Emergências
Graves, Fármacos e Aspectos Legais
Reações alérgicas e anafilaxia
Reações alérgicas estão entre as emergências médicas possíveis no consultório odontológico. Elas variam de eventos leves e autolimitados, como urticária localizada, até quadros rapidamente fatais, como anafilaxia. A diversidade crescente de materiais dentários, somada ao uso rotineiro de fármacos (anestésicos locais, antibióticos, anti-inflamatórios, antissépticos), aumenta a probabilidade de sensibilização e de reações adversas. Embora a anafilaxia seja menos frequente, sua evolução pode ser abrupta, o que torna indispensável a prevenção por anamnese dirigida, o reconhecimento clínico imediato e a prontidão para uso de adrenalina e suporte básico de vida.
Reações adversas a medicamentos e materiais odontológicos
As manifestações alérgicas no consultório podem ser
desencadeadas por medicamentos ou por materiais utilizados durante o
atendimento. Entre os fármacos, destacam-se anestésicos locais, antibióticos
(sobretudo betalactâmicos), anti-inflamatórios não esteroidais, analgésicos,
soluções antissépticas e agentes hemostáticos. Em relação a materiais, a
literatura descreve reações a látex (luvas, dique de borracha), resinas
acrílicas, materiais de moldagem, cimentos, irrigantes endodônticos, metais
(níquel, cobalto, cromo, titânio) e componentes de próteses ou aparelhos
ortodônticos.
O látex permanece um dos principais causadores de
reações imediatas em odontologia, podendo produzir desde urticária de contato
até anafilaxia.
É importante lembrar que nem toda reação imediata após anestesia local é alérgica. Estudos indicam que a maioria dos eventos associados a anestésicos locais é de origem não alérgica (ansiedade, vasovagal, toxicidade, reação ao vasoconstrictor), mas o profissional deve manter vigilância, especialmente quando há sinais cutâneos e respiratórios típicos.
Alergia imediata x tardia
A odontologia lida principalmente com
hipersensibilidades do tipo I (imediatas, mediadas por IgE) e do tipo IV
(tardias, mediadas por células T).
A distinção é relevante porque reações tardias pedem investigação e substituição de materiais, enquanto reações imediatas exigem intervenção clínica urgente.
Urticária, angioedema e broncoespasmo alérgico
Urticária é a manifestação cutânea mais
comum de alergia imediata. Caracteriza-se por placas elevadas, eritematosas e
pruriginosas, que podem ser localizadas ou generalizadas. Na maioria dos casos,
não compromete via aérea nem hemodinâmica, mas pode ser o primeiro sinal de
progressão para anafilaxia.
Angioedema é edema súbito de tecidos
subcutâneos ou submucosos, frequentemente em lábios, pálpebras, língua e
orofaringe. Em odontologia, pode ser precipitado por fármacos, látex ou
materiais dentários. O risco central é o edema de glote, que ameaça a via
aérea. A presença de rouquidão, estridor, sensação de “bola na garganta” ou
dificuldade para engolir deve ser considerada sinal de gravidade.
Broncoespasmo alérgico ocorre por constrição das vias aéreas inferiores, com dispneia, chiado, tosse e prolongamento expiratório. Pode ocorrer isoladamente ou como parte da anafilaxia. Em contexto alérgico, costuma aparecer associado a urticária, angioedema ou hipotensão.
Anafilaxia: diagnóstico clínico
Anafilaxia é uma reação sistêmica grave, de início rápido, potencialmente fatal, causada por liberação generalizada de mediadores inflamatórios. O diagnóstico é clínico e deve ser feito sem aguardar exames. Diretrizes recentes reforçam que a anafilaxia deve ser suspeitada quando há exposição provável a um alérgeno e surgem, em minutos, manifestações em múltiplos sistemas. Os padrões mais típicos incluem:
Importante: anafilaxia pode ocorrer sem urticária evidente, especialmente quando predomina o componente respiratório ou cardiovascular. Por isso, falta de sinais cutâneos não exclui o
diagnóstico.
