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Assistente Social no Serviço de Saúde

 ASSISTENTE SOCIAL NO SERVIÇO DE SAÚDE

 

 

Introdução ao Papel do Assistente Social no Serviço de Saúde

Contextualização Histórica e Legal

 

Histórico da Profissão de Assistente Social no Brasil

A profissão de Assistente Social no Brasil tem suas raízes nas transformações sociais e econômicas do início do século XX, quando o país vivenciava um processo acelerado de urbanização e industrialização. Esse contexto gerou novas demandas sociais, especialmente nas áreas de saúde, educação e trabalho, que exigiam a criação de mecanismos para atender às necessidades das populações mais vulneráveis.

A institucionalização da profissão de Assistente Social ocorreu a partir da década de 1930, influenciada pelos ideais de caridade cristã e pelas ações filantrópicas das elites brasileiras. Nesse período, foram criadas as primeiras escolas de Serviço Social, com destaque para a Escola de Serviço Social de São Paulo, fundada em 1936, que foi a primeira do país. A formação dos assistentes sociais era marcada por um viés religioso e moralizante, voltado para a ajuda aos necessitados e a preservação da ordem social.

A partir dos anos 1940 e 1950, a profissão começou a se distanciar de suas origens religiosas, adotando um caráter mais técnico e científico. A criação do Serviço Social foi consolidada como uma profissão regulamentada em 1957, com a promulgação da Lei n° 3.252, que reconheceu oficialmente a profissão no Brasil.

Marcos Legais e Regulamentação da Atuação do Assistente Social no Setor de Saúde

O Serviço Social passou por importantes mudanças ao longo das décadas seguintes, acompanhando as transformações sociais e políticas do país. Em 1962, foi criado o Código de Ética Profissional do Assistente Social, que estabeleceu os princípios e deveres éticos da profissão. A regulamentação da profissão foi reforçada em 1993 com a Lei n° 8.662, que definiu as competências privativas dos assistentes sociais e criou os Conselhos Federal e Regionais de Serviço Social (CFESS e CRESS), responsáveis pela fiscalização do exercício profissional.

No contexto específico da saúde, a atuação do Assistente Social é amparada por uma série de normativas que visam garantir a integralidade do cuidado e o acesso aos direitos sociais. A Constituição Federal de 1988 representou um marco na consolidação das políticas sociais no Brasil, ao estabelecer a saúde como um direito de todos e dever do Estado, promovendo a criação do Sistema

contexto específico da saúde, a atuação do Assistente Social é amparada por uma série de normativas que visam garantir a integralidade do cuidado e o acesso aos direitos sociais. A Constituição Federal de 1988 representou um marco na consolidação das políticas sociais no Brasil, ao estabelecer a saúde como um direito de todos e dever do Estado, promovendo a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS incorporou a atuação do Assistente Social como parte da equipe multiprofissional, reconhecendo sua importância na atenção integral à saúde.

O Assistente Social, no setor de saúde, tem suas atividades regulamentadas pela Resolução CFESS n° 383/1999, que define as competências e atribuições privativas dos profissionais da área. Dentre as principais atividades estão a orientação e apoio aos usuários dos serviços de saúde, a articulação com outras políticas públicas, a participação na elaboração e execução de projetos terapêuticos, e a defesa dos direitos dos pacientes.

A Importância do Assistente Social na Promoção da Saúde Pública

A inserção do Assistente Social no setor de saúde é fundamental para a promoção da saúde pública, pois sua atuação vai além do cuidado imediato à doença, abrangendo as dimensões sociais, econômicas e culturais que influenciam a saúde das populações. O Assistente Social contribui para a construção de práticas de saúde mais equitativas e humanizadas, ao considerar as condições de vida e os direitos dos indivíduos e coletividades.

Sua atuação é essencial para a efetivação dos princípios do SUS, como a universalidade, integralidade e equidade. O Assistente Social desempenha um papel central na garantia do acesso aos serviços de saúde e na defesa dos direitos dos usuários, promovendo a justiça social e a inclusão das populações mais vulneráveis. Além disso, atua na prevenção de doenças e na promoção de condições de vida saudáveis, através da articulação com outras políticas sociais e da mobilização comunitária.

