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Noções Básicas de Socorrista

 NOÇÕES BÁSICAS DE SOCORRISTA

 

 

 


Introdução ao Atendimento Pré-Hospitalar (APH)

Fundamentos do Atendimento Pré-Hospitalar (APH)

  

1. Conceito e Importância do Socorrista

O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é um conjunto de procedimentos realizados no local do incidente, com o objetivo de estabilizar a vítima e garantir sua sobrevivência até a chegada ao hospital. Esse atendimento pode ser realizado por profissionais capacitados, como socorristas, bombeiros, enfermeiros e médicos, ou por leigos treinados em primeiros socorros (BRASIL, 2022).

O socorrista desempenha um papel crucial na cadeia de sobrevivência, sendo responsável por identificar sinais vitais, realizar intervenções emergenciais e garantir o transporte adequado da vítima. Sua atuação pode reduzir significativamente a morbidade e a mortalidade em situações de emergência, como paradas cardiorrespiratórias, traumas graves e acidentes automobilísticos (NASCIMENTO; SILVA, 2020).

2. Tipos de Atendimento e Primeiros Socorros

O APH é dividido em Atendimento Pré-Hospitalar Móvel e Atendimento Pré-Hospitalar Fixo.

  • APH Móvel: realizado por equipes especializadas que prestam socorro em locais públicos ou privados. Inclui ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Corpo de Bombeiros e Unidades de Resgate. Essas equipes seguem protocolos de suporte básico e avançado de vida (BRASIL, 2021).
  • APH Fixo: realizado em unidades de pronto atendimento, como Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais. Tem a função de estabilizar o paciente antes de um encaminhamento definitivo (SILVA et al., 2019).

Os primeiros socorros são as primeiras medidas aplicadas a uma vítima antes da chegada da equipe médica. Eles incluem:

1.     Avaliação da cena e segurança do socorrista

2.     Avaliação primária e checagem dos sinais vitais

3.     Reanimação cardiopulmonar (RCP) em casos de parada cardiorrespiratória

4.     Controle de hemorragias externas

5.     Imobilização de fraturas e transporte adequado (PEREIRA et al., 2022).

3. Aspectos Éticos e Legais do Atendimento Pré-Hospitalar

A prestação do APH deve seguir princípios éticos, como o respeito à dignidade da vítima, a confidencialidade e a não discriminação. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e do Corpo de Bombeiros prevê que qualquer ação deve ser baseada na beneficência e não maleficência, garantindo que a vítima

receba um atendimento adequado e seguro (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM - COFEN, 2017).

Além disso, a legislação brasileira estabelece diretrizes para a atuação de socorristas:

  • O Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940) determina que a omissão de socorro é crime, conforme o Art. 135:
    “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, ou em grave e iminente perigo; pena de detenção de um a seis meses, ou multa” (BRASIL, 1940).
  • A Lei nº 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro (CTB) exige que condutores prestem socorro às vítimas de acidentes de trânsito, sob pena de multa e cassação da habilitação (BRASIL, 1997).
  • A Lei do SAMU (Lei nº 10.201/2001) regulamenta o funcionamento do atendimento pré-hospitalar móvel no Brasil e estabelece critérios para a organização das equipes e a disponibilização do serviço (BRASIL, 2001).

Os profissionais de APH também devem seguir protocolos e normativas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM), garantindo que a assistência seja prestada de acordo com as melhores práticas clínicas e científicas (SILVA; OLIVEIRA, 2021).

Considerações Finais

O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) desempenha um papel essencial na redução de mortes e sequelas em situações de emergência. A atuação de socorristas capacitados, o respeito às normas legais e a aplicação de técnicas adequadas de primeiros socorros são fundamentais para garantir um atendimento eficaz e humanizado. Dessa forma, a educação contínua e a capacitação dos profissionais e leigos são estratégias indispensáveis para fortalecer o sistema de emergência e salvar vidas.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Código Penal Brasileiro. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • BRASIL. Lei do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU. Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001. Disponível em: https://www.planalto.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Atendimento Pré-Hospitalar. Brasília, 2022.
  • CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Resolução nº 564, de 6 de novembro de 2017. Disponível em: http://www.cofen.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • NASCIMENTO, R.; SILVA, A. Atendimento
  • Pré-Hospitalar: Conceitos e Práticas. São Paulo: Editora Saúde, 2020.
  • PEREIRA, L. et al. Noções Básicas de Atendimento de Emergência. Rio de Janeiro: MedBook, 2022.
  • SILVA, M.; OLIVEIRA, F. Aspectos Legais e Éticos no Atendimento Pré-Hospitalar. Curitiba: UniSaúde, 2021.
  • SILVA, R. et al. Urgências e Emergências Médicas: Guia Prático para Profissionais de Saúde. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.


