Análise
e Levantamento de Requisitos
Introdução
à Engenharia de Requisitos
A engenharia de requisitos é uma das etapas mais críticas no processo de desenvolvimento de sistemas de informação. Seu principal objetivo é garantir que o software ou sistema desenvolvido atenda às necessidades reais dos usuários e das partes interessadas. Um erro ou omissão na fase de levantamento de requisitos pode resultar em sistemas inadequados, retrabalho e perda de recursos. Neste texto, abordaremos os fundamentos da engenharia de requisitos, incluindo a definição de requisitos funcionais e não funcionais, além das principais técnicas de elicitação utilizadas pelos analistas.
1.
Conceito de Requisito
Um
requisito pode ser entendido como uma condição ou capacidade que um
sistema deve possuir para satisfazer uma necessidade de negócio ou uma
exigência de um usuário. Segundo Sommerville (2011), requisitos são
"descrições dos serviços fornecidos por um sistema e das restrições sobre
sua operação".
A
engenharia de requisitos envolve um conjunto de atividades como:
Essas atividades não ocorrem de forma isolada, mas sim de maneira iterativa e incremental ao longo do projeto.
2.
Requisitos Funcionais e Não Funcionais
A
categorização mais comum dos requisitos é a distinção entre funcionais e
não funcionais.
a)
Requisitos Funcionais
Os
requisitos funcionais descrevem o que o sistema deve fazer. Representam
os serviços, comportamentos ou funcionalidades esperadas. São diretamente
relacionados às tarefas que o sistema deve executar, como:
Esses
requisitos são, geralmente, derivados de necessidades dos usuários e regras de
negócio. Devem ser claros, completos e consistentes para que os desenvolvedores
possam implementá-los corretamente.
b)
Requisitos Não Funcionais
Já
os requisitos não funcionais descrevem como o sistema deve se comportar,
ou seja, são restrições ou atributos de qualidade que devem ser observados
durante o desenvolvimento. Exemplos incluem:
Embora não estejam ligados a funcionalidades específicas, os requisitos não funcionais têm impacto direto na experiência do usuário e na qualidade do produto. Em muitos casos, são mais difíceis de medir e testar.
3.
Técnicas de Elicitação de Requisitos
A
elicitação de requisitos é o processo de descobrir as necessidades dos
usuários, clientes e demais stakeholders. Não se trata apenas de ouvir o que os
usuários dizem que precisam, mas de interpretar, estruturar e validar essas
necessidades para transformá-las em especificações compreensíveis.
Diversas
técnicas podem ser utilizadas, isoladamente ou em combinação, a depender do
contexto e do perfil dos envolvidos. As principais são:
a)
Entrevistas
As
entrevistas são conversas estruturadas ou semiestruturadas com os stakeholders
para coletar informações detalhadas sobre os processos e as expectativas em
relação ao sistema.
Existem
três tipos de entrevista:
b)
Questionários
Os
questionários consistem em um conjunto de perguntas distribuídas a um número
maior de usuários para coleta de dados quantitativos ou qualitativos.
São
ideais para confirmar hipóteses, entender padrões de uso e identificar
preferências gerais.
c)
Observação Direta
A
observação consiste em acompanhar o usuário durante a execução de suas tarefas,
a fim de entender como os processos funcionam na prática.
Essa
técnica é especialmente útil em ambientes operacionais complexos ou em tarefas
repetitivas e manuais.
Outras técnicas também relevantes incluem:
É importante que o analista de sistemas saiba escolher a técnica mais adequada para o contexto do projeto, considerando fatores como tempo disponível, perfil dos stakeholders, cultura organizacional e escopo do sistema.
Considerações
Finais
A
engenharia de requisitos é uma disciplina essencial para o sucesso de projetos
de software. Ao compreender a diferença entre requisitos funcionais e não
funcionais, e ao aplicar adequadamente técnicas de elicitação como entrevistas,
questionários e observação, o analista de sistemas garante que o sistema
desenvolvido esteja alinhado às reais necessidades dos usuários.
A complexidade dos sistemas atuais, aliada à velocidade das mudanças tecnológicas e de mercado, exige que a elicitação de requisitos seja um processo contínuo, colaborativo e adaptativo. Assim, o domínio da engenharia de requisitos não é apenas uma habilidade técnica, mas um diferencial estratégico para profissionais da área de TI.
