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Posicionamento Radiográfico Membros Superiores

POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO DOS MEMBROS SUPERIORES

 

 

 

Fundamentos do Posicionamento Radiográfico 

Introdução à Radiologia e aos Membros Superiores

  

A radiologia é uma das áreas mais importantes da medicina diagnóstica por imagem, permitindo a visualização interna do corpo humano sem a necessidade de procedimentos invasivos. Desde sua descoberta no final do século XIX, a radiografia tem sido amplamente utilizada na avaliação de estruturas ósseas, articulações e tecidos moles, especialmente nos membros superiores, que estão frequentemente expostos a traumas e lesões musculoesqueléticas.

1. Histórico da Imagem Radiológica

A descoberta dos raios X ocorreu em 8 de novembro de 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen. Ao trabalhar com tubos de Crookes, Röntgen percebeu que uma radiação desconhecida era capaz de atravessar materiais opacos e registrar imagens em chapas fotográficas. O primeiro registro de uma imagem radiográfica foi da mão de sua esposa, Bertha Röntgen, e o feito rendeu ao pesquisador o primeiro Prêmio Nobel de Física, em 1901.

Desde então, a radiologia evoluiu de forma notável. Inicialmente usada apenas para detectar fraturas, corpos estranhos e alterações ósseas, hoje a radiologia abrange exames complexos como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e fluoroscopia.

No entanto, a radiografia convencional ainda é a modalidade mais acessível e eficaz para avaliação inicial dos membros superiores, devido à sua simplicidade, rapidez e baixo custo.

A técnica radiográfica moderna baseia-se nos princípios da atenuação dos raios X conforme atravessam diferentes tecidos. Tecidos densos, como os ossos, absorvem mais radiação e aparecem mais claros na imagem, enquanto tecidos moles e estruturas aeradas absorvem menos e aparecem mais escuros. A qualidade da imagem depende da correta aplicação de fatores técnicos como kilovoltagem (kV), miliamperagem (mA), tempo de exposição, distância foco-filme e uso de proteção radiológica.

2. Princípios da Radiologia Aplicada aos Membros Superiores

A avaliação radiológica dos membros superiores envolve o conhecimento técnico-científico das estruturas anatômicas e dos posicionamentos necessários para obtenção de imagens diagnósticas adequadas. O técnico em radiologia deve ser capaz de posicionar o paciente de forma que as estruturas fiquem visíveis com nitidez, respeitando os planos anatômicos e a centralização dos feixes de radiação.

Cada segmento do membro superior possui

incidências específicas, com objetivos distintos. Por exemplo, a incidência posteroanterior (PA) da mão é indicada para avaliação geral dos ossos e articulações dos dedos e do carpo. Já o ombro pode exigir incidências especiais como a Y escapular ou a axilar para identificação de luxações ou fraturas ocultas.

É essencial, além da técnica, aplicar os princípios de proteção radiológica, como uso de aventais de chumbo, colimação do campo e limitação da dose.

O conceito ALARA (As Low As Reasonably Achievable) deve sempre ser respeitado, buscando a menor exposição possível ao paciente e ao profissional.

3. Anatomia Geral dos Membros Superiores

A compreensão da anatomia dos membros superiores é fundamental para a realização e interpretação de exames radiográficos. O membro superior divide-se em quatro principais regiões anatômicas: mão, antebraço, braço e cintura escapular (ombro).

Mão e Punho:
A mão é composta por 27 ossos, divididos em três grupos: falanges (ossos dos dedos), metacarpos e carpo (ossos do punho). O carpo, por sua vez, possui oito ossos dispostos em duas fileiras: proximal (escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme) e distal (trapézio, trapezoide, capitato, hamato). Lesões como fraturas do escafoide e artrites são comumente investigadas nesta região.

Antebraço:
Formado por dois ossos longos – rádio e ulna – que se articulam proximal e distalmente, permitindo movimentos de pronação e supinação. As incidências anteroposteriores (AP) e lateral do antebraço devem abranger as articulações do punho e cotovelo.

Cotovelo:
O cotovelo é uma articulação complexa que envolve o úmero, rádio e ulna. A posição anatômica e a presença de linhas gordurosas são importantes para detecção de fraturas ocultas. As projeções AP e lateral são as mais utilizadas.

Braço:
Contém apenas o osso úmero, que se articula superiormente com a escápula e inferiormente com o rádio e a ulna. O posicionamento correto para as incidências do úmero inclui a visualização da articulação do ombro e do cotovelo.

Ombro e Cintura Escapular:
Envolve o úmero proximal, escápula e clavícula. O ombro é uma das articulações mais móveis do corpo e, portanto, propensa a lesões. As incidências AP com rotação interna/externa, axilar e Y escapular são úteis para o diagnóstico de luxações, fraturas e artropatias.

Considerações Finais

O domínio da anatomia radiológica dos membros superiores e a correta aplicação dos princípios de posicionamento são indispensáveis para garantir imagens de

qualidade diagnóstica. O profissional técnico deve manter constante atualização sobre novas técnicas e protocolos, respeitando as normas éticas e de segurança radiológica. A atuação consciente e precisa na radiologia contribui diretamente para o diagnóstico precoce e tratamento eficaz de inúmeras patologias musculoesqueléticas.

Referências Bibliográficas

  • BONTRAGER, Kenneth L.; LAMPIGNANO, Denise. Manual de posicionamento e técnicas em radiologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
  • CURTIN, James. Radiologic Science for Technologists: Physics, Biology, and Protection. 11. ed. St. Louis: Elsevier, 2016.
  • MOY, Lílian L. Anatomia radiológica: princípios básicos para técnicos em radiologia. São Paulo: Senac, 2012.
  • OLIVEIRA, Marcos M. de. Posicionamento radiológico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Rideel, 2020.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 453, de 1º de junho de 1998. Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico.

