresenta níveis moderados de assertividade e cooperação. A busca é por uma solução intermediária, em que ambas as partes cedem parcialmente para alcançar um acordo. Robbins e Judge (2014) destacam que esse estilo é típico de situações em que o tempo é limitado e a manutenção do relacionamento é importante.

O compromisso é prático e eficiente, mas pode resultar em soluções parciais, que não atendem plenamente às necessidades de nenhuma das partes. Por isso, embora seja útil como medida temporária, ele não substitui abordagens mais colaborativas em questões complexas. Ainda assim, é um dos estilos mais comuns e adaptáveis nas relações interpessoais.

5. Colaborar (Integrar)

O estilo colaborativo representa o ponto mais alto tanto da assertividade quanto da cooperação. Nesse caso, as partes buscam uma solução que atenda plenamente aos interesses de todos os envolvidos. Goleman (2012) observa que a colaboração exige empatia, comunicação aberta e criatividade para transformar o conflito em oportunidade de aprendizado e inovação.

A

colaboração é o estilo mais eficaz para a resolução de conflitos duradouros e para o fortalecimento de equipes, pois promove confiança mútua e compromisso com os resultados. No entanto, requer tempo, disposição para o diálogo e maturidade emocional. É especialmente indicada quando o problema é importante e as relações precisam ser preservadas a longo prazo.

Autodiagnóstico: Qual é o Seu Estilo?

Cada pessoa possui uma tendência natural para lidar com os conflitos, influenciada por sua personalidade, experiências e ambiente social. O autodiagnóstico consiste em identificar qual desses cinco estilos é mais predominante no comportamento pessoal. Essa autoavaliação é essencial para o desenvolvimento da inteligência emocional e para a melhoria das relações interpessoais.

Thomas e Kilmann (1974) desenvolveram um instrumento específico para esse fim — o TKI (Thomas-Kilmann Conflict Mode Instrument) —, amplamente utilizado em contextos organizacionais e educacionais. A partir de um questionário com diferentes situações de conflito, o instrumento identifica o estilo predominante e oferece orientações para equilibrá-lo com os demais.

É importante destacar que nenhum estilo é totalmente positivo ou negativo; sua adequação depende do contexto. Por exemplo, um estilo competitivo pode ser eficaz em situações de urgência, enquanto o colaborativo é preferível em decisões complexas. O autoconhecimento permite que o indivíduo transite entre os estilos de maneira consciente, adaptando-se ao ambiente e às necessidades do momento.

Além de ferramentas formais, o autodiagnóstico também pode ser feito por meio da autorreflexão: observar como se reage diante de um desacordo, quais emoções predominam e como se busca resolver problemas. Essa análise permite desenvolver flexibilidade e empatia, competências fundamentais para a gestão eficaz de conflitos.

Considerações Finais

Os estilos pessoais de resolução de conflitos propostos por Thomas e Kilmann oferecem uma estrutura valiosa para compreender as diferentes formas de lidar com divergências. Cada estilo — competir, evitar, ceder, comprometer e colaborar — possui vantagens e limitações que variam conforme o contexto e as intenções das partes envolvidas.

O desenvolvimento da consciência sobre o próprio estilo é um passo essencial para aprimorar a comunicação e a convivência. O autodiagnóstico permite identificar padrões e adotar estratégias mais equilibradas, transformando o conflito em uma oportunidade de crescimento e

aprendizado. A maturidade emocional e a empatia são, portanto, condições indispensáveis para a escolha do estilo mais adequado e para a construção de relações interpessoais saudáveis e produtivas.

Referências Bibliográficas

  • CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
  • GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 10. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
  • RAHIM, M. Afzalur. Managing Conflict in Organizations. 4th ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2011.
  • ROBBINS, Stephen P.; JUDGE, Timothy A. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
  • THOMAS, Kenneth W.; KILMANN, Ralph H. Thomas-Kilmann Conflict Mode Instrument. Tuxedo, NY: Xicom, 1974.

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