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Telejornalismo

 TELEJORNALISMO

 

Fundamentos do Telejornalismo 

O que é Telejornalismo? 

 

Introdução

O telejornalismo representa uma das formas mais influentes de comunicação de massa, exercendo papel fundamental na mediação entre os fatos cotidianos e o público. Desde seu surgimento, a televisão consolidou-se como um meio de comunicação de grande alcance e credibilidade, sendo capaz de moldar percepções, informar a sociedade e, ao mesmo tempo, entreter. A compreensão do que é o telejornalismo, suas funções sociais, sua linguagem específica e seus desafios éticos é essencial para refletir sobre a responsabilidade social do jornalista na contemporaneidade.

O que é Telejornalismo: Conceito e Natureza

O telejornalismo pode ser definido como a prática jornalística realizada por meio do veículo televisão, utilizando linguagem audiovisual para relatar, interpretar e contextualizar fatos de interesse público. Segundo Lopes (2009), o telejornalismo é “a tradução audiovisual da realidade, organizada em formato narrativo e jornalístico, cujo propósito é informar de maneira clara, objetiva e compreensível ao grande público”. Essa modalidade combina texto, som e imagem em movimento, o que a torna mais imediata e envolvente do que outras formas de jornalismo.

Diferentemente do jornalismo impresso, que se apoia na leitura e interpretação individual, o telejornalismo tem caráter efêmero, pautado na instantaneidade e na oralidade. A notícia televisiva, como aponta Meditsch (2001), é percebida de forma simultânea por milhões de pessoas, o que potencializa seu impacto e exige uma linguagem acessível e visualmente atrativa.

O telejornalismo, portanto, não se restringe a informar: ele constrói narrativas sobre o mundo, mediadas por enquadramentos, escolhas editoriais e recursos técnicos. Assim, desempenha papel decisivo na formação da opinião pública e na consolidação de valores culturais e políticos.

Funções Sociais do Telejornalismo

O telejornalismo cumpre diversas funções sociais, sendo a principal delas a de informar o público sobre os acontecimentos de interesse coletivo. No entanto, como observa Traquina (2005), informar não é apenas transmitir dados, mas também “selecionar, hierarquizar e contextualizar” os fatos. Essa mediação feita pelo telejornalismo é o que permite à sociedade compreender e reagir ao que acontece ao seu redor.

Entre suas funções sociais, destacam-se:

1.     Informativa: O telejornalismo

apresenta os fatos de forma atualizada, cumprindo o papel de fonte primária de informação para grande parte da população.

2.     Formativa: Contribui para a formação de cidadãos críticos e conscientes, ao expor diferentes perspectivas e fomentar o debate público.

3.     Fiscalizadora: Atua como vigilante dos poderes públicos e privados, denunciando abusos, injustiças e irregularidades.

4.     Cultural e educativa: Ao mostrar aspectos da realidade social e cultural, o telejornalismo ajuda a preservar identidades e promover a diversidade.

Como afirma Silva (2017), “a notícia televisiva é mais do que um relato: é um ato social que reflete e influencia o contexto histórico e político em que é produzida”.

O Papel da Televisão como Meio Informativo

A televisão consolidou-se como o principal meio informativo do século XX e, ainda hoje, mantém relevância, mesmo diante da ascensão das mídias digitais. Isso se deve à sua capacidade de combinar imagem e som em tempo real, o que confere à informação um caráter de veracidade e proximidade. Para Bourdieu (1997), a televisão é “um instrumento poderoso de formação de opinião, capaz de definir o que é visto e pensado pela sociedade”.

O papel informativo da televisão vai além da simples divulgação de notícias: ela constrói sentidos e interpretações sobre os acontecimentos. A seleção de pautas, o enquadramento das matérias e o tempo de exposição são elementos que moldam a percepção pública dos fatos. Assim, o telejornalismo tem poder simbólico e político, influenciando não apenas o que as pessoas sabem, mas como pensam sobre a realidade.

Apesar do avanço das redes sociais e da internet, a televisão ainda é vista por grande parcela da população como fonte mais confiável de informação, sobretudo em situações de crise, desastres ou eleições. De acordo com Jenkins (2008), o ambiente midiático contemporâneo é de convergência, no qual o telejornalismo continua exercendo papel central, adaptando-se às novas plataformas e mantendo sua função informativa em múltiplos formatos.

