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Básico de Violão

 BÁSICO DE VIOLÃO

 

Aplicação Musical e Repertório Inicial 

Tocando Músicas com 2 a 3 Acordes 

 

Aprender a tocar músicas com dois ou três acordes é um marco fundamental na jornada do violonista iniciante. Além de possibilitar a aplicação imediata de conteúdos técnicos, esse tipo de repertório contribui para a motivação do aluno ao perceber que é capaz de executar canções conhecidas com recursos harmônicos simples. A maioria das músicas populares de tradição oral ou da música pop utiliza progressões harmônicas acessíveis, principalmente baseadas nos acordes maiores e menores básicos, como C (Dó), G (Sol), Am (Lá menor) e D (Ré). Este texto apresenta orientações práticas para tocar músicas com dois ou três acordes, a importância da leitura de cifras e como identificar repertório adequado para a prática inicial.

1. Acordes C, G, Am e D: Revisão e Funções

Antes de abordar o uso desses acordes em músicas, é importante compreender brevemente seu papel harmônico. Esses acordes pertencem às tonalidades mais comuns na música popular (C maior, G maior, A menor, entre outras) e funcionam bem em sequências simples por causa de sua relação natural dentro do campo harmônico.

  • C (Dó maior): acorde de tônica na tonalidade de C.
  • G (Sol maior): dominante na tonalidade de C ou tônica na tonalidade de G.
  • Am (Lá menor): relativo menor da tonalidade de C, fácil de combinar com C e G.
  • D (Ré maior): tônica em Ré maior, frequentemente usado em músicas com cadência pop e sertaneja.

Esses acordes são particularmente acessíveis porque exigem posições manuais que não requerem pestana, sendo ideais para a fase inicial da prática violonística.

2. Músicas Simples com 2 a 3 Acordes

Diversas canções populares brasileiras e internacionais podem ser tocadas com dois ou três acordes, o que oferece ao iniciante a possibilidade de desenvolver fluência rítmica e coordenação motora com repertório motivador.

2.1 Exemplos de Músicas com 2 Acordes

  • “Maluco Beleza” (Raul Seixas)
    Acordes: A – E
    Possui estrutura harmônica repetitiva e andamento simples.
  • “Exagerado” (Cazuza – versão simplificada)
    Acordes: C – G
    A canção pode ser adaptada para versões com batida leve de balada, mantendo a essência da composição.

2.2 Exemplos com 3 Acordes

  • “Tempo Perdido” (Legião Urbana – versão simplificada)
    Acordes: C – G – Am
    Uma das músicas mais tocadas em rodas de violão, com progressão cíclica.
  • “Asa Branca”
  • (Luiz Gonzaga)
    Acordes: C – G – Am
    Música tradicional que apresenta sequência harmônica previsível e melodia forte.
  • “Stand by Me” (Ben E. King – versão simplificada)
    Acordes: C – Am – F (pode-se substituir F por G nas primeiras tentativas)
    Perfeita para treinar batidas lentas e controle da dinâmica.

Essas músicas proporcionam a repetição necessária para o desenvolvimento técnico e ajudam a consolidar o senso de compasso e batida constante.

3. Identificação e Leitura de Cifras Online

As cifras são representações simplificadas dos acordes e suas sequências em uma música. Elas são amplamente utilizadas em sites especializados, livros didáticos e aplicativos para músicos. A habilidade de identificar, compreender e tocar a partir de uma cifra é essencial para qualquer violonista iniciante.

3.1 Como Ler uma Cifra

A cifra geralmente apresenta os nomes dos acordes escritos acima das palavras ou versos da música, indicando o momento em que a troca de acorde deve ocorrer.

Exemplo:

       C              G 

É preciso amar as pessoas 

     Am            G 

Como se não houvesse amanhã

O estudante deve tocar os acordes indicados quando as palavras correspondentes forem cantadas ou marcadas no tempo correto da batida.

3.2 Sites Confiáveis para Buscar Cifras

Há diversos sites que oferecem cifras organizadas por artista, tonalidade e nível de dificuldade. Alguns dos mais conhecidos:

  • Cifra Club (www.cifraclub.com.br): um dos maiores portais de cifras do Brasil, com vídeos, diagramas de acordes e transposição automática.
  • Letras.mus.br (www.letras.mus.br): além das letras, o site apresenta cifras simplificadas de grande parte do repertório popular.
  • Ultimate Guitar (www.ultimate-guitar.com): excelente para canções internacionais, com sistema de avaliação de qualidade das cifras.

