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Básico em Malária na Atenção Primária à saúde

 BÁSICO EM MALÁRIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

 

Introdução à Malária 

O que é a Malária? 

 

A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitida pela picada de fêmeas infectadas do mosquito Anopheles. É considerada um problema global de saúde pública, afetando principalmente países tropicais e subtropicais. A doença pode variar de leve a grave, dependendo da espécie do parasita, da condição do hospedeiro e da resposta ao tratamento.

Definição da Malária

A malária é caracterizada por episódios cíclicos de febre, calafrios, sudorese, dor de cabeça, fadiga, e, em casos graves, pode levar a complicações como anemia severa, falência de órgãos e morte. O controle e a erradicação da doença exigem ações coordenadas de diagnóstico precoce, tratamento efetivo e prevenção da transmissão.

Etiologia e Ciclo de Vida do Plasmodium

O Plasmodium é um parasita protozoário que possui um ciclo de vida complexo envolvendo dois hospedeiros:

1.     Hospedeiro vertebrado (humano): O parasita infecta inicialmente o fígado, onde se multiplica, e depois invade os glóbulos vermelhos, causando os sintomas da doença.

2.     Hospedeiro invertebrado (Anopheles): O mosquito atua como vetor, transmitindo os esporozoítos (forma infecciosa do parasita) para os humanos durante a picada.

Fases do Ciclo de Vida

  • No mosquito (Anopheles):
    • O mosquito ingere gametócitos durante a picada em uma pessoa infectada.
    • No intestino do mosquito, os gametócitos se desenvolvem, formando oocistos que liberam esporozoítos.
    • Os esporozoítos migram para as glândulas salivares, prontos para infectar um novo hospedeiro humano.
  • No humano:
    • Durante a picada, os esporozoítos entram na corrente sanguínea e migram para o fígado.
    • No fígado, os esporozoítos infectam as células hepáticas e se multiplicam, formando merozoítos.
    • Os merozoítos são liberados na circulação e infectam os glóbulos vermelhos, causando a destruição celular e os sintomas característicos da malária.

Espécies Comuns de Plasmodium e Suas Diferenças

Existem cinco espécies principais de Plasmodium que causam malária em humanos:

1.     Plasmodium falciparum:

o    A espécie mais letal, responsável pela maioria das mortes por malária.

o    Provoca febre severa e complicações graves, como falência de órgãos.

o    Mais prevalente na África Subsaariana.

2.     Plasmodium vivax:

o    Associado a recaídas devido à presença de

recaídas devido à presença de formas dormentes no fígado (hipnozoítos).

o    Encontrado amplamente na Ásia, América Latina e algumas regiões da África.

3.     Plasmodium malariae:

o    Menos prevalente, com sintomas mais leves, mas pode causar infecções crônicas de longa duração.

o    Relativamente raro em comparação com outras espécies.

4.     Plasmodium ovale:

o    Semelhante ao P. vivax, com recaídas devido aos hipnozoítos.

o    Encontrado principalmente na África Ocidental.

5.     Plasmodium knowlesi:

o    Uma espécie zoonótica, transmitida de primatas para humanos.

o    Comum no Sudeste Asiático e pode causar infecções graves.

Cada espécie possui características distintas em relação à gravidade da infecção, frequência de recaídas e distribuição geográfica, exigindo abordagens específicas para diagnóstico, tratamento e controle.

Compreender o que é a malária, suas causas e o ciclo de vida do Plasmodium é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de combate à doença e de ações que minimizem seu impacto nas comunidades mais vulneráveis.


Epidemiologia da Malária

 

A malária é uma das principais doenças infecciosas no mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos. Embora os avanços no controle e prevenção tenham reduzido o número de casos em algumas regiões, ela ainda é uma ameaça significativa à saúde pública, especialmente em áreas tropicais e subtropicais.

Áreas Endêmicas no Brasil e no Mundo

A malária é endêmica em mais de 90 países, colocando cerca de metade da população global em risco. As áreas mais afetadas incluem:

  • Mundo:
    • África Subsaariana: concentra a maior carga da doença, com Plasmodium falciparum como a espécie predominante e responsável por muitos casos graves e mortes.
    • Ásia: especialmente o Sudeste Asiático e a Índia, onde P. vivax é altamente prevalente.
    • América Latina: países como Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia enfrentam desafios significativos, principalmente em áreas rurais e florestais.
    • Oceania: regiões como Papua-Nova Guiné têm altas taxas de transmissão. 
  • Brasil:
    • A malária é concentrada principalmente na Região Amazônica, que inclui estados como Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá. Esta região responde por mais de 99% dos casos notificados no país.
    • Em áreas fora da Amazônia, a transmissão é esporádica e geralmente relacionada à migração de indivíduos de áreas endêmicas.

Fatores de Risco

Risco e Populações Vulneráveis

A transmissão da malária está diretamente ligada a fatores ambientais, socioeconômicos e comportamentais, que aumentam o risco de exposição ao vetor (Anopheles). Os principais fatores de risco incluem:

  • Ambientais:
    • Presença de áreas com água parada ou de fluxo lento, que servem como criadouros para mosquitos.
    • Clima quente e úmido, favorável à proliferação do vetor.
  • Socioeconômicos:
    • Populações que vivem em áreas rurais, com acesso limitado a serviços de saúde.
    • Falta de infraestrutura, como moradias inadequadas sem telas ou mosquiteiros.
  • Comportamentais:
    • Horários de exposição ao vetor, especialmente no início da noite e ao amanhecer.
    • Atividades que levam à permanência em áreas de risco, como mineração, agricultura e extração de madeira.

