Atendimento em Situações de Trauma
Atendimento ao Paciente Politraumatizado
O
paciente politraumatizado é aquele que apresenta múltiplas lesões decorrentes
de um único evento traumático, podendo envolver estruturas ósseas, órgãos
internos e tecidos moles. O atendimento adequado desses pacientes requer rápida
identificação das lesões, aplicação de protocolos de estabilização e
imobilização e um transporte seguro para evitar o agravamento do
quadro.
A
abordagem sistemática e organizada do paciente politraumatizado aumenta suas
chances de sobrevivência, reduzindo complicações e melhorando os desfechos
clínicos (AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS, 2020).
Tipos
de Trauma e Mecanismos de Lesão
Os
traumas podem ser classificados de acordo com o mecanismo da lesão e a
forma como a energia é transferida ao organismo. Esses fatores influenciam
diretamente a gravidade das lesões e as condutas de atendimento.
1.
Trauma Contuso
O
trauma contuso ocorre quando há impacto direto sobre o corpo sem penetração da
pele. É comum em:
Esse
tipo de trauma pode causar fraturas, lesões em órgãos internos e hemorragias
ocultas, exigindo monitorização rigorosa.
2.
Trauma Penetrante
O
trauma penetrante ocorre quando um objeto perfura a pele e tecidos profundos,
podendo atingir órgãos vitais. Pode ser classificado em:
A
gravidade depende da trajetória do objeto e das estruturas atingidas, sendo
fundamental a avaliação detalhada para identificar lesões ocultas.
3.
Trauma por Explosão
É
um tipo complexo de trauma que combina trauma contuso, penetrante e térmico,
podendo causar lesões por deslocamento de ar, impacto de fragmentos e
queimaduras.
4.
Trauma Térmico e Elétrico
Inclui
queimaduras térmicas, químicas e elétricas, podendo afetar desde a pele até
órgãos internos, dependendo da profundidade e extensão da lesão.
A
correta identificação do mecanismo da lesão permite prever quais órgãos
e tecidos podem estar comprometidos, auxiliando na priorização do atendimento.
Estabilização
e Imobilização Inicial
O atendimento inicial ao paciente politraumatizado deve seguir a abordagem sistemática do ABCDE do trauma,
priorizando a estabilização de funções vitais.
1.
Controle das Vias Aéreas e Proteção da Coluna Cervical (A – Airway)
2.
Avaliação da Respiração e Ventilação (B – Breathing)
3.
Controle da Circulação e Hemorragias (C – Circulation)
4.
Avaliação Neurológica (D – Disability)
5.
Exposição e Controle da Temperatura (E – Exposure)
A
imobilização adequada é essencial para evitar a piora de lesões
musculoesqueléticas e neurológicas. Os principais dispositivos utilizados
incluem:
A
correta estabilização evita movimentos desnecessários que possam comprometer
estruturas já lesionadas.
Transporte
Seguro do Paciente
O
transporte de um paciente politraumatizado deve ser realizado de forma segura e
com monitorização contínua, garantindo que o estado clínico não se deteriore
durante o deslocamento para o hospital.
Critérios
para Transporte Seguro
1. Estabilização
hemodinâmica antes do transporte: O paciente deve estar
minimamente estabilizado, com vias aéreas protegidas e hemorragias controladas.
2. Monitorização
contínua: Durante o transporte, parâmetros como frequência
cardíaca, pressão arterial, saturação de oxigênio e nível de consciência devem
ser avaliados regularmente.
3. Escolha do meio de transporte: A decisão entre transporte
terrestre
ou aéreo depende da gravidade do quadro e da distância até o hospital de
referência.
4. Imobilização
adequada: O paciente deve ser transportado com colar cervical,
prancha rígida e cintos de segurança bem ajustados.
Protocolo
de Transporte Aeromédico
Em
casos críticos, onde o tempo é um fator determinante, o transporte aeromédico
pode ser indicado. Ele deve seguir os seguintes critérios:
A
equipe deve estar preparada para intervenções emergenciais durante o
transporte, garantindo a segurança do paciente até a chegada ao centro de
referência.
Conclusão
O atendimento ao paciente politraumatizado exige uma abordagem sistemática para garantir a estabilização precoce, minimizar danos secundários e garantir um transporte seguro. O reconhecimento do mecanismo da lesão, a aplicação do ABCDE do trauma e o uso correto de dispositivos de imobilização são fundamentais para reduzir a morbimortalidade. A integração entre equipes pré-hospitalares e hospitalares é essencial para garantir um atendimento eficaz e salvar vidas.
Referências
Fraturas e Imobilizações
As
fraturas e luxações são lesões comuns em casos de traumas, especialmente em
acidentes automobilísticos, quedas e impactos diretos. O atendimento adequado é
essencial para minimizar danos, evitar complicações e garantir a estabilização
do paciente até a realização do tratamento definitivo. O reconhecimento precoce
dessas lesões e a aplicação correta das técnicas de imobilização são
fundamentais para reduzir o risco de agravamento e promover uma recuperação
mais eficaz.
Identificação
de Fraturas e Luxações
1.
Fraturas
A
fratura é a perda da continuidade óssea, podendo ser causada por trauma direto,
indireto ou por mecanismos de estresse repetitivo. Elas podem ser classificadas
de acordo com diferentes critérios:
Os
sinais e sintomas de uma fratura incluem:
2.
Luxações
A
luxação ocorre quando há o deslocamento de uma articulação, causando perda da
congruência entre os ossos. As luxações mais comuns ocorrem no ombro, cotovelo,
quadril e joelho.
Os
principais sinais de luxação incluem:
As
luxações requerem redução (recolocação da articulação na posição
normal), que deve ser realizada apenas por profissionais capacitados para
evitar danos aos tecidos adjacentes, como ligamentos e vasos sanguíneos.
