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Manutenção de Bombas Centrífugas

 MANUTENÇÃO DE BOMBAS CENTRÍFUGAS

 

Fundamentos das Bombas Centrífugas 

Princípios de Funcionamento 

 

As bombas hidráulicas desempenham papel fundamental na movimentação de fluidos em sistemas industriais, prediais e agrícolas. Entre os diversos tipos, as bombas centrífugas e bombas de deslocamento positivo se destacam por suas aplicações específicas e princípios de funcionamento distintos. Compreender suas diferenças e seus elementos estruturais básicos é essencial para garantir a correta especificação, instalação e manutenção desses equipamentos.

1. Fundamentos da Dinâmica de Bombas

As bombas são máquinas hidráulicas cuja função é converter energia mecânica em energia hidráulica, elevando a pressão ou a vazão de um fluido. Essa conversão ocorre de maneira distinta nas bombas centrífugas e nas de deslocamento positivo, sendo o entendimento de seus princípios de funcionamento essencial para seu uso adequado.

2. Princípio de Funcionamento das Bombas Centrífugas

As bombas centrífugas operam com base no princípio da força centrífuga. Um rotor ou impulsor giratório, acionado por um motor, imprime energia cinética ao fluido, acelerando-o radialmente para fora do centro de rotação.

Quando o fluido atinge a periferia do rotor, sua energia cinética é convertida em energia de pressão, promovendo o deslocamento do fluido por meio da tubulação.

O fluido entra no centro do rotor (olho do impulsor), onde a rotação o lança para a periferia. A carcaça da bomba, usualmente em formato de voluta ou difusor, recolhe o fluido e o direciona à saída da bomba, transformando a velocidade em pressão por meio da geometria do compartimento.

Este tipo de bomba é amplamente utilizado em sistemas que exigem vazões elevadas e pressões moderadas, como abastecimento de água, ar-condicionado, irrigação, sistemas industriais e estações de tratamento.

3. Bombas de Deslocamento Positivo

As bombas de deslocamento positivo, ao contrário das centrífugas, funcionam capturando um volume fixo de fluido em uma câmara e o deslocando mecanicamente até a saída. Elas podem ser do tipo alternativo (como bombas de pistão) ou rotativo (como bombas de engrenagem, lóbulos ou palhetas).

Neste tipo de bomba, o fluxo é gerado por movimento mecânico periódico, resultando em uma vazão quase constante, independentemente da contrapressão do sistema. São mais indicadas para aplicações de alta pressão e baixa vazão, como dosagem de produtos

químicos, transporte de óleos viscosos e sistemas hidráulicos industriais.

Uma das principais características das bombas de deslocamento positivo é a sua capacidade de lidar com líquidos de alta viscosidade e de gerar alta pressão com boa eficiência, mesmo em baixas rotações.

4. Diferenças Principais

As diferenças entre os dois tipos de bombas podem ser resumidas da seguinte forma:

  • Modo de operação: as centrífugas utilizam força centrífuga e energia cinética; as de deslocamento positivo usam o movimento físico de elementos internos.
  • Vazão: as centrífugas têm vazão variável dependente da pressão do sistema; as de deslocamento positivo oferecem vazão quase constante.
  • Capacidade de autoescorva: bombas de deslocamento positivo geralmente possuem melhor capacidade de autoescorva.
  • Sensibilidade à viscosidade: centrífugas têm desempenho reduzido com líquidos viscosos, enquanto bombas de deslocamento positivo operam bem com fluidos viscosos.
  • Aplicações: centrífugas são preferidas para grandes volumes de líquidos com baixa pressão; as de deslocamento positivo são usadas quando se precisa de controle preciso de vazão ou em fluidos espessos.

5. Elementos Principais das Bombas Centrífugas

a) Rotor (Impulsor)

O rotor é o componente giratório que transfere energia ao fluido. Pode ser aberto, semiaberto ou fechado, dependendo da aplicação e do tipo de fluido. O desenho das pás influencia diretamente o desempenho da bomba em termos de vazão, pressão e eficiência.

b) Carcaça

A carcaça, geralmente em formato espiralado (voluta), abriga o rotor e direciona o fluido para a tubulação de descarga. Ela também atua na conversão da energia cinética em energia de pressão, além de proteger os componentes internos da bomba.

c) Eixo

O eixo transmite o torque do motor ao rotor. Deve possuir rigidez e alinhamento adequados para evitar vibrações, desgastes e falhas. Normalmente, é apoiado em mancais e acoplado ao motor por meio de acoplamentos flexíveis ou rígidos.

d) Selo Mecânico

O selo mecânico tem a função de impedir que o fluido escape pelo eixo da bomba. Ele substitui as gaxetas em projetos modernos, oferecendo vedação mais eficiente e durável. É composto por dois anéis, um fixo e outro giratório, que mantêm contato próximo, evitando vazamentos. A escolha adequada do selo depende do tipo de fluido, temperatura e pressão do sistema.

