Manutenção e Cuidados com Animais de
Laboratório
Higiene e Limpeza no Biotério
A higiene e limpeza no biotério são aspectos
fundamentais para garantir o bem-estar dos animais, a integridade das pesquisas
e a segurança dos profissionais. Manter o biotério limpo e sanitizado é
essencial para prevenir a disseminação de doenças e evitar a contaminação dos
ambientes, o que poderia comprometer os resultados experimentais. Por isso,
procedimentos rigorosos de limpeza e sanitização são adotados para manter o
ambiente seguro e controlado.
Procedimentos
de Limpeza e Sanitização
Os procedimentos de limpeza e sanitização em um
biotério são realizados de maneira regular e detalhada, cobrindo todos os
aspectos do ambiente e dos equipamentos utilizados. Estes procedimentos visam
garantir que as áreas de criação, manutenção e experimentação estejam livres de
contaminantes que possam prejudicar os animais ou interferir nas pesquisas. As
principais etapas desses procedimentos incluem:
1.
Limpeza Diária
o
A limpeza básica
diária envolve a remoção de resíduos de alimentos, água e excrementos dos
animais, bem como a troca de substratos das gaiolas. Isso reduz a proliferação
de microrganismos e mantém as condições de vida dos animais adequadas.
o
Gaiolas,
comedouros, bebedouros e demais acessórios utilizados no manejo dos animais
devem ser limpos e desinfetados regularmente. Após a limpeza, é essencial que
esses materiais sejam devidamente secos antes de serem reutilizados para evitar
o crescimento de fungos.
2.
Sanitização Profunda
o
A sanitização
profunda, geralmente realizada semanalmente ou conforme a necessidade, envolve
a remoção de todos os animais das gaiolas e a limpeza e desinfecção completa
dos equipamentos. Produtos de limpeza específicos, como desinfetantes
aprovados, são utilizados para garantir a eliminação de bactérias, fungos e
vírus.
o
Equipamentos e
utensílios que entram em contato com os animais devem ser esterilizados usando
autoclaves ou outros métodos de desinfecção apropriados, especialmente após
procedimentos experimentais ou quando detectados surtos de doenças.
3.
Uso de Autoclaves e Desinfecção
Térmica
o A autoclave é um equipamento utilizado para esterilizar materiais através de calor e pressão, sendo um procedimento padrão em biotérios. Todos os itens reutilizáveis, como gaiolas, utensílios de alimentação e ferramentas experimentais, passam por esse processo de esterilização
antes de serem recolocados em uso.
o
O uso de calor,
seja em forma de vapor (autoclaves) ou secagem térmica, garante a destruição de
organismos patogênicos, tornando o ambiente seguro tanto para os animais quanto
para os profissionais.
Prevenção
de Contaminação Cruzada
A contaminação cruzada em um biotério pode ocorrer
quando patógenos ou agentes estranhos são transportados de uma área para outra,
afetando diferentes grupos de animais ou até mesmo contaminando os materiais de
pesquisa. Para evitar esse tipo de contaminação, são adotadas medidas
preventivas rigorosas que envolvem desde o fluxo de trabalho até o uso de
equipamentos específicos.
1.
Barreiras Sanitárias
o
O uso de
barreiras sanitárias é uma das principais estratégias para evitar a
contaminação cruzada. As barreiras podem incluir o uso de roupas de proteção
como jalecos, luvas, toucas e protetores de calçado, que são trocados ou
descartados ao se entrar e sair das áreas de criação ou experimentação. Isso
impede que agentes externos, como patógenos ou substâncias químicas, sejam
transportados entre as áreas.
o Para ambientes mais sensíveis, como laboratórios com animais geneticamente modificados ou com sistemas imunes comprometidos, são implementados sistemas de fluxo de ar controlado e de pressão positiva ou negativa para evitar a entrada de contaminantes.
2.
Rotina de Manutenção de Higiene
Pessoal
o
Os técnicos e
pesquisadores devem seguir protocolos rigorosos de higiene pessoal, incluindo a
lavagem frequente das mãos e o uso adequado de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs). O manuseio dos animais deve ser feito com extremo cuidado,
para minimizar o risco de transmissão de agentes patogênicos.
o
Há também a
exigência de que os profissionais que adentram as áreas de manejo dos animais
utilizem vestiários próprios para colocar roupas limpas e desinfectadas antes
de começar suas atividades. Esses procedimentos reduzem o risco de introdução
de contaminantes externos.
3.
