Introdução
à Punção Hipodermóclise
Conceito
e Indicações da Hipodermóclise
Definição
de Punção Hipodermóclise
A
punção hipodermóclise, também conhecida como infusão subcutânea, é uma técnica
médica utilizada para a administração de fluidos, medicamentos ou nutrientes
diretamente no tecido subcutâneo, ou seja, na camada de gordura situada logo
abaixo da pele. Diferente da via intravenosa, onde os fluidos são administrados
diretamente na corrente sanguínea, a hipodermóclise permite que esses fluidos
sejam absorvidos gradualmente pelos capilares presentes no tecido subcutâneo,
distribuindo-se pelo corpo de forma mais lenta e constante.
Indicações
Comuns para o Uso dessa Técnica
A
hipodermóclise é indicada em diversas situações clínicas, principalmente em
pacientes que necessitam de administração contínua ou intermitente de fluidos e
medicamentos, mas que não possuem fácil acesso venoso ou apresentam
contraindicações para a infusão intravenosa. As indicações mais comuns incluem:
1. Hidratação
de pacientes idosos: A hipodermóclise é frequentemente
utilizada em pacientes geriátricos, especialmente aqueles com dificuldade de
acesso venoso ou que necessitam de hidratação contínua, como em casos de
desidratação leve a moderada.
2. Administração
de medicamentos paliativos: Em cuidados paliativos, a
hipodermóclise é uma opção eficaz para a administração de medicamentos para
alívio da dor, náuseas, sedação e outros sintomas, proporcionando conforto ao
paciente terminal.
3. Tratamento
de desidratação: Em casos de desidratação, especialmente
quando a via oral é inviável e o acesso venoso é difícil, a hipodermóclise pode
ser uma alternativa para restaurar o equilíbrio hídrico.
4. Controle
de sintomas em pacientes crônicos: Pacientes com doenças
crônicas, como insuficiência cardíaca ou renal, que requerem administração
frequente de medicamentos, podem se beneficiar da hipodermóclise para manter a
terapia sem a necessidade de múltiplas punções venosas.
Vantagens
e Desvantagens da Hipodermóclise em Relação a Outros Métodos de Administração
de Fluidos
A
hipodermóclise oferece uma série de vantagens que a tornam uma alternativa
valiosa para a administração de fluidos e medicamentos, mas também apresenta
algumas desvantagens que devem ser consideradas na escolha do método.
Vantagens:
Desvantagens:
A
escolha da hipodermóclise como método de administração deve considerar as
necessidades específicas do paciente, a viabilidade técnica e os objetivos do
tratamento, sempre ponderando as vantagens e limitações dessa abordagem em
relação a outras opções disponíveis.
Anatomia e Fisiologia Relacionadas à Hipodermóclise
Revisão
dos Tecidos Subcutâneos e sua Função no Corpo
O
tecido subcutâneo, também conhecido como hipoderme, é a camada mais profunda da
pele, situada logo abaixo da derme. Ele é composto principalmente por células
adiposas (adipócitos), fibras de colágeno e elastina, além de uma rede de vasos
sanguíneos e nervos. O tecido subcutâneo desempenha várias funções importantes
no corpo humano:
1. Isolamento
térmico: O tecido subcutâneo atua como um isolante térmico,
ajudando a manter a temperatura corporal constante ao reter o calor gerado pelo
corpo.
2. Reserva energética: Os adipócitos presentes no tecido subcutâneo armazenam lipídios, que servem como uma fonte de
energia para o organismo
durante períodos de necessidade.
3. Proteção
contra traumas: A camada adiposa do tecido subcutâneo
funciona como um amortecedor, protegendo órgãos e estruturas internas contra
impactos e lesões.
4. Conexão
entre a pele e estruturas subjacentes: O tecido subcutâneo
conecta a pele às estruturas subjacentes, como músculos e ossos, permitindo a
mobilidade da pele sobre essas estruturas.
