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Básico de Analista de Sistemas

 BÁSICO DE ANALISTA DE SISTEMAS

 

Fundamentos da Análise de Sistemas 

O que faz um Analista de Sistemas

 

O Analista de Sistemas é um profissional essencial no campo da Tecnologia da Informação (TI), atuando como elo entre os usuários finais e a equipe técnica de desenvolvimento. Sua principal função é compreender as necessidades do negócio e traduzi-las em soluções computacionais eficazes, viáveis e alinhadas aos objetivos organizacionais. Este texto apresenta uma visão abrangente das atribuições deste profissional, bem como o perfil exigido pelo mercado de trabalho e suas perspectivas de atuação.

1. Funções e Responsabilidades do Analista de Sistemas

O Analista de Sistemas exerce um papel estratégico em projetos de software. Sua atuação inicia-se no levantamento e análise das necessidades dos usuários, passando pela elaboração de requisitos, modelagem de dados, especificação funcional, até o acompanhamento da implementação, testes e manutenção dos sistemas.

Entre as principais funções do Analista de Sistemas, destacam-se:

  • Levantamento de Requisitos: O analista identifica e documenta as necessidades dos usuários e das áreas de negócio, utilizando técnicas como entrevistas, observações e questionários.
  • Modelagem e Especificação de Sistemas: Utilizando padrões como a UML (Unified Modeling Language), o profissional estrutura as funcionalidades do sistema por meio de diagramas, fluxogramas e documentos técnicos.
  • Intermediação entre equipes: Atua como facilitador entre os usuários, os desenvolvedores e os gestores de projeto, garantindo que os requisitos sejam corretamente compreendidos e implementados.
  • Validação e Testes: Participa da validação dos sistemas desenvolvidos, assegurando que eles atendam aos critérios funcionais e de qualidade definidos.
  • Manutenção e Suporte: Auxilia na manutenção evolutiva e corretiva de sistemas existentes, propondo melhorias contínuas.

Adicionalmente, dependendo do porte da empresa e do projeto, o Analista de Sistemas pode também assumir papéis relacionados à gestão de projetos, análise de viabilidade técnica e financeira, definição de arquitetura de software e coordenação de equipes de desenvolvimento.

2. Perfil Profissional

O perfil do Analista de Sistemas combina habilidades técnicas, analíticas e comportamentais. Entre as competências técnicas esperadas, estão o domínio de linguagens de

modelagem, banco de dados, lógica de programação, além de noções de engenharia de software, segurança da informação e metodologias de desenvolvimento (tradicionais e ágeis).

Contudo, o sucesso na função também depende de soft skills, tais como:

  • Comunicação eficaz: imprescindível para traduzir conceitos técnicos para públicos diversos;
  • Pensamento analítico: capacidade de decompor problemas complexos em partes menores e solucionáveis;
  • Organização e atenção aos detalhes: necessárias para a documentação precisa e o controle de mudanças;
  • Trabalho em equipe: essencial para colaborar com desenvolvedores, testadores, gerentes e usuários.

A formação acadêmica usualmente exigida inclui cursos superiores em Ciência da Computação, Sistemas de Informação, Engenharia da Computação, entre outros da área de TI. Além disso, certificações como CBAP (Certified Business Analysis Professional), ITIL ou SCRUM podem representar diferenciais competitivos.

3. Mercado de Trabalho

O mercado para Analistas de Sistemas é amplamente favorável, impulsionado pela digitalização dos processos empresariais e pelo avanço das tecnologias disruptivas. Organizações dos mais diversos setores — financeiro, varejista, saúde, educação, indústria, governo — demandam soluções informatizadas, o que torna o profissional uma peça-chave em projetos de inovação e transformação digital.

Segundo o relatório da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o Brasil deverá demandar mais de 400 mil novos profissionais de TI até 2025, sendo o Analista de Sistemas uma das funções mais procuradas. A adoção crescente de metodologias ágeis e a expansão do home office também ampliaram as oportunidades de atuação remota e internacional.

