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Noções Básicas de Socorrista

 NOÇÕES BÁSICAS DE SOCORRISTA


Atendimento a Múltiplas Vítimas e Primeiros Socorros Especiais 

Protocolos de Atendimento em Múltiplas Vítimas

 

O atendimento a múltiplas vítimas em cenários de desastres naturais, acidentes de grande porte e incidentes com múltiplos feridos exige protocolos específicos para triagem, coordenação e comunicação. O objetivo é priorizar as vítimas mais graves e otimizar os recursos disponíveis, garantindo um atendimento eficiente. O Sistema START (Simple Triage and Rapid Treatment) é um dos métodos mais utilizados para classificação de vítimas, auxiliando na organização das equipes de resgate e na definição da ordem de atendimento (BRASIL, 2022).

1. Classificação de Vítimas: Sistema START

O Sistema START (Simple Triage and Rapid Treatment), ou Triagem Simples e Tratamento Rápido, é um protocolo amplamente utilizado para classificação rápida de vítimas em situações de emergência com múltiplos feridos. Ele se baseia em critérios objetivos para avaliar a gravidade das lesões e determinar a prioridade de atendimento (SILVA et al., 2021).

1.1. Como funciona a triagem START?

A triagem é realizada em menos de 60 segundos por vítima e considera três critérios principais:

1.     Respiração

2.     Perfusão (circulação sanguínea)

3.     Resposta neurológica (estado mental)

Com base nesses critérios, as vítimas são categorizadas em quatro cores, representando sua prioridade de atendimento:

Cor

Categoria

Critérios de Avaliação

Prioridade

Vermelho

Crítico/Emergente

Respiração alterada (>30 irpm), perfusão comprometida (pulso fraco ou ausente) e/ou nível de consciência reduzido

Atendimento imediato

Amarelo

Urgente

Respiração normal, perfusão adequada, mas com fraturas graves ou dificuldade de locomoção

Atendimento após os críticos

Verde

Leve/Ambulatório

Ferimentos leves, fraturas pequenas, sem comprometimento respiratório ou circulatório

Atendimento após os urgentes

Preto

Óbito/Moribundo

Ausência de respiração mesmo após tentativa de reanimação

Sem prioridade (aguarda procedimentos de remoção)

Esse sistema permite que as equipes médicas concentrem esforços nos pacientes com maior chance de sobrevivência (PEREIRA et al., 2021).

2. Coordenação e Priorização no Atendimento

2.1. Organização das Equipes de Resgate

O sucesso do

atendimento em múltiplas vítimas depende de uma estrutura bem organizada, com equipes desempenhando funções específicas:

  • Equipe de Triagem: realiza a classificação inicial das vítimas com base no protocolo START.
  • Equipe de Atendimento Inicial: estabiliza as vítimas prioritárias antes da remoção.
  • Equipe de Transporte: coordena a remoção das vítimas para hospitais de referência.
  • Equipe de Comando: supervisiona as operações e gerencia a comunicação entre as equipes de resgate e unidades hospitalares.

2.2. Princípios da Prioridade no Atendimento

1.     Garantir segurança no local: antes de iniciar o atendimento, os socorristas devem avaliar riscos como incêndios, explosões ou estruturas instáveis.

2.     Classificar rapidamente as vítimas: utilizando o protocolo START para direcionamento adequado.

3.     Tratar primeiro os pacientes críticos (vermelho): assegurar intervenções imediatas para quem tem maior chance de sobrevivência.

4.     Evitar sobrecarga hospitalar: distribuir as vítimas entre diferentes unidades de saúde para otimizar o atendimento.

5.     Monitorar continuamente as vítimas classificadas como amarelo e verde: pois seu estado pode piorar e necessitar reclassificação (SILVA et al., 2021).

3. Comunicação com Equipes de Emergência

A comunicação eficiente entre os socorristas, centrais de emergência e hospitais é crucial para o sucesso da operação. Um fluxo de comunicação organizado evita atrasos e permite o encaminhamento correto das vítimas para unidades adequadas (BRASIL, 2022).

3.1. Protocolos de Comunicação

1.     Ativação do Serviço de Emergência (SAMU – 192)

o    Informar o tipo de evento, número estimado de vítimas e riscos adicionais.

o    Solicitar reforço de ambulâncias e unidades móveis de suporte avançado.