Conduta imediata no consultório
A conduta deve ser iniciada no instante da suspeita,
seguindo princípios de suporte básico de vida:
1.
Interromper
imediatamente o procedimento e remover materiais da boca.
2.
Acionar
ajuda interna e o serviço de emergência precocemente.
3.
Posicionar
o paciente: em geral, decúbito dorsal com pernas elevadas se
houver hipotensão; sentado se houver desconforto respiratório importante, desde
que a perfusão esteja preservada.
4.
Administrar
adrenalina intramuscular sem demora, pois é o tratamento de primeira
linha e o fator mais associado à sobrevivência. Adjuntos não devem retardar sua
aplicação.
5.
Oxigênio
suplementar em fluxo alto, se disponível, e monitorização de
sinais vitais.
6.
Preparar
ventilação assistida com AMBU se houver deterioração respiratória.
Reavaliações contínuas (respiração, pulso, consciência) são essenciais porque a anafilaxia é dinâmica e pode piorar rapidamente.
Uso de adrenalina, anti-histamínicos e suporte respiratório
Adrenalina (epinefrina) é o fármaco chave. Diretrizes
odontológicas e de anafilaxia recomendam via intramuscular no músculo vasto
lateral da coxa, por ser mais rápida e segura que via subcutânea. A dose usual
em adultos é 0,3 a 0,5 mg da solução 1:1000, podendo repetir em intervalos de 5
a 10 minutos se os sinais persistirem ou retornarem. A administração não deve
ser adiada por medo dos efeitos colaterais; em anafilaxia, o risco de não
aplicar é muito maior do que o risco do medicamento.
Anti-histamínicos (orais ou injetáveis) têm papel adjunto.
Eles ajudam sobretudo em urticária e prurido, mas não revertem broncoespasmo
grave nem choque, e por isso nunca substituem a adrenalina.
O suporte respiratório inclui oferta de oxigênio de alto fluxo, manutenção de via aérea pérvia, aspiração de secreções se necessário e ventilação assistida com bolsa-válvula-máscara caso a respiração se torne ineficaz. Se ocorrer parada cardiorrespiratória, inicia-se RCP e usa-se DEA conforme protocolo de SBV.
Encaminhamento e monitorização pós-crise
Mesmo após melhora clínica, todo paciente com anafilaxia deve ser encaminhado para avaliação hospitalar. Isso se deve ao risco de reação bifásica, em que sintomas retornam horas depois, e à necessidade de observação, suporte avançado e investigação etiológica. Diretrizes recentes recomendam monitorização por várias horas após quadro moderado ou grave, com tempo maior em casos de hipotensão, broncoespasmo
significativo ou necessidade de repetição de adrenalina.
No retorno à estabilidade, o cirurgião-dentista deve registrar detalhadamente no prontuário: agente suspeito, horário de início, sinais observados, medicamentos administrados, resposta clínica e tempo de acionamento do resgate. Posteriormente, é essencial orientar o paciente a procurar alergologista para confirmação do agente causal, evitando futuras exposições e permitindo continuidade segura do tratamento odontológico.
Referências bibliográficas
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Emergências cardiovasculares e neurológicas na odontologia
Emergências cardiovasculares e neurológicas no consultório odontológico são menos frequentes do que síncope ou hipoglicemia, porém têm alto potencial de gravidade. A população atendida é cada vez mais envelhecida e polimedicada, o que aumenta a chance de angina, infarto agudo do miocárdio (IAM), crises hipertensivas, acidente vascular cerebral (AVC) e convulsões durante ou logo após procedimentos. Diretrizes de emergências em odontologia enfatizam que o papel do cirurgião-dentista é reconhecer rapidamente os sinais clínicos, iniciar medidas de suporte básico, administrar medicamentos essenciais quando indicados e acionar o serviço de emergência sem demora.
