Técnicas de Varrição e Equipamentos
Tipos de Varrição
Introdução
A varrição de vias públicas é uma das principais atividades realizadas pelos serviços de limpeza urbana. Responsável por manter as cidades limpas e salubres, essa atividade contribui para a melhoria da qualidade de vida da população, prevenção de doenças e preservação ambiental. Os serviços de varrição podem ser realizados de forma manual ou mecanizada, e sua aplicação varia conforme o tipo de área atendida — como avenidas, ruas, praças e demais espaços públicos. Este texto apresenta as principais características, vantagens e desafios das varrições manual e mecanizada, bem como suas aplicações nos diferentes contextos urbanos.
Varrição Manual
A varrição manual é a forma mais tradicional de limpeza urbana. Realizada por garis com o auxílio de vassouras, pás, carrinhos e outros equipamentos manuais, essa modalidade é especialmente eficaz em áreas de difícil acesso ou que exigem detalhamento na limpeza, como calçadas, canteiros, praças, escadarias e vielas.
Segundo Oliveira (2013), a varrição manual permite uma limpeza mais minuciosa, sendo capaz de remover detritos em locais onde máquinas não alcançam.
Esse tipo de varrição também favorece o contato direto do trabalhador com a área urbana, permitindo a identificação de irregularidades, como buracos, lixo descartado irregularmente e pontos de entulho.
No entanto, trata-se de uma atividade fisicamente exigente, que requer cuidados ergonômicos e o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores. A eficiência da varrição manual depende diretamente do treinamento, da motivação e da organização das equipes.
Varrição Mecanizada
A varrição mecanizada utiliza veículos equipados com sistemas de escovas e sucção para realizar a limpeza das vias públicas. Essa modalidade é especialmente indicada para áreas extensas, de grande fluxo e com características que permitem o uso de máquinas, como avenidas largas, rodovias, corredores de transporte e grandes praças.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2020), a varrição mecanizada apresenta como principais vantagens a maior produtividade, a redução do tempo de serviço e a menor exposição do trabalhador a riscos ergonômicos. Uma única varredeira mecânica pode cobrir uma área equivalente ao trabalho de vários profissionais em menos tempo.
Entretanto, esse modelo também apresenta limitações. O custo
delo também apresenta limitações. O custo de aquisição e manutenção dos equipamentos é elevado, e o uso da máquina depende de vias adequadas e livres de obstáculos. Além disso, não substitui completamente a varrição manual, sendo necessária a atuação conjunta para assegurar uma limpeza eficiente e completa.
Varrição em Áreas Públicas
Áreas públicas como ruas, calçadas, praças, parques e áreas de lazer exigem estratégias específicas de varrição. Nesses espaços, a limpeza visa não apenas à remoção de resíduos sólidos, mas também à preservação do espaço urbano como ambiente de convivência e bem-estar social.
Em praças e parques, a varrição manual é predominante, devido à presença de vegetação, bancos, brinquedos e outros elementos urbanos. O gari precisa adaptar sua técnica de varrição para respeitar esses obstáculos e evitar danos ao mobiliário urbano.
Em avenidas e ruas movimentadas, a varrição mecanizada é preferida por sua agilidade e por evitar o bloqueio da via para a passagem dos pedestres e veículos. Nestes casos, a limpeza costuma ser realizada em horários de menor fluxo, como durante a madrugada ou nas primeiras horas da manhã.
A combinação entre varrição manual e mecanizada é recomendada para garantir eficiência e cobertura ampla das áreas públicas, como destaca Costa (2016). Planejamentos urbanos mais eficazes consideram as características de cada via e o volume de resíduos produzidos, alocando os recursos de forma estratégica.
Importância da Varrição para a Saúde Pública e o Meio Ambiente
A varrição, seja manual ou mecanizada, desempenha papel essencial na prevenção de alagamentos, disseminação de doenças e poluição ambiental. A remoção frequente de folhas, papéis, plásticos e outros detritos evita o entupimento de bueiros, reduz a proliferação de vetores (como ratos e mosquitos) e contribui para a conservação da paisagem urbana.