Fisiologia
da Absorção de Fluidos através da Hipodermóclise
Na
hipodermóclise, os fluidos são administrados diretamente no tecido subcutâneo,
onde são absorvidos de forma gradual pelos capilares sanguíneos presentes nessa
camada. A absorção dos fluidos depende de vários fatores, incluindo a
quantidade de fluido infundido, a composição do fluido, a vascularização do
local de infusão e as características fisiológicas do paciente.
O
processo de absorção ocorre da seguinte maneira:
1. Difusão
através do tecido subcutâneo: Após a infusão, os
fluidos se dispersam pelo tecido subcutâneo. A presença de uma rede capilar
densa facilita a absorção do fluido pelas paredes dos capilares.
2. Transporte
para a circulação sistêmica: Uma vez absorvidos pelos capilares,
os fluidos entram na circulação sanguínea e são distribuídos pelo corpo,
exercendo seus efeitos terapêuticos de maneira gradual e sustentada.
3. Equilíbrio
osmótico: A osmolaridade dos fluidos infundidos é um fator
crucial. Fluídos isotônicos são mais facilmente absorvidos, enquanto fluidos
hipertônicos ou hipotônicos podem causar irritação ou edema no tecido
subcutâneo.
4. Ação
das forças fisiológicas: As forças de pressão hidrostática e
osmótica desempenham papéis essenciais no movimento dos fluidos entre os
capilares e o tecido subcutâneo, garantindo que o fluido se mova de áreas de
maior pressão para áreas de menor pressão.
Estruturas
Anatômicas Relevantes para a Aplicação da Técnica
Para
realizar a hipodermóclise com eficácia e segurança, é essencial compreender as
estruturas anatômicas associadas ao tecido subcutâneo e à pele. As seguintes
estruturas são particularmente relevantes:
1. Pele:
Composta pela epiderme e derme, a pele é a barreira que deve ser atravessada
para atingir o tecido subcutâneo. A epiderme é a camada externa, enquanto a
derme, mais interna, é rica em fibras de colágeno e elastina, além de vasos
sanguíneos e nervos.
2. Tecido Subcutâneo (Hipoderme): Como já mencionado, o tecido subcutâneo é composto principalmente por gordura, mas
também contém vasos
sanguíneos menores (capilares), que são responsáveis pela absorção dos fluidos
administrados por hipodermóclise.
3. Capilares
Subcutâneos: Esses pequenos vasos sanguíneos são os
principais responsáveis pela absorção dos fluidos administrados. A densidade
dos capilares pode variar dependendo da área do corpo, o que influencia a
eficácia da absorção.
4. Nervos
Cutâneos: Os nervos que atravessam o tecido subcutâneo são
responsáveis pela sensibilidade da pele. A localização precisa da punção pode
ajudar a evitar áreas com maior densidade nervosa, minimizando o desconforto do
paciente.
5. Áreas
de Infusão Preferenciais: Algumas áreas do corpo, como a
região abdominal, a parte superior dos braços e as coxas, são preferidas para a
hipodermóclise devido à maior quantidade de tecido subcutâneo e menor densidade
de grandes vasos sanguíneos e nervos.
Ao
entender a anatomia e a fisiologia relacionadas à hipodermóclise, os
profissionais de saúde podem otimizar a aplicação da técnica, garantindo que os
fluidos sejam administrados de maneira eficaz e segura, enquanto minimizam o
risco de complicações.
Descrição dos Materiais Necessários para Realizar a
Hipodermóclise
A
realização da hipodermóclise requer uma série de materiais específicos que
garantem a segurança e a eficácia do procedimento. Esses materiais incluem
itens descartáveis e soluções que devem ser escolhidos de acordo com as
necessidades do paciente e as características do procedimento. Os principais
materiais necessários são:
1. Água
e Sabão / Solução Antisséptica: Utilizados para
higienização das mãos e limpeza do local da punção, prevenindo infecções.
2. Luvas
Estéreis: Indispensáveis para garantir a assepsia durante a
manipulação dos materiais e durante o procedimento.
3. Álcool
70%:
Utilizado para desinfetar a área da pele onde será realizada a punção.