2.     Uso de Códigos e Terminologias Padronizadas

o    As informações devem ser objetivas e padronizadas, evitando ambiguidades.

o    Exemplos de mensagens rápidas:

§  "Temos 15 vítimas, sendo 4 vermelhas, 6 amarelas e 5 verdes."

§  "Necessitamos de mais três ambulâncias para transporte imediato."

3.     Coordenação com Hospitais de Referência

o    Informar a gravidade das vítimas e sua previsão de chegada ao hospital.

o    Direcionar os pacientes críticos para unidades com suporte avançado.

4.     Relatórios Pós-Atendimento

o    Após a operação, é essencial documentar todas as ações realizadas, avaliando a eficácia da resposta e identificando melhorias para futuras

emergências (PEREIRA et al., 2021).

Considerações Finais

O atendimento a múltiplas vítimas requer planejamento, organização e protocolos bem estabelecidos. O Sistema START permite uma triagem rápida e eficiente, garantindo que os recursos médicos sejam utilizados da melhor forma. A coordenação entre as equipes de resgate e a comunicação eficaz com as unidades hospitalares são essenciais para reduzir o impacto da emergência e aumentar a taxa de sobrevivência das vítimas. O treinamento contínuo de profissionais da saúde e equipes de emergência melhora a resposta a eventos com múltiplos feridos, garantindo um atendimento mais seguro e eficiente.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Manual de Atendimento Pré-Hospitalar. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.saude.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • PEREIRA, L. et al. Gestão de Emergências e Desastres: Planejamento e Atendimento a Múltiplas Vítimas. Curitiba: UniSaúde, 2021.
  • SILVA, R. et al. Urgências e Emergências Médicas: Guia Prático para Profissionais de Saúde. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.
  • AMERICAN COLLEGE OF EMERGENCY PHYSICIANS (ACEP). Mass Casualty Incidents and Disaster Response. Emergency Medicine, v. 32, n. 4, p. 245-267, 2021. Disponível em: https://www.acep.org. Acesso em: 06 mar. 2025.


Primeiros Socorros em Afogamentos e Situações de Risco

 

Os afogamentos, as emergências em ambientes extremos e os acidentes com produtos químicos são situações que exigem atendimento rápido e eficaz para garantir a sobrevivência e minimizar sequelas. O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) nessas ocorrências deve seguir protocolos bem estabelecidos para garantir segurança tanto do socorrista quanto da vítima.

1. Técnicas de Resgate e Primeiros Socorros para Afogados

O afogamento ocorre quando a vítima sofre comprometimento respiratório devido à aspiração de água. Pode levar à hipóxia severa, parada cardiorrespiratória e morte. O resgate e o atendimento adequado são cruciais para aumentar as chances de sobrevivência (BRASIL, 2022).

1.1. Técnicas de Resgate em Afogamento

O resgate deve ser realizado de forma segura, evitando que o socorrista se torne uma segunda vítima. As principais técnicas incluem:

1.     Alcance e Extensão:

o    Se a vítima estiver próxima, utilizar um objeto longo (bambu, vara, corda, boia) para que ela se segure.

2.     Arremesso:

o    Jogar um dispositivo flutuante (boia, colete salva-vidas) para que a vítima

possa se apoiar.

3.     Entrada controlada na água:

o    Apenas socorristas treinados devem entrar na água para resgate.

o    Aproximar-se por trás da vítima, evitando que ela agarre o socorrista.

o    Utilizar técnicas de nado de resgate para minimizar riscos.

1.2. Primeiros Socorros para Vítimas de Afogamento

1.     Remover a vítima da água com segurança.

2.     Se a vítima estiver inconsciente, verificar a respiração e o pulso.

o    Se houver parada cardiorrespiratória, iniciar RCP (Reanimação Cardiopulmonar) imediatamente.

3.     Se a vítima estiver consciente, aquecê-la e monitorar sinais vitais.

4.     Evitar tentar retirar água dos pulmões, pois isso pode agravar a lesão pulmonar.

5.     Encaminhar a vítima ao hospital, pois pode haver complicações tardias, como o "afogamento secundário".

O resgate deve ser realizado com cautela, pois muitas vítimas entram em pânico e podem arrastar o socorrista para debaixo da água (SILVA et al., 2021).

2. Emergências em Ambientes Extremos

As emergências em altas temperaturas, frio extremo e grandes altitudes exigem medidas específicas para garantir a segurança da vítima.