Em termos salariais, os valores variam conforme experiência, região e porte da empresa. Analistas juniores podem iniciar com remunerações em torno de R$ 3.000 a R$ 5.000, enquanto profissionais experientes e especializados podem superar os R$ 10.000 mensais em cargos sêniores ou de liderança.

Além das oportunidades formais de emprego, muitos Analistas de Sistemas atuam como consultores independentes, prestadores de serviço ou empreendedores em startups de tecnologia.

Considerações Finais

O Analista de Sistemas é um profissional multifacetado, cuja atuação envolve habilidades técnicas, capacidade analítica e visão de negócio. Sua função é vital no desenvolvimento de soluções que tornam as organizações mais

eficientes, competitivas e preparadas para os desafios tecnológicos contemporâneos.

Para se destacar na área, é fundamental investir na formação contínua, acompanhar tendências tecnológicas, aprimorar a comunicação interpessoal e buscar experiências práticas em projetos reais. O dinamismo da profissão oferece oportunidades diversas, tanto em termos de crescimento profissional quanto de contribuição significativa para a sociedade por meio da tecnologia.

Referências Bibliográficas

  • PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
  • SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
  • LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de Informação Gerenciais. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
  • BRASSCOM. Panorama e Perspectivas da TI no Brasil. Relatório de Mercado, 2023.
  • PMI. Guia PMBOK® – Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 7. ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2021.
  • BABOK. Guia do Conhecimento em Análise de Negócios. 3. ed. IIBA – International Institute of Business Analysis, 2015.


Diferença entre Analista de Sistemas, Programador e Gestor de TI

 

A área de Tecnologia da Informação (TI) é composta por diversas funções interdependentes, que atuam de maneira colaborativa na construção, manutenção e evolução de soluções tecnológicas para organizações. Entre as funções mais comuns encontram-se o analista de sistemas, o programador (ou desenvolvedor) e o gestor de TI. Embora todos esses profissionais atuem no mesmo setor, seus papéis, responsabilidades e competências diferem significativamente. Este texto busca esclarecer essas diferenças, destacando as atribuições específicas de cada função e como elas se relacionam no ecossistema da TI.

1. Analista de Sistemas

O analista de sistemas é o profissional responsável por atuar como ponte entre as necessidades de negócio e as soluções tecnológicas. Seu trabalho envolve a identificação, análise, especificação e validação de requisitos para o desenvolvimento de sistemas que resolvam problemas organizacionais.

Entre as principais responsabilidades do analista de sistemas estão:

  • Levantar e documentar requisitos funcionais e não funcionais;
  • Modelar processos e fluxos de dados usando ferramentas como BPMN e UML;
  • Especificar soluções técnicas com base nas necessidades de negócio;
  • Intermediar a comunicação entre usuários e desenvolvedores;
  • Acompanhar testes e validação
  • testes e validação das funcionalidades desenvolvidas.

O analista, portanto, deve ter visão ampla do negócio, domínio de técnicas de análise e documentação, e boas habilidades de comunicação para lidar com diferentes stakeholders.

2. Programador ou Desenvolvedor

O programador, também chamado de desenvolvedor de software, é o profissional que transforma os requisitos e especificações definidos pelo analista de sistemas em código executável. Ele é responsável por escrever, testar e manter os programas de computador que compõem os sistemas de informação.

Entre as principais atribuições do programador estão:

  • Escrever códigos em linguagens de programação como Java, Python, C#, PHP, JavaScript, entre outras;
  • Corrigir bugs e implementar melhorias em sistemas existentes;
  • Integrar APIs, bancos de dados e outras ferramentas de software;
  • Participar de testes unitários e revisões de código;
  • Aplicar boas práticas de versionamento, segurança e desempenho.

O programador precisa de fortes habilidades técnicas, lógica de programação e familiaridade com frameworks, bibliotecas e ambientes de desenvolvimento. Embora alguns programadores também possam desempenhar tarefas de análise, seu foco principal está na implementação prática das soluções.

3. Gestor de TI

O gestor de TI (ou gerente de tecnologia da informação) é o profissional encarregado da administração estratégica e operacional dos recursos de TI dentro de uma organização. Seu papel é garantir que a infraestrutura tecnológica suporte os objetivos corporativos de forma segura, eficiente e sustentável.