Diferenças entre Jornalismo Impresso, Radiofônico e Televisivo

O telejornalismo possui características próprias que o distinguem das demais formas de jornalismo. O jornalismo impresso baseia-se na palavra escrita e permite uma leitura reflexiva e detalhada, com espaço para análises e opiniões mais aprofundadas. O radiojornalismo, por sua vez, depende exclusivamente do som e da oralidade, exigindo clareza na narração e rapidez na transmissão.

Já o

telejornalismo combina elementos visuais e sonoros, utilizando imagens, trilhas sonoras e entrevistas para construir a narrativa jornalística. Como explica Rezende (2000), “no telejornalismo, a imagem é o elemento central da notícia; o texto e o som devem estar a serviço dela, não o contrário”. Essa dependência da imagem confere maior impacto emocional e imediatismo, mas também impõe desafios quanto à simplificação e superficialidade.

Enquanto o jornal impresso permite reinterpretações e releituras, o telejornal é consumido de forma linear e passageira. A notícia televisiva precisa ser compreendida no instante em que é transmitida. Por isso, a linguagem é objetiva, a estrutura é modular e o tempo é o recurso mais valioso.

Ética e Credibilidade na Notícia Audiovisual

A ética no telejornalismo é um dos pilares da credibilidade do meio. Em um contexto de intensa competição por audiência, o risco da espetacularização e da manipulação é constante. A responsabilidade do jornalista é preservar a veracidade dos fatos, a imparcialidade e o respeito à dignidade humana. Como adverte Chaparro (2001), “a credibilidade é o capital simbólico do jornalismo; uma vez perdida, é quase impossível recuperá-la”.

O uso de imagens sensacionalistas, a falta de checagem de informações e a busca pelo impacto visual podem comprometer a ética jornalística. A televisão, por seu poder de persuasão, deve redobrar os cuidados na apuração e na edição de suas reportagens. Além disso, com o crescimento das redes sociais, tornou-se essencial distinguir o jornalismo profissional da desinformação ou do conteúdo opinativo travestido de notícia.

A credibilidade do telejornalismo depende, portanto, da transparência na produção da notícia, da pluralidade de fontes e da correção de erros quando ocorrem. O compromisso com o público deve sempre se sobrepor aos interesses comerciais ou ideológicos. O jornalista ético, segundo Karam (2004), “não busca apenas noticiar, mas contribuir para o fortalecimento da democracia e da cidadania”.

Considerações Finais

O telejornalismo, desde sua origem, tem desempenhado papel essencial na formação da consciência social e na construção da memória coletiva. Seu poder de síntese e alcance o tornam um instrumento de grande relevância para a democracia e para o exercício da cidadania. No entanto, a velocidade da informação e a pressão mercadológica impõem desafios éticos constantes.

Em um cenário de convergência midiática, o telejornalismo precisa reafirmar seus

princípios fundamentais: a veracidade, a clareza, a responsabilidade e o compromisso com o público. Somente assim poderá manter sua credibilidade e continuar cumprindo sua função social de informar com qualidade e ética.

Referências Bibliográficas

  • BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
  • CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: travessias para uma nova teoria de gêneros jornalísticos. São Paulo: Summus, 2001.
  • JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2008.
  • KARAM, Francisco José. Ética jornalística e responsabilidade social. São Paulo: Summus, 2004.
  • LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Televisão e realidade: a construção do real na TV. São Paulo: Paulus, 2009.
  • MEDITSCH, Eduardo. A informação radiofônica: o rádio e as novas tecnologias de comunicação. Florianópolis: Insular, 2001.
  • REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
  • SILVA, Carolina. Telejornalismo e Sociedade: entre a notícia e a cidadania. Porto Alegre: Penso, 2017.
  • TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005.


História e Evolução do Telejornalismo

 

Introdução

O telejornalismo constitui uma das expressões mais emblemáticas do jornalismo moderno, resultado da convergência entre a informação jornalística e os avanços tecnológicos da televisão. Desde a sua origem, o telejornalismo consolidou-se como um instrumento central na formação da opinião pública, na construção da memória coletiva e na mediação entre o cidadão e o mundo. Com o passar das décadas, as transformações tecnológicas, políticas e culturais modificaram radicalmente a forma de produzir e consumir notícias. Compreender a história e a evolução do telejornalismo, tanto no mundo quanto no Brasil, é essencial para entender o papel que ele desempenha na sociedade contemporânea.

