Ferramentas e Técnicas de Mapeamento
Técnicas de levantamento de informações
1. Introdução
O mapeamento eficaz de processos depende de um
levantamento detalhado e preciso das informações que representam a realidade
operacional de uma organização. Essa etapa inicial, conhecida como levantamento
de informações, tem como objetivo reunir dados que permitam descrever o
funcionamento real dos processos, suas atividades, responsáveis, regras,
entradas, saídas e relações entre setores. Para isso, existem diferentes técnicas
qualitativas e quantitativas que podem ser utilizadas conforme o contexto,
a cultura organizacional e os recursos disponíveis.
As principais técnicas de levantamento de informações incluem entrevistas, observação direta, análise documental, grupos focais e workshops de processos. A escolha apropriada dessas ferramentas e sua aplicação combinada são determinantes para garantir um mapeamento preciso, participativo e representativo da realidade organizacional.
2. Entrevistas
As entrevistas são uma das técnicas mais utilizadas no
levantamento de processos. Consistem em conversas estruturadas ou
semiestruturadas com os colaboradores envolvidos direta ou indiretamente na
execução das atividades. O objetivo é obter a visão prática e contextual dos
atores, identificar variações de procedimento, dificuldades enfrentadas e
pontos críticos.
2.1. Tipos de entrevista
2.2. Vantagens e cuidados
As entrevistas permitem entendimento aprofundado da
lógica interna do processo, bem como a percepção subjetiva dos
entrevistados. No entanto, é importante tomar cuidado com viés de opinião,
distorções e omissões. O entrevistador deve adotar postura neutra, saber ouvir
e buscar comprovação posterior das informações obtidas.
Segundo Harrington (1993), “a entrevista é uma das formas mais eficazes de entender o processo informal, aquele que não está documentado, mas que representa a prática real”.
3. Observação Direta
A observação direta consiste em acompanhar pessoalmente a execução das atividades para registrar como o processo ocorre de fato no
para registrar como o processo
ocorre de fato no ambiente de trabalho. É uma técnica essencial para validar as
informações obtidas por meio de entrevistas e documentos, além de identificar
comportamentos, fluxos e problemas que muitas vezes não são relatados pelos
colaboradores.
3.1. Modalidades
3.2. Aplicabilidade
A observação é especialmente útil em processos
operacionais, repetitivos ou sensíveis, onde as rotinas são visíveis e
passíveis de análise direta. Deve ser realizada com autorização da liderança e
com ética, evitando constrangimentos aos colaboradores.
Segundo Rummler e Brache (1994), a observação direta é uma das formas mais objetivas de compreender as condições reais de trabalho, os fluxos físicos, os tempos de execução e os desvios de procedimento.
4. Análise Documental
A análise documental é o exame de registros,
relatórios, formulários, normativas, manuais, e-mails e outros documentos
que contenham dados relevantes sobre os processos. Essa técnica permite
entender como o processo foi concebido, suas normas formais, suas metas e sua
documentação técnica.
4.1. Tipos de documentos úteis
4.2. Limitações
Embora ofereça informações formais e padronizadas, a
análise documental pode não refletir a prática real. Muitas vezes, os
documentos estão desatualizados, incompletos ou não representam variações não
previstas. Por isso, deve ser utilizada em conjunto com outras técnicas, como
entrevistas e observações.
Dumas et al. (2018) destacam que a documentação formal é essencial para garantir conformidade normativa e suporte à rastreabilidade, mas não substitui o conhecimento empírico dos operadores do processo.
5. Grupos Focais
O grupo focal é uma técnica de levantamento que
consiste em reunir um pequeno grupo de colaboradores (geralmente de 6 a
10 pessoas) para discutir coletivamente aspectos de um processo, sob a mediação
de um facilitador. O objetivo é capturar visões, experiências e sugestões
compartilhadas, promovendo uma construção conjunta do entendimento sobre o
processo.
5.1. Vantagens
5.2. Cuidados
O facilitador deve garantir a participação
equilibrada, evitando dominação por indivíduos mais experientes ou com
maior cargo hierárquico. Também é necessário preparar previamente os tópicos a
serem abordados e registrar sistematicamente as informações.
