PRINCÍPIOS DA LEITURA E INTERPRETAÇÃO
DE DESENHO TÉCNICO MECÂNICO
Projeções e Perspectivas no Desenho Técnico
Projeção Ortogonal
Tipos
de Linhas e Suas Aplicações
No desenho técnico, as linhas são utilizadas para
representar formas, contornos, limites e características de uma peça ou
sistema. Cada tipo de linha possui uma função específica e deve seguir normas e
convenções que garantem a correta interpretação por qualquer pessoa que utilize
o desenho. A seguir estão os principais tipos de linhas usadas no desenho
técnico e suas respectivas aplicações:
1. Linhas Contínuas Fortes:
o
Aplicação: São utilizadas para representar arestas visíveis e
contornos de peças. Essas linhas indicam as partes que estão em primeiro plano
e visíveis no desenho, ou seja, são as linhas principais que delimitam a peça
ou componente.
o
Exemplo: O contorno externo de um eixo cilíndrico.
2. Linhas Contínuas Finas:
o
Aplicação: Usadas para cotagem, linhas de chamada e
representação de elementos auxiliares, como linhas de extensão e referências.
o Exemplo: As linhas que conectam os números de cota aos pontos de medida.
3. Linhas Tracejadas:
o
Aplicação: Indicam arestas ou contornos que estão ocultos, ou
seja, não são visíveis na vista em que o desenho está sendo representado. São
muito importantes para mostrar detalhes internos ou por trás de uma peça.
o
Exemplo: Um furo ou cavidade que não pode ser visto
diretamente na vista.
4. Linhas de Centro (Tracejado e Ponto):
o
Aplicação: Usadas para indicar eixos de simetria ou centros
de objetos circulares. São representadas por traços longos e curtos alternados,
e são essenciais para mostrar o alinhamento de peças ou a localização de
centros de furos.
o
Exemplo: A linha que passa pelo centro de um cilindro ou
furo.
5. Linhas de Corte (Tracejado e Ponto
Combinado com Setas):
o
Aplicação: Utilizadas para indicar a localização onde um
corte foi realizado para se obter uma seção interna de uma peça. As setas nas
extremidades indicam a direção da visualização.
o
Exemplo: Linha de corte atravessando uma peça para mostrar
uma seção transversal.
6. Linhas de Interrupção:
o
Aplicação: São usadas para representar que uma parte do
desenho foi interrompida, com o objetivo de reduzir o tamanho do desenho e
evitar a representação completa de peças muito longas ou repetitivas.
o
Exemplo: A representação de um eixo muito longo, onde
apenas uma parte é mostrada.
Esses diferentes tipos de linhas são regidos por
normas técnicas, como as normas da ABNT (NBR 8403) e ISO, que garantem que o
desenho técnico seja interpretado corretamente por profissionais de qualquer
parte do mundo.
Simbologias
Padrão Utilizadas em Desenhos Mecânicos
Além das linhas, os desenhos técnicos utilizam uma
vasta gama de simbologias padronizadas para representar características
específicas, como materiais, acabamentos superficiais, tipos de solda e
tolerâncias. Esses símbolos são essenciais para fornecer informações detalhadas
sobre o projeto sem a necessidade de texto explicativo adicional. A seguir,
alguns dos principais símbolos usados em desenhos técnicos mecânicos:
1. Símbolos de Acabamento Superficial:
o
Aplicação: Representam o tipo de acabamento que a superfície
da peça deve ter. Isso inclui indicações de processos como lixamento,
polimento, fresamento, entre outros. Os símbolos podem incluir também a
rugosidade permitida da superfície.
o
Exemplo: Um triângulo com base na linha indica que a
superfície deve ser usinada.
2. Símbolos de Soldagem:
o
Aplicação: Usados para indicar tipos de solda, posições e
características da junta. Esses símbolos fornecem informações detalhadas sobre
como as peças devem ser unidas por processos de soldagem.
o Exemplo: Um símbolo em forma de seta aponta para o local da solda, e o tipo de solda é indicado por uma forma geométrica anexada à linha de referência.
