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Aperfeiçoamento em Edificações

APERFEIÇOAMENTO EM EDIFICAÇÕES


 

Técnicas Construtivas e Materiais 

Materiais de Construção: Tipos, Aplicações e Normas 

 

1. Introdução

Os materiais de construção são os insumos fundamentais para a realização de qualquer obra civil. Eles são responsáveis por garantir a resistência, durabilidade, segurança e estética das edificações, além de influenciarem diretamente no custo e no desempenho técnico e ambiental da construção.

A correta seleção dos materiais, aliada ao conhecimento de suas propriedades, aplicações e conformidade com as normas técnicas, é essencial para o sucesso de qualquer empreendimento. Além disso, o controle de qualidade e a realização de ensaios garantem que os materiais utilizados atendam às exigências de projeto e regulamentações.

Este texto aborda os principais tipos de materiais de construção, suas aplicações, o uso de materiais alternativos, bem como os ensaios e normas técnicas que asseguram sua qualidade e desempenho.

2. Materiais Convencionais de Construção

Os materiais convencionais são aqueles tradicionalmente empregados na construção civil, com características amplamente estudadas, disponibilidade comercial e regulamentação técnica consolidada. Entre os principais materiais convencionais destacam-se:

a) Concreto

Composto por cimento, agregados (areia e brita), água e, eventualmente, aditivos, o concreto é o material mais utilizado no mundo. É aplicado em fundações, pilares, vigas, lajes e pisos. Sua resistência à compressão e versatilidade o tornam indispensável em obras de todos os portes.

b) Aço

Utilizado principalmente como armadura no concreto armado e em estruturas metálicas. Possui alta resistência à tração, ductilidade e capacidade de absorver esforços dinâmicos. O aço também é amplamente empregado em coberturas e fechamentos.

c) Cerâmica Vermelha

Inclui tijolos e blocos cerâmicos, largamente utilizados em alvenaria de vedação e estrutural. São materiais com boa resistência mecânica, desempenho térmico e acústico, além de baixo custo.

d) Argamassas e Revestimentos

Misturas de cimento, cal, areia e aditivos, utilizadas para assentamento de blocos, regularização de superfícies e acabamento. Também incluem revestimentos como cerâmicas, porcelanatos e tintas.

e) Madeira

Empregada em coberturas, pisos, esquadrias e formas para concreto. É um material renovável, com boas propriedades mecânicas, mas sensível à umidade e ataque biológico, exigindo tratamento adequado.

3. Materiais Alternativos

O

crescente interesse por sustentabilidade tem incentivado a adoção de materiais alternativos, que visam reduzir o impacto ambiental da construção e oferecer soluções mais acessíveis e eficientes. Entre eles destacam-se:

a) Blocos de solo-cimento

Fabricados com solo, cimento e água, compactados mecanicamente. São sustentáveis, pois dispensam queima e utilizam materiais locais. Têm bom desempenho térmico e são utilizados em alvenaria estrutural.

b) Concreto reciclado

Produzido com agregados obtidos da trituração de resíduos da construção civil. Pode ser empregado em bases de pavimentação, calçadas e elementos não estruturais, contribuindo para a economia circular.

c) Painéis pré-fabricados e modularização

Materiais produzidos industrialmente com maior controle de qualidade, rapidez de montagem e menor geração de resíduos. Exemplos incluem painéis de gesso acartonado, estruturas de madeira engenheirada e painéis de concreto leve.

d) Materiais naturais e renováveis

Bambu, terra crua (adobe), palha e fibras vegetais vêm sendo redescobertos e adaptados a contextos urbanos, com destaque para habitações sustentáveis e construções bioclimáticas.