Entre suas responsabilidades estão:

  • Gerenciar equipes técnicas (analistas, programadores, suporte etc.);
  • Planejar, orçar e controlar projetos e investimentos em TI;
  • Definir políticas de segurança da informação, backup e compliance;
  • Negociar com fornecedores de hardware, software e serviços;
  • Alinhar a TI com os objetivos estratégicos do negócio.

O gestor de TI precisa combinar conhecimento técnico e visão de negócios, além de habilidades em liderança, gestão de pessoas, comunicação e tomada de decisão. Frequentemente, esse profissional possui formação complementar em administração ou gestão de projetos, além da experiência prática em áreas técnicas da TI.

4. Comparação Entre os Papéis

Abaixo, sintetiza-se as principais diferenças entre os três perfis:

  • Foco de atuação:
    • Analista de Sistemas: especificação e modelagem de soluções.
    • Programador: desenvolvimento e codificação de sistemas.
    • Gestor de TI: planejamento, supervisão e estratégia de TI.
  • Requisitos de formação:
    • Analista: sistemas de informação, análise de sistemas, ciência da computação.
    • Programador: ciência da computação, engenharia de software, cursos técnicos em desenvolvimento.
    • Gestor: formação em TI com especialização em gestão, administração ou MBA em TI.
  • Interação com stakeholders:
    • Analista: contato direto com usuários e desenvolvedores.
    • Programador: contato técnico com analistas e outros programadores.
    • Gestor: contato com a alta gestão, fornecedores e equipes técnicas.

É importante destacar que, em equipes menores ou projetos de menor complexidade, as funções podem ser acumuladas por um mesmo profissional. Contudo, em ambientes corporativos estruturados, a especialização das funções tende a promover mais eficiência, qualidade e clareza na execução dos projetos de TI.

5. Mercado e Colaboração Entre Funções

No mercado atual, marcado por rápidas transformações tecnológicas, a colaboração entre analistas, programadores e gestores é fundamental. Um analista que compreende programação poderá especificar soluções mais realistas. Um programador com visão analítica poderá propor soluções mais alinhadas às necessidades do usuário.

E um gestor de TI com experiência técnica terá maior autoridade para liderar equipes e tomar decisões fundamentadas.

O avanço de metodologias ágeis também contribuiu para aproximar esses papéis em ciclos curtos de desenvolvimento, onde todos participam de reuniões, revisões e decisões. Em contextos de DevOps, essa integração torna-se ainda mais evidente, com os papéis se sobrepondo de forma dinâmica.

Considerações Finais

As funções de analista de sistemas, programador e gestor de TI são complementares e essenciais para o sucesso de projetos tecnológicos. Cada uma delas exige um conjunto específico de conhecimentos e habilidades, sendo fundamentais para a construção de soluções robustas, alinhadas às estratégias organizacionais e aos requisitos dos usuários.

Para atuar nessas funções de forma eficiente, é recomendável buscar uma formação sólida, atualização contínua e o desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais. A sinergia entre esses perfis é o que garante a entrega de valor da TI nas organizações contemporâneas.

Referências Bibliográficas

  • PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. 8. ed.
  • Porto Alegre: AMGH, 2016.
  • SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
  • BEAL, Adriano. Carreira em TI: Planejamento, Competências e Certificações. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2018.
  • VALACICH, J.; SCHNEIDER, C. Fundamentos de Sistemas de Informação. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2016.
  • BRASSCOM. Panorama do Mercado de Trabalho em TI no Brasil. Relatório 2023.


Conceitos Básicos de Sistemas de Informação

 

Os Sistemas de Informação (SI) representam um dos pilares fundamentais da Tecnologia da Informação nas organizações modernas. Eles viabilizam o processamento, armazenamento, análise e disseminação de dados, contribuindo para a tomada de decisões, controle operacional e vantagem competitiva. Compreender os conceitos básicos relacionados a esses sistemas é essencial para profissionais iniciantes na área de TI e para todos aqueles que lidam com processos organizacionais mediados pela tecnologia.