Análise e Segurança da Cena no Atendimento Pré-Hospitalar (APH)

 

O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) exige que os socorristas garantam sua própria segurança antes de iniciar qualquer atendimento. A análise e segurança da cena é a primeira etapa do atendimento e visa evitar riscos adicionais para a vítima, o socorrista e os demais envolvidos. Para isso, são adotadas medidas como a avaliação inicial do ambiente, a observação de protocolos de segurança e o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

1. Avaliação Inicial do Ambiente

A avaliação da cena é o primeiro passo ao chegar a uma emergência. O socorrista deve identificar potenciais perigos e garantir que o local esteja seguro antes de prestar assistência. Segundo o Manual de Atendimento Pré-Hospitalar do Ministério da Saúde (BRASIL, 2022), a análise inicial deve considerar:

  • Riscos ambientais: presença de fogo, explosões, vazamento de produtos químicos, deslizamentos, etc.
  • Risco de violência: presença de agressores, armas ou comportamento hostil.
  • Trânsito: veículos em movimento, risco de atropelamento ou colisão secundária.
  • Condições climáticas: chuva intensa, ventos fortes ou baixa visibilidade podem dificultar o resgate.
  • Estabilidade da estrutura: risco de desabamento em prédios, viadutos ou locais instáveis.

Se a cena não for segura, o socorrista deve aguardar equipes especializadas, como bombeiros ou polícia, antes de agir (PEREIRA et al., 2021).

2. Protocolos de Segurança para o Socorrista

Os protocolos de segurança são diretrizes fundamentais para minimizar riscos durante o atendimento. De acordo com Pires e Lima (2020), os principais princípios incluem:

1.     Preservação da segurança do socorrista: a regra primordial é "não se tornar uma vítima". O socorrista deve analisar se pode intervir sem comprometer sua integridade.

2.     Estabelecimento de perímetro de segurança: em acidentes de trânsito, por exemplo, deve-se sinalizar a área com cones ou dispositivos luminosos para evitar novos acidentes.

3.     Chamado de

reforço especializado: quando há riscos biológicos, químicos ou estruturais, equipes especializadas devem ser acionadas antes da atuação do socorrista.

4.     Protocolo de abordagem segura: ao atender vítimas de violência ou em áreas de risco, a aproximação deve ser cautelosa, e o suporte policial pode ser necessário (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2019).

5.     Movimentação e transporte seguro da vítima: evitar manipulação inadequada para não agravar lesões. O uso de colares cervicais, macas e técnicas apropriadas de transporte é essencial para garantir a segurança tanto do paciente quanto do socorrista (SILVA et al., 2020).

Os protocolos devem ser seguidos rigorosamente para garantir que o atendimento ocorra sem comprometer a integridade dos envolvidos.

3. Uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são fundamentais para evitar contaminações e lesões no socorrista. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2022), o uso correto dos EPIs reduz significativamente os riscos de infecção por agentes biológicos e exposição a produtos tóxicos.

Os principais EPIs utilizados no atendimento pré-hospitalar incluem:

  • Luvas descartáveis: protegem contra contaminação sanguínea e secreções corporais.
  • Máscara facial (PFF2/N95): reduz o risco de inalação de partículas infecciosas, especialmente em casos de doenças transmissíveis pelo ar.
  • Óculos de proteção ou viseira: protege contra respingos de fluidos biológicos.
  • Avental impermeável ou macacão descartável: evita contato direto com sangue e secreções.
  • Capacete e botas de segurança: utilizados em acidentes automobilísticos, desmoronamentos e locais com riscos de impacto.
  • Protetor auricular: importante em ambientes com ruídos intensos, como resgates em rodovias ou áreas industriais (FERREIRA et al., 2021).

O uso adequado desses equipamentos é obrigatório conforme a Norma Regulamentadora NR-32, que trata da proteção dos trabalhadores da saúde contra riscos biológicos (BRASIL, 2005).

Considerações Finais

A análise e segurança da cena é uma etapa essencial do Atendimento Pré-Hospitalar, garantindo que o socorrista atue de forma eficaz e segura. A avaliação do ambiente, o cumprimento de protocolos de segurança e o uso correto de EPIs são medidas indispensáveis para reduzir riscos e garantir um atendimento adequado à vítima. A capacitação contínua dos profissionais e voluntários é essencial para aprimorar a

resposta em situações de emergência.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Manual de Atendimento Pré-Hospitalar. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.saude.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • BRASIL. Norma Regulamentadora NR-32. Ministério do Trabalho, 2005. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • FERREIRA, C.; SILVA, J.; ALMEIDA, P. Uso de EPIs no Atendimento de Emergência. Rio de Janeiro: MedBook, 2021.
  • NASCIMENTO, R.; OLIVEIRA, M. Protocolos de Segurança para Atendimento Pré-Hospitalar. São Paulo: Editora Saúde, 2019.
  • PEREIRA, L. et al. Segurança do Socorrista: Práticas e Desafios. Curitiba: UniSaúde, 2021.
  • PIRES, A.; LIMA, F. Primeiros Socorros: Manual Técnico para Atendimento em Emergências. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.
  • SILVA, R. et al. Urgências e Emergências Médicas: Guia Prático para Profissionais de Saúde. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.