Essa técnica é especialmente útil em processos transversais, que envolvem várias áreas, ou quando há necessidade de validar versões preliminares do mapeamento.
6. Workshops de Processos
Workshops de processos são sessões estruturadas que
reúnem representantes de diferentes áreas envolvidas no processo para
realizar, de forma colaborativa, o mapeamento ou redesenho do processo.
Costumam ter duração de algumas horas a alguns dias, com apoio de facilitadores
e recursos visuais.
6.1. Finalidade
6.2. Benefícios
Segundo ABPMP (2017), workshops são essenciais para a governança de processos, pois criam consenso, envolvem os stakeholders e favorecem decisões colaborativas.
7. Considerações Finais
O levantamento de informações é uma etapa crítica para
a gestão por processos. As técnicas descritas — entrevistas, observação direta,
análise documental, grupos focais e workshops — não são excludentes, mas sim complementares.
A escolha da combinação ideal depende do tipo de processo, do nível de
maturidade da organização e do objetivo do mapeamento.
O uso estratégico dessas técnicas garante maior fidelidade ao processo real, reduz o risco de erros na modelagem e fortalece a base para análises, melhorias e automações. Além disso, o envolvimento das pessoas na etapa de levantamento é essencial para gerar comprometimento com os resultados futuros do mapeamento.
Referências Bibliográficas
Notações de Mapeamento:
Fluxogramas e BPMN
1. Introdução
O mapeamento de processos é uma prática essencial para
a gestão eficiente de organizações. Para representar visualmente os processos,
são utilizadas notações gráficas, que ajudam a compreender, analisar,
padronizar e comunicar os fluxos de trabalho. As notações mais utilizadas são
os fluxogramas e, de forma mais recente e padronizada, a BPMN
(Business Process Model and Notation).
Essas linguagens visuais facilitam a interpretação dos processos por todos os envolvidos — desde operadores até gestores e desenvolvedores de sistemas —, contribuindo para a melhoria contínua, integração entre áreas e automação de processos.
2. Fluxogramas: conceitos e tipos
O fluxograma é uma representação gráfica de um
processo por meio de símbolos padronizados que indicam as etapas, decisões,
entradas, saídas e interações envolvidas. É uma das ferramentas mais antigas e
amplamente utilizadas no mapeamento de processos organizacionais.
Segundo Harrington (1993), o fluxograma permite “mostrar de forma simples e lógica a sequência de eventos, facilitando a visualização de falhas, duplicidades e pontos de melhoria”.
2.1. Fluxograma linear (ou simples)
É o tipo mais básico de fluxograma. Representa a sequência
de atividades de maneira direta, em ordem cronológica, geralmente da
esquerda para a direita ou de cima para baixo. É útil para processos curtos ou
simples, com poucos desvios ou decisões.
Este tipo não distingue responsabilidades nem mostra
claramente quais áreas estão envolvidas. Por isso, é mais indicado para
atividades rotineiras e centralizadas.
2.2. Fluxograma funcional
O fluxograma funcional (ou de responsabilidades)
inclui pistas horizontais ou verticais que separam as atividades por áreas,
setores ou cargos. Dessa forma, é possível visualizar quem é responsável
por cada etapa do processo, promovendo clareza nas atribuições.
Este modelo é ideal para processos
interdepartamentais, permitindo identificar gargalos, retrabalho,
transferências e excesso de interação entre áreas. Ele fortalece a gestão por
processos ao tornar visíveis as interfaces organizacionais.
2.3. Fluxograma cruzado (ou swimlanes)
O fluxograma cruzado é uma variação do funcional, também conhecido como
fluxograma em “raias de natação” (swimlanes). Cada
“raia” representa uma unidade organizacional, papel ou sistema, e as atividades
são alocadas dentro dessas faixas.
Essa estrutura facilita a leitura de processos
complexos, permitindo visualizar com clareza:
É muito utilizado em projetos de automação e em ambientes com múltiplos atores ou sistemas envolvidos.