6. Considerações Finais

O conhecimento do princípio de funcionamento

das bombas centrífugas e das principais diferenças em relação às bombas de deslocamento positivo é essencial para a correta especificação, operação e manutenção desses equipamentos. Cada tipo de bomba atende a requisitos distintos de processo, e sua escolha deve considerar não apenas as características do fluido, mas também as exigências operacionais do sistema.

Além disso, compreender os componentes principais das bombas centrífugas permite uma abordagem mais eficaz em programas de manutenção preventiva, garantindo maior vida útil do equipamento, menor consumo de energia e maior confiabilidade operacional.

Referências Bibliográficas

  • Karassik, I. J., Messina, J. P., Cooper, P., & Heald, C. C. (2001). Pump Handbook (3rd ed.). McGraw-Hill.
  • Stepanoff, A. J. (1993). Centrifugal and Axial Flow Pumps: Theory, Design, and Application. Krieger Publishing.
  • Bernhardt, M. L. (2010). Manual de Bombas Hidráulicas. LTC.
  • Luz, A. C. (2005). Manual de Sistemas de Bombeamento. Interciência.
  • Hydraulic Institute. (2011). ANSI/HI 1.1–1.2 – Centrifugal Pumps – Definitions and Nomenclature.


Noções de Energia Hidráulica e Cinética: Fundamentos Aplicados a Sistemas de Bombeamento

 

A movimentação de fluidos em sistemas hidráulicos, como tubulações, bombas e reservatórios, está diretamente relacionada à conversão e ao aproveitamento de diferentes formas de energia. Dentre elas, destacam-se a energia cinética, potencial gravitacional e de pressão, que em conjunto constituem a chamada energia hidráulica total de um sistema. Esses conceitos são fundamentais para a compreensão de como funcionam dispositivos como bombas centrífugas, turbinas, válvulas e sistemas de transporte de água ou outros fluidos industriais.

1. Conceito de Energia na Hidráulica

Em sistemas hidráulicos, o termo “energia” refere-se à capacidade de um fluido realizar trabalho ao se mover sob determinadas condições. Essa energia é normalmente expressa como energia por unidade de peso (m), unidade de volume (J/m³) ou unidade de massa (J/kg). Quando tratamos de escoamento de fluido, as principais formas de energia são:

  • Energia potencial (gravitacional): relacionada à altura de um ponto em relação a uma referência.
  • Energia cinética: relacionada à velocidade com que o fluido se movimenta.
  • Energia de pressão (ou energia de pressão estática): associada à força exercida pelo fluido nas paredes da tubulação ou em superfícies.

A equação de

de Bernoulli, formulada com base no princípio da conservação da energia para um fluido ideal, expressa essas energias somadas ao longo de uma linha de corrente.

2. Energia Cinética

A energia cinética de um fluido em movimento é dada pela expressão:

Ec = ½ mv2

onde:

  • Ec​ é a energia cinética (Joules);
  • m é a massa do fluido (kg);
  • v é a velocidade do fluido (m/s).

Em hidráulica, essa energia é geralmente expressa como altura de velocidade (em metros), dada por:

hv = v2 / 2g​

onde g é a aceleração da gravidade (9,81 m/s²). Essa fórmula indica a quantidade de energia cinética por unidade de peso do fluido e é frequentemente usada em cálculos de perda de carga e dimensionamento de sistemas hidráulicos.

Quanto maior a velocidade do fluido, maior sua energia cinética. Em bombas centrífugas, por exemplo, o rotor imprime energia cinética ao fluido, que depois é convertida parcialmente em energia de pressão dentro da carcaça da bomba.

3. Energia Potencial

A energia potencial hidráulica está associada à posição de um fluido em relação a um nível de referência. Em sistemas práticos, representa a altura da coluna de fluido em um ponto do sistema. É dada por:

Ep=mgh

onde:

  • h é a altura em metros;
  • g é a gravidade;
  • m é a massa.