Ao escolher uma cifra online, é importante observar a tonalidade original da música e, se necessário, usar a ferramenta de transposição para adequar os acordes ao nível técnico do aluno. Por exemplo, músicas com acordes com pestana podem ser adaptadas para versões com acordes abertos.

4. Estratégias para a Prática com Músicas de 2 a 3 Acordes

4.1 Repetição Controlada

Escolher uma música simples e praticar cada trecho de forma repetida, tocando cada acorde por um compasso (4 tempos). Aumentar gradativamente a velocidade com o metrônomo à medida que a troca se tornar mais natural.

4.2 Divisão por Estrofes

Dividir a música por estrofes e refrões, treinando separadamente cada parte com foco na clareza da troca e no ritmo. Após dominar cada seção, unir os trechos para tocar a música inteira.

4.3 Cantar e Tocar

Estimular o aluno a cantar junto com a execução dos acordes favorece o desenvolvimento auditivo, a percepção de tempo e a independência motora entre as mãos.

Considerações Finais

Tocar músicas com dois ou três acordes é uma estratégia eficaz e prazerosa para introduzir o estudante de violão à prática musical real. Utilizando acordes básicos como C, G, Am e D, o aluno desenvolve coordenação, percepção rítmica e autoconfiança. A leitura de cifras, quando bem orientada, torna-se uma ferramenta poderosa para a construção de repertório e a autonomia musical. Com prática constante e material adequado, o iniciante pode rapidamente passar da execução mecânica à interpretação expressiva de músicas completas.

Referências Bibliográficas

  • Bonilla, E. (2014). Fundamentos Técnicos do Violão. Rio de Janeiro: Lumiar Editora.
  • Machado, M. (2013). Violão Brasileiro: Técnica e Repertório. Belo Horizonte: Ed. Minueto.
  • Carvalho, M. L. (2017). Manual Prático do Violonista Iniciante. São Paulo: Editora Musarte.
  • Duarte, L. (2020). Guia Ilustrado do Violão: Estrutura, Modelos e Manutenção. Porto Alegre: Ed. Sinfonia.
  • Simões, C. (2012). Harmonia Funcional para Iniciantes. Salvador: Ed. Harmus.


Prática com Acompanhamento: Voz ou Backing Track no Estudo do Violão

 

A prática com acompanhamento – seja por meio da própria voz ou de bases instrumentais gravadas (backing tracks) – representa uma etapa fundamental no desenvolvimento musical de quem estuda violão. Essa abordagem possibilita ao aluno experimentar a integração harmônica e rítmica de maneira mais viva, simular contextos reais de apresentação e desenvolver habilidades como tempo, precisão, expressividade e escuta ativa. Este texto apresenta as vantagens da prática com acompanhamento, discute as diferenças entre tocar com voz ou com backing track, e propõe estratégias para incorporar essa prática ao estudo diário.

1. A Importância da Prática com Acompanhamento

A execução do violão isoladamente é essencial para o domínio técnico e harmônico, mas não basta para formar um músico completo. A prática com acompanhamento representa a transição do estudo solitário para o fazer musical coletivo ou performático. Quando o violonista toca junto com a voz (sua ou de outros) ou com

uma base gravada, ele exercita:

  • Afinação relativa: ao cantar ou acompanhar uma melodia pré-gravada, o aluno aprende a escutar harmonicamente.
  • Sincronia rítmica: o acompanhamento exige precisão no tempo e clareza nas batidas.
  • Expressividade musical: o músico aprende a controlar volume, ataque e dinâmica em função do contexto musical.
  • Confiança interpretativa: tocar junto com outros elementos ajuda o aluno a se sentir mais confortável ao se apresentar ou tocar em grupo.

A prática com acompanhamento também proporciona motivação, pois permite tocar músicas reais de forma completa, aproximando o estudo da experiência artística.

2. Tocando com a Voz

O canto simultâneo à execução do violão é uma das formas mais ricas de integração musical. Ao cantar e tocar, o músico torna-se responsável tanto pela harmonia (acordes) quanto pela melodia (linha vocal), exercitando múltiplas capacidades cognitivas e expressivas.