1. Definição de Sistema

O termo sistema pode ser definido, em sua essência, como um conjunto de elementos inter-relacionados que trabalham em conjunto com um objetivo comum. No contexto organizacional e computacional, um Sistema de Informação é composto por pessoas, processos, dados e tecnologias, integrados para coletar, processar, armazenar e disseminar informações que apoiem atividades de uma organização.

Segundo Laudon e Laudon (2014), um Sistema de Informação pode ser compreendido como "um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou recuperam), processam, armazenam e distribuem informações para apoiar a tomada de decisão e o controle em uma organização".

Esses sistemas são formados, geralmente, por cinco componentes principais:

  • Hardware: dispositivos físicos, como servidores e computadores;
  • Software: programas e aplicativos utilizados para o processamento;
  • Dados: informações que são processadas e transformadas em conhecimento útil;
  • Pessoas: usuários e técnicos que interagem com o sistema;
  • Processos: procedimentos que definem como os dados são manipulados.

Os SI podem ser manuais ou automatizados, embora, na prática moderna, o termo esteja fortemente associado a sistemas informatizados.

2. Tipos de Sistemas de Informação

Ao longo das últimas décadas, diversas classificações foram propostas para os Sistemas de Informação, baseando-se em seu propósito, público-alvo e nível de suporte gerencial. Entre os principais tipos, destacam-se:

a) Sistemas de

Processamento de Transações (SPT)

Estes sistemas são voltados à automação de processos operacionais repetitivos, como os que ocorrem nas áreas de vendas, finanças ou recursos humanos. Um exemplo clássico é o sistema de controle de ponto ou o sistema de faturamento.

Características:

  • Alto volume de dados;
  • Operações padronizadas;
  • Necessidade de confiabilidade e rapidez.

b) Sistemas de Apoio à Decisão (SAD)

Sistemas que ajudam os gestores na tomada de decisões não estruturadas ou semiestruturadas, baseando-se em dados internos e externos combinados com modelos analíticos.

Exemplos incluem ferramentas de simulação, painéis de indicadores (dashboards) e sistemas de previsão de demanda.

Características:

  • Suporte analítico e interativo;
  • Flexibilidade e adaptação;
  • Integração de múltiplas fontes de dados.

c) Sistemas Especialistas (SE)

Baseados em inteligência artificial, esses sistemas tentam replicar o raciocínio humano, capturando conhecimento de especialistas para resolver problemas complexos.

Aplicações comuns envolvem diagnósticos médicos, manutenção preditiva e suporte técnico.

Características:

  • Base de conhecimento codificada;
  • Motor de inferência (regras lógicas);
  • Justificativa das decisões (rastreabilidade).

Além desses, também se destacam:

  • Sistemas de Informação Gerencial (SIG): voltados à geração de relatórios para gerentes;
  • ERP (Enterprise Resource Planning): que integram processos de diferentes áreas da empresa;
  • CRM (Customer Relationship Management): voltados à gestão do relacionamento com o cliente.

3. Ciclo de Vida de um Sistema

O Ciclo de Vida de um Sistema de Informação refere-se ao conjunto de fases pelas quais um sistema passa, desde sua concepção até sua desativação. Ele é fundamental para garantir que os sistemas atendam efetivamente às necessidades organizacionais e possam ser adaptados ao longo do tempo.

As principais fases do ciclo de vida incluem:

a) Planejamento

Nessa etapa, define-se o escopo do sistema, os objetivos do projeto e a viabilidade técnica e econômica. É comum a criação de um plano de projeto e a avaliação de riscos.

b) Análise de Requisitos

Etapa em que são levantadas, analisadas e documentadas as necessidades dos usuários. Isso envolve entrevistas, questionários, observação e modelagem de processos.

c) Projeto (Design)

Nesta fase, é definida a arquitetura do sistema, incluindo a interface, estrutura de banco de dados, fluxos de informação e

especificações técnicas.

d) Implementação

Corresponde ao desenvolvimento do sistema propriamente dito, incluindo a codificação, testes unitários, integração de módulos e documentação técnica.

e) Testes e Validação

Envolve a verificação de que o sistema funciona conforme os requisitos especificados. São realizados testes de funcionalidade, segurança, desempenho e usabilidade.

f) Implantação (Deploy)

Aqui, o sistema é disponibilizado aos usuários finais, geralmente com treinamentos, migração de dados e suporte técnico.

g) Manutenção e Evolução

Após a entrada em operação, o sistema entra em fase de manutenção, que pode ser corretiva, preventiva ou evolutiva. Essa fase é contínua, visto que as necessidades organizacionais mudam com o tempo.