Como energia específica por unidade de peso, temos:

hp=z

em que z representa a altura geométrica (posição vertical).

A energia potencial é particularmente importante em sistemas de recalque e gravidade, como redes de abastecimento de água, onde a altura dos reservatórios influencia diretamente a pressão disponível nos pontos de consumo.

4. Energia de Pressão

A energia de pressão representa a capacidade do fluido de realizar trabalho devido à pressão interna. Em sistemas fechados, como tubulações, essa é uma das formas mais importantes de energia, e pode ser expressa como:

hp = P / γ ​

onde:

  • P é a pressão (Pa ou N/m²);
  • γ é o peso específico do fluido (N/m³).

Essa energia pode ser medida diretamente por manômetros e está associada à força que o fluido exerce nas paredes do recipiente ou da tubulação. Em bombas, a energia de pressão é aumentada para permitir o transporte do fluido a distâncias maiores ou alturas elevadas.

5. Energia Hidráulica Total

A energia hidráulica total (ou carga total) de um fluido é a soma das três componentes anteriores. De forma geral, pode-se expressar por meio da equação de Bernoulli, na forma simplificada (sem perdas):

v2 / 2g + z + P / γ = constante

Essa equação é fundamental para análise de sistemas de escoamento e projeto de instalações hidráulicas, pois permite prever o comportamento do fluido ao longo do sistema e calcular a necessidade de equipamentos como bombas ou válvulas reguladoras.

6. Aplicações Práticas

Na prática, os conceitos de energia hidráulica são aplicados:

  • No dimensionamento de bombas, para garantir que a energia fornecida seja suficiente para vencer a altura manométrica total.
  • No cálculo da perda de carga por atrito em tubulações, que representa energia dissipada na forma de calor.
  • No desenho de sistemas de drenagem e irrigação, onde o aproveitamento da energia potencial pode reduzir o consumo de energia elétrica.
  • Em sistemas industriais pressurizados, para manter níveis adequados de pressão e vazão conforme exigências operacionais.

7. Considerações Finais

O conhecimento das formas de energia presentes em um sistema hidráulico é essencial para projetistas, operadores e técnicos de manutenção. Compreender como a energia cinética, potencial e de pressão se relacionam permite interpretar corretamente leituras de instrumentos, dimensionar componentes do sistema e diagnosticar falhas, como cavitação, perda de pressão e baixo rendimento.

Nos sistemas de bombeamento, a maior parte da energia fornecida pela bomba visa transformar energia mecânica (do motor) em energia cinética e de pressão, garantindo o deslocamento eficaz do fluido no sistema. A correta interpretação e aplicação desses conceitos são pilares da eficiência energética e da longevidade dos equipamentos hidráulicos.

Referências Bibliográficas

  • Fox, R. W., McDonald, A. T., & Pritchard, P. J. (2014). Introduction to Fluid Mechanics. John Wiley & Sons.
  • Potter, M. C., & Wiggert, D. C. (2011). Mecânica dos Fluidos. Cengage Learning.
  • Streeter, V. L., Wylie, E. B., & Bedford, K. W. (1998). Mecânica dos Fluidos. McGraw-Hill.
  • Luz, A. C. (2005). Manual de Sistemas de Bombeamento. Interciência.
  • White, F. M. (2011). Fluid Mechanics. McGraw-Hill Education.


Classificação e Tipos de Bombas Centrífugas: Estágios, Disposição e Aplicações Industriais

 

As bombas centrífugas são equipamentos essenciais para o transporte de fluidos em sistemas hidráulicos industriais, civis e agrícolas. Seu funcionamento baseado na transferência de energia cinética e pressão permite aplicações em variados contextos, desde o abastecimento de água potável até a

circulação de fluidos corrosivos em processos industriais. A escolha adequada do tipo de bomba está diretamente relacionada à sua classificação quanto ao número de estágios, disposição de montagem e finalidade de uso.

1. Classificação por Número de Estágios

O número de estágios de uma bomba centrífuga refere-se à quantidade de rotores (ou impulsores) presentes no equipamento. Essa classificação influencia diretamente a capacidade da bomba em gerar pressão (carga manométrica).

a) Bombas de Estágio Único

As bombas de estágio único possuem apenas um rotor e são projetadas para aplicações em que é necessário gerar uma altura manométrica (pressão) moderada. Por terem construção mais simples e menor custo de fabricação, são amplamente utilizadas em sistemas de irrigação, abastecimento predial, drenagem de águas pluviais e ar-condicionado.