2.1 Coordenação Motora e Mental

Cantar e tocar exige independência entre as mãos e a voz. Muitas vezes, o ritmo da melodia vocal não coincide com as batidas ou os tempos dos acordes. Desenvolver essa autonomia requer prática progressiva:

  • Iniciar com músicas de andamento lento e progressões simples (2 ou 3 acordes).
  • Decorar bem a progressão harmônica antes de inserir a voz.
  • Cantar em ritmo falado antes de entoar as melodias.
  • Repetir trechos curtos até ganhar fluência.

2.2 Controle de Dinâmica

O violonista que canta deve adaptar sua batida à intensidade da voz. Em trechos mais suaves da música, por exemplo, a batida deve ser leve e precisa, evitando encobrir a linha melódica.

3. Tocando com Backing Tracks

Backing tracks são bases instrumentais gravadas sem a parte do violão (ou com espaço para que o aluno execute sua parte), permitindo que ele toque sobre uma estrutura harmônica e rítmica pronta. Essa prática é especialmente útil quando não há um parceiro de estudo ou banda disponível.

3.1 Benefícios Didáticos

  • Constância rítmica: os backing tracks seguem andamento fixo, ajudando no desenvolvimento de tempo interno.
  • Simulação de banda: o aluno experimenta tocar com baixo, bateria e outros instrumentos, como em um show real.
  • Foco na execução harmônica: permite treinar acordes e batidas dentro de contextos reais.
  • Melhoria na escuta: o aluno aprende a "encaixar" sua parte dentro do conjunto sonoro.

3.2 Fontes de Backing Tracks

diversos canais e sites especializados que oferecem backing tracks gratuitos ou pagos. Entre os mais utilizados estão:

  • YouTube: há canais com bases por estilo (pop, rock, samba, blues) e por tonalidade.
  • Cifra Club Play: plataforma que permite tocar junto com músicas em versão instrumental.
  • Apps como iReal Pro e Band-in-a-Box: oferecem bases editáveis por tonalidade, tempo e estilo.
  • Plataformas de streaming: algumas faixas instrumentais estão disponíveis em serviços como Spotify e Deezer.

4. Estratégias de Estudo com Acompanhamento

4.1 Seleção de Repertório

É recomendável iniciar com músicas simples, com 2 ou 3 acordes, ritmo constante e andamento moderado. Canções como “Tempo Perdido” (Legião Urbana), “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) ou “Stand by Me” (Ben E. King) são bons exemplos.

4.2 Divisão por Etapas

1.     Estudo dos acordes isoladamente.

2.     Execução com batida rítmica constante.

3.     Adição da voz (opcional) ou do backing track.

4.     Execução completa com repetições até atingir fluência.

4.3 Gravação e Avaliação

Gravar a própria execução com o backing track ou cantando é uma excelente forma de avaliar a precisão rítmica e harmônica, além de trabalhar a autoconfiança e a percepção crítica.

5. Aspectos Musicais e Pedagógicos

A prática com acompanhamento contribui não apenas para o domínio técnico, mas para o desenvolvimento de competências musicais mais amplas:

  • Interação musical: tocar em conjunto, mesmo com um arquivo digital, estimula a percepção coletiva da música.
  • Estética sonora: o aluno aprende a tocar “dentro” da música, entendendo seu papel como parte de um todo harmônico.
  • Performance e expressão: treinar com backing tracks ou voz prepara o violonista para apresentações futuras.

Considerações Finais

Incorporar o acompanhamento vocal ou com backing track à rotina de estudos amplia consideravelmente a formação musical do violonista iniciante. Mais do que executar acordes mecanicamente, essa prática permite desenvolver musicalidade, senso de tempo, expressividade e autoconfiança. A utilização de recursos tecnológicos e a exploração da voz como instrumento complementar transformam o estudo do violão em uma vivência completa e significativa. Ao tocar acompanhado, o aluno passa a vivenciar a música como um processo vivo de comunicação e criação artística.

Referências Bibliográficas

  • Bonilla, E. (2014). Fundamentos Técnicos do Violão. Rio de Janeiro:
  • Lumiar Editora.
  • Carvalho, M. L. (2017). Manual Prático do Violonista Iniciante. São Paulo: Editora Musarte.
  • Silveira, J. P. (2011). Ritmo e Expressão: Fundamentos para Iniciantes. Belo Horizonte: Ed. Expressão Musical.
  • Duarte, L. (2020). Guia Ilustrado do Violão: Estrutura, Modelos e Manutenção. Porto Alegre: Ed. Sinfonia.
  • Tennant, S. (2003). Pumping Nylon: The Classical Guitarist’s Technique Handbook. California: Alfred Music.