Além disso, a varrição colabora com a educação ambiental da população. O trabalho visível dos garis reforça a importância da limpeza urbana e pode influenciar positivamente o comportamento dos cidadãos quanto ao descarte correto de resíduos.
De acordo com Dias (2015), a presença constante da equipe de limpeza nas ruas simboliza o cuidado da cidade com seus espaços públicos, promovendo o sentimento de pertencimento e cidadania.
Considerações Finais
A escolha entre varrição manual e mecanizada deve considerar critérios como o tipo de via, volume de resíduos, infraestrutura urbana e custo-benefício. Ambas são complementares e
fundamentais para uma gestão eficiente da limpeza urbana.
A profissionalização e valorização dos trabalhadores envolvidos nesse serviço, bem como o investimento em tecnologias e planejamento urbano, são condições essenciais para assegurar cidades mais limpas, sustentáveis e acolhedoras.
O reconhecimento da importância da varrição — seja ela manual ou mecanizada — é um passo fundamental para uma sociedade que busca qualidade de vida, saúde pública e responsabilidade ambiental.
Referências
· ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. São Paulo: ABRELPE, 2020.
· COSTA, Marco A. Gestão de serviços públicos urbanos: desafios e perspectivas. Belo Horizonte: UFMG, 2016.
· DIAS, Reinaldo. Educação ambiental: princípios e práticas. 10. ed. São Paulo: Gaia, 2015.
· OLIVEIRA, José G. de. Serviços urbanos e limpeza pública: aspectos operacionais. Brasília: ENAP, 2013.
· SANTOS, Maria Lúcia. Trabalho e saúde na limpeza urbana. São Paulo: Annablume, 2014.
Rotinas e Rotas nos Serviços de Limpeza Urbana
Introdução
A limpeza urbana é uma atividade essencial para a manutenção da saúde pública, do meio ambiente e da qualidade de vida nas cidades. Para que os serviços de varrição, coleta de resíduos e capina sejam executados com eficiência, é necessário um planejamento rigoroso das rotinas e rotas de trabalho. Esses elementos garantem a organização do serviço, o uso racional dos recursos e a cobertura adequada das áreas urbanas. Neste texto, discutem-se os conceitos de rotinas e rotas na limpeza urbana, sua importância operacional e os principais fatores que influenciam sua elaboração e execução.
Conceito de Rotinas
As rotinas são os conjuntos de tarefas executadas com regularidade por trabalhadores da limpeza urbana. No caso da varrição, essas tarefas incluem atividades como varrer ruas, calçadas, praças, recolher detritos e acondicionar o lixo de forma apropriada. As rotinas são definidas com base em cronogramas diários, semanais ou mensais, levando em consideração o tipo de via, a intensidade do uso público e a geração de resíduos.
Segundo Oliveira (2013), a padronização das rotinas permite maior controle da produtividade e facilita a gestão de equipes e recursos. Além disso, as rotinas ajudam a manter a qualidade do serviço prestado e a prevenir problemas como acúmulo de lixo, obstrução de bueiros e proliferação de vetores.
É essencial que os trabalhadores conheçam com clareza as atividades a serem
desempenhadas, os horários e os padrões de qualidade exigidos. A organização eficiente das rotinas depende também da comunicação entre os supervisores e as equipes operacionais, bem como do registro de ocorrências que possam interferir na execução das tarefas.
Conceito de Rotas
As rotas são os trajetos previamente definidos que os trabalhadores devem percorrer para executar as atividades de limpeza. No caso da varrição urbana, cada gari é designado para uma rota específica, com um percurso delimitado e metas de área a ser limpa. Essas rotas são planejadas considerando aspectos como a geografia urbana, o volume de resíduos gerado, o fluxo de pedestres e veículos e a periodicidade necessária.