Sua principal vantagem está na facilidade de manutenção e instalação. No entanto, apresentam limitações em relação à altura manométrica que podem atingir, o que restringe seu uso em aplicações que exigem pressão elevada.

b) Bombas de Múltiplos Estágios

As bombas de múltiplos estágios possuem dois ou mais rotores montados em série no mesmo eixo. Cada rotor adiciona energia ao fluido, o que permite atingir alturas manométricas significativamente maiores. São ideais para aplicações em que é necessário transportar fluidos a grandes distâncias ou elevar grandes desníveis.

A principal aplicação desse tipo de bomba está em sistemas de recalque de água em edifícios altos, alimentação de caldeiras, redes de água potável, indústrias químicas e petroquímicas, e mineração. Sua construção mais complexa demanda manutenção mais cuidadosa, mas o benefício em termos de pressão gerada compensa esse aspecto.

2. Classificação por Disposição: Horizontal vs. Vertical

Outra forma comum de classificar bombas centrífugas é pela disposição do eixo do rotor, que pode ser horizontal ou vertical. Essa característica influencia tanto a instalação quanto o desempenho e a manutenção da bomba.

a) Bombas de Eixo Horizontal

São bombas nas quais o eixo do rotor está na posição horizontal. Este é o tipo mais comum de construção para bombas centrífugas e possui as seguintes características:

  • Facilidade de instalação e alinhamento com motores;
  • Acesso mais simples aos componentes internos para manutenção;
  • Ocupam mais espaço horizontal na planta industrial;
  • Geralmente indicadas para aplicações em que há espaço físico disponível
  • para aplicações em que há espaço físico disponível para instalação e manutenção lateral.

São amplamente utilizadas em sistemas industriais, prediais, abastecimento urbano, agricultura e indústria alimentícia.

b) Bombas de Eixo Vertical

Neste tipo, o eixo do rotor está posicionado na vertical, e o motor geralmente fica acima da bomba. São indicadas para locais com limitação de espaço horizontal ou onde o fluido esteja em reservatórios subterrâneos.

Características principais:

  • Permitem operação com o motor seco e a bomba submersa;
  • Mais adequadas para poços, caixas d'água e captação em rios ou lagos;
  • Menor ocupação de área horizontal;
  • Manutenção mais complexa, especialmente em bombas muito profundas.

Aplicam-se principalmente em estações elevatórias de água e esgoto, captação de água em poços profundos e torres de resfriamento industriais.

3. Aplicações Industriais Comuns

A escolha do tipo de bomba centrífuga depende das características do fluido, da altura manométrica exigida e da vazão desejada. Algumas das principais aplicações industriais incluem:

a) Abastecimento de Água e Saneamento

Bombas centrífugas são amplamente usadas em sistemas de captação, adução, tratamento e distribuição de água potável, bem como em estações de tratamento de esgoto. Nesse contexto, são utilizadas tanto bombas horizontais quanto verticais, dependendo da profundidade e volume a ser bombeado.

b) Indústria Química e Petroquímica

Nessas indústrias, é comum o uso de bombas centrífugas para transporte de soluções corrosivas ou inflamáveis. Nessas aplicações, são empregadas bombas com materiais resistentes (como aço inox ou polímeros especiais) e, frequentemente, bombas de múltiplos estágios para garantir a pressão necessária em processos de alta exigência.

c) Indústria Alimentícia e Farmacêutica

Nesses setores, as bombas devem atender a requisitos sanitários rigorosos. São utilizadas bombas centrífugas com superfícies polidas, livres de frestas e com capacidade de limpeza CIP (clean-in-place). A baixa pulsação das bombas centrífugas favorece o transporte de líquidos sensíveis, como leite, sucos ou soluções químicas puras.

d) Indústria de Energia e Caldeiras

Em usinas de energia e sistemas térmicos, bombas de múltiplos estágios são essenciais para alimentar caldeiras com água pressurizada. Nessas situações, a confiabilidade e a capacidade de operar com temperaturas elevadas são aspectos críticos.

e) Mineração e Construção Civil

Na

mineração, bombas centrífugas são utilizadas para drenagem de minas e transporte de polpas abrasivas, exigindo materiais reforçados e geometria adequada para suportar o desgaste. Na construção civil, são utilizadas para bombeamento de águas pluviais, lama e concreto.