 

Introdução ao Dedilhado no Violão: Técnica PIMA e Aplicações Musicais

 

O dedilhado é uma técnica fundamental para violonistas que desejam explorar a melodia e harmonia de forma mais refinada e expressiva. Ao contrário das batidas rítmicas, que envolvem o movimento simultâneo das cordas, o dedilhado permite tocar cordas individualmente, gerando uma textura mais suave e detalhada. Este texto apresenta os fundamentos do dedilhado no violão, com foco no padrão PIMA (polegar, indicador, médio e anelar), exercícios básicos com os acordes Em, C e G, e sugestões de aplicação em trechos de músicas conhecidas, oferecendo ao aluno iniciante uma introdução sólida a essa forma de execução.

1. O Que é Dedilhado?

Dedilhar significa tocar cordas individualmente com os dedos da mão direita (em violonistas destros), em vez de usar palheta ou realizar batidas rítmicas. Essa técnica permite maior controle da dinâmica, precisão rítmica e clareza na execução das notas. É amplamente utilizada na música clássica, bossa nova, MPB, folk e em arranjos instrumentais populares.

O dedilhado pode ser simples ou complexo, mas todos os padrões partem de uma organização específica dos dedos da mão direita.

2. O Padrão PIMA: Polegar, Indicador, Médio, Anelar

O padrão PIMA é uma convenção originária da terminologia da música clássica e corresponde às iniciais dos dedos da mão direita:

  • P (pulgar): polegar
  • I (índice): dedo indicador
  • M (medio): dedo médio
  • A (anular): dedo anelar

Cada dedo atua em cordas específicas:

  • P (polegar): cordas 6 (Mi grave), 5 (Lá) e 4 (Ré)
  • I (indicador): corda 3 (Sol)
  • M (médio): corda 2 (Si)
  • A (anelar): corda 1 (Mi agudo)

A palma da mão deve estar levemente afastada do tampo do violão, com os dedos curvados naturalmente. O movimento deve partir da articulação do dedo, sem tensionar o braço ou o punho.

3. Exercícios de Dedilhado com Em, C e G

Para praticar o dedilhado, o estudante pode utilizar acordes simples e executá-los

repetidamente com diferentes padrões de dedo. Abaixo, propomos exercícios básicos com os acordes Em (Mi menor), C (Dó maior) e G (Sol maior), ideais para iniciantes por não exigirem pestanas nem extensões difíceis.

3.1 Exercício 1: P I M A (sequência ascendente)

  • Monte o acorde de Em
  • Toque as cordas na ordem:
    • P (corda 6)
    • I (corda 3)
    • M (corda 2)
    • A (corda 1)
  • Repita em ciclo, de forma lenta e constante.

Este exercício treina a coordenação inicial dos dedos e o posicionamento correto da mão direita. O foco deve estar na uniformidade do som e no controle da pressão dos dedos sobre as cordas.

3.2 Exercício 2: P I M A – A M I P (ida e volta)

  • Aplique o mesmo padrão, mas retornando ao ponto inicial:
    • P → I → M → A → A → M → I → P
  • Pode ser feito com o acorde de C.

Esse exercício desenvolve a fluência e o controle do movimento de retorno, que é comum em arpejos e acompanhamentos melódicos.

3.3 Exercício 3: P P I M A M I

  • Aplique no acorde de G
  • P toca cordas 6 e 5 alternadamente
  • I, M e A tocam cordas 3, 2 e 1

Este padrão imita a base de dedilhados usados em canções populares e é um ótimo treino para introdução ao acompanhamento com voz.

4. Aplicação em Trechos Musicais Conhecidos

A técnica de dedilhado pode ser aplicada de forma prática em músicas populares brasileiras e internacionais. Abaixo estão exemplos que podem ser simplificados para estudo inicial.

4.1 “Romaria” (Renato Teixeira)

Acordes: Em – D – C
Padrão de dedilhado: P I M A

A canção tem andamento lento e é ideal para quem está começando. Pode-se manter o padrão fixo enquanto a mão esquerda troca os acordes. A repetição do ciclo gera uma base suave e harmônica para o canto.