O reconhecimento da importância do Assistente Social na saúde pública reflete-se na crescente demanda por esses profissionais em diferentes níveis de atenção, desde a atenção básica até os serviços especializados, incluindo a saúde mental, a assistência hospitalar e as políticas de promoção da saúde. A sua contribuição é vital para a construção de um sistema de saúde mais justo e inclusivo, capaz de responder às necessidades reais da população brasileira.


O Papel do Assistente Social nos Serviços de Saúde

 

Atribuições e

Competências do Assistente Social nos Diversos Níveis de Atenção à Saúde

O Assistente Social desempenha um papel fundamental em todos os níveis de atenção à saúde, desde a atenção básica até a alta complexidade. Suas atribuições e competências variam conforme o contexto em que atua, mas sempre com o objetivo de promover a equidade e a justiça social, garantindo o acesso aos direitos e à qualidade de vida dos indivíduos e coletividades.

Na atenção básica, que inclui unidades de saúde da família, postos de saúde e outros serviços de primeiro contato com a população, o Assistente Social trabalha na prevenção de doenças e na promoção da saúde. Suas atividades incluem a realização de visitas domiciliares, a orientação dos usuários sobre seus direitos, o encaminhamento para outros serviços quando necessário e a mediação de conflitos que possam surgir entre os usuários e os serviços de saúde.

No nível da atenção especializada, que abrange hospitais, clínicas e serviços de urgência, o Assistente Social assume a responsabilidade de garantir que os pacientes recebam cuidados integrais. Suas funções incluem o apoio emocional e social aos pacientes e seus familiares, a elaboração de planos de alta hospitalar, a articulação com outros serviços sociais e a defesa dos direitos dos pacientes internados.

Na atenção terciária, que envolve serviços de alta complexidade, como hospitais especializados e centros de referência, o Assistente Social atua na gestão de casos complexos, muitas vezes envolvendo situações de vulnerabilidade extrema. Suas competências incluem a coordenação de cuidados multidisciplinares, a articulação de redes de apoio social e a intervenção em crises sociais que impactam a saúde dos pacientes.

A Atuação do Assistente Social na Equipe Multidisciplinar

A atuação do Assistente Social é caracterizada por sua integração nas equipes multidisciplinares de saúde. Essas equipes são compostas por profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros, que trabalham em conjunto para oferecer um cuidado integral ao paciente.

O Assistente Social contribui com sua perspectiva crítica e sua capacidade de entender as questões sociais que influenciam a saúde dos indivíduos. Sua atuação na equipe multidisciplinar inclui a participação na elaboração de projetos terapêuticos singulares, a realização de reuniões para discutir casos e a promoção de uma abordagem humanizada do cuidado.

Além disso, o Assistente Social é

disso, o Assistente Social é responsável por articular as intervenções sociais com as práticas de saúde, garantindo que as necessidades sociais dos pacientes sejam consideradas no planejamento e na execução dos cuidados. Sua presença na equipe multidisciplinar é essencial para a construção de um cuidado mais completo e eficaz, que vá além do tratamento biomédico e considere o contexto social e familiar dos pacientes.

A Articulação entre Saúde e Assistência Social

Um dos principais papéis do Assistente Social nos serviços de saúde é a articulação entre as políticas de saúde e assistência social. Essa articulação é fundamental para garantir que os indivíduos tenham acesso a uma rede de proteção social que vá além do atendimento médico, abrangendo também questões como habitação, educação, trabalho e segurança alimentar.

O Assistente Social atua como um facilitador no acesso a direitos sociais, auxiliando os pacientes a navegar pelo sistema de saúde e pelos serviços sociais disponíveis. Ele também trabalha na articulação de redes de apoio, envolvendo organizações da sociedade civil, instituições públicas e privadas, e outras esferas do governo para garantir um cuidado integral e integrado.

Além disso, o Assistente Social desempenha um papel central na promoção de políticas públicas que integrem saúde e assistência social, defendendo a importância de um olhar ampliado sobre a saúde, que considere os determinantes sociais e busque a promoção da equidade. Sua atuação é crucial para construir um sistema de saúde que responda às necessidades complexas da população, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida de todos os cidadãos.


