Monitoramento,
Reações Adversas e Protocolos de Urgência
Monitoramento de Pacientes
Pós-Administração de Medicamentos
O monitoramento do paciente após a administração de medicamentos é um processo essencial para garantir a segurança, eficácia do tratamento e prevenção de reações adversas. Os profissionais de saúde devem avaliar sinais e sintomas, identificar possíveis eventos adversos e seguir protocolos padronizados para um acompanhamento adequado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que o monitoramento eficaz reduz significativamente erros de medicação e melhora a qualidade da assistência ao paciente (WHO, 2019).
1.
Sinais e Sintomas de Reações Adversas
As
reações adversas a medicamentos (RAMs) são eventos indesejáveis que
ocorrem após a administração de um fármaco, podendo variar de leves a graves.
1.1
Classificação das Reações Adversas
1.2
Principais Reações por Tipo de Medicamento
|
Classe Medicamentosa |
Possíveis Reações Adversas |
|
Antibióticos (penicilinas, sulfonamidas) |
Reações alérgicas, diarreia, erupção cutânea. |
|
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) |
Úlceras gástricas, insuficiência renal,
sangramentos. |
|
Opioides (morfina, fentanil, tramadol) |
Depressão respiratória, sedação, constipação. |
|
Anti-hipertensivos (IECAs, betabloqueadores) |
Hipotensão, tontura, edema angio neurótico. |
|
Insulina e hipoglicemiantes orais |
Hipoglicemia, taquicardia, sudorese excessiva. |
Os profissionais de saúde devem estar atentos a reações anafiláticas, que podem se manifestar rapidamente com edema de glote, dispneia, urticária generalizada e choque. Nesses casos, a administração imediata de adrenalina intramuscular e suporte avançado são essenciais (KATZUNG, 2022).
2.
Avaliação da Eficácia e Segurança do Medicamento
Além
da identificação de reações adversas, é fundamental avaliar se o medicamento
administrado está cumprindo sua função terapêutica sem comprometer a segurança
do paciente.
2.1
Critérios de Avaliação
A
eficácia e segurança do medicamento podem ser monitoradas com base nos
seguintes critérios:
2.2
Fatores que Influenciam a Resposta ao Medicamento
A
resposta ao medicamento pode ser alterada por diversos fatores, incluindo:
Um exemplo clássico é a varfarina, um anticoagulante cujo efeito pode ser alterado por interações alimentares (exemplo: ingestão excessiva de vitamina K) e medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios (BRUNTON et al., 2021).
3.
Protocolos de Acompanhamento do Paciente
Os
protocolos de acompanhamento garantem que o paciente seja monitorado
adequadamente após a administração do medicamento, reduzindo o risco de reações
adversas e otimizando o tratamento.
3.1
Etapas do Monitoramento Pós-Administração
1. Observação
Imediata (Primeiros 30 minutos):
o Monitoramento
de sinais vitais para detectar reações agudas.
o Avaliação
de possíveis reações alérgicas, como edema, erupção cutânea ou choque
anafilático.
o Observação
de sinais de efeitos colaterais comuns (exemplo: tontura, sonolência, náusea).
2. Monitoramento
de Curto Prazo (Primeiras 6 horas):
o Avaliação
da eficácia terapêutica inicial (redução da febre, alívio da dor,
melhora na dispneia).
o Observação
de efeitos colaterais tardios (exemplo: sedação excessiva com opioides).
3. Monitoramento
de Longo Prazo (Até 48 horas ou mais):
o Exames
laboratoriais conforme necessário (função hepática, renal, níveis de fármaco no
sangue).
o Ajuste
da dose se necessário, com base na resposta do paciente.
3.2
Ferramentas para Registro e Notificação
A farmacovigilância é essencial para detectar padrões de eventos adversos e melhorar a segurança do uso de medicamentos. No Brasil, a ANVISA mantém o Sistema Nacional de Notificação de Eventos Adversos (NOTIVISA) para relatar casos de reações medicamentosas graves (ANVISA, 2022).
Conclusão
O monitoramento do paciente após a administração de medicamentos é um passo essencial para garantir a segurança e eficácia do tratamento. A identificação precoce de reações adversas, a avaliação clínica da eficácia do medicamento e o uso de protocolos padronizados reduzem significativamente o risco de complicações. Além disso, o registro adequado das informações e a farmacovigilância são fundamentais para aprimorar a qualidade da assistência ao paciente.