Costa (2016) destaca que o planejamento de rotas é um dos principais desafios logísticos dos serviços urbanos. Rotas mal planejadas podem gerar sobrecarga de trabalho para alguns profissionais, deixar áreas descobertas e aumentar o tempo e o custo das operações. Já rotas bem desenhadas contribuem para o equilíbrio das equipes, otimizam o tempo de serviço e reduzem deslocamentos desnecessários.
A tecnologia tem contribuído significativamente para a definição e o acompanhamento das rotas. Sistemas de georreferenciamento (GPS) e softwares de logística urbana permitem traçar rotas mais eficientes, acompanhar a execução em tempo real e ajustar os percursos de acordo com as necessidades do serviço.
Importância da Organização de Rotinas e Rotas
A organização de rotinas e rotas está diretamente relacionada à qualidade dos serviços prestados à população. Quando bem planejadas, elas:
· Asseguram a cobertura total das áreas urbanas;
· Reduzem a sobreposição de esforços;
· Evitam o acúmulo de resíduos em pontos críticos;
· Permitem um melhor uso dos recursos humanos e materiais;
· Facilitam a supervisão e o controle das atividades.
Além disso, a organização eficiente das rotinas e rotas contribui para a valorização do trabalho dos garis, ao reduzir a sobrecarga física e mental e proporcionar um ambiente de trabalho mais previsível e estruturado.
Segundo a ABRELPE (2020), municípios que adotam planejamento integrado da limpeza urbana, com rotas otimizadas e rotinas bem definidas, apresentam melhores indicadores de limpeza e maior satisfação dos usuários.
Fatores que Influenciam o Planejamento
Diversos fatores devem ser considerados no momento de elaborar rotinas e rotas nos serviços de limpeza urbana:
· Topografia e acessibilidade: ruas inclinadas, escadarias e áreas de difícil acesso exigem
adaptações nas rotas.
· Fluxo de pessoas e veículos: áreas centrais e comerciais podem demandar varrição mais frequente e em horários específicos para evitar interferências.
· Clima e sazonalidade: o volume de resíduos pode aumentar em determinadas épocas do ano, como o outono (queda de folhas) ou em períodos de festas populares.
· Capacidade de trabalho das equipes: o número de garis disponíveis, a carga horária e os equipamentos utilizados influenciam diretamente a divisão das rotas.
· Eventos imprevistos: manifestações públicas, obras, acidentes ou emergências sanitárias exigem flexibilidade no planejamento.
Dessa forma, a elaboração das rotas não deve ser uma atividade estática, mas sim um processo contínuo de avaliação e adaptação, com base na experiência das equipes e na análise dos dados operacionais.
Considerações Finais
As rotinas e rotas são elementos fundamentais para a organização e eficiência dos serviços de limpeza urbana. Sua correta definição e gestão impactam diretamente na qualidade do serviço prestado à população, na segurança dos trabalhadores e na sustentabilidade das operações.
A integração entre planejamento técnico, uso de tecnologias e valorização do conhecimento prático dos trabalhadores é essencial para garantir que as rotinas e rotas cumpram seu papel de forma eficaz. Promover a capacitação das equipes e investir em gestão operacional são caminhos para fortalecer o serviço público de limpeza e promover cidades mais limpas, saudáveis e organizadas.
Referências
· ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. São Paulo: ABRELPE, 2020.
· COSTA, Marco Aurélio. Gestão de serviços públicos urbanos: desafios e perspectivas. Belo Horizonte: UFMG, 2016.
· OLIVEIRA, José G. de. Serviços urbanos e limpeza pública: aspectos operacionais. Brasília: ENAP, 2013.
· SANTOS, Maria Lúcia. Trabalho e saúde na limpeza urbana. São Paulo: Annablume, 2014.
· VASCONCELLOS, Marco Aurélio. Logística aplicada à limpeza urbana. São Paulo: Ed. Pro-limpa, 2017.
