Assistência Durante o Trabalho de Parto
Cuidados de Enfermagem Durante o Parto
A enfermagem desempenha um papel essencial na assistência ao parto, garantindo um ambiente seguro e humanizado para a parturiente e o recém-nascido. O preparo adequado do ambiente, o suporte contínuo à mulher durante as contrações e a documentação precisa da evolução do parto são fundamentais para um atendimento de qualidade. A atuação da equipe de enfermagem deve estar baseada em diretrizes científicas e práticas humanizadas, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018) e do Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, 2017).
1.
Preparo do Ambiente para o Parto
O
ambiente de parto deve ser acolhedor, seguro e equipado com materiais
necessários para a assistência materna e neonatal. O preparo do local envolve
aspectos físicos, emocionais e técnicos, visando proporcionar conforto à
parturiente e garantir a segurança do bebê.
1.1.
Organização do Espaço
✅ O ambiente deve ser tranquilo,
iluminado de forma suave e climatizado.
✅ Disponibilização de
equipamentos como cardiotocógrafo, oxímetro e aspirador neonatal.
✅ Material estéril para
procedimentos como corte do cordão umbilical e episiotomia (se necessária).
1.2.
Promoção de um Ambiente Humanizado
✅ Privacidade:
manter o respeito à parturiente, evitando a exposição desnecessária.
✅ Liberdade de
movimento: permitir que a mulher adote posições confortáveis.
✅ Presença do
acompanhante: direito garantido pela Lei nº 11.108/2005 (BRASIL,
2005).
A humanização do parto envolve criar um ambiente que favoreça o protagonismo da mulher, reduzindo o estresse e promovendo o bem-estar materno e fetal (REZENDE; MONTENEGRO, 2019).
2.
Assistência à Mulher Durante as Contrações
O
trabalho de parto é caracterizado por contrações uterinas progressivas que
levam à dilatação cervical e ao nascimento do bebê. A assistência da enfermagem
durante esse período tem o objetivo de aliviar a dor, tranquilizar a
parturiente e monitorar a evolução do parto.
2.1.
Estratégias para Alívio da Dor
✅ Orientação sobre a
respiração para reduzir a tensão e melhorar a oxigenação.
✅ Uso de massagens na
região lombar para alívio da dor e relaxamento muscular.
✅ Hidroterapia (banho
morno ou imersão na água) para reduzir a intensidade das contrações.
✅ Técnicas de mudança
de posição e mobilidade para facilitar a descida do bebê.
Estudos demonstram que o suporte contínuo da
equipe de enfermagem melhora os desfechos
obstétricos, reduzindo a necessidade de intervenções médicas e promovendo maior
satisfação da parturiente (CUNNINGHAM et al., 2021).
2.2.
Monitoramento Materno e Fetal
✅ Acompanhamento da frequência
cardíaca fetal (FCF) a cada 30 minutos no primeiro estágio e a cada 5
minutos no segundo estágio do trabalho de parto.
✅ Avaliação da
dilatação cervical e da progressão do bebê pelo canal de parto.
✅ Controle da pressão
arterial, temperatura e frequência cardíaca materna.
A monitorização adequada permite identificar sinais de complicações, como sofrimento fetal ou trabalho de parto prolongado, garantindo intervenções oportunas para a segurança materno-fetal (GABBE et al., 2020).
3.
Registro e Documentação da Evolução do Parto
A documentação precisa do trabalho de parto é fundamental para a segurança da gestante e do recém-nascido, garantindo continuidade no atendimento e suporte legal para os profissionais envolvidos.
3.1.
Principais Informações a Serem Registradas
✅ Dados maternos:
nome, idade gestacional, histórico obstétrico.
✅ Horário e intensidade
das contrações.
✅ Dilatação cervical e
esvaecimento a cada exame de toque vaginal.
✅ Monitoramento fetal:
frequência cardíaca fetal e presença de mecônio no líquido amniótico.
✅ Administração de
medicamentos e intervenções realizadas.
