Introdução
à Enfermagem Obstétrica
O Papel da Enfermagem no Trabalho de Parto
A enfermagem desempenha um papel fundamental na assistência ao trabalho de parto, garantindo a segurança da gestante e do bebê por meio de cuidados baseados em princípios éticos e humanizados. A história da obstetrícia revela a evolução do papel dos profissionais da área, diferenciando a atuação da enfermeira obstétrica, da obstetriz e da parteira. Além disso, a humanização do parto tem se consolidado como um princípio essencial para a promoção de um nascimento respeitoso e seguro.
1.
História da Obstetrícia e a Atuação do Enfermeiro
A obstetrícia tem origens milenares, sendo inicialmente praticada por mulheres com conhecimentos empíricos, as parteiras, que acompanhavam as gestantes durante o parto. Com o avanço da medicina, a assistência ao nascimento passou a ser medicalizada, resultando em um distanciamento da humanização do parto, especialmente no século XX, quando as intervenções médicas se tornaram mais comuns (DAVIS-FLOYD, 2003).
Nas
últimas décadas, houve um movimento para resgatar práticas humanizadas na
assistência obstétrica, destacando o papel do enfermeiro obstetra na promoção
de um parto seguro e respeitoso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a presença de profissionais qualificados durante o parto reduz
significativamente os riscos maternos e neonatais (OMS, 2018).
No Brasil, a enfermagem obstétrica ganhou reconhecimento com a implementação da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem (Lei nº 7.498/1986), que regulamenta a atuação da enfermeira obstétrica e reforça sua importância na assistência ao parto normal, na promoção da saúde materna e neonatal, e na redução da mortalidade materna (BRASIL, 1986).
2.
Diferença entre Obstetriz, Enfermeira Obstétrica e Parteira
A
assistência ao parto pode ser prestada por diferentes profissionais, cada um
com uma formação e um campo de atuação distintos:
A atuação desses profissionais na assistência ao parto normal é reconhecida como fundamental para a promoção da humanização e redução da medicalização excessiva do nascimento (SOUZA et al., 2020).
3.
Princípios Éticos e Humanizados no Atendimento ao Parto
A
humanização do parto é uma diretriz mundial promovida por organizações como a OMS
e o Ministério da Saúde do Brasil, que enfatizam a importância de respeitar
a autonomia da mulher, reduzir intervenções desnecessárias e proporcionar um
ambiente acolhedor e seguro para a gestante e o recém-nascido (OMS, 2018).
Os
princípios éticos fundamentais na assistência de enfermagem no parto incluem:
✅ Autonomia da mulher:
garantir que a gestante participe das decisões sobre seu parto, respeitando
suas escolhas e preferências (BRASIL, 2017).
✅ Beneficência:
realizar intervenções que tragam benefícios concretos para a saúde materna e
neonatal.
✅ Não maleficência:
evitar práticas prejudiciais ou invasivas desnecessárias, como episiotomia de
rotina ou cesarianas sem indicação clínica.
✅ Justiça:
assegurar acesso equitativo à assistência obstétrica de qualidade,
independentemente de fatores socioeconômicos.
A
Portaria nº 1.459/2011 do Ministério da Saúde instituiu a Rede Cegonha
no Brasil, um programa que visa garantir atendimento humanizado à gestante e ao
bebê, reforçando a importância da atuação do enfermeiro obstetra na assistência
ao parto normal e respeitoso (BRASIL, 2011).
Estudos indicam que a presença contínua de enfermeiras obstétricas durante o trabalho de parto melhora os desfechos maternos e neonatais, reduzindo o tempo de internação e a necessidade de intervenções médicas (BOGEN et al., 2021).
Conclusão
A enfermagem desempenha um papel essencial no trabalho de parto, promovendo assistência segura, qualificada e humanizada. O reconhecimento da importância das enfermeiras
obstétricas e obstetrizes fortalece a qualidade do cuidado materno e neonatal, alinhando-se às recomendações globais de redução da medicalização excessiva e valorização do protagonismo feminino no nascimento. A adoção de boas práticas, aliadas a princípios éticos e científicos, contribui significativamente para um parto mais humanizado e seguro.
Referências
Bibliográficas
Anatomia e Fisiologia da Gravidez e Parto
A gravidez e o parto são processos fisiológicos complexos que envolvem mudanças estruturais e funcionais no organismo feminino. O sistema reprodutor da mulher desempenha um papel fundamental na concepção, gestação e nascimento. Durante a gestação, ocorrem diversas adaptações fisiológicas para garantir o desenvolvimento fetal e a preparação para o parto. Este processo é dividido em fases distintas, desde o início do trabalho de parto até o nascimento do bebê e a expulsão da placenta.
1.
Mudanças Fisiológicas da Gestação
A gravidez desencadeia uma série de modificações no organismo materno para garantir um ambiente adequado para o desenvolvimento fetal. Essas mudanças ocorrem em diversos sistemas, incluindo
cardiovascular, respiratório,
digestório, urinário, endócrino e musculoesquelético (CUNNINGHAM et al., 2021).
1.1.
Sistema Cardiovascular
1.2.
Sistema Respiratório
1.3.
Sistema Digestório
1.4.