Breve Panorama Histórico do Telejornalismo no Mundo

O telejornalismo tem suas origens nas primeiras transmissões televisivas do século XX, quando a televisão começou a se popularizar como meio de comunicação de massa. As primeiras experiências de telejornalismo datam da década de 1930, com a transmissão de boletins informativos curtos em estações experimentais na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. De acordo com Briggs e Burke (2004), a Segunda Guerra Mundial foi um marco decisivo para o

desenvolvimento do telejornalismo, pois a demanda por informações em tempo real impulsionou o uso da televisão como veículo informativo.

Nos Estados Unidos, o telejornalismo ganhou força na década de 1940 com o programa CBS Television News, apresentado por Douglas Edwards em 1941, e consolidou-se nos anos 1950 com o CBS Evening News, apresentado por Walter Cronkite, que se tornaria um ícone da credibilidade jornalística. A cobertura do assassinato de John F. Kennedy em 1963 é considerada um dos grandes momentos de consolidação do telejornalismo norte-americano, demonstrando o poder da televisão em mobilizar emoções e construir narrativas históricas.

Na Europa, especialmente no Reino Unido, a BBC desempenhou papel pioneiro. Em 1954, foi criado o BBC Television News, primeiro telejornal diário britânico, com foco na imparcialidade e no serviço público. A partir da década de 1960, o telejornalismo mundial passou a incorporar avanços tecnológicos como a transmissão ao vivo, o uso de videotapes e a expansão das redes internacionais de correspondentes, o que permitiu maior agilidade e cobertura global dos acontecimentos.

A partir da década de 1980, o surgimento das redes de notícias 24 horas, como a CNN (Cable News Network), fundada em 1980 por Ted Turner, transformou definitivamente o panorama do telejornalismo. Pela primeira vez, o público podia acompanhar acontecimentos em tempo real, como a Guerra do Golfo (1991), que marcou a era da “televisão ao vivo”. Esse modelo influenciou o mundo inteiro e inaugurou uma nova lógica de imediatismo e competição informativa.

O Telejornalismo no Brasil: Origens e Consolidação

No Brasil, o telejornalismo surgiu na década de 1950, com a chegada da televisão ao país. A TV Tupi, inaugurada em 1950, foi responsável pelas primeiras experiências jornalísticas televisivas. O primeiro noticiário nacional de que se tem registro é o Imagens do Dia, exibido em 1952, composto basicamente por imagens captadas em cinejornais e locuções em estúdio. Entretanto, o grande marco inicial foi o Repórter Esso, exibido pela TV Tupi a partir de 1953, inspirado no modelo radiofônico de mesmo nome.

O Repórter Esso foi o primeiro telejornal com formato fixo e linguagem jornalística televisiva no país. Tinha como slogan “o primeiro a dar as últimas” e era conhecido por sua formalidade e credibilidade. A figura do apresentador central, com tom solene e texto lido diretamente, estabeleceu o padrão do telejornalismo brasileiro durante muitos anos.

Conforme Rezende (2000), o Repórter Esso “introduziu no Brasil o conceito de notícia televisiva com periodicidade e estrutura narrativa, tornando-se referência de rigor e seriedade jornalística”.

Na década de 1960, com o aumento do número de emissoras e a expansão das redes de televisão, o telejornalismo brasileiro começou a se diversificar. Em 1969, a Rede Globo lançou o Jornal Nacional, primeiro telejornal em rede nacional, transmitido simultaneamente para diferentes regiões do país via satélite. O programa marcou uma revolução no modelo de produção e distribuição de notícias, estabelecendo o padrão de centralização editorial que dominaria o telejornalismo brasileiro nas décadas seguintes.

Marcos Históricos do Telejornalismo Brasileiro

Repórter Esso (1953–1970)

Como o primeiro telejornal de relevância nacional, o Repórter Esso introduziu padrões estéticos e éticos que moldaram o jornalismo televisivo. Seu encerramento em 1970 simbolizou o fim de uma era marcada pela formalidade e pelo jornalismo de bancada.

Jornal Nacional (a partir de 1969)

O Jornal Nacional tornou-se o telejornal mais longevo e influente da história da televisão brasileira. Seu formato, inspirado nos grandes noticiários norte-americanos, aliou modernidade tecnológica a uma linguagem popular e acessível. A transmissão em rede nacional consolidou o conceito de unidade informativa no país, criando uma narrativa nacional dos fatos. De acordo com Mattos (2009), o Jornal Nacional “definiu um padrão de credibilidade e estética televisiva, tornando-se símbolo da integração e da identidade brasileira mediada pela televisão”.