Ferramentas e Equipamentos na Limpeza Urbana
Introdução
A atividade de limpeza urbana, essencial para a saúde pública e o bem-estar social, depende diretamente do uso adequado de ferramentas e equipamentos. Para a realização eficiente das tarefas de varrição, coleta e transporte de resíduos, os garis contam com diversos instrumentos que otimizam o trabalho, garantem a segurança e contribuem para a qualidade do serviço prestado. Este
texto aborda os principais tipos de vassouras, pás, carrinhos, sacos e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além dos cuidados necessários com os materiais e seu armazenamento.
Ferramentas Utilizadas na Varrição e Coleta
Vassouras
As vassouras são ferramentas fundamentais para a varrição manual. Existem diferentes modelos, adaptados aos diversos tipos de superfícies e resíduos:
· Vassoura de fibra sintética: indicada para vias asfaltadas e pavimentadas, possui boa resistência ao desgaste e à umidade.
· Vassoura de piaçava: tradicionalmente utilizada em calçadas e áreas de terra batida, é eficiente para remover folhas, areia e outros detritos leves.
· Vassoura metálica: utilizada em situações específicas, como a limpeza de resíduos mais pesados ou colados ao chão.
A escolha da vassoura adequada é essencial para garantir eficiência e reduzir o esforço físico do trabalhador. Segundo Santos (2014), o uso inadequado da vassoura pode comprometer a produtividade e aumentar o risco de lesões.
Pás
As pás são usadas para recolher os resíduos acumulados pela vassoura. Podem ser de metal ou plástico reforçado, com cabos curtos ou longos. O modelo mais comum nas equipes de varrição urbana é a pá com cabo longo, que permite a coleta sem a necessidade de abaixar-se repetidamente, prevenindo dores e lesões.
Carrinhos
Os carrinhos são equipamentos que facilitam o transporte dos materiais de limpeza e dos resíduos recolhidos. Geralmente são feitos de estrutura metálica com rodas resistentes, contendo compartimentos para sacos de lixo, vassouras, pás, panos e produtos de limpeza. Existem também carrinhos adaptados para coleta seletiva, com divisórias para separar os tipos de resíduos.
O carrinho deve ser leve, ergonômico e de fácil manuseio. Sua manutenção regular é importante para garantir o bom funcionamento e prevenir acidentes.
Sacos de Lixo
Os sacos de lixo utilizados nos serviços de varrição e coleta devem ter resistência suficiente para suportar o peso dos resíduos sem rasgar. O tamanho varia conforme o volume coletado, e em muitas cidades são utilizados sacos de 100 litros para o serviço de rua. É importante que sejam devidamente fechados após o uso, evitando o contato com o lixo e o vazamento de líquidos.
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
Os Equipamentos de Proteção Individual são obrigatórios para garantir a segurança dos trabalhadores da limpeza urbana.
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6) do Ministério do
Trabalho, os EPIs devem ser fornecidos gratuitamente pelo empregador, em perfeitas condições de uso, e utilizados corretamente pelos trabalhadores.
Os EPIs mais comuns para garis incluem:
· Luvas de proteção: para evitar cortes, perfurações e contato com substâncias nocivas.
· Botas de borracha com bico de aço: protegem contra impactos, umidade e perfurações.
· Máscaras respiratórias: especialmente importantes em áreas com grande quantidade de poeira ou produtos químicos.
· Protetores auriculares: utilizados em ambientes ruidosos, como áreas com máquinas de varrição mecanizada.
· Óculos de proteção: evitam o contato com partículas que possam atingir os olhos.
· Uniforme refletivo: facilita a visualização do trabalhador, especialmente em vias movimentadas e à noite.
· Capacetes e chapéus de abas largas: para proteção contra impactos e exposição ao sol.
O uso correto dos EPIs reduz significativamente os riscos de acidentes e doenças ocupacionais. Segundo Dias (2015), a conscientização sobre a importância dos EPIs deve ser reforçada através de treinamentos periódicos e supervisão constante.