Referências
Bibliográficas
ANVISA
– Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Sistema de Notificação de
Eventos Adversos - NOTIVISA. Brasília, 2022. Disponível em:
https://www.gov.br/anvisa.
BRUNTON,
L. L.; KNOLLMANN, B. C.; HILAL-DANDAN, R. Goodman & Gilman’s: As Bases
Farmacológicas da Terapêutica. 14ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2021.
KATZUNG,
B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 15ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.
WORLD
HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication Safety in High-Alert Medications.
Genebra, 2019. Disponível em: https://www.who.int.
Reações Adversas e Anafilaxia: O Que
Fazer?
A administração de medicamentos pode resultar em reações adversas, que variam de efeitos leves a eventos graves, como a anafilaxia. O reconhecimento precoce dessas reações e a aplicação rápida dos protocolos de emergência são fundamentais para garantir a segurança do paciente. Profissionais de saúde devem estar preparados para identificar sinais clínicos, seguir protocolos padronizados e utilizar medicamentos adequados, como a adrenalina, para o manejo imediato da anafilaxia (WHO, 2019).
1.
Identificação de Reações Adversas Leves e Graves
As reações adversas a medicamentos (RAMs) são eventos indesejáveis que ocorrem após a administração de um fármaco, podendo ser previsíveis (relacionadas ao mecanismo de ação do medicamento) ou idiossincráticas (imprevisíveis e dependentes da resposta
individual do paciente) (BRUNTON et
al., 2021).
1.1
Reações Adversas Leves
Conduta:
1.2
Reações Adversas Moderadas a Graves
Conduta:
2.
Protocolo de Atendimento em Caso de Anafilaxia
A
anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave e potencialmente fatal.
Pode ocorrer minutos após a exposição a um alérgeno, levando a hipotensão,
broncoespasmo e choque (KATZUNG, 2022).
2.1
Sinais Clínicos da Anafilaxia
2.2
Passos do Atendimento Emergencial
1. Identificação
Rápida da Anafilaxia
o Diagnóstico
baseado em sinais clínicos.
o Verificar
via aérea, respiração e circulação (ABC da emergência).
2. Administração
Imediata de Adrenalina (Epinefrina)
o Dose
recomendada: 0,3-0,5 mg de adrenalina IM
(1:1000) a cada 5-15 minutos, conforme necessidade.
o Local
de aplicação: Região anterolateral da coxa.
o Se
necessário, pode-se repetir a dose em intervalos regulares.
3. Apoio
à Ventilação e Oxigenoterapia
o Administrar
oxigênio suplementar (8-10 L/min).
o Se houver comprometimento respiratório severo, considerar intubação endotraqueal.
4. Expansão
Volêmica com Cristaloides
o Administração
de soro fisiológico (NaCl 0,9%) ou ringer lactato para reverter choque
hipovolêmico.
5. Uso
de Outros Medicamentos de Suporte
o
Anti-histamínicos
(H1 e H2):
§ Difenidramina
25-50 mg IM ou IV.
§ Ranitidina
50 mg IV.
o Corticosteroides:
§ Hidrocortisona
200 mg IV ou Metilprednisolona 1-2 mg/kg IV para evitar
reações tardias.
o Broncodilatadores
(se necessário):
§ Salbutamol
(2,5 mg por nebulização) para aliviar broncoespasmo.
6. Monitoramento
Contínuo e Encaminhamento
o Manter
monitorização cardíaca e oxigenação por pelo menos 6 horas após a crise.
o Encaminhar
para unidade de terapia intensiva (UTI) se houver instabilidade hemodinâmica.
o Prescrever auto injetores de adrenalina para pacientes com histórico de anafilaxia grave.
3.
Uso de Adrenalina e Outros Medicamentos de Emergência
A
adrenalina é o tratamento primário da anafilaxia e deve ser administrada
sem atrasos.
3.1
Mecanismo de Ação da Adrenalina
3.2
Administração da Adrenalina
3.3
Outras Medidas Terapêuticas
|
Medicamento |
Indicação |
Dose Recomendada |
|
Difenidramina (H1-antagonista) |
Reações cutâneas |
25-50 mg IM/IV |
|
Ranitidina (H2-antagonista) |
Redução da produção de histamina |
50 mg IV |
|
Hidrocortisona |
Prevenção de reações tardias |
200 mg IV |
|
Salbutamol |
Broncoespasmo |
2,5 mg nebulizado |
Os corticosteroides não substituem a adrenalina, mas são úteis na prevenção da recidiva dos sintomas (BRUNTON et al., 2021).