4. Considerações para Escolha e Aplicação

A seleção correta da bomba depende da análise conjunta de vários fatores:

  • Tipo de fluido: viscosidade, corrosividade, presença de sólidos;
  • Altura manométrica total: distância vertical e perdas por atrito;
  • Vazão desejada: demanda do processo;
  • Espaço físico: área disponível para instalação;
  • Facilidade de manutenção: acesso e frequência de parada do sistema.

Além disso, o conhecimento do perfil de operação do sistema (carga variável ou constante) e da curva característica da bomba (relação entre vazão e altura) é fundamental para a eficiência do conjunto.

Referências Bibliográficas

  • Luz, A. C. (2005). Manual de Sistemas de Bombeamento. Rio de Janeiro: Interciência.
  • Karassik, I. J., Messina, J. P., Cooper, P., & Heald, C. C. (2001). Pump Handbook (3rd ed.). McGraw-Hill.
  • Hydraulic Institute. (2011). Centrifugal Pumps: Guidelines for Training and Education. Hydraulic Institute Standards.
  • Bernhardt, M. L. (2010). Manual de Bombas Hidráulicas. LTC – Livros Técnicos e Científicos.
  • Stepanoff, A. J. (1993). Centrifugal and Axial Flow Pumps: Theory, Design, and Application. Krieger Publishing.


Componentes e Materiais das Bombas Centrífugas: Estrutura, Vedação e Resistência a Condições Severas

 

As bombas centrífugas são compostas por elementos mecânicos e hidráulicos interdependentes, cuja escolha dos materiais influencia diretamente a durabilidade, eficiência e segurança operacional. A seleção adequada dos componentes internos e seus respectivos materiais de construção é fundamental para o desempenho do equipamento, especialmente em ambientes industriais que envolvem fluidos agressivos, alta temperatura, pressão elevada ou presença de sólidos em suspensão.

1. Materiais de Construção das Partes Internas

A estrutura interna de uma bomba centrífuga é composta por diversos componentes responsáveis pela movimentação, condução e vedação do fluido bombeado. Entre os principais elementos construtivos, destacam-se o rotor (impulsor), a carcaça, o eixo e os anéis de desgaste. A seleção dos materiais para esses componentes deve levar em consideração fatores como:

  • Natureza do fluido (água limpa, abrasiva, corrosiva, oleosa, viscosa);
  • Temperatura e pressão de operação;
  • Frequência de uso e ciclos de partida;
  • Custo de aquisição e manutenção.

Os materiais mais comumente utilizados são:

a) Ferro Fundido

Utilizado em carcaças e rotores de bombas para água limpa ou esgoto sanitário. É resistente, econômico e fácil de fundir, porém possui baixa resistência à corrosão severa e abrasão intensa.

b) Aço Inox (Inoxidável)

Empregado quando há contato com líquidos corrosivos, como produtos químicos, água salobra, alimentos ou solventes. Os tipos mais comuns são os aços inoxidáveis AISI 304 e AISI 316, sendo este último mais resistente a cloretos.

c) Aço Carbono

Utilizado em componentes estruturais e eixos, quando não há exigência de alta resistência química. Requer proteção contra oxidação, como pintura ou galvanização.

d) Bronze e Latão

Utilizados principalmente em rotores, anéis de desgaste e sedes de vedação. Apresentam boa resistência à corrosão e baixo atrito, sendo comuns em aplicações navais e industriais.

e) Termoplásticos e Revestimentos Poliméricos

Como polipropileno, PVDF ou resinas epóxi, são usados em aplicações químicas específicas ou quando se busca leveza e resistência a produtos agressivos. Também são usados como revestimento interno de carcaças metálicas.

A correta escolha do material é determinante para evitar falhas prematuras, paradas não planejadas e riscos operacionais.

2. Tipos de Rolamentos, Selos e Gaxetas

Além dos componentes hidráulicos, as bombas centrífugas contam com sistemas de suporte e vedação que asseguram o funcionamento mecânico adequado e evitam vazamentos do fluido bombeado. Esses sistemas exigem atenção especial durante a especificação e a manutenção.

a) Rolamentos (Mancais)

Os rolamentos têm a função de suportar o eixo da bomba e garantir sua rotação suave, absorvendo esforços axiais e radiais. Os tipos mais comuns em bombas centrífugas incluem:

  • Rolamentos de esferas: adequados para cargas leves a moderadas e alta rotação. São utilizados na maioria das bombas de pequeno porte.
  • Rolamentos de rolos (cilíndricos ou cônicos): suportam cargas mais elevadas e são utilizados em bombas de grande porte ou submetidas a esforços intensos.
  • Rolamentos autocompensadores: indicados quando há desalinhamento entre eixo e carcaça.