4. Ensaios e Controle de Qualidade

Para garantir a conformidade e a durabilidade dos materiais utilizados, é essencial realizar ensaios laboratoriais que verifiquem suas propriedades físicas, mecânicas e químicas. Esses ensaios seguem metodologias definidas por normas técnicas, assegurando a confiabilidade dos resultados.

a) Ensaios em cimento

Verificam a finura, tempo de pega, resistência à compressão e expansão. O cimento deve estar em conformidade com a NBR 16697.

b) Ensaios em concreto

Incluem o ensaio de abatimento (slump test) para verificar a consistência, e o ensaio de resistência à compressão em corpos de prova cilíndricos, segundo a NBR 5738 e a NBR 5739.

c) Ensaios em agregados

Avaliam a granulometria, massa específica, absorção de água e resistência ao desgaste. As normas da NBR 7211 e NBR 7211-1 definem os critérios para agregados para concreto.

d) Ensaios em aço

O aço deve ser submetido a ensaios de tração, dobramento e análise química. A NBR 7480 trata do aço para armaduras de concreto armado.

e) Controle de recebimento e armazenagem

Além dos ensaios, o controle de qualidade exige inspeção no recebimento dos materiais, verificação de notas fiscais, armazenagem em local adequado e rastreabilidade, especialmente em obras de grande porte ou públicas.

5. Normas Técnicas Aplicáveis

As normas

da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) são fundamentais para padronizar e assegurar a qualidade dos materiais e processos. Algumas das principais normas relacionadas a materiais de construção incluem:

  • NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
  • NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento
  • NBR 15894: Blocos de concreto para alvenaria
  • NBR 15575: Edificações habitacionais – Desempenho
  • NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento – Requisitos

Cumprir essas normas não é apenas uma exigência legal em muitas obras, mas também uma garantia de desempenho, segurança e durabilidade para o usuário final.

6. Conclusão

Os materiais de construção constituem a base física de qualquer edificação. Conhecer suas propriedades, aplicações e exigências normativas é indispensável para profissionais da construção civil que buscam realizar obras de qualidade, seguras e sustentáveis.

Além dos materiais convencionais, a adoção de materiais alternativos e inovadores pode contribuir significativamente para a redução de impactos ambientais, custos operacionais e tempo de execução das obras. No entanto, essa adoção deve ser acompanhada por rigoroso controle de qualidade, baseado em ensaios técnicos e conformidade com as normas da ABNT.

A correta especificação, verificação e uso dos materiais são fatores decisivos para a longevidade das edificações e para o desempenho global da construção ao longo do tempo.

Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13281: Argamassa para assentamento e revestimento – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.
  • MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais. São Paulo: IBRACON, 2014.
  • HELENE, Paulo; TERZIAN, Paulo. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: PINI, 2002.
  • CALIL JUNIOR, Carlos. Ensaios dos Materiais de Construção Civil. São Paulo: Edgard Blücher, 2015.

Armazenamento e transporte no canteiro

 

1. Introdução

O bom desempenho de uma obra está diretamente relacionado à eficiência da logística de materiais dentro do canteiro. O armazenamento e transporte de materiais são atividades fundamentais para garantir o abastecimento contínuo dos insumos,

são atividades fundamentais para garantir o abastecimento contínuo dos insumos, a integridade dos produtos utilizados e a organização do ambiente de trabalho.

A correta gestão dessas etapas evita desperdícios, retrabalhos e acidentes, contribuindo para o cumprimento de prazos e a redução de custos. No entanto, essas operações exigem planejamento técnico, conhecimento das características dos materiais e respeito às normas de segurança e qualidade.

Este texto trata dos princípios e práticas recomendadas para o armazenamento e transporte de materiais no canteiro de obras, abordando aspectos operacionais, normativos e logísticos.

2. Princípios do Armazenamento no Canteiro

O armazenamento é a atividade de guardar materiais de forma organizada, segura e acessível, preservando sua qualidade até o momento do uso. Um sistema de armazenamento eficiente deve considerar os seguintes princípios:

a) Proteção dos materiais

Os materiais devem ser protegidos contra ações climáticas (chuva, sol, vento, umidade), impactos mecânicos, contaminações e furtos. Itens como cimento, cal, argamassa ensacada e aditivos exigem proteção especial contra umidade.

b) Organização e identificação

A disposição dos materiais deve seguir uma lógica que facilite a localização, o controle de estoque e o acesso rápido, preferencialmente com sinalização visível e etiquetas com nome, lote e data de entrada.