3. Introdução à Notação BPMN
A BPMN (Business Process Model and Notation) é
um padrão internacional desenvolvido pela Object Management Group (OMG) com o
objetivo de oferecer uma linguagem unificada, compreensível tanto por
usuários de negócio quanto por desenvolvedores de sistemas. É hoje a
notação mais aceita globalmente para modelagem de processos de negócio.
Dumas et al. (2018) definem a BPMN como “uma notação
gráfica padronizada para descrever os passos de um processo de negócio de
maneira rica e precisa, ao mesmo tempo acessível a usuários de diferentes
perfis técnicos”.
3.1. Características principais
3.2. Elementos básicos da BPMN
A BPMN utiliza três categorias principais de
elementos:
A modelagem em BPMN permite representar com clareza os processos de ponta a ponta, incluindo exceções, paralelismos e subprocessos, o que a torna uma
ferramenta poderosa para organizações que buscam automação, integração e governança de processos.
4. Comparação entre fluxogramas e BPMN
Embora ambas as notações tenham o mesmo propósito —
representar graficamente os processos —, fluxogramas e BPMN diferem
significativamente em sua complexidade, formalidade e aplicabilidade.
|
Aspecto |
Fluxogramas |
BPMN |
|
Simplicidade |
Alta |
Moderada a baixa |
|
Formalização |
Baixa |
Alta (padrão internacional) |
|
Detalhamento técnico |
Limitado |
Elevado |
|
Acessibilidade |
Alta para leigos |
Requer capacitação |
|
Aplicação |
Processos simples |
Processos complexos e automatizados |
Assim, os fluxogramas são mais adequados para mapear e entender processos simples ou como ferramenta introdutória, enquanto a BPMN é ideal para projetos mais robustos, que envolvam automação, integração de sistemas ou necessidade de padronização internacional.
5. Considerações finais
O uso de notações adequadas no mapeamento de processos
é um fator decisivo para o sucesso da gestão por processos nas organizações. Fluxogramas
simples, funcionais ou cruzados são excelentes para compreender, treinar e
padronizar atividades internas. Já a BPMN oferece um nível superior de
precisão e interoperabilidade, sendo ideal para modelagem, automação e
transformação digital dos processos.
A escolha da notação depende dos objetivos do mapeamento, do perfil dos usuários e da complexidade do processo. Em qualquer caso, o mais importante é garantir que a representação seja fiel à realidade, compreensível e útil para tomada de decisões e melhorias contínuas.
Referências Bibliográficas
Ferramentas de Apoio
Digital ao Mapeamento de Processos
1. Introdução
O mapeamento de processos é uma prática essencial para organizações que buscam eficiência, qualidade e inovação. Com o avanço das tecnologias digitais, essa atividade passou a ser amplamente apoiada por
ferramentas
digitais especializadas, que facilitam a criação, edição, compartilhamento
e armazenamento de diagramas de processos.
Essas ferramentas promovem ganhos expressivos em
termos de padronização, agilidade, colaboração e integração com outros
sistemas organizacionais. Neste contexto, softwares como Bizagi,
Lucidchart, Draw.io, entre outros, destacam-se como soluções práticas e
acessíveis, atendendo desde usuários iniciantes até projetos complexos de
transformação digital.
Além da escolha da ferramenta, é fundamental adotar boas práticas de digitalização, garantindo que os modelos produzidos sejam claros, atualizados e aderentes à realidade organizacional.
2. Softwares de fluxogramas e modelagem de processos
Diversos softwares estão disponíveis no mercado para apoiar a modelagem de processos. Eles variam em recursos, níveis de formalidade, integração e custo. A seguir, são apresentados três dos mais utilizados em contextos profissionais e educacionais.
2.1. Bizagi Modeler
O Bizagi Modeler é uma ferramenta gratuita
voltada especificamente para a modelagem de processos com notação BPMN.
É uma das soluções mais utilizadas em projetos corporativos por sua
conformidade com padrões internacionais, interface intuitiva e recursos
avançados de documentação.