A lubrificação adequada dos rolamentos (graxa ou óleo) é fundamental para prolongar sua vida

útil e evitar superaquecimento e falhas mecânicas.

b) Selos Mecânicos

Os selos mecânicos são dispositivos de vedação instalados ao redor do eixo da bomba, impedindo o vazamento de fluido da zona pressurizada para o ambiente externo. São compostos por duas faces planas (uma fixa e uma rotativa), mantidas em contato por uma mola e por pressão hidráulica.

Principais tipos:

  • Selo simples: comum em líquidos limpos e não perigosos.
  • Selo duplo: utilizado quando o fluido é tóxico, abrasivo ou de alta pressão, ou quando a vedação simples é insuficiente.
  • Selo com câmara de barreira (flush): melhora a refrigeração e limpeza da região do selo.

Materiais das faces de vedação incluem cerâmica, carbeto de silício, carbono, tungstênio e viton, sendo escolhidos com base na compatibilidade química e térmica com o fluido bombeado.

c) Gaxetas

As gaxetas são elementos de vedação mais antigos, ainda utilizados em bombas de construção simples ou em fluidos que toleram pequenos vazamentos. São cordões trançados de materiais como grafite, PTFE ou fibra sintética, comprimidos em prensa-gaxetas ao redor do eixo.

Embora mais baratas, as gaxetas requerem manutenção frequente e apresentam menor eficiência de vedação em comparação aos selos mecânicos.

3. Importância da Resistência à Corrosão e Abrasão

Um dos fatores críticos na escolha de materiais e componentes de bombas centrífugas é a resistência à corrosão e à abrasão, pois esses fenômenos afetam diretamente a integridade dos componentes internos e a eficiência do sistema.

a) Corrosão

É a deterioração química do material, geralmente metálico, em contato com fluidos agressivos (ácidos, álcalis, sais). A corrosão pode ser uniforme, localizada (pitting) ou sob tensão (stress corrosion). Para evitá-la, utiliza-se:

  • Materiais nobres (como inox 316L);
  • Revestimentos anticorrosivos (resina epóxi, Teflon, borracha vulcanizada);
  • Proteção catódica (em ambientes marinhos).

A corrosão é especialmente crítica em setores como papel e celulose, químico, petroquímico e de tratamento de águas residuais.

b) Abrasão

É o desgaste mecânico causado pelo atrito de partículas sólidas em suspensão (areia, minério, lodo) contra as superfícies internas da bomba. O uso de materiais como ferro fundido nodular, ligas de alto cromo, carbeto de tungstênio ou cerâmica ajuda a reduzir o desgaste.

O dimensionamento correto, o uso de bombas com maior folga interna, o controle da concentração de sólidos e

amento correto, o uso de bombas com maior folga interna, o controle da concentração de sólidos e a manutenção periódica são práticas recomendadas para mitigar os efeitos da abrasão.

Considerações Finais

A durabilidade, a eficiência e a segurança de uma bomba centrífuga dependem diretamente da qualidade dos seus componentes internos e da adequação dos materiais ao tipo de fluido e às condições operacionais. Rolamentos, selos e materiais estruturais devem ser selecionados com base em critérios técnicos precisos, considerando a natureza química e física do fluido, o regime de trabalho e os custos operacionais envolvidos.

Ignorar esses fatores pode levar a falhas precoces, aumento de paradas para manutenção, consumo excessivo de energia e riscos ambientais. Assim, o conhecimento técnico sobre os materiais e componentes da bomba é essencial para projetistas, operadores e técnicos de manutenção.

Referências Bibliográficas

  • Karassik, I. J., Messina, J. P., Cooper, P., & Heald, C. C. (2001). Pump Handbook (3rd ed.). McGraw-Hill.
  • Bernhardt, M. L. (2010). Manual de Bombas Hidráulicas. LTC – Livros Técnicos e Científicos.
  • Luz, A. C. (2005). Manual de Sistemas de Bombeamento. Interciência.
  • Hydraulic Institute. (2011). Centrifugal Pump Guidelines. Hydraulic Institute Standards.
  • Streeter, V. L., Wylie, E. B., & Bedford, K. W. (1998). Mecânica dos Fluidos. McGraw-Hill.

 

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