3. Símbolos de Tolerância Geométrica:
o
Aplicação: Indicados para definir as tolerâncias de forma,
posição e orientação de peças e elementos mecânicos. Esses símbolos garantem
que as peças se ajustem corretamente durante a montagem, mesmo que haja
pequenas variações dimensionais.
o
Exemplo: O símbolo de circularidade é um círculo, e o
símbolo de paralelismo são duas linhas paralelas.
4. Símbolos de Diâmetro:
o
Aplicação: Usados para indicar dimensões de elementos
circulares, como furos, eixos ou qualquer parte que tenha uma seção transversal
circular.
o
Exemplo: Um círculo com uma linha inclinada no meio,
seguido pela medida do diâmetro.
5. Símbolos de Roscas e Filetes:
o
Aplicação: Representam roscas em furos ou eixos, e o tipo de
rosca (métrica, polegada, etc.) é indicado junto ao símbolo. Eles especificam
características como passo, diâmetro e direção da rosca.
o
Exemplo: Um símbolo de rosca é frequentemente acompanhado
por notas que indicam o passo da rosca e seu diâmetro nominal.
6. Símbolos de Corte e Seção:
o
Aplicação: Usados para indicar que uma peça foi
"cortada" para revelar detalhes internos. Esses símbolos são
essenciais para a compreensão de características internas que não seriam
visíveis de outra forma.
o
Exemplo: Linhas tracejadas com setas que indicam a
localização do corte e a vista resultante da seção.
Esses símbolos são padronizados por normas
internacionais, como a ISO e ASME, para garantir a comunicação clara e precisa
entre todos os profissionais envolvidos na fabricação, montagem e inspeção de
peças mecânicas. O uso correto das simbologias facilita a interpretação de
informações complexas e reduz as chances de erro durante o processo de
produção.
Perspectiva Isométrica e Cavaleira
Diferenças
entre as Perspectivas Isométrica e Cavaleira
As perspectivas isométrica e cavaleira são métodos
utilizados no desenho técnico para representar objetos tridimensionais em
superfícies bidimensionais, como papel ou tela. Embora ambas as técnicas tenham
o objetivo de mostrar objetos em 3D, elas possuem características distintas em
termos de construção e aplicação.
Perspectiva
Isométrica:
Perspectiva
Cavaleira:
Aplicações
Práticas e Como Interpretar Objetos em 3D
Perspectiva
Isométrica:
Perspectiva
Cavaleira:
Exercícios
de Visualização e Traçado
Para dominar a interpretação de objetos em 3D nas perspectivas isométrica e
cavaleira, alguns exercícios práticos podem ser
úteis:
1. Traçado de Cubos:
o
Isométrico: Desenhe um cubo começando com um eixo vertical e
dois eixos inclinados a 30º. Mantenha todas as arestas do mesmo comprimento
para garantir a proporção correta.
o
Cavaleira: Comece desenhando um quadrado frontal e projete a
profundidade a 45º, reduzindo as linhas de profundidade pela metade para criar
o efeito cavaleiro.
2. Objetos Simples:
o
Escolha um objeto simples (como uma caixa ou
cilindro) e desenhe-o nas duas perspectivas. No caso da isométrica, mantenha
todas as medidas proporcionais. Na cavaleira, aplique a distorção na
profundidade.
3. Comparação de Perspectivas:
o
Pegue um mesmo objeto e desenhe-o nas duas
perspectivas (isométrica e cavaleira). Compare como as proporções e a
profundidade são representadas e pratique interpretar as diferenças visuais
entre os dois métodos.
4. Desenho de Piezas Mecânicas:
o
Pratique traçar vistas isométricas e cavaleiras de
peças mecânicas comuns, como engrenagens, parafusos ou polias, focando na
precisão das linhas e na correta distorção da profundidade na cavaleira.
Esses exercícios ajudam a desenvolver a habilidade
de visualizar objetos tridimensionais em uma folha de papel bidimensional, uma
competência essencial para qualquer profissional que lide com projetos
técnicos.
Cortes e Seções no Desenho Técnico
Definição
e Tipos de Cortes
Os cortes e seções são ferramentas fundamentais no
desenho técnico, especialmente quando se trata de representar detalhes internos
de peças ou sistemas que não seriam visíveis nas vistas externas. Um corte
é uma representação que mostra a peça "cortada" em um plano
específico, permitindo visualizar suas características internas de forma clara.