✅ Momento do nascimento:
horário exato, tipo de parto e estado do recém-nascido ao nascer.
3.2.
Importância da Documentação
✅ Garante um registro
detalhado da evolução do parto e condutas adotadas.
✅ Serve como base legal
para possíveis investigações futuras.
✅ Facilita a continuidade
do cuidado no pós-parto e assistência neonatal.
O uso do partograma, um instrumento recomendado pela OMS, permite um acompanhamento gráfico da evolução do parto, auxiliando na tomada de decisões clínicas (OMS, 2018).
Conclusão
Os cuidados de enfermagem durante o parto envolvem o preparo do ambiente, a assistência contínua à parturiente e o registro preciso da evolução do trabalho de parto. A criação de um ambiente seguro e humanizado, o suporte à mulher para o alívio da dor e o monitoramento adequado da progressão do parto são essenciais para garantir um desfecho positivo. A atuação da equipe de enfermagem deve estar pautada em protocolos baseados em evidências científicas e princípios éticos, assegurando um parto respeitoso e seguro para mãe e bebê.
Referências
Bibliográficas
Parto Normal x Parto Cesárea
O
parto é um momento crucial na assistência obstétrica, e sua via de realização
deve ser baseada em critérios clínicos e nas condições materno-fetais. O parto
normal e a cesárea possuem indicações específicas, cada um com seus
benefícios e desafios. A escolha da via de parto deve ser fundamentada em
evidências científicas e priorizar a segurança e o bem-estar da mãe e do bebê.
Além disso, a cesariana exige cuidados pós-operatórios específicos para
garantir uma recuperação adequada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as cesáreas sejam realizadas apenas quando clinicamente indicadas, pois taxas acima de 15% não demonstram redução na mortalidade materno-infantil e podem expor as mulheres a riscos desnecessários (OMS, 2018).
1.
Indicações para Cesárea
A
cesárea é uma cirurgia indicada quando há risco para a saúde da mãe ou do bebê
em um parto normal. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, as principais
indicações incluem:
1.1.
Indicações Maternas
✅ Desproporção
cefalopélvica (quando a cabeça do bebê é desproporcional ao canal de
parto).
✅ Doenças maternas
graves, como hipertensão arterial descontrolada ou cardiopatias.
✅ Falha na progressão
do trabalho de parto, mesmo após medidas de estímulo.
✅ Infecções ativas,
como herpes genital com lesões no momento do parto.
1.2.
Indicações Fetais
✅ Sofrimento fetal
agudo, identificado pelo monitoramento da frequência cardíaca fetal (FCF).
✅ Apresentação anômala,
como bebê pélvico (sentado) ou transverso.
✅ Macrossomia fetal
(peso fetal estimado acima de 4.500 g, em casos de diabetes gestacional).
1.3.
Indicações Obstétricas
✅ Placenta prévia total
(quando a placenta cobre totalmente o colo do útero).
✅ Descolamento
prematuro da placenta, comprometendo a oxigenação fetal.
✅ Cicatriz uterina
anterior com risco de rotura uterina,
especialmente em mulheres com
múltiplas cesáreas anteriores (CUNNINGHAM et al., 2021).
Embora a cesárea seja uma intervenção segura quando necessária, sua realização sem indicação clínica pode aumentar os riscos de infecção, hemorragia e complicações respiratórias para o bebê.
2.
Benefícios do Parto Normal
O
parto normal é o método fisiológico de nascimento e traz benefícios para a mãe
e o bebê. Sempre que possível, deve ser priorizado, pois reduz riscos
cirúrgicos e promove um pós-parto mais rápido.
2.1.
Benefícios para a Mãe
✅ Recuperação mais
rápida: menor tempo de internação e retorno precoce às atividades diárias.
✅ Menor risco de
complicações: menor incidência de infecções, hemorragias e tromboses.
✅ Menos dor no
pós-parto, pois não há cicatriz cirúrgica.