Setorização e Fluxo de Trabalho
o
A setorização do
biotério ajuda a manter áreas específicas separadas umas das outras,
minimizando o risco de contaminação cruzada. Existem áreas específicas para
quarentena, experimentos, reprodução e manutenção, e o fluxo de trabalho deve
ser cuidadosamente planejado para que os profissionais não transitem entre
áreas de alto risco sem os devidos procedimentos de desinfecção.
o O fluxo de trabalho é orientado para que os técnicos sempre lidem
primeiro com os animais saudáveis e, por último, com aqueles que estão em quarentena ou sob tratamento, a fim de reduzir a chance de transmissão de doenças.
4.
Quarentena e Isolamento
o
Animais
recém-chegados ou que apresentem sinais de doença são mantidos em áreas de
quarentena até que sua condição de saúde seja estabilizada. Essa separação
reduz a possibilidade de contaminação dos demais animais do biotério.
o
O isolamento de
animais doentes ou de diferentes linhagens genéticas garante que microrganismos
ou condições particulares não sejam transmitidos entre os grupos.
Com a combinação desses procedimentos de limpeza e
sanitização, aliados a estratégias de prevenção de contaminação cruzada, os
biotérios conseguem manter um ambiente seguro, adequado para o desenvolvimento
de pesquisas científicas de alta qualidade, preservando a saúde dos animais e a
integridade dos dados coletados.
Alimentação e Nutrição
dos Animais de Laboratório
A alimentação e nutrição dos animais de laboratório
são aspectos fundamentais para garantir a saúde, bem-estar e desempenho
adequado dos animais em pesquisas científicas. Cada espécie mantida em
biotérios tem necessidades nutricionais específicas, e a dieta adequada
influencia diretamente os resultados dos estudos. A qualidade e composição das
rações, bem como as técnicas de manejo alimentar, são fatores cruciais para
manter a vitalidade e a longevidade dos animais, além de minimizar qualquer
impacto indesejado nos experimentos.
Tipos
de Rações e Nutrientes Essenciais
As rações utilizadas em biotérios são desenvolvidas
de forma a suprir todas as necessidades nutricionais dos animais, com base em
sua espécie, idade, fase reprodutiva e condições de saúde. Existem diferentes
tipos de rações formuladas para animais de laboratório, e elas geralmente
contêm uma combinação de proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e
minerais. Abaixo estão os principais tipos de rações e os nutrientes
essenciais:
1.
Rações Completas
o Composição: São desenvolvidas para fornecer todos os nutrientes essenciais em proporções adequadas, eliminando a necessidade de suplementação adicional. As rações completas são usadas para a maioria dos animais de laboratório, como camundongos, ratos, coelhos e cobaias.
o Nutrientes essenciais: Proteínas (para o crescimento e manutenção dos tecidos), carboidratos (como fonte de energia), lipídios (essenciais para funções celulares e produção de energia), vitaminas (como A, D, E e
K) e
minerais (como cálcio e fósforo, necessários para a saúde óssea).
2.
Rações Específicas
o
Algumas
linhagens de animais, como aqueles geneticamente modificados ou com
necessidades nutricionais particulares, podem exigir rações especializadas. Por
exemplo, animais com deficiências imunológicas podem precisar de rações com
níveis ajustados de proteínas e ácidos graxos essenciais para fortalecer o
sistema imunológico.
o
Rações de
manutenção para animais idosos ou em estágios avançados de estudos também são
formuladas para reduzir a ingestão calórica e manter a saúde metabólica.
3.
Suplementação Alimentar
o
Em alguns casos,
a suplementação alimentar é necessária. Vitaminas adicionais, como a vitamina C
para cobaias, são essenciais, pois esses animais não produzem essa vitamina
naturalmente e podem desenvolver escorbuto em sua ausência.
o Além disso, em estudos que envolvem fases específicas do ciclo de vida, como a lactação ou a gestação, suplementos como cálcio ou fósforo podem ser incluídos para garantir o desenvolvimento adequado dos animais.
4.
Água
o
A água é um
elemento essencial para todos os animais de laboratório. Deve ser oferecida
fresca e filtrada ou esterilizada, especialmente em estudos que envolvem
animais imunocomprometidos ou em ambientes de alta esterilidade. A desidratação
pode rapidamente afetar a saúde dos animais, comprometendo o resultado dos
estudos.
Técnicas
de Alimentação e Manejo
Além da qualidade da ração, as técnicas de
alimentação e manejo são igualmente importantes para garantir que todos os
animais tenham acesso adequado aos nutrientes de que precisam. O manejo correto
na distribuição da alimentação também reduz o desperdício e previne problemas
de saúde relacionados à nutrição, como obesidade ou desnutrição.
1.