c) Segregação por tipo

Materiais incompatíveis, como produtos químicos e alimentícios (em canteiros com refeitórios), devem ser armazenados separadamente. Também é necessário isolar inflamáveis, corrosivos ou tóxicos conforme as normas de segurança.

d) Critério de rodízio (FIFO)

Aplica-se o princípio “first in, first out” (primeiro que entra, primeiro que sai), para garantir o uso preferencial de materiais mais antigos, evitando vencimentos ou perdas por degradação.

e) Facilidade de movimentação

O layout do canteiro deve prever áreas de armazenamento próximas às frentes de trabalho, sempre que possível, evitando deslocamentos excessivos.

3. Tipos de Armazenamento

O tipo de armazenamento varia conforme o material, seu volume, valor e sensibilidade:

  • Coberto: indicado para materiais sensíveis à umidade, como cimento, tintas, aditivos, madeira, ferramentas elétricas e equipamentos.
  • Aberto e ventilado: adequado para tijolos, blocos, areia, brita, tubos plásticos e formas metálicas, desde que em plataformas elevadas e protegidas da chuva.
  • Contentores e
  • almoxarifados: utilizados para materiais de pequeno porte, peças especiais, ferragens e elementos frágeis, com controle de entrada e saída.

A NBR 12284/1991 – Armazenamento de cimento e outras normas específicas auxiliam na definição dos métodos mais seguros e adequados.

4. Transporte Interno de Materiais

O transporte de materiais dentro do canteiro, também chamado de logística interna, tem como objetivo levar os insumos do local de armazenamento até os pontos de uso, no tempo certo e com segurança.

Esse transporte pode ser:

  • Manual: realizado por operários, com equipamentos simples como carrinhos de mão ou talhas. Deve seguir limites estabelecidos por normas de ergonomia e segurança (NR-17).
  • Mecanizado: com o uso de guinchos, elevadores de cremalheira, gruas, empilhadeiras, pás carregadeiras e caminhões basculantes.
  • Vertical ou horizontal: conforme a necessidade de movimentação em diferentes níveis do canteiro.

O transporte eficiente depende de:

  • Caminhos bem definidos e desobstruídos;
  • Equipamentos adequados ao tipo de material;
  • Treinamento dos operadores;
  • Sincronização com o cronograma da obra, evitando acúmulo ou escassez de insumos.

5. Segurança e Normas Aplicáveis

O armazenamento e transporte de materiais devem obedecer às Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, especialmente:

  • NR-11: trata do transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais. Estabelece requisitos quanto ao uso de equipamentos e sinalização.
  • NR-18: regulamenta as condições e meio ambiente de trabalho na construção civil. Define critérios para o layout do canteiro, circulação, proteção de cargas e movimentação em altura.
  • NR-17: trata da ergonomia, limitando o peso máximo para transporte manual por trabalhadores (25 kg para homens e 20 kg para mulheres, como orientação geral).

Adicionalmente, é recomendável que o canteiro possua plano de logística de materiais, elaborado em conjunto com o planejamento físico da obra, prevendo áreas de recebimento, estocagem, manuseio e circulação.

6. Sustentabilidade e Boas Práticas

A logística de materiais no canteiro também deve considerar aspectos ambientais. Algumas boas práticas incluem:

  • Reduzir perdas com armazenamento adequado e controle de estoque;
  • Reutilizar embalagens e paletes;
  • Separar resíduos por tipo para facilitar reciclagem;
  • Evitar desperdícios por estocagem excessiva ou mal planejada;
  • Utilizar materiais
  • pré-fabricados, que demandam menos manuseio e tempo de obra.

A adoção dessas práticas contribui não só para a economia do projeto, mas também para a certificação de sustentabilidade da edificação (como o selo LEED ou o selo Procel Edifica).

7. Conclusão

O armazenamento e transporte de materiais no canteiro de obras são etapas fundamentais da gestão da construção. A eficiência dessas operações garante a disponibilidade dos insumos com qualidade e segurança, contribuindo para a produtividade, a redução de desperdícios e a sustentabilidade da obra.