4.2 “Tocando em Frente” (Almir Sater)

Acordes: Am – D – G
Padrão de dedilhado: P I M A – A M I P

Essa música utiliza a estrutura de versos com acompanhamento dedilhado constante. A melodia vocal encaixa bem sobre os arpejos, favorecendo a prática simultânea de canto e violão.

4.3 “Nothing Else Matters” (Metallica – versão simplificada)

Acordes: Em – D – C – G
Padrão de dedilhado: baseado em P I M A

Embora seja originalmente mais complexa, essa música pode ser adaptada para a prática de dedilhado básico com acordes simples, valorizando a precisão e a expressividade.

5. Dicas para o Estudo do Dedilhado

  • Praticar devagar: a velocidade só deve ser aumentada após o domínio da execução limpa.
  • Isolar a mão direita: em um primeiro momento,
  • treinar os padrões de dedilhado com cordas soltas.
  • Usar metrônomo: iniciar em 60 BPM e subir progressivamente.
  • Evitar tensão: os dedos devem estar relaxados, com movimento natural, sem rigidez.
  • Gravar-se: escutar a própria execução ajuda a identificar inconsistências e evoluir no controle rítmico e sonoro.

Considerações Finais

A técnica de dedilhado, baseada no padrão PIMA, amplia significativamente as possibilidades expressivas do violonista. Ao trabalhar com acordes simples como Em, C e G, o estudante pode aplicar padrões rítmicos básicos e preparar-se para acompanhamentos mais complexos. Músicas populares com estrutura harmônica acessível oferecem o contexto ideal para consolidar essa habilidade. Com paciência, regularidade e atenção ao som produzido, o aluno desenvolve controle técnico e sensibilidade musical essenciais para a prática do violão em diversos estilos.

Referências Bibliográficas

  • Tennant, S. (2003). Pumping Nylon: The Classical Guitarist’s Technique Handbook. California: Alfred Music.
  • Bonilla, E. (2014). Fundamentos Técnicos do Violão. Rio de Janeiro: Lumiar Editora.
  • Carvalho, M. L. (2017). Manual Prático do Violonista Iniciante. São Paulo: Editora Musarte.
  • Machado, M. (2013). Violão Brasileiro: Técnica e Repertório. Belo Horizonte: Ed. Minueto.
  • Duarte, L. (2020). Guia Ilustrado do Violão: Estrutura, Modelos e Manutenção. Porto Alegre: Ed. Sinfonia.


Como Estudar e Montar um Repertório Pessoal no Violão

 

A construção de um repertório pessoal é uma etapa essencial na trajetória do violonista iniciante. Mais do que um acúmulo de músicas decoradas, um repertório bem planejado reflete o progresso técnico e musical do estudante, possibilita apresentações, estimula a motivação e favorece a consolidação de habilidades aprendidas. Para que isso ocorra de maneira eficaz, é necessário aliar uma rotina de estudos bem organizada à seleção cuidadosa de músicas de dificuldade crescente. Este texto apresenta orientações práticas para organizar o estudo diário do violão, critérios para escolher músicas progressivas e como montar um repertório pessoal com 3 a 5 músicas acessíveis para iniciantes.

1. A Importância do Repertório no Processo de Aprendizagem

Montar um repertório pessoal vai além de simplesmente tocar várias músicas. Ele representa:

  • Memória musical aplicada: o repertório fixa acordes, ritmos e técnicas por meio da repetição significativa.
  • Evidência
  • de progresso: ao revisar músicas já estudadas, o aluno reconhece sua evolução.
  • Ferramenta para apresentações: mesmo um estudante iniciante pode compartilhar seu repertório em rodas de amigos, escolas ou eventos familiares.
  • Instrumento de motivação: tocar músicas conhecidas gera prazer e reforça o vínculo com o estudo.

Assim, construir um repertório pessoal é uma estratégia pedagógica importante para desenvolver não apenas a técnica, mas também a autonomia e a autoestima musical.

2. Dicas para Organizar os Estudos Diários

Uma rotina de estudos estruturada é a base para o desenvolvimento no violão. Não é necessário dispor de muitas horas por dia, mas é fundamental ter constância, foco e variedade.