Referências
Bibliográficas
Modelagem
com Casos de Uso: Introdução à UML, Atores, Cenários e Diagrama
A modelagem com casos de uso é uma das principais técnicas empregadas na fase de análise de requisitos do desenvolvimento de sistemas. Utilizando a UML (Unified Modeling Language) como notação padrão, os casos de uso permitem a visualização das interações entre os usuários (atores) e o sistema, por meio de representações gráficas e narrativas. Esse tipo de modelagem facilita a comunicação entre desenvolvedores, analistas, gestores e usuários finais, promovendo uma compreensão compartilhada das funcionalidades esperadas do sistema.
1.
Introdução à UML
A UML (Unified Modeling Language) é uma linguagem de modelagem padronizada pela OMG (Object Management Group), criada para descrever, visualizar e documentar sistemas de software orientados a objetos. A UML não é uma metodologia, mas sim uma linguagem que pode ser usada em conjunto com diversas abordagens de
desenvolvimento (ágil, cascata, incremental, etc.).
A
UML é composta por vários diagramas que representam diferentes aspectos de um
sistema, podendo ser agrupados em três categorias principais:
Entre esses, o diagrama de casos de uso é um dos mais utilizados nas fases iniciais do desenvolvimento, por sua simplicidade e foco na perspectiva do usuário.
2.
Atores e Cenários
Atores
Na
modelagem de casos de uso, atores são entidades externas que interagem
com o sistema. Um ator pode ser uma pessoa, outro sistema ou qualquer elemento
que forneça ou receba informações do sistema em análise.
Os
atores podem ser classificados em:
Importante
destacar que os atores não representam cargos ou nomes próprios, mas sim papéis
desempenhados em relação ao sistema.
Cenários
Um
cenário descreve o fluxo de eventos ou passos necessários para
que um ator atinja um objetivo por meio do sistema. Cada caso de uso pode ter
um ou mais cenários:
A descrição dos cenários geralmente é feita em linguagem natural estruturada, sendo uma forma poderosa de comunicação com stakeholders não técnicos.
3.
Diagrama de Casos de Uso
O
diagrama de casos de uso é uma representação gráfica das interações
entre os atores e os casos de uso de um sistema. Ele mostra quem faz o quê,
ou seja, quais funcionalidades (casos de uso) são acionadas por quais atores.
Elementos
principais:
Exemplo
ilustrativo (em descrição textual):
Imagine
um sistema bancário. Os atores podem ser "Cliente",
"Gerente" e "Sistema de Pagamento Externo". Os casos de uso
poderiam incluir:
O
ator "Cliente" se associa a "Realizar Saque" e
"Consultar Saldo", enquanto "Gerente" pode se associar a
"Autorizar Transferência". A funcionalidade "Emitir
Extrato" pode incluir "Consultar Saldo" como parte de seu fluxo.
Esse tipo de diagrama auxilia equipes de desenvolvimento a entenderem o escopo funcional do sistema de forma rápida e colaborativa, além de servir como referência durante as fases de projeto, testes e documentação.
Considerações
Finais
A
modelagem com casos de uso é uma ferramenta essencial para a análise e
especificação de requisitos em projetos de software. Ao utilizar a UML
como padrão, os analistas conseguem representar as interações entre usuários
e sistema de forma clara e padronizada, promovendo o alinhamento entre as
expectativas do cliente e as soluções propostas.
A
definição de atores e cenários permite identificar os papéis envolvidos
no sistema e os diversos caminhos possíveis para alcançar objetivos. Já o diagrama
de casos de uso oferece uma visão de alto nível que serve como guia para o
desenvolvimento e a validação do sistema.
A simplicidade e a acessibilidade dessa abordagem fazem com que ela seja amplamente utilizada tanto em contextos acadêmicos quanto no mercado profissional, sendo um dos primeiros passos para a construção de sistemas de qualidade.
Referências
Bibliográficas
Ferramentas
de Apoio à Análise: Modelagem, Gestão e Boas Práticas na Documentação
A análise de sistemas é uma atividade fundamental no desenvolvimento de soluções de software, exigindo organização, clareza e colaboração entre diversos profissionais. Para facilitar esse processo, o mercado oferece um vasto conjunto de ferramentas de apoio que auxiliam na modelagem de processos, na organização de tarefas e na documentação técnica. O uso adequado dessas ferramentas contribui para a melhoria da comunicação entre as partes envolvidas, além de aumentar a eficiência e a qualidade do produto. Este texto explora as principais ferramentas utilizadas na análise de sistemas, divididas em três categorias: modelagem, gestão de projetos e documentação.
1.