Fantástico (a partir de 1973)

Embora seja um programa dominical de variedades, o Fantástico teve papel importante na evolução do telejornalismo ao introduzir reportagens investigativas e formatos narrativos híbridos, unindo jornalismo e entretenimento.

Jornal da Cultura e Jornal da Record

Nas décadas de 1980 e 1990, surgiram iniciativas que buscavam um jornalismo mais analítico e plural, como o Jornal da Cultura, que se destacou pela diversidade de fontes e enfoque educativo, e o Jornal da Record, que se reinventou com o uso de recursos gráficos e ritmo mais dinâmico.

Canais de notícias 24 horas

Nos anos 2000, o Brasil também aderiu ao modelo de canais dedicados exclusivamente à informação contínua, como a GloboNews (1996) e a Record News (2007), o que ampliou o acesso à informação e diversificou a oferta de conteúdo jornalístico televisivo.

Mudanças

Tecnológicas e Impactos na Produção de Notícias

As transformações tecnológicas sempre desempenharam papel crucial no desenvolvimento do telejornalismo. Desde o advento do videotape, na década de 1950, até a chegada da transmissão via satélite e da era digital, cada inovação alterou profundamente os modos de produção e difusão das notícias.

O videotape permitiu o registro e a edição das reportagens, substituindo as transmissões ao vivo como única forma de exibição. Isso deu mais flexibilidade às emissoras e maior controle sobre a qualidade do conteúdo. A introdução das câmeras portáteis nos anos 1970 revolucionou a prática do repórter cinematográfico, possibilitando coberturas externas mais dinâmicas e espontâneas.

A partir da década de 1990, a digitalização trouxe novas possibilidades para a edição e arquivamento do material jornalístico. A edição não linear e os sistemas digitais de armazenamento agilizaram o trabalho das redações e reduziram custos. Segundo Machado (2003), “a convergência tecnológica aproximou as redações de TV, rádio e internet, criando o ambiente multimídia que hoje caracteriza o jornalismo contemporâneo”.

Com o advento da internet e das redes sociais, o telejornalismo passou a se integrar a múltiplas plataformas. Hoje, as emissoras produzem conteúdos para televisão, sites e mídias digitais de forma simultânea, o que amplia o alcance da informação, mas também aumenta os desafios éticos e a pressão pelo imediatismo. A figura do “jornalista multimídia” substitui a divisão tradicional de funções, e a fronteira entre o telejornalismo e o jornalismo online torna-se cada vez mais tênue.

O uso de smartphones, transmissões ao vivo por streaming e inteligência artificial na edição de vídeos são exemplos recentes das mudanças que impactam a produção e a circulação das notícias televisivas. A tecnologia democratizou o acesso, mas também trouxe novos riscos, como a desinformação e a superficialidade. O desafio contemporâneo é equilibrar a velocidade e a precisão, sem renunciar à ética e da qualidade narrativa.

Considerações Finais

A trajetória do telejornalismo é marcada pela constante adaptação às transformações tecnológicas e sociais. Desde os primeiros boletins televisivos até as transmissões globais em tempo real, o telejornalismo consolidou-se como um dos pilares da comunicação moderna. No Brasil, programas como o Repórter Esso e o Jornal Nacional foram decisivos para moldar não apenas a estética televisiva, mas também o modo como o

público brasileiro percebe e compreende o mundo.

As inovações tecnológicas ampliaram o potencial informativo da televisão, ao mesmo tempo em que impuseram novos desafios éticos e profissionais. A história do telejornalismo é, portanto, uma história de permanências e rupturas — uma narrativa em constante evolução, onde a busca pela veracidade e pela responsabilidade social continua sendo o seu maior compromisso.

Referências Bibliográficas

  • BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
  • MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: SENAC, 2003.
  • MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. Petrópolis: Vozes, 2009.
  • REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
  • SILVA, Carolina. Telejornalismo e Sociedade: entre a notícia e a cidadania. Porto Alegre: Penso, 2017.
  • TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005.
  • WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 2001.


Estrutura de um Telejornal

 

Introdução

O telejornal é uma das formas mais completas e dinâmicas de comunicação jornalística, pois combina imagem, som e texto em um formato que busca informar de maneira imediata, objetiva e acessível. A estrutura de um telejornal não é apenas técnica ou estética; ela reflete uma organização complexa de funções, processos e decisões editoriais que visam transformar os acontecimentos diários em narrativas compreensíveis para o público. Compreender sua estrutura implica analisar os diferentes tipos de telejornais, a organização da redação e o modo como o conteúdo é planejado e roteirizado.