4. Agulhas
e Cânulas: São os dispositivos utilizados para introduzir os
fluidos no tecido subcutâneo. A escolha da agulha ou cânula correta é
fundamental para o sucesso do procedimento.
5. Tubo
Conector ou Extensor: Conecta a seringa ou o frasco de infusão
à agulha ou cânula, permitindo o controle do fluxo de fluido.
6. Seringa
ou Equipamento de Infusão: Utilizado para administrar a
solução subcutaneamente. Pode ser uma seringa convencional para infusão manual
ou um sistema de infusão contínua para volumes maiores.
7. Adesivos ou Curativos Transparentes: Utilizados para fixar a
agulha ou
cânula no local da punção, protegendo o ponto de inserção e mantendo a
esterilidade.
8. Frascos
de Solução ou Bolsas de Infusão: Contêm as soluções que
serão administradas por via subcutânea.
Tipos
de Agulhas e Cânulas Recomendadas
A
escolha das agulhas e cânulas é crucial para garantir uma infusão confortável e
eficaz. As principais características a serem consideradas na escolha incluem o
calibre (diâmetro) e o comprimento, que devem ser apropriados para a quantidade
de tecido subcutâneo disponível no local da punção e o volume de fluido a ser
infundido.
1. Agulhas:
As agulhas utilizadas na hipodermóclise geralmente possuem calibre fino,
variando de 25G a 27G, e comprimento entre 10 a 13 mm. Agulhas mais finas
causam menos desconforto ao paciente, mas permitem infusões de volumes menores.
São recomendadas para infusões intermitentes ou volumes baixos.
2. Cânulas:
As cânulas subcutâneas são alternativas às agulhas e são frequentemente
preferidas devido ao menor risco de lesão tecidual e maior conforto para o
paciente. As cânulas utilizadas na hipodermóclise têm calibre que varia entre
24G e 26G e comprimento entre 12 a 15 mm. São ideais para infusões contínuas ou
para administrar volumes maiores de fluidos.
3. Critérios
de Escolha: A escolha entre agulhas e cânulas depende do tempo
de infusão, o volume de fluido a ser administrado e a condição clínica do
paciente. Cânulas são mais indicadas para infusões prolongadas e pacientes com
pele sensível, enquanto agulhas podem ser usadas para infusões mais curtas e
simples.
Soluções
Utilizadas e Suas Propriedades
A
hipodermóclise permite a administração de diferentes tipos de soluções,
dependendo das necessidades do paciente. As soluções mais comumente utilizadas
incluem:
1. Solução
Fisiológica 0,9%: É uma solução isotônica que se assemelha
à composição dos fluidos corporais, sendo amplamente utilizada para hidratação
e como veículo para medicamentos. Por ser isotônica, é bem tolerada pelo tecido
subcutâneo, minimizando o risco de irritação.
2. Solução
Glicosada 5%: Outra solução isotônica, a solução
glicosada é utilizada tanto para hidratação quanto para fornecer uma fonte de
energia. Pode ser administrada sozinha ou em combinação com outras soluções.
3. Ringer Lactato: É uma solução isotônica que contém eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio e lactato. É frequentemente utilizada em casos de desidratação onde há necessidade de reposição de eletrólitos, além de
promover
a hidratação. É bem tolerada no tecido subcutâneo e frequentemente utilizada em
pacientes cirúrgicos ou em tratamentos prolongados.
4. Soluções
Combinadas: Em alguns casos, pode ser necessária a combinação de
diferentes soluções para atender às necessidades específicas do paciente, como
em casos de desidratação severa ou necessidade de suporte nutricional.
Propriedades
das Soluções:
Ao selecionar os materiais e soluções para a hipodermóclise, é fundamental considerar tanto as necessidades terapêuticas do paciente quanto as características específicas do tecido subcutâneo. A escolha adequada dos equipamentos e soluções contribui para a eficácia do tratamento e o conforto do paciente, reduzindo o risco de complicações e garantindo uma infusão segura e eficiente.
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