Distribuição Adequada de Ração
o
A ração é
fornecida em comedouros específicos que evitam o desperdício e a contaminação,
garantindo que todos os animais tenham acesso aos alimentos. Deve-se garantir
que a quantidade oferecida esteja de acordo com o número de animais e seu
consumo diário, prevenindo tanto a escassez quanto o excesso de alimentação.
o A oferta de ração deve ser controlada conforme a fase da vida do animal, com cuidados especiais durante períodos como gestação, lactação e crescimento, quando a demanda por nutrientes é maior.
2.
Controle do Consumo
o O monitoramento regular do consumo de ração é fundamental para identificar possíveis problemas
de ração é fundamental para identificar possíveis problemas
de saúde ou comportamentais nos animais. Alterações significativas no apetite
podem indicar estresse, doenças ou alterações metabólicas que precisam ser
investigadas.
o
Em experimentos
onde o controle nutricional é um fator relevante, as rações são pesadas e
medidas com precisão, e o consumo de cada animal ou grupo é registrado.
3.
Horários e Rotinas de Alimentação
o
A alimentação
dos animais deve seguir uma rotina regular para evitar o estresse,
especialmente em espécies que têm hábitos alimentares noturnos ou diurnos. Os
camundongos, por exemplo, são noturnos, e a oferta de alimentos deve respeitar
seu ritmo biológico.
o
É importante
evitar interrupções ou mudanças bruscas na rotina alimentar, pois isso pode
afetar os comportamentos dos animais e, consequentemente, os resultados
experimentais.
4.
Prevenção de Contaminação
o Os comedouros e bebedouros devem ser mantidos limpos para evitar contaminações por bactérias ou fungos. A ração também deve ser armazenada em locais secos e arejados para impedir a proliferação de pragas e a deterioração dos nutrientes.
o
Manter a higiene
adequada no manuseio da ração e da água, além da limpeza dos recipientes, é uma
medida preventiva contra doenças e contaminações que podem comprometer a saúde
dos animais.
5.
Enriquecimento Ambiental Relacionado
à Alimentação
o
Para promover o
bem-estar dos animais de laboratório, muitas vezes são adotadas práticas de
enriquecimento ambiental relacionadas à alimentação. Isso pode incluir a
disponibilização de ração em lugares que incentivem o comportamento de busca ou
roedura, promovendo a atividade física e mental dos animais.
o
Roedores, como
ratos e camundongos, se beneficiam de materiais duros para roer, como blocos de
madeira ou pellets especiais, o que ajuda a prevenir o crescimento excessivo
dos dentes e promove o comportamento natural de exploração.
A alimentação e nutrição adequadas dos animais de
laboratório são aspectos essenciais não só para garantir o seu bem-estar, mas
também para assegurar a integridade dos resultados experimentais. Um programa
nutricional bem planejado, aliado a técnicas de manejo adequadas, promove a
saúde dos animais e minimiza variáveis que possam comprometer a
reprodutibilidade das pesquisas.
Identificação e Registro
dos Animais
A identificação e o registro adequado dos animais de laboratório são processos essenciais para garantir a
rastreabilidade e a
integridade das pesquisas científicas. Cada animal mantido em biotérios deve
ser individualmente identificado e ter seus dados registrados de forma precisa
para permitir o acompanhamento de sua saúde, comportamento e uso em
experimentos. O uso de métodos eficientes de identificação, combinado com
sistemas de registro detalhados, assegura que todas as informações sobre os
animais estejam disponíveis para análise e monitoramento.
Métodos
de Identificação
Existem diversos métodos para a identificação de
animais em biotérios, que variam de acordo com o tipo de animal, o tempo de
permanência no biotério e os requisitos do estudo. Entre os métodos mais comuns
estão a marcação, o uso de microchips e tatuagens.
1.
Marcação com Brincos ou Anilhas
o
Descrição: Um dos métodos mais simples e amplamente
utilizados em animais de médio porte, como coelhos, é a colocação de brincos ou
anilhas com números ou códigos alfanuméricos. Esse método é de fácil
visualização e permite rápida identificação.
o
Vantagens: Método rápido, não invasivo e de baixo custo.
o Desvantagens: O brinco ou anilha pode se soltar ou causar desconforto se mal posicionado, e pode não ser adequado para animais menores.
2.
Microchips
o
Descrição: O uso de microchips implantáveis é uma técnica
moderna e amplamente adotada em animais de laboratório. Um microchip contendo
um código único de identificação é inserido sob a pele do animal, geralmente na
região entre as escápulas.
o
Vantagens: Identificação permanente, impossível de ser
perdida ou adulterada, e minimamente invasiva. O microchip é lido por scanners,
o que garante precisão na identificação.
o
Desvantagens: Custo mais elevado em comparação com outros
métodos e a necessidade de equipamentos específicos (leitores de microchip)
para a leitura.