Políticas Públicas de Saúde e Assistência Social

 

Análise das Principais Políticas Públicas de Saúde no Brasil

As políticas públicas de saúde no Brasil são estruturadas principalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de 1988. O SUS é baseado nos princípios de universalidade, integralidade e equidade, e busca garantir o acesso de todos os cidadãos aos serviços de saúde, independentemente de sua condição socioeconômica. Este sistema descentralizado e hierarquizado é organizado em três níveis de atenção: atenção básica, média complexidade e alta complexidade, com a responsabilidade compartilhada entre as esferas federal, estadual e municipal.

Uma das principais políticas de saúde implementadas no Brasil é a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que estabelece as diretrizes para a

organização da atenção primária à saúde, considerada a porta de entrada preferencial para o SUS. A Estratégia Saúde da Família (ESF) é o eixo central da PNAB, promovendo ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, com enfoque na atenção integral à saúde.

Outra política relevante é a Política Nacional de Humanização (PNH), que visa a valorização dos trabalhadores e usuários do SUS, promovendo práticas de acolhimento, corresponsabilidade e gestão compartilhada nos serviços de saúde. A PNH reforça a importância da humanização no atendimento, buscando criar ambientes mais acolhedores e respeitosos.

O Impacto das Políticas de Assistência Social na Promoção da Saúde

As políticas de assistência social têm um papel crucial na promoção da saúde, pois abordam os determinantes sociais que influenciam diretamente o bem-estar dos indivíduos e das comunidades. O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), instituído pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004, é o principal marco legal e organizacional da assistência social no Brasil, articulando ações em diferentes níveis de governo e com a sociedade civil.

Programas como o Bolsa Família, que foi substituído pelo Auxílio Brasil, têm um impacto significativo na melhoria das condições de vida e, consequentemente, na saúde das populações vulneráveis. Esses programas garantem uma renda mínima para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, o que contribui para a segurança alimentar, o acesso à educação e à saúde, além de reduzir as desigualdades sociais.

A proteção social oferecida pelo SUAS, através de serviços de acolhimento, apoio e acompanhamento a pessoas em situação de vulnerabilidade, é essencial para a promoção da saúde, pois proporciona uma rede de suporte que ajuda a prevenir situações de risco e promove o acesso a direitos fundamentais. Ao atuar sobre fatores como pobreza, violência e exclusão social, as políticas de assistência social têm um impacto direto na melhoria dos indicadores de saúde, reduzindo a mortalidade infantil, a desnutrição e outras condições associadas à privação material.

A Integração das Políticas de Saúde e Assistência Social

A integração das políticas de saúde e assistência social é um dos grandes desafios e ao mesmo tempo uma necessidade urgente para a construção de um sistema de proteção social eficaz. A intersecção entre esses dois campos é fundamental para garantir que as ações sejam coordenadas e que os indivíduos possam acessar uma rede

completa de cuidados que atenda tanto às suas necessidades de saúde quanto às sociais.

O conceito de integralidade, presente nas diretrizes do SUS, não se refere apenas à prestação de cuidados de saúde de forma contínua e coordenada, mas também à necessidade de articulação com outras políticas públicas, incluindo a assistência social. A integração entre saúde e assistência social permite que as intervenções sejam mais efetivas, pois consideram o indivíduo em sua totalidade, abordando tanto os aspectos clínicos quanto as condições de vida que afetam sua saúde.

Na prática, essa integração pode se manifestar em programas que envolvem tanto a saúde quanto a assistência social, como as ações desenvolvidas nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). A articulação entre esses serviços facilita o acesso dos cidadãos aos direitos sociais e de saúde, promovendo um atendimento mais completo e humanizado.

Além disso, a cooperação intersetorial, que envolve a educação, trabalho, habitação e outros setores, é essencial para a promoção da equidade e para a construção de políticas públicas que respondam às complexas demandas da população. A integração das políticas de saúde e assistência social é, portanto, uma estratégia fundamental para garantir o direito à saúde e a proteção social, fortalecendo o desenvolvimento humano e a justiça social no Brasil.

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