Dor torácica no consultório: causas prováveis
Dor torácica no consultório pode ter origem cardíaca ou não cardíaca. Na odontologia, as causas mais comuns relatadas são angina, hiperventilação/ansiedade e infarto agudo do miocárdio, mas também podem
ocorrer dor musculoesquelética,
refluxo gastroesofágico ou espasmo esofágico. A dificuldade prática é que dor
por ansiedade pode imitar dor isquêmica, cabendo ao dentista tratar
inicialmente como potencial evento cardiovascular até prova em contrário quando
houver dúvida. Elementos que sugerem origem cardíaca incluem dor em aperto ou
pressão retroesternal, irradação para braço esquerdo, mandíbula ou dorso,
associação com sudorese, náusea, palidez, falta de ar e sensação de “morte
iminente”.
Angina estável/instável e suspeita de infarto
A angina estável decorre de
isquemia miocárdica transitória por obstrução coronária fixa. Em geral, surge
sob esforço ou estresse, melhora em poucos minutos com repouso e responde à
nitroglicerina usada pelo próprio paciente. No consultório odontológico, pode
ser desencadeada por ansiedade, dor, vasoconstritor ou procedimento prolongado.
A angina instável
representa isquemia mais grave e imprevisível: pode ocorrer em repouso, durar
mais tempo, ser mais intensa e ter resposta incompleta à nitroglicerina. É
considerada síndrome coronariana aguda e pode evoluir para IAM.
A suspeita de infarto agudo do miocárdio deve ser feita quando a dor torácica é intensa, prolongada (tipicamente >10–15 minutos), não melhora com repouso, pode estar acompanhada de dispneia, sudorese fria, náusea, vômitos, tontura ou síncope. A literatura específica para odontologia ressalta que qualquer dor compatível com evento isquêmico deve ser tratada como emergência médica real, priorizando estabilização e acionamento imediato do resgate.
Conduta inicial, monitoramento e acionamento de emergência
Diante de dor torácica sugestiva
de isquemia, a conduta inicial no consultório segue princípios padronizados:
reclinada, evitando esforço;
Se o paciente tiver nitroglicerina
prescrita e quadro compatível com angina, pode-se orientar o uso conforme
prescrição médica, observando resposta em poucos minutos. Persistindo dor, ou
se a dor já se apresentar como instável, deve-se acionar o serviço de
emergência imediatamente.
Em suspeita de síndrome coronariana aguda, diretrizes odontológicas recomendam
ácido
acetilsalicílico (AAS) em dose de ataque quando não houver contraindicação
conhecida (como alergia ou sangramento ativo), pois reduz agregação plaquetária
e melhora prognóstico. Entretanto, administração de qualquer fármaco deve
seguir o protocolo do consultório e o treinamento do profissional.
Se houver piora rápida do estado geral, rebaixamento de consciência ou ausência de respiração normal/pulso, o quadro deve ser tratado como parada cardiorrespiratória, iniciando RCP e usando DEA conforme SBV.
Hipertensão arterial aguda
Crises hipertensivas em
odontologia variam desde elevação transitória por ansiedade até
urgências/emergências hipertensivas. A elevação aguda da pressão é comum
durante anestesia, dor ou nervosismo, especialmente em hipertensos não
controlados. Sinais como cefaleia intensa, visão borrada, zumbido, dor
torácica, falta de ar ou déficit neurológico indicam risco maior. A literatura
em emergências odontológicas orienta que o dentista avalie rapidamente a
pressão, suspenda o procedimento, reduza estímulos estressantes e observe.
Se a pressão estiver muito elevada e houver sintomas sistêmicos importantes ou suspeita de lesão aguda de órgão-alvo (dor torácica, dispneia, sinais neurológicos), trata-se como emergência médica: oxigênio se necessário, monitorização contínua e acionamento do resgate. Em elevações moderadas sem sinais de gravidade, a conduta é repouso, ambiente calmo, controle de dor e reavaliação, encaminhando para seguimento médico.