Planejar essas atividades com base em critérios técnicos e nas normas regulamentadoras é responsabilidade de toda a equipe de obra, desde engenheiros até operários. Uma logística bem executada no canteiro é sinônimo de obra organizada, segura e economicamente viável.

Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12284: Armazenamento de cimento em sacos. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.
  • BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-11: Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais.
  • BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora NR-18: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.
  • CALLADO, Claudemir. Construção Civil: Planejamento, Controle e Gestão. São Paulo: Érica, 2019.
  • FREITAS, Maria Helena V. de. Administração de Obras: Planejamento, Organização e Controle. São Paulo: LTC, 2017.


Sistemas Construtivos Convencionais: Alvenaria Estrutural, Alvenaria de Vedação e Concreto Armado

1. Introdução

Na construção civil, os sistemas construtivos são o conjunto de técnicas e processos utilizados para erguer edificações. Entre os mais utilizados no Brasil, destacam-se os sistemas construtivos convencionais, que incluem a alvenaria estrutural, a alvenaria de vedação e o concreto armado com formas moldadas in loco.

Esses sistemas são amplamente empregados por sua confiabilidade, disponibilidade de materiais, mão de obra treinada e boa adaptação às características da construção brasileira. Apesar do avanço de métodos industrializados e modulares, os sistemas convencionais seguem sendo predominantes, especialmente em obras de pequeno e médio porte.

Este texto apresenta os conceitos, características e aplicações dos principais sistemas construtivos convencionais, com foco na alvenaria e no concreto armado.

2. Alvenaria Estrutural

A alvenaria estrutural é um sistema

é um sistema em que as paredes não apenas dividem ambientes ou fecham espaços, mas também suportam as cargas da edificação, substituindo vigas e pilares tradicionais. Neste sistema, blocos de concreto ou cerâmicos, assentados com argamassa, formam painéis resistentes capazes de absorver cargas verticais (peso da edificação) e laterais (vento, sismos).

Características:

  • Utiliza blocos estruturais (concreto ou cerâmica), resistentes à compressão.
  • Pode ser armada (com barras de aço em furos verticais) ou não armada.
  • Exige planejamento rigoroso, pois alterações após a execução são difíceis.
  • Reduz a quantidade de fôrmas e concreto, tornando a obra mais limpa e rápida.

Aplicações:

  • Edifícios residenciais de até 5 pavimentos são comumente executados com alvenaria estrutural.
  • Em obras maiores, pode ser combinada com estruturas em concreto armado.

Normas aplicáveis:

  • ABNT NBR 15961-1: Projeto de alvenaria estrutural – Parte 1: Blocos de concreto.
  • ABNT NBR 15812: Alvenaria estrutural com blocos cerâmicos.

3. Alvenaria de Vedação

A alvenaria de vedação é utilizada exclusivamente para fechar vãos e compartimentar ambientes. Ao contrário da alvenaria estrutural, não possui função de sustentação das cargas da edificação. Sua principal função é a vedação, atuando como fechamento entre elementos estruturais, como vigas, pilares e lajes.

Características:

  • Utiliza blocos cerâmicos ou de concreto comuns, que não precisam resistir a grandes cargas.
  • É mais flexível em relação ao layout da edificação, podendo ser alterada com mais facilidade.
  • Demanda estrutura independente (geralmente em concreto armado ou metálico).
  • Pode incorporar instalações elétricas e hidráulicas com facilidade.

Aplicações:

  • Utilizada na maioria das construções residenciais, comerciais e industriais.
  • Ideal para paredes internas e externas em edificações com estrutura independente.

Normas aplicáveis:

  • ABNT NBR 7170: Tijolo maciço cerâmico.
  • ABNT NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria.

4. Concreto Armado e Formas

O concreto armado é um dos sistemas mais tradicionais e versáteis da construção civil. Consiste na combinação do concreto (resistente à compressão) com o aço (resistente à tração), formando um material composto com excelentes propriedades estruturais.

a) Concreto Armado

O concreto armado é utilizado para elementos estruturais como:

  • Vigas;
  • Pilares;
  • Lajes;
  • Fundações;
  • Escadas;
  • Muros de arrimo.