Entre suas funcionalidades, destacam-se:
Segundo Dumas et al. (2018), o Bizagi é especialmente
útil para organizações que desejam alinhar a modelagem de processos com a
execução em plataformas BPM.
2.2. Lucidchart
O Lucidchart é uma ferramenta online baseada em
nuvem, que permite criar fluxogramas, diagramas de rede, mapas mentais e,
também, processos organizacionais. Sua interface arrastar-e-soltar é simples, e
sua principal vantagem está na colaboração em tempo real entre múltiplos
usuários.
Funcionalidades importantes:
Lucidchart é ideal para equipes multidisciplinares,
especialmente em projetos que envolvem profissionais de diferentes áreas,
trabalhando remotamente.
2.3. Draw.io (diagrams.net)
O Draw.io, também conhecido
como diagrams.net,
é uma ferramenta gratuita e de código aberto para criação de diagramas. É
amplamente utilizado por sua simplicidade, leveza e flexibilidade,
podendo ser utilizado offline ou diretamente integrado ao Google Drive ou
OneDrive.
Seus principais atributos incluem:
Draw.io é indicado para pequenos negócios, uso educacional ou projetos que não demandam integração com plataformas de automação.
3. Boas práticas na digitalização do mapeamento
O uso de ferramentas digitais no mapeamento de processos deve ir além da criação visual dos fluxos. Para garantir que os modelos cumpram seu propósito organizacional, é fundamental seguir boas práticas de digitalização, que envolvem planejamento, padronização, validação e manutenção dos modelos.
3.1. Definir padrões de notação e nomenclatura
É recomendável utilizar notações reconhecidas
(como BPMN ou fluxogramas funcionais) e adotar uma padronização de termos,
ícones e convenções gráficas. Isso evita ambiguidade e garante que os
modelos sejam compreendidos por todos os envolvidos, independentemente da área
de atuação.
3.2. Alinhar o modelo com a realidade
A digitalização não deve representar processos ideais
ou imaginários. É necessário que o modelo reflita a forma como o processo
realmente ocorre. Para isso, deve-se combinar entrevistas, observações,
análise documental e validações com os executores do processo.
Segundo Harrington (1993), a modelagem eficaz começa
com o entendimento do "estado atual" (AS IS), base para qualquer
proposta de melhoria futura.
3.3. Documentar os elementos do processo
Além da representação visual, os modelos digitais
devem conter informações complementares, como:
As ferramentas modernas permitem inserir esses metadados diretamente nos diagramas, facilitando a consulta e auditoria.
3.4. Estabelecer controle de versões
Processos estão em constante evolução. Por isso, é
essencial manter um controle de versões dos diagramas, registrando
alterações, responsáveis e datas. Isso evita confusão entre versões antigas e
atuais e assegura a rastreabilidade das mudanças.
3.5. Compartilhar e integrar
Os modelos digitais devem ser facilmente acessíveis
aos envolvidos no processo. A integração com plataformas de gestão (como ERPs,
sistemas BPM ou intranets) permite que os processos mapeados orientem a
execução real das atividades, promovendo coerência e consistência.
Além disso, a colaboração entre áreas na construção dos modelos fortalece a cultura de processos e estimula o engajamento.
4. Considerações finais
As ferramentas digitais de apoio ao mapeamento de
processos representam um avanço significativo na forma como as organizações
compreendem, documentam e otimizam suas atividades. Soluções como Bizagi,
Lucidchart e Draw.io oferecem praticidade, padronização e colaboração em tempo
real, sendo adaptáveis a diferentes perfis de usuários e necessidades.
No entanto, sua eficácia depende diretamente da
aplicação de boas práticas na digitalização, como o uso de notações
consistentes, validação das informações, documentação adequada e gestão
contínua dos modelos. Assim, mais do que criar diagramas bonitos, é necessário
garantir que eles representem com fidelidade a dinâmica organizacional e sirvam
como base para melhorias estruturadas.
Ao integrar tecnologia e metodologia, as organizações fortalecem sua governança de processos, melhoram a comunicação interna e tornam-se mais preparadas para a transformação digital e a inovação contínua.
Referências Bibliográficas
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