Já a seção é a vista resultante do corte, exibindo as partes internas
expostas.
Existem vários tipos de cortes utilizados em
desenhos técnicos, cada um adequado a diferentes necessidades de visualização:
1. Corte Total:
o
Definição: O corte total é realizado ao longo de toda a peça,
dividindo-a completamente em duas partes. Ele é utilizado quando se deseja
mostrar todos os detalhes internos da peça em uma única vista.
o
Aplicação: Usado em peças simétricas ou com detalhes internos
complexos que precisam ser expostos por inteiro.
o
Exemplo: Um eixo com furos transversais ao longo de sua
extensão, onde o corte total mostra todas as aberturas internas.
2. Corte Parcial:
o Definição:
Neste tipo de corte, apenas uma parte específica
da peça é cortada para expor detalhes internos em uma área limitada, sem a
necessidade de mostrar a peça inteira.
o
Aplicação: Ideal para quando se quer mostrar um detalhe
interno específico sem comprometer a visão geral da peça.
o
Exemplo: A seção de um mancal, onde apenas uma parte do
alojamento do rolamento é cortada para mostrar o interior.
3. Corte Offset:
o
Definição: O corte offset é realizado em planos não lineares,
ou seja, o plano de corte "quebra" e segue diferentes trajetórias ao
longo da peça, permitindo que múltiplos detalhes em diferentes partes da peça
sejam visualizados simultaneamente.
o
Aplicação: Usado em peças com múltiplos detalhes internos que
não se encontram em um único plano linear.
o
Exemplo: Um bloco de motor, onde o corte offset permite
mostrar tanto os cilindros quanto os canais internos de lubrificação.
Como
Ler e Interpretar Cortes em Desenhos Técnicos
Para ler e interpretar corretamente os cortes em
desenhos técnicos, é necessário seguir algumas convenções visuais e entender
como os diferentes elementos são representados:
1. Plano de Corte:
o
O plano de corte é indicado no desenho técnico por
uma linha tracejada e com setas que mostram a direção em que a peça foi
"cortada". A posição dessa linha de corte é fundamental para entender
a seção resultante.
o
As setas indicam o sentido da vista resultante da
seção, ou seja, a direção para onde o observador está olhando após o corte.
2. Hachuras:
o
Nas áreas que foram "cortadas", são
aplicadas hachuras (linhas inclinadas) para diferenciar as superfícies
internas da peça. As hachuras são desenhadas com espaçamentos regulares e
indicam a presença de material.
o
Partes não hachuradas indicam cavidades ou espaços
ocos dentro da peça.
3. Linhas Ocultas:
o
Em um corte, as linhas ocultas (tracejadas) que
normalmente indicariam superfícies ou contornos invisíveis são omitidas, já que
o objetivo do corte é justamente revelar essas áreas internas. Dessa forma, o
desenho fica mais claro e limpo.
4. Interpretação das Dimensões:
o
As dimensões vistas no corte são as dimensões reais
da peça. Portanto, ao observar uma seção, deve-se considerar as cotas
fornecidas como representações precisas das partes internas da peça.
o
É importante entender que o corte é uma
"fatia" do objeto, e elementos que estão fora do plano de corte não
serão visíveis na vista resultante.
Exemplos
de Peças Mecânicas com Cortes
Exemplo
1: Eixo com Furos Transversais
Exemplo
2: Mancal de Rolamento
Exemplo
3: Bloco de Motor
Conclusão
Os cortes e seções são recursos essenciais no desenho técnico, permitindo que as partes internas de uma peça sejam visualizadas e entendidas de forma clara e precisa. Com os diferentes tipos de corte – total, parcial e offset – é possível escolher a melhor maneira de expor os detalhes relevantes de cada projeto, garantindo que todas as informações necessárias sejam fornecidas para a fabricação e montagem correta da peça. Saber ler e interpretar esses cortes é uma habilidade fundamental para profissionais que lidam com desenhos técnicos mecânicos.
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