Vantagens:

  • Alta durabilidade e resistência;
  • Permite grandes vãos e liberdade arquitetônica;
  • Boa resistência ao fogo;
  • Facilidade de moldagem no local (in loco).

Desvantagens:

  • Tempo de cura necessário antes da desforma e uso;
  • Exige mão de obra qualificada para armagem, fôrmas e concretagem;
  • Pode gerar desperdícios se não houver controle de execução.

Normas aplicáveis:

  • ABNT NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.
  • ABNT NBR 12655: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle e recebimento.

b) Formas para Concreto

As formas são moldes temporários que recebem o concreto fresco e garantem sua forma até a cura. Podem ser de madeira, metálicas, plásticas ou mistas, e devem ser estanques, resistentes e de fácil desforma.

Funções das formas:

  • Definir a geometria das peças estruturais;
  • Suportar o peso do concreto e das armaduras;
  • Garantir o acabamento das superfícies de contato.

A escolha adequada do tipo de forma impacta diretamente no custo, qualidade e produtividade da obra.

5. Considerações Técnicas e Comparativas

Integração entre os sistemas

Em muitas edificações, os sistemas convencionais são utilizados de forma combinada. É comum encontrar estruturas em concreto armado com paredes de alvenaria de vedação ou a adoção parcial da alvenaria estrutural para determinados blocos do projeto.

Escolha do sistema adequado

A escolha do sistema construtivo deve considerar fatores como:

  • Tipo e altura da edificação;
  • Complexidade do projeto arquitetônico;
  • Custo de materiais e mão de obra;
  • Disponibilidade de equipamentos e formas;
  • Tempo disponível para execução;
  • Sustentabilidade e controle de desperdício.

A análise comparativa deve ser feita por profissionais habilitados, preferencialmente com o apoio de simulações estruturais e orçamentárias.

6. Conclusão

Os sistemas construtivos convencionais são amplamente utilizados na construção civil brasileira devido à sua versatilidade, confiabilidade e ampla mão de obra disponível. A alvenaria estrutural e a alvenaria de vedação desempenham papéis distintos, mas complementares, enquanto o concreto armado com formas moldadas in loco permanece como pilar fundamental da engenharia estrutural.

A compreensão técnica dessas soluções construtivas é indispensável para a correta execução da obra, a tomada de decisões seguras e a otimização de recursos. O domínio das normas, das boas práticas e das possibilidades de combinação entre

os. O domínio das normas, das boas práticas e das possibilidades de combinação entre os sistemas é fator decisivo para o sucesso no canteiro de obras.

Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2023.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15812: Alvenaria estrutural com blocos cerâmicos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
  • HELENE, Paulo; TERZIAN, Paulo. Manual de Construção em Concreto Armado. São Paulo: PINI, 2003.
  • ZULIANI, Danilo. Tecnologia de Materiais de Construção Civil. São Paulo: Érica, 2018.
  • CALLADO, Claudemir. Construção Civil: Planejamento, Projetos e Execução. São Paulo: Érica, 2019.


Técnicas de Fundações Superficiais e Profundas

1. Introdução

As fundações constituem a base de sustentação de qualquer edificação e têm a função de transmitir ao solo as cargas da estrutura de forma segura, estável e durável. Uma fundação mal projetada ou mal executada pode comprometer todo o desempenho da obra, resultando em recalques, trincas ou até colapsos.

Na engenharia civil, as fundações são classificadas em dois grupos principais: fundações superficiais e fundações profundas, cada qual com suas particularidades técnicas, aplicações e critérios de escolha. A seleção do tipo de fundação depende de fatores como o tipo de solo, a carga da edificação, a profundidade do terreno resistente, a viabilidade econômica e as condições de execução.

Este texto apresenta os conceitos e técnicas fundamentais para a aplicação de fundações superficiais e profundas, com base nas normas técnicas e na prática de campo.

2. Fundamentos do Dimensionamento de Fundações

Antes da escolha da técnica de fundação, é essencial a realização de uma investigação geotécnica, por meio de sondagens do solo (como a SPT – Standard Penetration Test), que permite determinar sua capacidade de carga, nível do lençol freático e resistência à penetração.

