Fundamentos
da Urgência e Emergência
Introdução à Urgência e Emergência
A
área da saúde dedicada ao atendimento de situações críticas é fundamental para
garantir a sobrevida e minimizar complicações decorrentes de agravos súbitos. O
atendimento a pacientes em condições de urgência e emergência exige
conhecimento técnico, protocolos bem estabelecidos e uma estrutura eficiente de
serviços.
Conceitos
e Diferenças entre Urgência e Emergência
Os
conceitos de urgência e emergência, embora frequentemente utilizados como
sinônimos, possuem distinções fundamentais. Segundo a Lei nº 8.080/1990,
urgência é definida como "ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou
sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica
imediata" (Brasil, 1990). Já a emergência refere-se a uma situação crítica
que representa risco iminente de morte, demandando intervenção rápida para
evitar desfechos fatais (Ministério da Saúde, 2016).
Dessa forma, um paciente com uma crise hipertensiva sem lesão em órgão-alvo está em situação de urgência, pois requer atendimento médico rápido para evitar complicações. Já um infarto agudo do miocárdio com instabilidade hemodinâmica caracteriza uma emergência, pois há risco iminente de óbito sem intervenção imediata.
Estrutura
e Funcionamento dos Serviços de Emergência
O
atendimento a pacientes em situação crítica é realizado em diferentes níveis de
atenção, desde o suporte pré-hospitalar até unidades de alta complexidade. Os
principais serviços incluem:
1. Atenção
Pré-Hospitalar: Engloba o atendimento prestado no local
do incidente e durante o transporte do paciente para uma unidade de saúde. No
Brasil, esse serviço é realizado pelo Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU 192) e pelo Corpo de Bombeiros (Ministério da Saúde,
2016).
2. Unidades
de Pronto Atendimento (UPAs): São serviços
intermediários entre a atenção básica e os hospitais. Funcionam 24 horas e
atendem casos de urgência que não necessitam de internação prolongada.
3. Serviços
Hospitalares de Urgência e Emergência: Hospitais de referência
possuem pronto-socorros estruturados para atendimento de emergências clínicas,
cirúrgicas e traumáticas. Nesses locais, são adotados protocolos de
classificação de risco, priorizando os casos mais graves.
4. Centros de Referência em Trauma: Algumas instituições
hospitalares
são especializadas no atendimento de pacientes politraumatizados, oferecendo
suporte cirúrgico e intensivista avançado.
A eficiência do atendimento depende da integração entre esses serviços, garantindo rapidez no diagnóstico e intervenção adequada.
Protocolos
de Atendimento Pré-Hospitalar
O
atendimento pré-hospitalar (APH) é um dos pilares da assistência em urgência e
emergência, sendo dividido em suporte básico de vida (SBV) e suporte
avançado de vida (SAV).
1.
Suporte Básico de Vida (SBV)
O
SBV compreende medidas iniciais para manutenção das funções vitais antes da
chegada de uma equipe médica. Entre as principais diretrizes, destacam-se:
2.
Suporte Avançado de Vida (SAV)
O
SAV envolve intervenções médicas mais complexas realizadas por equipes
treinadas. Inclui:
A
adoção de protocolos baseados em evidências melhora os desfechos clínicos e
aumenta as chances de sobrevivência dos pacientes em situação crítica.
Conclusão
A
urgência e emergência são áreas essenciais da assistência em saúde, demandando
conhecimento técnico, infraestrutura adequada e protocolos rigorosos. A correta
distinção entre casos urgentes e emergenciais, aliada à estruturação eficiente
dos serviços e ao emprego de diretrizes pré-hospitalares, é fundamental para
otimizar o atendimento e reduzir complicações.
Referências
Atendimento Inicial ao Paciente
O
atendimento inicial ao paciente em situações de urgência e emergência é um dos
fatores determinantes para a sobrevida e recuperação. Para garantir um
atendimento rápido e eficaz, é necessário seguir protocolos padronizados, que
orientam desde a avaliação inicial até as condutas prioritárias a serem
tomadas.