Técnicas
de Imobilização
A imobilização adequada das fraturas e luxações é um dos principais cuidados no atendimento pré-hospitalar e hospitalar. Ela tem como objetivo:
1.
Princípios Gerais da Imobilização
2.
Dispositivos de Imobilização
Os
principais métodos utilizados para imobilizar fraturas e luxações incluem:
Cada tipo de fratura requer uma abordagem específica para garantir a melhor imobilização e evitar complicações secundárias.
Uso
de Colar Cervical e Maca Rígida
As
fraturas na coluna cervical e lesões na medula espinhal representam grande
risco de incapacidade permanente. Por isso, a imobilização cervical é
essencial no atendimento pré-hospitalar de vítimas de trauma.
1.
Colar Cervical
O
colar cervical é um dispositivo utilizado para imobilizar a coluna cervical
em pacientes com suspeita de trauma raquimedular. Sua aplicação é indicada em
situações como:
Técnica
de colocação do colar cervical:
1. Manter
a cabeça do paciente em posição neutra (alinhada ao eixo do
corpo).
2. Aplicar
o colar cervical sem movimentar o pescoço.
3. Ajustar
corretamente o colar, garantindo um suporte firme, mas sem
comprometer a respiração.
4. Avaliar
a perfusão e a sensibilidade dos membros para descartar lesões
medulares.
2.
Maca Rígida e Prancha Longa
A
prancha rígida é utilizada para transporte de pacientes com suspeita de trauma
raquimedular. Sua função é manter a coluna alinhada e evitar deslocamentos que
possam comprometer a medula espinhal.
Procedimento
de imobilização em prancha rígida:
1. Aplicar
o colar cervical antes de qualquer movimentação do paciente.
2. Posicionar
a prancha ao lado do paciente.
3. Realizar
a movimentação em bloco (técnica de rotação com múltiplos socorristas).
4. Fixar
o paciente à prancha com tiras ou bandagens, incluindo a
cabeça, o tronco e os membros inferiores.
5. Monitorar
sinais vitais e perfusão distal durante todo o
transporte.
O
uso adequado do colar cervical e da maca rígida previne danos secundários e
melhora o prognóstico dos pacientes com lesões na coluna vertebral.
Conclusão
O atendimento de fraturas e luxações exige rápida identificação das lesões, aplicação de técnicas de imobilização adequadas e, quando necessário, imobilização cervical e uso de prancha rígida para garantir um transporte seguro. A adoção de protocolos padronizados reduz complicações, melhora a sobrevida dos pacientes e facilita o tratamento
definitivo em ambiente hospitalar.
Referências
Atendimento a Ferimentos e Hemorragias
O
atendimento a ferimentos e hemorragias é um dos procedimentos mais críticos no
suporte emergencial a vítimas de trauma. A hemorragia severa pode levar à morte
em poucos minutos se não for controlada adequadamente, enquanto feridas e
queimaduras necessitam de cuidados específicos para minimizar complicações e
infecções. O manejo correto dessas lesões no ambiente pré-hospitalar aumenta as
chances de recuperação e reduz sequelas para o paciente.
Controle
de Hemorragias Externas
A
hemorragia é a perda de sangue causada pela ruptura de vasos sanguíneos. Pode
ser classificada em hemorragia arterial, venosa ou capilar, dependendo
do tipo de vaso atingido:
A American College of Surgeons (2020) recomenda três principais métodos para controle da hemorragia:
1.
Compressão Direta
2.
Uso de Torniquete
Indicado
quando a compressão direta não é suficiente para controlar hemorragias severas,
especialmente em amputações traumáticas e ferimentos extensos em membros.
3.
Agentes Hemostáticos
O
controle rápido da hemorragia é essencial para evitar o choque hipovolêmico,
que pode comprometer a oxigenação dos tecidos e órgãos vitais.
Tratamento
de Feridas e Queimaduras
Os
ferimentos podem ser classificados como cortantes, perfurantes, contusos ou
lacerantes, cada um exigindo uma abordagem específica.
1.
Cuidados Gerais com Feridas
Se
a ferida for extensa, estiver contaminada ou houver sinais de infecção
(vermelhidão intensa, pus, febre), o paciente deve ser encaminhado para
atendimento médico.
2.
Atendimento a Queimaduras
As
queimaduras são lesões causadas por calor, eletricidade, substâncias
químicas ou radiação, podendo ser classificadas em:
Conduta
no Atendimento Pré-Hospitalar
Nos
casos graves, como queimaduras extensas ou associadas a inalação de fumaça, o
transporte imediato para um centro especializado é essencial.
Cuidados
no Atendimento Pré-Hospitalar
O
atendimento pré-hospitalar (APH) tem como objetivo garantir a estabilização
inicial do paciente até sua chegada a uma unidade hospitalar. Para isso, alguns
cuidados gerais são recomendados:
1.
Avaliação Inicial da Cena
2.
Uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)
3.
Manejo do Paciente
O
atendimento pré-hospitalar eficaz reduz complicações, melhora o prognóstico e
aumenta a taxa de sobrevivência em vítimas de traumas.
Conclusão
O atendimento a ferimentos e hemorragias exige rapidez, técnica e conhecimento das melhores práticas para minimizar riscos e complicações. O controle de hemorragias externas, o manejo correto de feridas e queimaduras e os cuidados pré-hospitalares adequados são fundamentais para garantir a estabilização do paciente até que ele receba atendimento definitivo. A capacitação contínua dos profissionais e o uso de protocolos baseados em evidências são essenciais para aprimorar a qualidade do atendimento emergencial.
Referências
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