Com base nesses dados e nas cargas previstas no projeto estrutural, o engenheiro define o tipo de fundação mais adequado, garantindo estabilidade contra recalques (afundamentos) e ruptura.

3. Fundações Superficiais

As fundações superficiais, ou diretas, são aquelas que transmitem as cargas da estrutura diretamente às camadas superficiais do solo, geralmente a profundidades de até 3 metros. São utilizadas quando o solo resistente se encontra próximo à superfície e tem boa

capacidade de carga.

Principais Tipos:

a) Sapatas Isoladas

São blocos de concreto armado construídos sob pilares isolados. Distribuem as cargas de forma pontual e são economicamente vantajosas para edificações leves ou de pequeno porte.

b) Sapatas Corridas

Utilizadas sob paredes contínuas, como muros ou alvenaria estrutural. Distribuem as cargas linearmente ao longo de seu comprimento.

c) Radier

Também conhecido como laje de fundação, é uma placa de concreto armado que se estende por toda a área da edificação. Utilizado em solos pouco resistentes ou quando a carga precisa ser distribuída de forma uniforme.

d) Bloco de fundação

Empregado para transferir cargas concentradas para o solo, geralmente sem armadura, sendo utilizado com estacas ou isoladamente em edificações simples.

Vantagens das fundações superficiais:

  • Custo mais baixo;
  • Execução mais simples e rápida;
  • Facilidade de inspeção durante a obra.

Limitações:

  • Restritas a solos com boa capacidade de carga próxima à superfície;
  • Menor desempenho em terrenos com lençol freático elevado ou instáveis.

4. Fundações Profundas

As fundações profundas são indicadas quando as camadas superficiais do solo não oferecem resistência suficiente para suportar as cargas da edificação. Nesses casos, é necessário transferir os esforços a camadas mais profundas e competentes, geralmente localizadas a mais de 3 metros de profundidade.

Principais Tipos:

a) Estacas

São elementos estruturais cilíndricos (pré-moldados ou moldados in loco) cravados ou perfurados no solo.

  • Estacas pré-moldadas de concreto: fabricadas fora do canteiro e cravadas com bate-estaca. Têm controle rigoroso de qualidade, mas exigem equipamentos e acesso livre para cravação.
  • Estacas escavadas (Strauss, Hélice Contínua): executadas no local por meio de perfuração e posterior concretagem. Adaptam-se a terrenos com pouco espaço.
  • Estacas metálicas ou de madeira: menos comuns, usadas em situações específicas.

b) Tubulões

São fundações profundas executadas manualmente ou mecanicamente, com diâmetro maior que o das estacas, permitindo a descida do operário para limpeza do fundo da escavação. Utilizados em cargas elevadas, especialmente em obras urbanas ou em solos com grandes blocos.

Vantagens das fundações profundas:

  • Permitem vencer solos fracos e alcançar camadas resistentes;
  • Suportam grandes cargas com segurança;
  • Aplicáveis em edificações de múltiplos pavimentos e obras
  • industriais.

Desvantagens:

  • Maior custo e tempo de execução;
  • Necessidade de equipamentos especializados;
  • Interferência sonora e vibrações em áreas urbanas (no caso de estacas cravadas).

5. Critérios de Escolha e Compatibilidade

A seleção entre fundação superficial ou profunda deve considerar:

  • Características do solo (obtidas por sondagem geotécnica);
  • Carga da estrutura e tipo da edificação;
  • Condições de acesso e logística do canteiro;
  • Presença de lençol freático ou construções vizinhas;
  • Custo total e viabilidade econômica;
  • Normas técnicas e recomendações dos órgãos reguladores.

As fundações devem ser projetadas e executadas por engenheiro civil habilitado, com acompanhamento técnico e controle de qualidade rigoroso. Erros na fundação comprometem toda a estabilidade da edificação e podem acarretar prejuízos irreversíveis.