Cuidados com Materiais e Armazenamento
A durabilidade e a segurança dos materiais de trabalho dependem de práticas adequadas de uso, limpeza e armazenamento. Ferramentas como vassouras e pás devem ser lavadas com regularidade, especialmente após o uso em áreas com resíduos orgânicos ou contaminantes. Carrinhos e outros equipamentos metálicos devem ser verificados para prevenir ferrugem e desgaste.
Os materiais devem ser armazenados em locais limpos, secos e protegidos do sol e da chuva. Ambientes de armazenamento devem ter fácil acesso para os trabalhadores e permitir a organização dos equipamentos por tipo e frequência de uso.
A manutenção preventiva dos equipamentos é fundamental para evitar quebras durante o serviço e para preservar as condições ergonômicas de uso. Segundo Oliveira (2013), uma gestão eficiente dos materiais contribui para a produtividade das equipes e reduz os custos operacionais.
Considerações Finais
As ferramentas e equipamentos utilizados na limpeza urbana são elementos indispensáveis para a realização eficiente e segura das atividades. Sua correta seleção, uso e conservação influenciam diretamente na qualidade dos serviços prestados e na saúde dos trabalhadores.
A valorização da profissão de gari passa também pela oferta de boas condições de trabalho, que incluem equipamentos adequados, EPIs completos e espaços organizados para armazenamento. Além disso, a
capacitação contínua das equipes sobre o uso correto dos materiais e a importância dos cuidados com a segurança é essencial para fortalecer a limpeza urbana como um serviço público de qualidade.
Referências
· ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15536: Limpeza urbana – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
· ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. São Paulo: ABRELPE, 2020.
· BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6): Equipamento de Proteção Individual – EPI. Brasília, 2019.
· DIAS, Reinaldo. Educação ambiental: princípios e práticas. 10. ed. São Paulo: Gaia, 2015.
· OLIVEIRA, José G. de. Serviços urbanos e limpeza pública: aspectos operacionais. Brasília: ENAP, 2013.
· SANTOS, Maria Lúcia. Trabalho e saúde na limpeza urbana. São Paulo: Annablume, 2014.
Técnicas de Varrição Eficiente
Introdução
A varrição manual de vias públicas é uma das atividades mais visíveis dos serviços de limpeza urbana. Embora pareça simples, essa tarefa exige técnica, preparo físico e conhecimento de boas práticas para ser executada de forma eficiente, segura e com qualidade. A aplicação de técnicas adequadas contribui para reduzir o desgaste físico dos trabalhadores, otimizar o tempo de trabalho e garantir o correto manejo dos resíduos. Este texto aborda aspectos fundamentais da varrição eficiente, com ênfase na ergonomia, nos métodos de economia de tempo e no descarte adequado dos resíduos coletados.
Ergonomia e Postura Correta
A ergonomia é a ciência que estuda a adaptação do trabalho às características físicas e cognitivas do trabalhador. Em atividades como a varrição, a aplicação de princípios ergonômicos é essencial para prevenir lesões e promover o bem-estar dos profissionais.
Segundo Iida (2005), posturas incorretas repetidas ao longo do tempo podem causar distúrbios musculoesqueléticos, como tendinites, lombalgias e lesões por esforço repetitivo (LER). Por isso, o gari deve adotar uma postura que minimize a sobrecarga nos músculos e articulações.
As principais recomendações ergonômicas para a varrição incluem:
· Manter a coluna ereta e os joelhos levemente flexionados;
· Evitar torções do tronco durante a varrição;
· Utilizar a vassoura com cabo de altura compatível com a estatura do trabalhador, evitando a inclinação excessiva do corpo;
· Alternar os lados do corpo durante o uso da vassoura para distribuir o esforço;
· Fazer pausas curtas e
frequentes para descanso muscular e alongamento;
· Usar calçados adequados, com solado antiderrapante e amortecimento.
Além disso, os equipamentos devem ser ergonômicos. Cabos anatômicos, vassouras leves e pás com cabos longos reduzem o esforço físico e aumentam a produtividade.