✅ Menos necessidade de
reintervenções em gestações futuras, reduzindo o risco de placenta prévia e
aderências pélvicas.
2.2.
Benefícios para o Bebê
✅ Melhor adaptação
respiratória, pois a passagem pelo canal de parto ajuda a expelir líquidos
pulmonares.
✅ Maior contato pele a
pele imediato, favorecendo o vínculo materno e o início precoce da
amamentação.
✅ Menor risco de
complicações neonatais, como dificuldades respiratórias e necessidade de
internação em UTI neonatal (REZENDE; MONTENEGRO, 2019).
O parto normal, quando assistido corretamente, proporciona uma experiência segura e menos traumática para mãe e bebê.
3.
Cuidados Pós-Operatórios na Cesariana
A
cesárea, por ser uma cirurgia de grande porte, exige cuidados específicos para
garantir uma boa recuperação e evitar complicações.
3.1.
Cuidados Imediatos (Primeiras 24 Horas)
✅ Monitoramento dos
sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura) para
detecção precoce de complicações.
✅ Controle da dor
com analgesia adequada, permitindo mobilização precoce.
✅ Avaliação da diurese
para garantir o funcionamento renal após a retirada da sonda vesical.
✅ Cuidados com o útero:
verificar a involução uterina e sinais de sangramento excessivo.
3.2.
Cuidados nos Primeiros Dias
✅ Deambulação precoce:
a movimentação reduz o risco de trombose e melhora o trânsito intestinal.
✅ Higiene adequada da
ferida cirúrgica, evitando infecções.
✅ Uso de cinta
abdominal pode proporcionar mais conforto, mas seu uso deve ser orientado
pelo profissional de saúde.
✅ Alimentação
equilibrada e ingestão de líquidos para evitar constipação.
3.3.
Sinais de Alerta
A
mulher deve procurar assistência médica em caso de:
❌ Febre persistente
(>38°C).
❌
Vermelhidão, inchaço ou
saída de secreção da ferida cirúrgica.
❌ Dor abdominal intensa
que não melhora com analgesia.
❌ Sangramento vaginal
excessivo ou mau cheiro.
O acompanhamento do puerpério deve ser realizado pela equipe de enfermagem e obstetrícia, garantindo uma recuperação segura e orientações sobre amamentação e cuidados neonatais (GABBE et al., 2020).
Conclusão
A
escolha entre parto normal e cesárea deve ser baseada em critérios
médicos e na segurança da mãe e do bebê. O parto normal deve ser
priorizado sempre que possível, pois traz benefícios para a recuperação materna
e a adaptação neonatal. No entanto, a cesárea é uma intervenção
essencial quando há riscos obstétricos, fetais ou maternos que impedem a via
vaginal.
O papel da enfermagem é fundamental para auxiliar a parturiente na escolha informada da via de parto, prestar assistência durante o trabalho de parto e garantir um pós-operatório adequado em caso de cesárea. O acompanhamento humanizado e baseado em evidências contribui para um nascimento seguro e respeitoso.
Referências
Bibliográficas
Atendimento a Partos de Emergência
O
parto de emergência ocorre quando a gestante entra em trabalho de parto de
forma inesperada, sem tempo hábil para ser transportada a um hospital ou
maternidade. Nessas situações, a equipe de enfermagem e os profissionais de
saúde devem estar preparados para agir rapidamente, garantindo um parto seguro
para a mãe e o bebê.
O atendimento deve seguir protocolos que minimizem riscos de complicações e garantam os primeiros cuidados neonatais. A rápida identificação da fase do parto, o manejo correto para evitar complicações e a assistência pós-natal são essenciais para a redução da morbimortalidade materno-infantil (CUNNINGHAM et al., 2021).
1.
O Que Fazer em Partos de Emergência
O parto de emergência pode ocorrer em locais
sem infraestrutura hospitalar
adequada, como ambulâncias, residências ou vias públicas. Nesses casos, a
equipe de saúde deve:
1.1.