Avaliação Primária e Secundária da Vítima no Atendimento Pré-Hospitalar (APH)

 

A avaliação primária e secundária da vítima é um procedimento essencial no Atendimento Pré-Hospitalar (APH), permitindo identificar rapidamente condições que ameaçam a vida e realizar as intervenções necessárias. Esse processo segue protocolos estabelecidos por entidades como o Suporte Básico de Vida (SBV) e o Advanced Trauma Life Support (ATLS), garantindo uma abordagem eficiente e padronizada (BRASIL, 2022).

1. Identificação de Sinais Vitais

Os sinais vitais são indicadores do estado clínico da vítima e devem ser avaliados logo no início do atendimento. Os principais parâmetros incluem:

  • Frequência Cardíaca (FC): normal entre 60-100 bpm em adultos; alterações podem indicar choque, desidratação ou arritmias.
  • Frequência Respiratória (FR): normal entre 12-20 rpm; valores fora dessa faixa podem sugerir insuficiência respiratória ou parada cardiorrespiratória.
  • Pressão Arterial (PA): níveis abaixo de 90x60 mmHg indicam choque circulatório, enquanto valores acima de 140x90 mmHg podem sugerir hipertensão grave.
  • Saturação de Oxigênio (SpO₂): ideal acima de 95%; níveis reduzidos indicam hipóxia.
  • Nível de Consciência (Escala de Coma de Glasgow - ECG): avalia a resposta ocular, verbal e motora, classificando a gravidade do estado neurológico (PEREIRA et al., 2021).

A rápida identificação dessas alterações permite definir a prioridade no atendimento e

rápida identificação dessas alterações permite definir a prioridade no atendimento e a necessidade de intervenções emergenciais.

2. Técnicas de Abordagem Inicial

A abordagem inicial deve seguir o protocolo ABCDE, amplamente utilizado para garantir a estabilização da vítima (SILVA et al., 2020):

  • A - Vias Aéreas (Airway): verificar obstruções, aplicar a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo ou, se necessário, utilizar dispositivos de via aérea.
  • B - Respiração (Breathing): avaliar expansibilidade torácica, padrão respiratório e necessidade de suporte ventilatório.
  • C - Circulação (Circulation): identificar sinais de choque, controlar hemorragias e garantir acesso venoso, se possível.
  • D - Déficit Neurológico (Disability): utilizar a Escala de Coma de Glasgow para avaliar a consciência.
  • E - Exposição e Controle do Ambiente (Exposure/Environment): remover roupas para avaliação de lesões, prevenindo hipotermia.

Essas etapas garantem que condições potencialmente fatais sejam rapidamente identificadas e tratadas.

3. Exame Físico Sistemático

Após a estabilização inicial, é realizada a avaliação secundária, um exame mais detalhado da vítima para identificar lesões ocultas. Esse exame é conduzido de maneira sistemática, da cabeça aos pés (head-to-toe approach) (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2019):

1.     Cabeça e Pescoço: verificar deformidades, hematomas, fraturas e sinais de trauma craniano.

2.     Tórax: avaliar movimentos respiratórios, presença de fraturas costais e sinais de pneumotórax.

3.     Abdômen: verificar dor à palpação, rigidez ou distensão abdominal.

4.     Pelve e Genitália: avaliar estabilidade óssea e possíveis sangramentos.

5.     Membros Superiores e Inferiores: checar mobilidade, presença de fraturas ou lesões vasculares.

6.     Dorsal e Região Lombar: inspecionar sinais de trauma na coluna e necessidade de imobilização (SILVA et al., 2021).

O exame físico detalhado permite detectar lesões não aparentes e definir a melhor abordagem para o transporte da vítima.

Considerações Finais

A avaliação primária e secundária da vítima é um dos pilares do Atendimento Pré-Hospitalar, permitindo intervenções rápidas e eficazes. A identificação precoce de alterações nos sinais vitais, o uso correto do protocolo ABCDE e um exame físico detalhado são essenciais para reduzir complicações e garantir a segurança do paciente até sua chegada ao hospital.

Referências

Bibliográficas

  • BRASIL. Manual de Atendimento Pré-Hospitalar. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.saude.gov.br. Acesso em: 06 mar. 2025.
  • NASCIMENTO, R.; OLIVEIRA, M. Protocolos de Atendimento em Emergências Médicas. São Paulo: Editora Saúde, 2019.
  • PEREIRA, L. et al. Avaliação de Pacientes em Situações de Urgência e Emergência. Curitiba: UniSaúde, 2021.
  • SILVA, R. et al. Urgências e Emergências Médicas: Guia Prático para Profissionais de Saúde. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.
  • SILVA, M.; ALMEIDA, F.; LIMA, R. Aspectos Clínicos da Avaliação Secundária no APH. Rio de Janeiro: MedBook, 2021.

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