Sistema Urinário
1.5.
Sistema Endócrino
Essas mudanças garantem que o corpo materno esteja preparado para sustentar a gravidez e facilitar o nascimento do bebê (GABBE et al., 2020).
2.
O Sistema Reprodutor Feminino e Suas Funções
O sistema reprodutor feminino é composto por órgãos responsáveis pela concepção, gestação e parto. Suas principais estruturas incluem os ovários, tubas uterinas, útero, colo do útero e vagina.
2.1.
Ovários
2.2.
Tubas Uterinas (Trompas de Falópio)
2.3.
Útero
2.4.
Colo do Útero
2.5.
Vagina
O útero
desempenha um papel central na gestação, expandindo-se para acomodar o
crescimento fetal e contraindo-se para impulsionar o bebê durante o trabalho de
parto (MOORE et al., 2021).
3.
Fases do Trabalho de Parto
O
trabalho de parto é o conjunto de processos fisiológicos que levam ao
nascimento do bebê. Ele é dividido em três fases principais: fase de
dilatação, fase expulsiva e fase de dequitação (CUNNINGHAM et al., 2021).
3.1.
Fase de Dilatação
3.2.
Fase Expulsiva
3.3.
Fase de Dequitação
O conhecimento dessas fases permite que os profissionais de enfermagem prestem assistência adequada e humanizada às gestantes, garantindo um parto seguro e respeitoso (REZENDE; MONTENEGRO, 2019).
Conclusão
A gravidez e o parto são processos fisiológicos que envolvem mudanças significativas no organismo feminino. O sistema reprodutor desempenha um papel fundamental na concepção, gestação e nascimento, sendo essencial que profissionais de enfermagem conheçam sua estrutura e funcionamento. O trabalho de parto é um evento dinâmico e dividido em fases, cada uma com características próprias. O acompanhamento adequado, baseado em evidências científicas e na humanização, é essencial para garantir um desfecho positivo para mãe e bebê.
Referências
Bibliográficas
Sinais e
Sintomas do Início do Trabalho de
Parto
O trabalho de parto é um processo fisiológico que marca o final da gestação e o início do nascimento do bebê. Seu início pode ser identificado por uma série de sinais e sintomas, incluindo contrações uterinas regulares, modificações no colo do útero e outros indícios clínicos. No entanto, é essencial diferenciar as contrações verdadeiras das falsas contrações, além de reconhecer as mudanças cervicais que confirmam a progressão para o parto ativo. O diagnóstico preciso do início do trabalho de parto permite um melhor planejamento da assistência obstétrica, garantindo um atendimento seguro e humanizado para a gestante e o bebê.
1.
Contrações Verdadeiras x Falsas Contrações
As
contrações uterinas desempenham um papel essencial na progressão do trabalho de
parto, mas nem todas indicam que o parto está iminente. Diferenciar as contrações
verdadeiras das falsas contrações é fundamental para evitar
deslocamentos desnecessários da gestante ao hospital ou maternidade.
1.1.
Falsas Contrações (Contrações de Braxton Hicks)
As
contrações de Braxton Hicks são comuns a partir do segundo trimestre da
gestação e se intensificam conforme a gravidez avança. Elas são caracterizadas
por:
✅ Irregularidade:
não seguem um padrão rítmico e podem desaparecer espontaneamente.
✅ Sem aumento de
intensidade: geralmente são fracas e não se tornam mais fortes ao longo do
tempo.
✅ Não associadas à
dilatação cervical: não promovem modificações no colo do útero.
✅ Desaparecem com
repouso ou mudança de posição.
As
falsas contrações são consideradas um treinamento do útero para o
trabalho de parto real e não representam risco para a gestante ou o bebê
(CUNNINGHAM et al., 2021).
1.2.
Contrações Verdadeiras
As
contrações verdadeiras indicam que o trabalho de parto está em curso e
apresentam características distintas:
✅ Regulares e
progressivas: tornam-se mais frequentes e intensas ao longo do tempo.
✅ Aumentam de
intensidade: cada contração tende a ser mais forte que a anterior.
✅ Não desaparecem com
repouso: continuam independentemente da posição da gestante.
✅ Associadas à
dilatação do colo do útero: promovem afinamento (esvaecimento) e dilatação
cervical.
✅ Iniciam-se na parte
inferior das costas e irradiam para o abdome.
Quando as contrações ocorrem a cada 5 minutos ou menos e persistem por pelo menos uma hora, recomenda-se que a gestante procure assistência médica, pois pode estar em trabalho de parto ativo (GABBE et al., 2020).
2.
Modificações no Colo do Útero
O
colo do útero sofre modificações importantes no final da gestação,
preparando-se para o parto. Essas mudanças incluem esvaecimento (apagamento),
dilatação e amadurecimento cervical, os quais são avaliados
clinicamente por toque vaginal ou métodos complementares, como o ultrassom
transvaginal.
2.1.
Esvaecimento (Apagamento Cervical)
Refere-se
ao afinamento e encurtamento do colo do útero antes da dilatação. Em gestantes
primíparas, esse processo ocorre antes da dilatação, enquanto em multíparas
pode acontecer simultaneamente. O esvaecimento é medido em porcentagem:
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