6. Conclusão

O conhecimento e a aplicação correta das técnicas de fundações superficiais e profundas são fundamentais para garantir a segurança e durabilidade das construções. A escolha do tipo de fundação deve ser pautada por critérios técnicos, resultado de análises geotécnicas, estruturais e econômicas.

As fundações superficiais são indicadas para solos resistentes e obras de pequeno a médio porte, enquanto as fundações profundas são a solução técnica adequada para estruturas mais pesadas ou solos fracos. O domínio desses sistemas construtivos permite a execução segura e racional das obras, reduzindo riscos, custos e problemas futuros.

Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2019.
  • AOKI, Noriyuki; VELLOSO, Domingos Fernando. Fundações: Teoria e Prática. 7. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
  • CAPUTO, Homero. Fundações: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1984.
  • ALONSO, Umberto. Manual de Fundações. 3. ed. São Paulo: PINI, 2008.
  • FUSCO, Paulo de Mattos. Estruturas de Fundações. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.


Revestimentos, Coberturas e Esquadrias

1. Introdução

Os elementos de acabamento em uma edificação — como revestimentos, coberturas e esquadrias — desempenham funções técnicas, estéticas e funcionais essenciais para o desempenho e a habitabilidade da construção. Tais componentes protegem os elementos estruturais, promovem conforto térmico e acústico, garantem a vedação da edificação contra agentes externos e conferem identidade visual ao projeto

arquitetônico.

A seleção adequada de materiais e sistemas de execução deve observar não apenas critérios estéticos, mas também aspectos como durabilidade, manutenção, custo-benefício e conformidade com normas técnicas. Este texto apresenta os principais tipos de revestimentos internos e externos, sistemas de cobertura e os principais modelos de esquadrias utilizadas em obras civis.

2. Revestimentos Internos e Externos

Os revestimentos têm a função de proteger, embelezar e facilitar a limpeza de superfícies, além de melhorar o desempenho térmico e acústico dos ambientes. Eles podem ser aplicados em pisos, paredes, tetos, fachadas e áreas molhadas, sendo classificados conforme sua localização (internos ou externos) e material utilizado.

a) Revestimentos Internos

São aplicados em paredes e pisos de ambientes internos, protegendo alvenarias e estruturas e contribuindo para o conforto dos usuários.

Principais tipos:

  • Argamassa de revestimento (emboço e reboco): base para pintura ou aplicação de revestimentos finais.
  • Pintura: feita com tintas acrílicas, PVA, epóxi ou esmalte, dependendo do uso e local.
  • Cerâmicas e porcelanatos: comuns em áreas molhadas como banheiros e cozinhas.
  • Revestimentos vinílicos e laminados: aplicados em pisos e paredes com estética e praticidade.
  • Gesso e drywall: utilizados em forros, sancas e divisórias internas.

b) Revestimentos Externos

Devem resistir à ação de intempéries, como sol, chuva e vento, oferecendo durabilidade e proteção às fachadas.

Principais tipos:

  • Texturas e pinturas impermeabilizantes: aplicadas sobre argamassas de base.
  • Pastilhas cerâmicas: bastante usadas em fachadas pela durabilidade e fácil manutenção.
  • Revestimentos cimentícios e pedras naturais: conferem aspecto rústico e boa resistência.
  • Revestimentos metálicos ou ACM (alumínio composto): comuns em edificações contemporâneas e comerciais.

A escolha do revestimento deve considerar o tipo de substrato, o desempenho esperado e as exigências de manutenção ao longo do tempo.

3. Telhados, Lajes e Coberturas

A cobertura é a parte superior da edificação que tem por função proteger os ambientes internos contra intempéries, controlar a temperatura, drenar águas pluviais e contribuir com a estética arquitetônica. Ela pode ser composta por telhados, lajes impermeabilizadas ou estruturas metálicas com mantas.

a) Telhados

Os telhados inclinados são comuns em residências e edificações de pequeno porte. Eles

possibilitam fácil escoamento da água e ventilação natural do sótão. Podem ser compostos por:

  • Telhas cerâmicas: tradicionais, oferecem conforto térmico.
  • Telhas de concreto: alta resistência e maior peso.
  • Telhas metálicas ou de fibrocimento: aplicadas em construções industriais e galpões.
  • Telhas ecológicas: feitas de PVC, PET reciclado ou borracha.