Populações mais vulneráveis:

  • Crianças menores de 5 anos, devido à imunidade ainda em desenvolvimento.
  • Mulheres grávidas, que apresentam maior risco de complicações.
  • Migrantes e viajantes que não têm imunidade adquirida ao Plasmodium.
  • Comunidades indígenas e trabalhadores rurais, frequentemente expostos a áreas de alta transmissão.

Impacto da Malária na Saúde Pública

A malária é responsável por uma carga significativa de morbidade e mortalidade em áreas endêmicas, afetando negativamente o desenvolvimento socioeconômico de muitas regiões. Seus impactos incluem:

  • Mortalidade e Morbidade:
    • Milhões de casos anuais e milhares de mortes, principalmente na África Subsaariana.
    • Casos graves levam a hospitalizações prolongadas e custos elevados para o sistema de saúde.
  • Efeitos Econômicos:
    • Redução da produtividade em áreas afetadas, devido ao impacto na força de trabalho.
    • Custos elevados com tratamento e prevenção, sobrecarregando os sistemas de saúde.
  • Desafios ao Controle:
    • A resistência do Plasmodium aos medicamentos antimaláricos e do mosquito aos inseticidas compromete os avanços no combate à doença.
    • A falta de acesso a diagnósticos e tratamentos eficazes em áreas remotas dificulta a erradicação.

Compreender a epidemiologia da malária é essencial para planejar estratégias de controle que atendam às necessidades das populações mais afetadas. O fortalecimento da vigilância epidemiológica, a ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, e a implementação de medidas preventivas são passos cruciais para reduzir o

a epidemiologia da malária é essencial para planejar estratégias de controle que atendam às necessidades das populações mais afetadas. O fortalecimento da vigilância epidemiológica, a ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento, e a implementação de medidas preventivas são passos cruciais para reduzir o impacto da malária na saúde pública global.


Sinais e Sintomas da Malária

 

A malária apresenta uma ampla gama de manifestações clínicas, que variam de sintomas leves e inespecíficos a quadros graves e potencialmente fatais. O reconhecimento precoce dos sinais e sintomas é essencial para o diagnóstico e tratamento adequados, prevenindo complicações severas.

Manifestações Clínicas

Os sinais e sintomas da malária geralmente aparecem entre 7 e 15 dias após a picada do mosquito infectado, mas podem surgir semanas ou meses depois em casos de infecções por espécies que formam hipnozoítos (P. vivax e P. ovale). Os sintomas mais comuns incluem:

  • Febre: geralmente intermitente, ocorrendo em ciclos relacionados ao rompimento dos glóbulos vermelhos infectados.
  • Calafrios: frequentemente precedem a febre, acompanhados de tremores intensos.
  • Sudorese: ocorre após os episódios de febre, muitas vezes levando a uma sensação de exaustão.
  • Cefaleia: dor de cabeça intensa e persistente.
  • Mialgia e artralgia: dores musculares e nas articulações.
  • Fadiga: sensação de fraqueza generalizada.
  • Náuseas, vômitos e diarreia: sintomas gastrointestinais podem estar presentes, especialmente em crianças.
  • Palidez: devido à anemia causada pela destruição dos glóbulos vermelhos.

Esses sintomas podem variar em intensidade e frequência, dependendo da espécie do Plasmodium e da resposta imunológica do indivíduo.

Diferenças entre Infecção Leve e Grave

A evolução clínica da malária pode ser classificada como leve ou grave, com base na intensidade dos sintomas e na presença de complicações.

  • Infecção Leve:
    • Sintomas típicos como febre, calafrios, sudorese e cefaleia.
    • Geralmente autolimitada com tratamento adequado.
    • Mais frequentemente associada a P. vivax, P. ovale e P. malariae.
  • Infecção Grave:
    • Geralmente causada por P. falciparum, podendo evoluir rapidamente para um quadro grave.
    • Sinais de alerta incluem febre persistente, convulsões, vômitos repetidos, dificuldade respiratória e prostração.
    • Pacientes podem apresentar anemia severa, acidose metabólica e
    • hipoglicemia.

Complicações Associadas

Se não tratada de forma adequada e em tempo hábil, a malária pode levar a complicações graves que colocam a vida em risco:

1.     Anemia Severa:

o    Destruição maciça dos glóbulos vermelhos infectados e redução na produção de novas células.

o    Pode causar fraqueza extrema, taquicardia e dificuldade respiratória.

2.     Malária Cerebral:

o    Envolvimento do sistema nervoso central, causado pela obstrução dos capilares cerebrais por glóbulos vermelhos infectados.

o    Sintomas incluem confusão mental, convulsões e coma.

3.     Insuficiência Renal Aguda:

o    Resultante de lesão nos rins devido à destruição celular e circulação deficiente.

4.     Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA):

o    Acúmulo de fluido nos pulmões, dificultando a respiração.

5.     Hipoglicemia:

o    Níveis baixos de glicose no sangue, exacerbados pelo uso de medicamentos antimaláricos como a quinina.

6.     Choque e Órgãos Múltiplos Comprometidos:

o    Queda severa da pressão arterial, falência de múltiplos órgãos e risco iminente de morte.

O reconhecimento dos sinais e sintomas, aliado à distinção entre infecções leves e graves, é crucial para o manejo clínico da malária. Intervenções precoces e efetivas podem salvar vidas, minimizando as complicações associadas a esta doença infecciosa.

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