O modelo tradicional que representa esse ciclo é o modelo em cascata, embora metodologias ágeis (como Scrum) proponham abordagens iterativas e incrementais, com entregas contínuas.

Considerações Finais

Os Sistemas de Informação são componentes centrais na operação e gestão de organizações modernas. Compreender o que são sistemas, seus tipos e como evoluem ao longo do tempo permite não apenas o desenvolvimento de soluções tecnológicas eficazes, mas também o alinhamento estratégico da TI com os objetivos de negócio. O domínio desses conceitos é fundamental para profissionais da área de tecnologia, especialmente para analistas de sistemas, programadores e gestores.

À medida que novas tecnologias como inteligência artificial, big data e computação em nuvem ganham espaço, a complexidade e a importância dos Sistemas de Informação aumentam, exigindo formação contínua e visão sistêmica por parte dos profissionais de TI.

Referências Bibliográficas

  • LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de Informação Gerenciais. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2014.
  • O’BRIEN, J. A.; MARAKAS, G. M. Sistemas de Informação e as Decisões Gerenciais na Era da Internet. São Paulo: Saraiva, 2013.
  • STAIR, R.; REYNOLDS, G. Princípios de Sistemas de Informação. 10. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.
  • PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
  • SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2011.


Metodologias de Desenvolvimento de Sistemas: Modelo Cascata, Desenvolvimento Ágil (Scrum, Kanban) e Comparativo

 

O desenvolvimento de sistemas de informação envolve uma série de etapas que precisam ser organizadas de forma estruturada e eficiente. Para garantir que os

desenvolvimento de sistemas de informação envolve uma série de etapas que precisam ser organizadas de forma estruturada e eficiente. Para garantir que os sistemas sejam entregues com qualidade, no prazo e dentro do orçamento, são adotadas metodologias específicas de desenvolvimento de software. Dentre as abordagens mais conhecidas, destacam-se o modelo cascata, como representante das metodologias tradicionais, e as metodologias ágeis, representadas pelo Scrum e pelo Kanban. Este texto tem por objetivo apresentar essas metodologias, destacando suas características, vantagens e limitações, bem como compará-las de forma crítica.

1. Modelo Cascata

O modelo cascata (waterfall) é uma das metodologias mais antigas e tradicionais no desenvolvimento de software. Foi formalizado por Winston Royce em 1970 e é caracterizado por um processo linear e sequencial, no qual cada fase deve ser completada antes da próxima ser iniciada.

As etapas clássicas do modelo cascata são:

  • Levantamento de requisitos
  • Análise do sistema
  • Projeto (design)
  • Implementação (codificação)
  • Testes
  • Implantação
  • Manutenção

Cada etapa gera produtos (documentos, código, artefatos) que servem de base para a próxima. A principal vantagem do modelo está na sua clareza estrutural: ele é simples de entender e de gerenciar, pois oferece um plano bem definido e sequencial.

Contudo, sua principal limitação é a rigidez: mudanças são difíceis de implementar após o início das fases seguintes. Além disso, o modelo assume que os requisitos são estáveis e bem compreendidos desde o início, o que raramente ocorre em ambientes reais.

2. Metodologias Ágeis

Em resposta à rigidez dos métodos tradicionais, surgiram, no início dos anos 2000, as chamadas metodologias ágeis, reunidas em torno do Manifesto Ágil (2001). Essas abordagens valorizam a colaboração com o cliente, entregas frequentes, resposta a mudanças e indivíduos motivados.

Dentre as diversas metodologias ágeis, duas se destacam: Scrum e Kanban.

a) Scrum

O Scrum é um framework ágil voltado ao gerenciamento e desenvolvimento de produtos complexos. Ele divide o trabalho em ciclos chamados sprints, geralmente com duração de duas a quatro semanas, ao final dos quais uma versão funcional do sistema é entregue.