Tipos de Telejornais

Os telejornais podem ser classificados de acordo com sua periodicidade, temática e formato. Cada tipo atende a um propósito específico e a um público determinado, variando na linguagem, na duração e na profundidade da abordagem das notícias.

Telejornais diários

São os mais comuns e servem como principais fontes de informação cotidiana. Exibidos geralmente em horários fixos, como manhã, meio-dia e noite, os telejornais diários apresentam as principais notícias do dia com foco na atualidade e na abrangência. Exemplos clássicos no Brasil são o Jornal Nacional (Rede Globo) e o Jornal da Record. Sua estrutura é modular e rápida, priorizando a objetividade e a

diversidade de pautas.

Segundo Rezende (2000), o telejornal diário tem a função de “dar ao espectador uma visão panorâmica do mundo no curto espaço de tempo de uma edição”.

Telejornais temáticos

Esses programas dedicam-se a um campo específico do conhecimento ou da sociedade, como economia, política, cultura ou meio ambiente. Emissoras como a GloboNews e a CNN Brasil investem nesse formato para atender a públicos segmentados. A especialização permite uma abordagem mais analítica e contextualizada dos fatos.

Telejornais investigativos

Focados na apuração aprofundada e na denúncia de irregularidades, os telejornais investigativos unem jornalismo de dados, entrevistas exclusivas e longas reportagens. Programas como o Fantástico e o Profissão Repórter são exemplos de como a televisão brasileira incorporou a investigação jornalística em formatos televisivos híbridos. Conforme Karam (2004), esse tipo de telejornal “é essencial para o exercício do jornalismo como serviço público e instrumento de fiscalização do poder”.

Telejornais esportivos

Os telejornais esportivos constituem um gênero próprio dentro do jornalismo televisivo. Além de noticiar competições e resultados, oferecem análises, entrevistas e bastidores, combinando informação e entretenimento. Programas como Globo Esporte e Os Donos da Bola exemplificam o formato mais leve e descontraído, voltado à cultura popular e ao lazer.

Telejornais locais e regionais

Esses telejornais abordam notícias de interesse restrito a determinadas localidades, como cidades ou estados. Sua importância reside na proximidade com o público e na valorização das realidades locais. Como observa Silva (2017), “o telejornal local cumpre a função social de representar o cidadão comum e dar visibilidade a temas que não alcançam o noticiário nacional”.

Organização da Redação e Principais Funções

A redação de um telejornal é um espaço coletivo, dinâmico e hierarquizado, onde diferentes profissionais atuam de forma integrada para garantir a qualidade e a agilidade da informação. Cada função tem um papel específico na construção da notícia televisiva.

Âncora ou apresentador

O âncora é o rosto do telejornal. É responsável por conduzir o noticiário, apresentar as matérias, fazer transições e, em alguns casos, comentar os fatos. Sua função vai além da leitura de textos: ele representa a credibilidade e o tom editorial da emissora. Para Meditsch (2001), “o apresentador é a voz institucional do telejornal, personificando sua

linha editorial e o vínculo de confiança com o público”.

Editor-chefe

O editor-chefe é o responsável por definir as pautas, supervisionar a apuração e organizar a ordem das matérias. Ele decide o que será exibido e de que maneira, garantindo a coerência e o equilíbrio da edição. Atua também como mediador entre a redação e a direção da emissora, zelando pela ética e pela qualidade da informação.

Repórter

O repórter é o profissional que realiza as coberturas externas, coleta informações, entrevista fontes e redige textos que serão narrados ou apresentados em vídeo. Ele é o elo entre o acontecimento e o telespectador. A presença do repórter no local do fato confere autenticidade e imediatismo à notícia. Como destaca Lopes (2009), “o repórter é o olhar da emissora sobre o mundo; sua percepção molda a narrativa televisiva”.

Produtor

O produtor atua na organização logística da reportagem. Ele planeja deslocamentos, agenda entrevistas, verifica autorizações e assegura que a equipe tenha os recursos necessários para a cobertura. Sua função é essencial para o bom andamento da rotina jornalística, especialmente em coberturas ao vivo ou fora da sede.

Cinegrafista

O cinegrafista é o responsável pelas imagens que compõem a reportagem. Seu olhar técnico e artístico é fundamental para transformar o texto em narrativa visual. O domínio de enquadramentos, planos e movimentos de câmera é determinante para a qualidade estética e comunicativa do telejornalismo. Para Rezende (2000), “o cinegrafista é um contador de histórias por meio da imagem; sua sensibilidade traduz a emoção do fato”.