Avaliação
Primária e Secundária
A
avaliação do paciente em um contexto de emergência é dividida em avaliação
primária e secundária, com o objetivo de identificar e tratar imediatamente
ameaças à vida.
Avaliação
Primária
A
avaliação primária segue uma sequência sistemática para identificar e tratar
rapidamente condições potencialmente fatais. Essa abordagem segue o protocolo ABCDE,
que será abordado em mais detalhes na próxima seção. Durante essa fase, os
profissionais devem:
Se houver alguma condição ameaçadora à vida, ela deve ser corrigida antes de seguir para a próxima etapa.
Avaliação
Secundária
Após
a estabilização inicial, a avaliação secundária é realizada para identificar
lesões e problemas que não foram detectados na primeira análise. Inclui:
Essa
abordagem garante que nenhuma lesão oculta passe despercebida, evitando
complicações futuras.
Abordagem
Inicial: ABCDE do Trauma
O protocolo ABCDE do trauma é um método universalmente adotado para priorizar os problemas mais graves e garantir uma abordagem sistemática
é um método universalmente adotado para
priorizar os problemas mais graves e garantir uma abordagem sistemática ao
atendimento.
1. A
– Airway (Vias Aéreas e Proteção da Coluna Cervical)
o Avaliar
a permeabilidade das vias aéreas e remover obstruções (corpos estranhos,
vômito, sangue);
o Proteger
a coluna cervical com colar cervical e prancha rígida em casos de trauma.
2. B
– Breathing (Respiração e Ventilação)
o Verificar
a presença de movimentos respiratórios eficazes;
o Administrar
oxigênio suplementar quando necessário;
o Identificar
sinais de pneumotórax hipertensivo, hemotórax ou outras complicações
respiratórias.
3. C
– Circulation (Circulação e Controle de Hemorragias)
o Avaliar
pulso, pressão arterial e perfusão periférica;
o Controlar
sangramentos externos maciços com compressão direta ou torniquete;
o Iniciar
reposição volêmica quando necessário.
4. D
– Disability (Déficit Neurológico e Estado de Consciência)
o Avaliar
o nível de consciência utilizando a Escala de Coma de Glasgow;
o Verificar
reatividade pupilar e sinais de déficit neurológico;
o Identificar
sinais de lesão cerebral grave.
5. E
– Exposure (Exposição e Controle da Temperatura)
o Remover
roupas para avaliação completa do paciente;
o Prevenir
hipotermia, utilizando cobertores térmicos quando necessário.
Esse
protocolo garante que as condições mais críticas sejam tratadas imediatamente,
aumentando as chances de um desfecho positivo.
Comunicação
e Trabalho em Equipe
O sucesso no atendimento inicial ao paciente depende não apenas da aplicação correta dos protocolos clínicos, mas também de uma comunicação eficaz e do trabalho em equipe.
Importância
da Comunicação
A
comunicação clara e objetiva é essencial para evitar erros durante o
atendimento. Algumas estratégias fundamentais incluem:
Trabalho
em Equipe no Atendimento Emergencial
O
atendimento pré-hospitalar e intra-hospitalar envolve diversos profissionais,
como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, bombeiros e socorristas.
Para garantir um trabalho eficiente, é necessário:
Estudos mostram que falhas na comunicação estão entre as principais causas de erros médicos em emergências (WHO, 2020). Por isso, treinamentos contínuos são essenciais para garantir que os profissionais atuem com eficácia em situações de alta pressão.
Conclusão
O
atendimento inicial ao paciente em situações de urgência e emergência exige uma
abordagem sistemática, baseada em protocolos como a avaliação primária e
secundária e o método ABCDE do trauma. Além da correta execução
técnica, a comunicação eficaz e o trabalho em equipe são fundamentais para
evitar erros e garantir um atendimento ágil e seguro.