Ferramentas de Modelagem
A
modelagem é a representação gráfica ou simbólica dos processos, estruturas e
comportamentos de um sistema. Essa prática facilita a compreensão e comunicação
entre analistas, desenvolvedores e clientes. Diversas ferramentas de modelagem
estão disponíveis atualmente, variando entre versões gratuitas, colaborativas e
robustas. Entre as mais utilizadas estão:
a)
Lucidchart
O
Lucidchart é uma ferramenta online baseada em nuvem, que permite criar
diagramas diversos, como fluxogramas, mapas mentais, organogramas e diagramas
UML. Com uma interface intuitiva e colaboração em tempo real, é amplamente
utilizado por equipes ágeis e remotas.
Vantagens:
b)
Draw.io (hoje chamado diagrams.net)
O
Draw.io é uma ferramenta gratuita e de código aberto, acessível via
navegador, que permite a criação de diagramas variados. É bastante utilizada
por analistas e desenvolvedores que desejam uma alternativa leve, sem
necessidade de instalação.
Vantagens:
c)
StarUML
O
StarUML é uma ferramenta profissional voltada especialmente para a
modelagem orientada a objetos. Suporta diversos tipos de diagramas da UML, além
de extensões para outras linguagens e metodologias, como ERD e SysML.
Vantagens:
O uso de ferramentas de modelagem promove a padronização dos artefatos, melhora a comunicação entre os membros da equipe e facilita a validação das funcionalidades com os stakeholders.
2.
Ferramentas de Gestão
Além
da modelagem, o analista de sistemas também atua no planejamento,
acompanhamento e priorização de atividades. Para isso, é essencial o uso de
ferramentas de gestão de tarefas e projetos, que organizam o trabalho
colaborativo e aumentam a visibilidade sobre o andamento do projeto. Entre as
mais conhecidas, destacam-se:
a)
Trello
O
Trello é uma ferramenta visual de gerenciamento baseada no método
Kanban, que utiliza cartões e quadros para representar tarefas em diferentes
etapas (a fazer, em andamento, concluído).
Vantagens:
b)
Jira
O Jira, desenvolvido pela Atlassian, é uma ferramenta robusta para gestão de projetos ágeis. Permite o acompanhamento detalhado de tarefas, sprints, épicos, bugs e histórias de usuário.
Vantagens:
c)
Notion
O
Notion é uma plataforma all-in-one que combina anotações, wikis, bases
de dados, quadros Kanban e calendário. É bastante utilizada para a organização
de conteúdos, roteiros de projetos e documentação informal.
Vantagens:
O uso dessas ferramentas permite ao analista acompanhar entregas, gerenciar prioridades e comunicar com clareza, além de manter o time alinhado com os objetivos e prazos definidos.
3.
Boas Práticas na Documentação
Independentemente
das ferramentas utilizadas, a qualidade da documentação é um fator
determinante para o sucesso do projeto. Uma documentação mal estruturada pode
gerar ambiguidade, retrabalho e falhas no entendimento entre as equipes
técnicas e os usuários finais.
Algumas boas práticas incluem:
a)
Clareza e Objetividade
A linguagem utilizada deve ser simples, direta e sem ambiguidades. Sempre que possível, utilizar exemplos concretos,
fluxos e descrições que facilitem a
compreensão.
b)
Padronização
Definir
modelos e templates para documentos como casos de uso, especificações
funcionais e requisitos. Isso facilita a leitura e a manutenção ao longo do
tempo.
c)
Atualização Contínua
A
documentação deve ser dinâmica, acompanhando as mudanças nos requisitos,
ajustes no escopo e decisões tomadas durante o projeto. Ferramentas como o
Notion ou o Confluence permitem controle de versão e histórico de alterações.
d)
Separação de Documentos
Evitar
documentos excessivamente longos e genéricos. Prefira a separação por tópicos
ou funcionalidades, mantendo os arquivos organizados por tipo (requisitos,
diagramas, cronogramas, atas, etc.).
e)
Acesso Colaborativo
A documentação deve estar acessível a todos os envolvidos no projeto. Plataformas baseadas em nuvem garantem que os documentos possam ser editados e consultados em tempo real, com controle de permissões e rastreamento de mudanças.
Considerações
Finais
As
ferramentas de apoio à análise desempenham um papel estratégico na eficiência e
na qualidade do desenvolvimento de sistemas. Ferramentas como Lucidchart,
Draw.io e StarUML otimizam a modelagem de processos e requisitos, enquanto Trello,
Jira e Notion auxiliam no gerenciamento de tarefas e na organização do
projeto.
O uso dessas soluções, aliado a boas práticas de documentação, fortalece a comunicação entre as partes envolvidas, melhora o alinhamento de expectativas e reduz os riscos de falhas no sistema. O analista de sistemas que domina essas ferramentas e práticas torna-se uma peça-chave na entrega de soluções eficazes e bem estruturadas.
Referências
Bibliográficas
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