2.1 Planejamento por Blocos

Dividir o tempo disponível em blocos de conteúdo ajuda a equilibrar teoria e prática. Exemplo de rotina para 30 minutos por dia:

  • 5 minutos: alongamento e aquecimento das mãos
  • 10 minutos: revisão de acordes e troca entre eles
  • 10 minutos: prática de batidas ou dedilhado
  • 5 minutos: execução de uma música do repertório

Se o aluno tiver mais tempo, pode incluir treinos com metrônomo, leitura de cifras e gravações de sua execução.

2.2 Constância é Melhor que Intensidade

Estudos curtos e diários são mais eficazes que sessões longas e esporádicas. O cérebro e os músculos se beneficiam da repetição frequente para consolidar os movimentos e a memória.

2.3 Registro de Progresso

Manter um caderno ou agenda de prática ajuda a visualizar o que foi estudado e planejar os próximos passos. Anotar dificuldades específicas em acordes ou trechos de músicas facilita o estudo direcionado.

3. Escolha de Músicas Progressivas

A seleção de músicas deve respeitar o nível atual do aluno, evoluindo de forma gradual. O repertório ideal para iniciantes inclui músicas com:

  • 2 a 3 acordes simples (como C, G, D, Am, Em)
  • Ritmo constante e batidas regulares
  • Andamento moderado (nem muito rápido, nem muito lento)
  • Letra conhecida ou fácil de memorizar

3.1 Critérios para Progressão

1.     Início: músicas com dois acordes e batida simples (ex: “Maluco Beleza” – Raul Seixas)

2.     Intermediário inicial: músicas com três ou quatro acordes e mudança suave (ex: “Tempo Perdido” – Legião Urbana)

3.     Intermediário: canções com acordes menores, transições rápidas e padrões de dedilhado (ex: “Tocando em Frente” – Almir Sater)

Ao estudar músicas progressivas, o aluno

desenvolve resistência física, coordenação entre as mãos e escuta harmônica mais apurada.

4. Como Criar um Repertório de 3 a 5 Músicas Fáceis

A montagem de um repertório pessoal deve ser feita com intenção pedagógica e afetiva. Isso significa que o aluno deve:

  • Escolher músicas que goste de ouvir e cantar
  • Garantir que consiga executá-las com clareza e segurança
  • Variar estilos (por exemplo, uma balada, uma canção popular e um clássico simples)

Exemplo de Repertório Inicial

1.     “Maluco Beleza” – Raul Seixas

o    Acordes: A e E

o    Batida simples em 4/4

o    Repetição harmônica constante

2.     “Asa Branca” – Luiz Gonzaga

o    Acordes: C, G, Am

o    Andamento moderado

o    Ideal para prática com voz

3.     “Pais e Filhos” – Legião Urbana

o    Acordes: C, G, Am, Em

o    Batida padrão de balada

o    Texto conhecido e fácil de memorizar

4.     “Tocando em Frente” – Almir Sater

o    Acordes: Am, D, G

o    Aplicação de dedilhado simples

o    Melodia suave para trabalhar dinâmica

5.     “Stand By Me” – Ben E. King (versão simplificada)

o    Acordes: C, Am, F (ou substituição por G)

o    Estrutura repetitiva, ideal para treino de ritmo

Esse repertório abrange variedade de acordes, batidas e estilos, e permite que o estudante perceba seu progresso em curto prazo.

Considerações Finais

Montar um repertório pessoal é uma prática eficaz, motivadora e estratégica para quem está começando no violão. Por meio de uma rotina de estudos bem planejada e da escolha consciente de músicas progressivas, o aluno pode consolidar seus conhecimentos, ganhar fluência técnica e desenvolver sua identidade musical. Mais do que um exercício técnico, o repertório é uma ponte entre o estudo e a arte, permitindo que o aluno se expresse, se apresente e compartilhe a música com os outros de forma autêntica e significativa.

Referências Bibliográficas

  • Carvalho, M. L. (2017). Manual Prático do Violonista Iniciante. São Paulo: Editora Musarte.
  • Duarte, L. (2020). Guia Ilustrado do Violão: Estrutura, Modelos e Manutenção. Porto Alegre: Ed. Sinfonia.
  • Bonilla, E. (2014). Fundamentos Técnicos do Violão. Rio de Janeiro: Lumiar Editora.
  • Machado, M. (2013). Violão Brasileiro: Técnica e Repertório. Belo Horizonte: Ed. Minueto.
  • Silveira, J. P. (2011). Ritmo e Expressão: Fundamentos para Iniciantes. Belo Horizonte: Ed. Expressão Musical.

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