2.1. Emergências Relacionadas ao Calor

O golpe de calor ocorre quando a temperatura corporal ultrapassa 40°C, levando a disfunções neurológicas e risco de morte.

Sinais e sintomas:

  • Pele quente, seca e avermelhada.
  • Confusão mental, tontura e desmaios.
  • Taquicardia e respiração acelerada.

Primeiros socorros:

1.     Levar a vítima para um local fresco e ventilado.

2.     Remover roupas em excesso e aplicar compressas frias no corpo.

3.     Se estiver consciente, oferecer água em pequenos goles.

4.     Encaminhar ao hospital imediatamente.

2.2. Emergências Relacionadas ao Frio

A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal cai abaixo de 35°C, comprometendo funções vitais.

Sinais e sintomas:

  • Tremores intensos, pele fria e pálida.
  • Confusão mental, dificuldade de fala.
  • Pulso fraco e bradicardia.

Primeiros socorros:

1.     Retirar a vítima do ambiente frio.

2.     Remover roupas molhadas e cobrir com cobertores secos.

3.     Oferecer líquidos quentes, se consciente.

4.     Evitar friccionar a pele ou expor a vítima a calor direto.

2.3. Emergências em Grandes Altitudes

A doença da altitude ocorre quando o corpo não consegue se adaptar à redução do oxigênio em altitudes elevadas.

Sinais e sintomas:

  • Dor de cabeça intensa.
  • Náuseas e tonturas.
  • Fadiga extrema e confusão
  • mental.

Primeiros socorros:

1.     Levar a vítima para uma altitude mais baixa imediatamente.

2.     Oferecer oxigênio suplementar.

3.     Hidratar bem a vítima e manter repouso.

Se não tratada, pode evoluir para edema pulmonar ou edema cerebral, condições fatais (PEREIRA et al., 2021).

3. Atendimento em Acidentes com Produtos Químicos

Os acidentes químicos podem ocorrer em indústrias, laboratórios e até em ambientes domésticos. O contato com substâncias tóxicas pode levar a queimaduras químicas, intoxicações e danos respiratórios.

3.1. Tipos de Exposição a Produtos Químicos

Tipo de Exposição

Exemplos

Possíveis Lesões

Contato com a pele

Ácidos, bases, solventes

Queimaduras químicas, irritação, necrose

Inalação

Vapores tóxicos, gases industriais

Dificuldade respiratória, edema pulmonar

Ingestão

Agrotóxicos, produtos de limpeza

Intoxicação, queimaduras internas

3.2. Primeiros Socorros para Exposição a Produtos Químicos

1.     Remover a vítima da área contaminada, garantindo a segurança do socorrista.

2.     Identificar o agente químico (rótulo, ficha de segurança) para direcionar o tratamento adequado.

3.     Contato com a pele:

o    Lavar com água corrente por pelo menos 15 minutos.

o    Evitar uso de neutralizantes sem orientação médica.

4.     Inalação de vapores tóxicos:

o    Levar a vítima para ambiente ventilado.

o    Monitorar sinais de insuficiência respiratória.

5.     Ingestão de substâncias químicas:

o    Não induzir vômito, pois pode agravar as lesões internas.

o    Fornecer água para diluir o agente químico (se recomendado pelo serviço de emergência).

o    Levar a embalagem do produto ao hospital para auxiliar no tratamento.

Em qualquer exposição química, acionar o SAMU (192) imediatamente e, se disponível, consultar o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) para orientações específicas (SILVA et al., 2021).

Considerações Finais

O atendimento em afogamentos, emergências ambientais e acidentes químicos requer conhecimento técnico e rapidez na resposta. O uso correto das técnicas de resgate, o manejo adequado de emergências climáticas e a aplicação de protocolos para exposição química garantem maior segurança às vítimas e aos socorristas. O treinamento contínuo das equipes de resgate e da população geral é essencial para melhorar a resposta a essas emergências.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL.
  • Manual de Atendimento Pré-Hospitalar. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.saude.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • PEREIRA, L. et al. Atendimento a Emergências Climáticas e Acidentes Químicos. Curitiba: UniSaúde, 2021.
  • SILVA, R. et al. Urgências e Emergências Médicas: Guia Prático para Profissionais de Saúde. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.
  • AMERICAN RED CROSS. Water Safety and Lifesaving Techniques. 5. ed. Washington: Red Cross Publications, 2021.

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