Editor de imagens

O editor de imagens seleciona, corta e organiza o material gravado para construir a versão final da reportagem. Trabalha em conjunto com o repórter e o editor, garantindo ritmo, clareza e coesão entre texto e imagem. Com as tecnologias digitais, essa função tornou-se ainda mais central, exigindo domínio de softwares e sensibilidade narrativa.

Operadores e equipe técnica

Além das funções editoriais, o telejornal depende de uma equipe técnica especializada: operadores de áudio, iluminadores, diretores de corte, técnicos de TP (teleprompter) e controladores de transmissão. Essa equipe assegura que o produto chegue ao público com qualidade visual e sonora.

A redação de um telejornal, portanto, é um ecossistema de cooperação, onde cada etapa da produção — da pauta à exibição — depende da integração entre profissionais de diferentes áreas.

Roteiro e Escaleta:

Planejamento do Telejornal

O planejamento é uma das etapas mais importantes da produção televisiva. Nenhum telejornal é improvisado: cada edição segue uma lógica de organização chamada escaleta, que define a ordem das matérias, o tempo de duração e a forma de apresentação.

A escaleta

A escaleta é um documento técnico que funciona como o mapa do telejornal. Nela constam todas as entradas — chamadas, reportagens, notas rápidas, entrevistas, passagens ao vivo e blocos comerciais — distribuídas conforme o tempo total do programa. É elaborada pelo editor e ajustada em tempo real conforme a dinâmica do noticiário. Segundo Chaparro (2001), “a escaleta é o esqueleto narrativo do telejornal: estrutura o tempo, hierarquiza os fatos e orienta a equipe técnica durante a transmissão”.

A escaleta costuma dividir o telejornal em blocos (geralmente três ou quatro), separados por intervalos. O primeiro bloco é reservado às notícias mais importantes e de maior impacto; o segundo e o terceiro trazem reportagens analíticas, culturais ou de serviço; e o último bloco, matérias leves e de encerramento.

O roteiro

O roteiro é a versão textual da reportagem televisiva. É nele que o repórter ou o redator escreve o texto que acompanhará as imagens, definindo o que será dito pelo narrador e o que será mostrado na tela. O roteiro segue uma estrutura padrão, composta por “cabeça” (introdução feita pelo apresentador), “off” (texto narrado com imagens), “sonora” (declarações de entrevistados) e “passagem” (momento em que o repórter aparece no vídeo). Essa sequência garante ritmo e clareza à narrativa audiovisual.

O roteiro também define o tom de linguagem. Como a televisão é um meio de oralidade, o texto deve ser simples, direto e conversacional. Meditsch (2001) lembra que “escrever para o ouvido é diferente de escrever para os olhos: a clareza e a fluidez são mais importantes do que a complexidade da frase”.

O processo de roteirização, aliado à escaleta, assegura que o telejornal tenha coerência, ritmo e equilíbrio entre conteúdo informativo e visual. Ele é, portanto, o elo entre a apuração jornalística e a estética televisiva.

Considerações Finais

A estrutura de um telejornal resulta da interação entre técnica, conteúdo e linguagem. Cada tipo de telejornal atende a uma função social específica, e sua eficácia depende da articulação entre profissionais com competências complementares. O planejamento — representado pela escaleta e pelo roteiro — é o que transforma o fluxo

caótico de informações em uma narrativa coesa e compreensível.

O telejornalismo, mais do que uma soma de funções, é uma prática coletiva que combina objetividade, criatividade e responsabilidade social. A compreensão de sua estrutura permite valorizar o trabalho jornalístico e compreender os bastidores de um dos formatos mais influentes da comunicação contemporânea.

Referências Bibliográficas

  • CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d’aquém e d’além mar: travessias para uma nova teoria dos gêneros jornalísticos. São Paulo: Summus, 2001.
  • KARAM, Francisco José. Ética jornalística e responsabilidade social. São Paulo: Summus, 2004.
  • LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Televisão e realidade: a construção do real na TV. São Paulo: Paulus, 2009.
  • MEDITSCH, Eduardo. A informação radiofônica: o rádio e as novas tecnologias de comunicação. Florianópolis: Insular, 2001.
  • REZENDE, Guilherme Jorge de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.
  • SILVA, Carolina. Telejornalismo e Sociedade: entre a notícia e a cidadania. Porto Alegre: Penso, 2017.
  • TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular, 2005.

 

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