AVC: sinais principais e reconhecimento rápido
O AVC é uma emergência
tempo-dependente: minutos de atraso aumentam mortalidade e sequelas. No
consultório, pode ocorrer em pacientes com hipertensão, fibrilação atrial,
diabetes, tabagismo ou histórico prévio. Os sinais mais valorizados para
reconhecimento rápido são:
Esse conjunto é resumido na triagem tipo FAST, ensinada para equipes odontológicas em diretrizes de emergências. A conduta inicial inclui interromper o atendimento, posicionar o paciente de forma confortável (semi-reclinada se houver náusea/vômitos, ou supina se houver hipotensão), monitorar sinais vitais, oferecer oxigênio se houver dispneia ou queda de saturação e acionar o serviço de emergência imediatamente.
Não se deve oferecer alimento, água ou medicamentos por via oral pela
possibilidade de disfagia e aspiração.
Convulsões: tipos, causas e manejo no consultório
Convulsões podem aparecer em
pacientes com epilepsia conhecida, mas também podem ocorrer de forma aguda por
hipoglicemia grave, febre, abstinência, intoxicação medicamentosa, trauma ou
AVC. Em odontologia, a crise tônico-clônica generalizada é a mais dramática:
perda súbita de consciência, rigidez, abalos musculares, salivação/espuma e
fase pós-ictal com sonolência e confusão. Crises focais podem manifestar-se
como movimentos localizados, automatismos ou alteração comportamental sem perda
completa de consciência.
O manejo no consultório é
principalmente de suporte:
Após cessar a convulsão, o paciente deve permanecer em posição lateral de segurança até recuperar consciência plena. Se houver história de epilepsia controlada e a crise for curta, geralmente basta observação e orientação; se for primeira crise ou houver trauma importante, é indicado encaminhamento médico.
Crise epiléptica prolongada e riscos associados
Crises convulsivas com duração igual
ou superior a 5 minutos, ou crises repetidas sem recuperação total entre
elas, configuram quadro de risco elevado e podem evoluir para status
epilepticus. Diretrizes odontológicas específicas para midazolam enfatizam que,
nesses casos, deve-se acionar ambulância urgentemente e considerar
benzodiazepínico de resgate (como midazolam) se o profissional estiver
treinado, seguindo protocolo local.
Os riscos do prolongamento incluem hipóxia, acidose metabólica, hipertermia, arritmias, trauma por queda e, em casos extremos, parada cardiorrespiratória. No consultório, a prioridade é manter ventilação e perfusão: oxigênio, vias aéreas pérvias e prontidão para SBV caso ocorra deterioração. Mesmo quando a crise cessa, o paciente deve ser avaliado em ambiente hospitalar se houve prolongamento, repetição ou déficit neurológico pós-ictal incomum.
Referências bibliográficas
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Farmacologia de urgência e responsabilidades profissionais
na odontologia
O consultório odontológico é um ambiente de atenção à saúde onde emergências médicas podem ocorrer mesmo em procedimentos simples. Assim, a farmacologia de urgência e a responsabilidade profissional do cirurgião-dentista formam um conjunto inseparável: conhecer medicamentos essenciais, saber quando e como administrá-los, registrar adequadamente o evento e agir de forma ética e legal são requisitos para segurança do paciente e do profissional. Diretrizes internacionais e revisões clínicas odontológicas destacam que a prontidão depende de um kit com fármacos básicos, protocolos claros e treinamento regular de toda a equipe.
Medicamentos essenciais em emergências odontológicas
Listas mínimas recomendadas para
clínicas odontológicas gerais são bastante convergentes. Elas cobrem as
emergências mais prováveis no consultório: anafilaxia, broncoespasmo/asma,
hipoglicemia, dor torácica isquêmica e convulsões. A American Dental Association
e documentos de preparo para emergências em odontologia apontam como
essenciais:
Indicações, vias de administração e cuidados gerais
Os fármacos de urgência devem ser
usados de forma rápida e dirigida ao quadro clínico, sem atrasar suporte básico
de vida nem acionamento do resgate quando necessário. Em odontologia, as vias
mais usuais são intramuscular, sublingual, inalatória e oral. Revisões
específicas de emergências no consultório reforçam os principais usos:
Cuidados gerais incluem checar alergias prévias, evitar via oral em rebaixamento de consciência, observar efeitos adversos previsíveis (ex.: taquicardia após adrenalina) e registrar toda administração no prontuário.