Referências
Biossegurança e Prevenção de Infecções
A
biossegurança é um conjunto de medidas adotadas para minimizar riscos
biológicos, físicos e químicos no ambiente de trabalho, especialmente em
serviços de saúde. A correta aplicação dessas medidas protege profissionais,
pacientes e a comunidade contra infecções e contaminações. No contexto da
urgência e emergência, a rápida exposição a agentes infecciosos exige a adoção
rigorosa de práticas de biossegurança para garantir um ambiente seguro.
Equipamentos
de Proteção Individual (EPIs)
Os
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são dispositivos utilizados
para reduzir a exposição a agentes biológicos, químicos ou físicos. São
regulamentados pela Norma Regulamentadora NR 32, que estabelece medidas
de proteção à saúde dos trabalhadores da área da saúde (Brasil, 2005).
Os
principais EPIs utilizados no atendimento de urgência e emergência incluem:
A
escolha do EPI adequado deve considerar o risco envolvido na assistência ao
paciente. Além disso, a remoção e descarte corretos dos EPIs são essenciais
para evitar a contaminação cruzada.
Medidas
de Controle de Infecção
A
prevenção e controle de infecções (PCI) são estratégias fundamentais
para evitar surtos e garantir a segurança de pacientes e profissionais. O Ministério
da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a
aplicação de práticas padronizadas nos serviços de saúde (WHO, 2021).
1.
Higienização das Mãos
A
higienização das mãos é a medida mais eficaz para reduzir infecções
hospitalares. Deve ser realizada nos seguintes momentos:
1. Antes
do contato com o paciente.
2. Antes
de realizar procedimentos assépticos.
3. Após
exposição a fluidos corporais.
4. Após
contato com o paciente.
5. Após
contato com superfícies e objetos próximos ao paciente.
A técnica correta envolve a fricção das mãos com álcool 70% ou lavagem com água e sabão por pelo menos 40-60 segundos (WHO, 2021).
2.
Precauções Padrão e Específicas
Além
da higienização das mãos, outras precauções devem ser adotadas conforme o risco
de transmissão:
3.
Limpeza, Desinfecção e Esterilização
A
descontaminação de ambientes e equipamentos é crucial para evitar a
disseminação de agentes infecciosos.
A escolha do método depende do risco de contaminação do material. Itens críticos, como bisturis e pinças cirúrgicas, exigem esterilização, enquanto superfícies e equipamentos de uso frequente podem ser desinfetados.
Cuidados
com Resíduos Biológicos
Os
resíduos hospitalares devem ser descartados corretamente para evitar
contaminação ambiental e riscos ocupacionais. No Brasil, a Resolução RDC nº
222/2018 da ANVISA regulamenta o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde (Brasil, 2018).
Os
resíduos biológicos são classificados da seguinte forma:
1. Grupo
A (Infectantes): Materiais contaminados com sangue,
fluidos corporais ou culturas microbiológicas. Exemplo: gazes com sangue.
2. Grupo
B (Químicos): Substâncias perigosas, como reagentes de
laboratório e medicamentos vencidos.
3. Grupo
C (Radioativos): Materiais de radioterapia e resíduos de
exames radiológicos.
4. Grupo
D (Comuns): Resíduos não perigosos, como papel e embalagens não
contaminadas.
5. Grupo
E (Perfurocortantes): Objetos que podem causar lesões e
contaminação, como agulhas e lâminas de bisturi.
Os
resíduos devem ser descartados em recipientes específicos, identificados por
cor e símbolo adequado, e armazenados de forma segura antes da coleta e
descarte final.
Conclusão
A
biossegurança em serviços de urgência e emergência é essencial para a proteção
dos profissionais e pacientes. O uso correto dos EPIs, a aplicação rigorosa das
medidas de controle de infecção e o descarte adequado de resíduos biológicos
reduzem os riscos de transmissão de doenças. A adoção dessas práticas deve ser
constante e reforçada por meio de treinamentos e protocolos institucionais.
Referências
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