Conclusão
O reconhecimento rápido das reações adversas e o manejo correto da anafilaxia são fundamentais para garantir a segurança do paciente. O protocolo de emergência deve ser seguido rigorosamente, com administração imediata de adrenalina, suporte ventilatório e reposição volêmica. O monitoramento contínuo e a notificação de eventos adversos são essenciais para aprimorar a segurança no uso de medicamentos.
Referências
Bibliográficas
BRUNTON,
L. L.; KNOLLMANN, B. C.; HILAL-DANDAN, R. Goodman & Gilman’s: As Bases
Farmacológicas da Terapêutica. 14ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2021.
KATZUNG,
B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 15ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.
WORLD
HEALTH ORGANIZATION (WHO). Medication Safety in High-Alert Medications.
Genebra, 2019. Disponível em: https://www.who.int.
Protocolos de Urgência e Emergência em
Administração de Medicamentos
A administração de medicamentos em situações de urgência e emergência exige rapidez, precisão e conhecimento técnico para garantir a eficácia do tratamento e a segurança do paciente. Profissionais de enfermagem desempenham um papel essencial nesse processo, sendo responsáveis pela administração correta dos fármacos, monitoramento dos efeitos e suporte básico de vida (SBV). Além disso, o uso de kits de emergência bem organizados e acessíveis é fundamental para otimizar a resposta em eventos críticos, como parada cardiorrespiratória, anafilaxia e sepse (WHO, 2019).
1.
Medicações Utilizadas em Situações de Emergência
Em
situações críticas, a administração de medicamentos deve ser feita de forma rápida
e segura, de acordo com protocolos padronizados.
1.1
Principais Medicamentos de Urgência e Emergência
|
Fármaco |
Indicação |
Via de Administração |
Dose Recomendada |
|
Adrenalina (Epinefrina) |
Parada cardiorrespiratória, anafilaxia, choque
séptico |
IV, IM |
1 mg IV a cada 3-5 min (PCR) / 0,3-0,5 mg IM
(Anafilaxia) |
|
Atropina |
Bradicardia sintomática |
IV |
0,5 mg a cada 3-5 min (máx. 3 mg) |
|
Amiodarona |
Arritmias ventriculares |
IV |
300 mg em bolo (PCR) |
|
Lidocaína |
Taquiarritmias ventriculares |
IV |
1-1,5 mg/kg |
|
Dopamina |
Choque e insuficiência cardíaca |
IV contínua |
2-20 mcg/kg/min |
|
Dobutamina |
Insuficiência cardíaca descompensada |
IV contínua |
2-20 mcg/kg/min |
|
Furosemida |
Edema agudo de pulmão |
IV |
20-40 mg |
|
Nitroglicerina |
Síndrome coronariana aguda, hipertensão grave |
Sublingual/IV |
0,3-0,6 mg SL / 5 mcg/min IV |
|
Diazepam/Midazolam |
Crises convulsivas e sedação |
IV, IM |
Diazepam 5-10 mg IV / Midazolam 0,1 mg/kg IV |
|
Naloxona |
Intoxicação por opioides |
IV, IM, SC |
0,4-2 mg IV (máx. 10 mg) |
|
Glicose 50% |
Hipoglicemia grave |
IV |
20-50 mL de SG 50% |
1.2
Considerações Especiais
2.
Papel da Enfermagem na Administração Rápida e Segura
Os
profissionais de enfermagem desempenham uma função essencial na
administração de medicamentos em emergências, garantindo que os fármacos sejam
aplicados corretamente e dentro do tempo necessário.
2.1
Responsabilidades do Enfermeiro na Emergência
✅ Avaliação rápida do
paciente usando escalas como o ABCDE da emergência (Airway,
Breathing, Circulation, Disability, Exposure).
✅ Administração de
medicamentos conforme prescrição médica e protocolos institucionais.
✅ Monitoramento
contínuo dos sinais vitais antes, durante e após a administração
medicamentosa.
✅ Registro correto
dos fármacos administrados, doses e respostas do paciente.
✅ Prevenção de erros
seguindo os 9 Certos da Administração de Medicamentos (paciente,
medicamento, dose, via, horário, registro, abordagem, resposta e razão
correta).
2.2
Cuidados na Administração de Medicamentos em Emergência
3.
Uso de Kits de Emergência e Suporte Básico de Vida
3.1
Kits de Emergência: Organização e Conteúdo
Os
kits de emergência devem ser mantidos organizados e revisados
regularmente, garantindo que medicamentos e materiais estejam dentro do prazo
de validade e em quantidade adequada.
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