Elementos do Scrum:

  • Papéis: Product Owner (dono do produto), Scrum Master (facilitador), Time de Desenvolvimento;
  • Eventos: Sprint, Sprint Planning, Daily Scrum (reunião diária), Sprint Review e Sprint Retrospective;
  • Artefatos: Product Backlog (lista de requisitos), Sprint Backlog (tarefas do sprint), Incremento (produto entregue).

As vantagens do Scrum incluem entregas rápidas, feedback constante do cliente e capacidade de adaptação a mudanças. No entanto, ele exige disciplina, comprometimento e maturidade da equipe.

b) Kanban

O Kanban é uma metodologia visual de gestão de fluxo de trabalho, baseada nos princípios do sistema Toyota de produção. Em vez de sprints fixos, o trabalho flui continuamente, com as tarefas organizadas em colunas que representam os estágios do processo (por exemplo: “A fazer”, “Em andamento”, “Concluído”).

Princípios do Kanban:

  • Visualizar o fluxo de trabalho
  • Limitar o trabalho em progresso (WIP)
  • Gerenciar o fluxo
  • Melhorar continuamente

Kanban é altamente flexível e pode ser facilmente adotado em equipes que já têm processos definidos, sendo útil para equipes de manutenção ou com tarefas imprevisíveis.

3. Comparativo entre as Metodologias

A seguir, são destacados pontos de comparação entre o modelo cascata, Scrum e Kanban, considerando critérios essenciais na gestão de projetos de desenvolvimento:

a) Estrutura do Processo

  • Cascata: sequencial, baseado em fases fixas.
  • Scrum: iterativo e incremental, com sprints.
  • Kanban: contínuo e baseado em fluxo de trabalho.

b) Adaptação a Mudanças

  • Cascata: baixa flexibilidade, mudanças custosas.
  • Scrum: alta capacidade de adaptação entre sprints.
  • Kanban: mudanças são feitas conforme necessário, sem ciclos fixos.

c) Entregas

  • Cascata: única entrega ao final do projeto.
  • Scrum: entregas incrementais a cada sprint.
  • Kanban: entregas contínuas, conforme as tarefas são concluídas.

d) Adequação a Projetos

  • Cascata: ideal para projetos com escopo fechado e requisitos estáveis.
  • Scrum: adequado para produtos em desenvolvimento constante, com requisitos que evoluem.
  • Kanban: excelente para manutenção ou equipes que lidam com tarefas variadas e recorrentes.

e) Participação do Cliente

  • Cascata: envolvimento limitado após a definição dos requisitos.
  • Scrum: envolvimento intenso e constante do Product Owner.
  • Kanban: envolvimento variável, conforme a organização adotar feedback contínuo.

Considerações Finais

A escolha da metodologia de desenvolvimento de sistemas deve considerar fatores como o grau de incerteza do projeto, maturidade da equipe, necessidade de documentação, interação com o

cliente e ritmo de entregas. O modelo cascata continua sendo útil em projetos com escopo bem definido e ambientes regulamentados, enquanto o Scrum é ideal para projetos inovadores e colaborativos. Já o Kanban oferece simplicidade e flexibilidade, sendo ideal para processos contínuos e melhoria incremental.

Na prática, muitas organizações optam por abordagens híbridas, combinando elementos das diferentes metodologias de acordo com suas necessidades específicas. O mais importante é que a metodologia adotada contribua para a entrega de valor real ao cliente, com eficiência, qualidade e transparência.

Referências Bibliográficas

  • PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.
  • SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
  • SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. The Scrum Guide. Scrum.org, 2020.
  • ANDERSON, D. J. Kanban: Successful Evolutionary Change for Your Technology Business. Blue Hole Press, 2010.
  • HIGHSMITH, J. Agile Project Management: Creating Innovative Products. 2. ed. Addison-Wesley, 2009.
  • BECK, K. et al. Manifesto for Agile Software Development, 2001. Disponível em: https://agilemanifesto.org/

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