Avaliação Inicial
✅ Identificar sinais de trabalho
de parto avançado:
✅ Garantir um ambiente seguro
e higienizado, utilizando luvas estéreis e material limpo disponível.
✅ Posicionar a parturiente
de forma confortável, preferencialmente deitada com elevação do tronco
ou em posição semissentada.
1.2.
Assistência Durante o Parto
✅ Orientar a mulher a
respirar e evitar empurrar antes da dilatação total.
✅ Acompanhar a saída da
cabeça do bebê sem puxar, permitindo que o parto ocorra de forma
espontânea.
✅ Apoiar o períneo com
compressas mornas para reduzir lacerações.
✅ Desenrolar o cordão
umbilical do pescoço, se necessário.
✅ Aguardar a rotação
espontânea do ombro e auxiliar a saída do restante do corpo suavemente.
O parto deve ser conduzido com o mínimo de intervenções, garantindo um nascimento seguro e respeitoso (REZENDE; MONTENEGRO, 2019).
2.
Técnicas para Evitar Complicações
O
parto de emergência pode apresentar complicações que exigem manejo imediato
para evitar riscos maternos e neonatais.
2.1.
Distocia de Ombro
Ocorre
quando os ombros do bebê ficam presos após a saída da cabeça. Técnicas para
resolução:
✅ Manobra de McRoberts:
flexionar as pernas da mãe sobre o abdome para aumentar o diâmetro da pelve.
✅ Pressão supra púbica:
aplicar pressão moderada acima do púbis para liberar o ombro impactado.
2.2.
Prolapso de Cordão Umbilical
Quando
o cordão sai antes do bebê, comprimindo o fluxo sanguíneo. Condutas:
✅ Manter a gestante em
posição genupeitoral (joelhos e cotovelos no chão).
✅ Evitar manipular o
cordão e aguardar assistência especializada.
2.3.
Hemorragia Pós-Parto (HPP)
Principal
causa de óbito materno. Medidas imediatas:
✅ Massagear o útero
para estimular contração.
✅ Administrar ocitocina,
se disponível.
✅ Monitorar sinais
vitais e controlar sangramento.
A rápida intervenção nesses casos pode salvar vidas e reduzir complicações graves (GABBE et al., 2020).
3.
Cuidados Imediatos com a Mãe e o Bebê
Após
o nascimento, os cuidados imediatos são fundamentais para a adaptação neonatal
e a recuperação materna.
3.1.
Cuidados com o Recém-Nascido
✅
Avaliação da
vitalidade (Apgar no 1º e 5º minuto).
✅ Secar o bebê e
estimular a respiração suavemente.
✅ Evitar aspiração
excessiva da via aérea, a menos que haja obstrução evidente.
✅ Manter o contato pele
a pele com a mãe, estimulando a amamentação precoce.
✅ Pinçamento do cordão
após 1 a 3 minutos, se não houver contraindicações.
3.2.
Cuidados com a Mãe
✅ Monitorar sinais
vitais e controle de sangramento.
✅ Avaliar integridade
do períneo e possíveis lacerações.
✅ Estimular a
dequitação espontânea da placenta e massagear o útero para prevenir
hemorragia.
✅ Oferecer líquidos e
suporte emocional.
A assistência pós-parto deve garantir um transporte seguro da mãe e do bebê para uma unidade de saúde, garantindo monitoramento contínuo e manejo de possíveis complicações.
Conclusão
O
atendimento a partos de emergência requer rapidez, preparo técnico e
habilidades de manejo de complicações. A identificação da fase do parto, o uso
de técnicas seguras para evitar intercorrências e os cuidados imediatos com a
mãe e o bebê são fundamentais para um desfecho positivo.
A enfermagem desempenha um papel essencial nesses cenários, garantindo uma assistência baseada em evidências científicas e nos princípios da humanização do parto. O treinamento contínuo da equipe de saúde é indispensável para assegurar um atendimento eficaz e seguro em situações emergenciais.
Referências
Bibliográficas
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