Métodos para Economia de Tempo e Esforço
A eficiência na varrição não depende apenas da força física, mas do uso inteligente do tempo e da energia. Métodos operacionais bem definidos aumentam a produtividade sem comprometer a saúde do trabalhador.
Um dos métodos mais utilizados é a varrição em zigue-zague, que permite cobrir a via em faixas contínuas, evitando retrabalho. Esse padrão deve ser adaptado conforme a largura da calçada, a presença de obstáculos e o tipo de resíduo encontrado.
Outras estratégias incluem:
· Iniciar a varrição pelos pontos de maior acúmulo de resíduos;
· Utilizar o sentido do vento a favor para facilitar o agrupamento dos detritos;
· Evitar varrer áreas limpas ou retrabalhar trechos já cobertos;
· Trabalhar em equipe com divisão clara de tarefas: enquanto um varre, o outro coleta os resíduos com a pá e transporta para o carrinho;
· Planejar pausas e rotas com base na topografia do local, evitando deslocamentos desnecessários.
Segundo Oliveira (2013), a adoção de rotinas padronizadas e o treinamento contínuo das equipes são essenciais para garantir a economia de tempo e esforço nas atividades de limpeza pública.
Além dos métodos técnicos, o bom condicionamento físico do trabalhador contribui para a resistência ao esforço repetitivo e a redução do cansaço. Por isso, a promoção da saúde ocupacional é parte integrante da eficiência operacional.
Descarte Correto dos Resíduos Coletados
A etapa final da varrição eficiente é o descarte adequado dos resíduos recolhidos. Essa prática é fundamental para evitar a recontaminação do ambiente, garantir a segurança sanitária e cumprir a legislação ambiental vigente.
Os resíduos varridos devem ser acondicionados em sacos resistentes, devidamente fechados, e colocados nos pontos de coleta definidos pela empresa responsável. Em algumas cidades, os resíduos são recolhidos pelos caminhões compactadores ou depositados temporariamente em contêineres públicos.
É importante que o gari saiba diferenciar os tipos de resíduos e, quando possível, separe materiais recicláveis, como papel, plástico e vidro, do lixo comum. Essa triagem inicial contribui para a eficiência dos processos de reciclagem e redução da quantidade de resíduos enviados a aterros
sanitários.
Conforme destaca a ABRELPE (2020), a segregação dos resíduos desde sua origem é uma das estratégias mais eficazes para a sustentabilidade da gestão de resíduos sólidos urbanos.
O gari também deve estar atento aos resíduos perigosos, como seringas, cacos de vidro e produtos químicos, que exigem cuidados especiais no manuseio. O uso de luvas, botas reforçadas e EPIs específicos é indispensável nesse contexto.
Além disso, é necessário seguir as orientações da supervisão sobre os locais autorizados para descarte, evitando pontos de acúmulo inadequados, que podem gerar reclamações da população e riscos ambientais.
Considerações Finais
A varrição eficiente é resultado de um conjunto de boas práticas que envolvem técnica, planejamento, postura corporal adequada, economia de tempo e cuidado com o meio ambiente. Valorizar o trabalho do gari é reconhecer que sua atividade requer preparo, conhecimento e responsabilidade.
A implementação de treinamentos regulares, o fornecimento de ferramentas ergonômicas e o acompanhamento das rotinas de trabalho são fundamentais para garantir a eficiência do serviço, a segurança dos trabalhadores e a qualidade de vida nas cidades.
Mais do que uma tarefa operacional, a varrição é um serviço essencial para a saúde pública e o bem-estar social. Investir na sua eficiência é investir em cidades mais limpas, seguras e humanas.
Referências
· ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. São Paulo: ABRELPE, 2020.
· BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17): Ergonomia. Brasília, 2021.
· IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
· OLIVEIRA, José G. de. Serviços urbanos e limpeza pública: aspectos operacionais. Brasília: ENAP, 2013.
· SANTOS, Maria Lúcia. Trabalho e saúde na limpeza urbana. São Paulo: Annablume, 2014.
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