3.
Tatuagens
o
Descrição: A tatuagem é outra forma de identificação
permanente, comumente usada em camundongos e ratos. O número de identificação é
tatuado na pele, geralmente na cauda ou na orelha.
o
Vantagens: Método permanente, de fácil visualização, e
relativamente seguro.
o Desvantagens: Requer equipamento especializado para realizar a tatuagem, e pode ser considerado um procedimento invasivo. Além disso, a legibilidade da tatuagem pode diminuir com o tempo.
4.
Marcação Temporária (Tinta ou
Corante)
o Descrição: Para experimentos de curta duração, a marcação com tintas ou corantes coloridos pode ser utilizada para
identificar rapidamente
grupos de animais. Geralmente, as tintas são aplicadas no pelo ou na pele.
o
Vantagens: Simples e não invasivo, adequado para experimentos
de curta duração.
o
Desvantagens: A marcação é temporária, podendo desbotar ou ser
removida com o tempo, o que limita sua aplicação em estudos prolongados.
Cada método de identificação é escolhido com base
nas necessidades do estudo e no tipo de animal. É importante que o método
utilizado seja seguro e não cause estresse ou desconforto excessivo aos
animais.
Registro
de Dados e Controle da Saúde Animal
O registro de dados dos animais em biotérios é uma
parte crucial do manejo, permitindo o controle completo sobre o ciclo de vida,
o histórico de saúde e os experimentos a que os animais foram submetidos.
Sistemas eficazes de registro fornecem informações precisas e confiáveis para
garantir que as condições dos animais estejam dentro dos padrões aceitáveis e
que qualquer alteração na saúde ou comportamento seja monitorada de perto.
1.
Sistemas de Registro
o
Ficha Individual: Cada animal possui uma ficha individual ou um
número de identificação associado a um banco de dados, onde todas as
informações relevantes são registradas. Isso inclui dados como a espécie, sexo,
data de nascimento, linhagem genética e, se aplicável, o histórico de
cruzamento.
o
Histórico de Saúde: Todos os eventos relacionados à saúde do animal
são registrados, incluindo consultas veterinárias, tratamentos medicamentosos,
vacinação e exames laboratoriais. Isso permite que os técnicos monitorem
possíveis doenças, tratamentos realizados e o progresso dos animais ao longo do
tempo.
o
Dados Experimentais: Os registros incluem também o envolvimento do
animal em experimentos científicos, anotando detalhes como a data, tipo de
experimento, substâncias administradas, reações observadas e resultados
preliminares. Isso assegura a rastreabilidade e a conformidade com as
exigências éticas e científicas.
2.
Controle da Saúde Animal
o
Monitoramento Diário: Os animais são monitorados diariamente para
avaliar seu estado de saúde, comportamento e sinais de estresse. Qualquer
mudança significativa, como perda de peso, diminuição do apetite ou alterações
comportamentais, é registrada imediatamente, permitindo que medidas corretivas
sejam tomadas rapidamente.
o Planos de Saúde Preventiva: Programas de saúde preventiva são implementados para garantir o bem-estar dos animais. Isso inclui check-ups regulares,
vacinação, controle parasitário e a manutenção de condições adequadas de
higiene no biotério.
o
Isolamento e Quarentena: Animais recém-chegados ou que apresentem sinais de
doença são colocados em quarentena para evitar a propagação de patógenos.
Durante este período, são realizados exames clínicos e laboratoriais para
garantir que o animal esteja saudável antes de ser integrado aos demais.
3.
Uso de Tecnologias para o Registro
o
Software de Gestão de Biotérios: Muitos biotérios utilizam sistemas informatizados
para registrar e gerenciar os dados dos animais de forma eficiente. Esses
softwares permitem a inserção e consulta rápida de informações, como histórico
de saúde, linhagem genética e participação em experimentos. Além disso,
facilitam a geração de relatórios e a integração com leitores de microchips
para uma identificação precisa e automatizada.
o
Relatórios de Saúde e Performance: Sistemas de registro digitalizados também
possibilitam a geração de relatórios periódicos sobre a saúde dos animais,
facilitando a análise de dados e a tomada de decisões sobre o manejo ou os
experimentos a serem conduzidos.
O registro detalhado e o controle rigoroso da saúde dos animais garantem que os biotérios operem de acordo com as normas éticas e científicas, promovendo o bem-estar animal e a qualidade dos resultados experimentais. A identificação precisa e o monitoramento contínuo são partes fundamentais de um sistema eficaz de manejo em biotérios.
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