O sistema estrutural do telhado pode ser feito de madeira, aço galvanizado ou alumínio, dependendo do projeto e do custo.

b) Lajes de cobertura

As lajes planas, utilizadas como cobertura em edificações de múltiplos pavimentos ou com lajes técnicas, devem receber tratamento impermeabilizante adequado. Podem ser:

  • Lajes impermeabilizadas expostas;
  • Lajes com proteção mecânica (laje jardim, laje com piso elevado).

Devem apresentar sistema eficiente de escoamento da água por calhas e ralos, conforme a NBR 15575, que trata do desempenho térmico e estanqueidade de coberturas.

c) Coberturas especiais

Incluem estruturas como:

  • Coberturas metálicas em arco ou shed: utilizadas em indústrias e centros logísticos;
  • Telhados verdes (laje jardim): com vegetação sobre impermeabilização;
  • Coberturas translúcidas: com policarbonato ou vidro para aproveitamento da luz natural.

4. Esquadrias: Portas, Janelas e Acabamentos

As esquadrias são os elementos responsáveis por integrar os vãos de portas e janelas na edificação, permitindo ventilação, iluminação e controle de acesso. Devem garantir vedação adequada contra água, ar e ruídos, além de segurança e estética.

a) Portas

Podem ser classificadas quanto ao material e ao sistema de abertura:

  • Material:
    • Madeira: tradicional em áreas internas;
    • Aço ou alumínio: utilizadas em entradas e ambientes externos;
    • PVC ou vidro: presentes em projetos modernos.
  • Tipo de abertura:
    • De abrir (bater): mais comuns, com uma ou duas folhas;
    • De correr: economizam espaço;
    • Sanfonadas ou pivotantes: usadas em locais específicos.

b) Janelas

As janelas devem promover ventilação cruzada, iluminação natural e, quando necessário, isolamento térmico e acústico. Os principais tipos são:

  • De correr;
  • Maxim-ar (abre para fora);
  • Guilhotina;
  • Basculante;
  • Panorâmica (fixa, geralmente em vidro).

c) Acabamentos

Os acabamentos de esquadrias incluem:

  • Batentes e guarnições (madeira ou alumínio);
  • Fechaduras, trincos e dobradiças;
  • Vedadores e escovas contra poeira e ruído.

A escolha correta das esquadrias deve respeitar critérios

como segurança, estética, ventilação e exposição a intempéries, além da norma ABNT NBR 10821, que trata do desempenho de portas e janelas externas.

5. Considerações Técnicas

A correta execução de revestimentos, coberturas e esquadrias exige:

  • Planejamento adequado com base nos projetos arquitetônicos e complementares;
  • Mão de obra qualificada;
  • Materiais compatíveis com o sistema construtivo da edificação;
  • Cumprimento das normas técnicas brasileiras que garantem desempenho e durabilidade;
  • Integração com os demais sistemas da edificação (estrutura, instalações e vedação).

Esses elementos, além de promoverem proteção e funcionalidade, agregam valor estético ao imóvel, influenciando na percepção de qualidade e na valorização do bem.

6. Conclusão

Os revestimentos, coberturas e esquadrias são componentes essenciais na finalização e proteção das edificações. Sua correta escolha, especificação e execução impactam diretamente na durabilidade da obra, no conforto dos usuários e na estética do projeto.

O domínio técnico sobre os diversos tipos de materiais e sistemas disponíveis no mercado, aliado à observância das normas da ABNT, é fundamental para garantir um resultado de alta qualidade, funcionalidade e economia ao longo do ciclo de vida da edificação.

Referências Bibliográficas

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10821: Esquadrias externas para edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.
  • CALLADO, Claudemir. Construção Civil: Planejamento, Projetos e Execução. São Paulo: Érica, 2019.
  • RANGEL, Eliane C. Materiais de Construção e Acabamentos. São Paulo: SENAI-SP, 2017.
  • HELENE, Paulo. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas. São Paulo: PINI, 2014.

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