Doses usuais em adultos (visão geral)
As doses abaixo refletem parâmetros amplamente aceitos em guias de emergências médicas para a prática odontológica e podem variar conforme protocolo institucional e
legislação
local.
Interações medicamentosas relevantes para urgência
Em emergências odontológicas, a
interação mais crítica é aquela que muda o risco imediato do paciente. As
principais, descritas em revisões clínicas, incluem:
·
Benzodiazepínicos
e depressores do SNC (álcool, opioides, sedação): podem
deprimir respiração; exigir vigilância ventilatória e oxigênio. A anamnese
dirigida e a revisão de medicação em uso são essenciais para antecipar esses
cenários.
Registro clínico de intercorrências
O registro completo do evento é um dever técnico e legal. Deve incluir: horário de início, sinais e sintomas observados, sinais vitais, hipóteses
diagnósticas, condutas adotadas, fármacos administrados (dose, via, horário), resposta clínica, acionamento de resgate e desfecho imediato. Esses registros integram o prontuário odontológico e servem tanto para continuidade do cuidado quanto para respaldo ético-legal. A literatura brasileira ressalta que intercorrências médicas fazem parte do risco ocupacional do consultório e exigem documentação sistemática.
Conduta ética e legal do cirurgião-dentista
No Brasil, o cirurgião-dentista
tem o dever de prestar assistência imediata compatível com sua competência e
com os recursos disponíveis, além de acionar o sistema de emergência quando
houver risco de vida. O Código de Ética Odontológica, sob regulação do Conselho
Federal de Odontologia, estabelece obrigações relacionadas à responsabilidade
profissional, sigilo, zelo pela saúde do paciente e correta documentação
clínica. O descumprimento pode gerar implicações éticas e disciplinares.
Eticamente, destacam-se:
Termos de encaminhamento e comunicação com familiares
Após estabilização inicial, o encaminhamento ao serviço de urgência é parte do cuidado. O termo de encaminhamento deve resumir o evento e as condutas feitas, incluindo medicamentos e horários, sinais vitais e hipóteses. A comunicação com familiares ou acompanhantes deve ser clara, objetiva e registrada, sempre respeitando sigilo profissional e o melhor interesse do paciente. Diretrizes de qualidade em emergências enfatizam que comunicação bem conduzida reduz riscos posteriores e melhora adesão ao seguimento médico.
Boas práticas após o evento emergencial
Depois da emergência, recomenda-se
uma etapa de revisão e aprendizado interno:
·
orientar o paciente sobre acompanhamento médico e
registrar recomendações.
Essa rotina de “pós-evento” transforma emergências em oportunidades de melhoria contínua e aumenta a segurança futura do consultório.
Referências bibliográficas
American Dental Association.
Emergency protocol in the dental clinic e recomendações de drogas essenciais
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2022.
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the American Dental Association, 2009.
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Standards: Primary dental care e lista de equipamentos/medicamentos para
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Emergency Drugs and Equipment in
Primary Dental Care. Scottish Government/National Dental Advisory Committee,
2024.
Adrenaline in Emergency Drug Kits.
Orientações sobre obrigatoriedade e apresentação de adrenalina 1:1000 em kits
odontológicos. 2023.
Conselho Federal de Odontologia.
Normas éticas e deveres do cirurgião-dentista no cuidado ao paciente e na
documentação clínica. 2024–2025.
Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial. Intercorrências médicas no consultório odontológico e responsabilidades profissionais. 2010.
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