 

A Importância do Posicionamento Correto para o Diagnóstico Radiológico

O posicionamento radiográfico é uma etapa essencial na obtenção de imagens médicas diagnósticas de qualidade. Em exames de raios X, especialmente os convencionais, a forma como o paciente é posicionado determina diretamente a nitidez da imagem, a visualização adequada das estruturas anatômicas e a identificação correta de patologias. Um posicionamento incorreto pode não apenas comprometer a interpretação da imagem, como também levar a diagnósticos equivocados, repetição de exames e aumento da dose de radiação.

Este texto discute os fundamentos técnicos e clínicos que justificam a importância do posicionamento correto, relacionando aspectos anatômicos, físicos e éticos da prática radiológica.

1. Fundamentos Técnicos do Posicionamento Radiográfico

O posicionamento radiológico consiste em alinhar corretamente o corpo do paciente com o equipamento de raios X, de modo a garantir que a área de interesse seja exposta de maneira ideal à radiação e registrada de forma fiel no detector (filme, CR ou DR). Isso envolve o uso de marcos anatômicos, planos de referência (como o plano sagital, coronal e transversal), bem como o correto alinhamento do feixe central, distância foco-filme e angulação do tubo.

A escolha da incidência adequada para cada estrutura anatômica é fundamental. Certas regiões exigem múltiplas projeções para avaliação tridimensional, como no caso de

fraturas complexas, deslocamentos articulares ou avaliação de corpos estranhos. A visualização precisa depende de fatores como:

  • Superposição de estruturas: um posicionamento inadequado pode causar sobreposição de ossos ou órgãos, dificultando a identificação de lesões.
  • Distorções geométricas: angulações erradas do feixe podem causar aumento, diminuição ou distorção das imagens, prejudicando a medição de estruturas.
  • Desfoco: desalinhamento entre o objeto, o tubo e o receptor pode gerar perda de nitidez.

Por esses motivos, o profissional técnico deve dominar as técnicas de posicionamento e conhecer profundamente a anatomia radiológica de cada região examinada.

2. Implicações Clínicas do Posicionamento Incorreto

Um erro de posicionamento pode levar a interpretações equivocadas da imagem e, consequentemente, a falhas no diagnóstico médico. Um exemplo clássico é a não visualização de uma fratura por má inclinação do feixe de raios X ou por não realizar todas as incidências necessárias. Muitas lesões não são visíveis em apenas uma projeção; por isso, é comum solicitar imagens ortogonais (como AP e lateral).

Outra situação crítica ocorre nas radiografias de tórax. Um posicionamento rotacionado pode simular cardiomegalia ou esconder infiltrações pulmonares. Já na radiografia de abdome, a não obtenção de imagem em ortostase pode comprometer a identificação de níveis hidroaéreos, essenciais para o diagnóstico de obstruções intestinais.

Em exames ortopédicos, a avaliação do alinhamento ósseo, da congruência articular e da presença de fragmentos requer imagens bem centradas e posicionadas. Exames mal posicionados também dificultam a comparação entre os lados (direito e esquerdo), prejudicando diagnósticos diferenciais.

Além do risco de erro diagnóstico, o posicionamento incorreto frequentemente leva à necessidade de repetição do exame, aumentando a exposição desnecessária à radiação e os custos operacionais do serviço de imagem.

3. Papel do Técnico em Radiologia e Boas Práticas

O profissional técnico em radiologia é responsável direto pela realização do exame radiográfico, incluindo a orientação ao paciente, a escolha da técnica e o posicionamento correto. Sua atuação exige habilidades técnicas e sensibilidade clínica, especialmente em pacientes com dor, mobilidade reduzida, pediátricos ou acamados.

Para garantir a qualidade da imagem e a segurança do paciente, é essencial seguir protocolos padronizados, aplicar

testes de controle de qualidade e manter comunicação clara com a equipe médica. O domínio dos marcos anatômicos e das técnicas de imobilização permite obter imagens satisfatórias mesmo em situações desafiadoras.

O uso de colimadores, proteção radiológica (aventais de chumbo, protetores gonadais) e o princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable) devem ser sempre respeitados. Evitar repetições de exames é uma obrigação ética e profissional, que depende diretamente do cuidado no posicionamento.

4. Importância Ética e Legal

A qualidade da imagem radiográfica tem implicações ético-legais relevantes. Um exame mal conduzido pode ser considerado uma falha técnica e resultar em responsabilização profissional, especialmente se houver prejuízo ao paciente. O Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas (CONTER) estabelece que é dever do técnico garantir a melhor qualidade da imagem com a menor exposição possível.

Além disso, há um compromisso moral com o bem-estar do paciente, que confia ao profissional a condução segura e eficiente do procedimento. O cuidado no posicionamento também reflete o respeito à dignidade do paciente e à sua integridade física.

Conclusão

O posicionamento correto é uma etapa crítica na radiologia, com impactos diretos na qualidade da imagem, na acurácia do diagnóstico e na segurança do paciente. Exige conhecimento técnico, sensibilidade clínica e compromisso ético por parte do profissional. Ao aplicar corretamente as técnicas de posicionamento, o técnico em radiologia contribui para a efetividade do diagnóstico médico, reduz a necessidade de repetição de exames e promove um atendimento mais seguro e eficaz.

Em um cenário de crescente demanda por qualidade e humanização nos serviços de saúde, o domínio do posicionamento radiográfico torna-se não apenas uma exigência técnica, mas também uma demonstração de excelência profissional.

Referências Bibliográficas

  • BONTRAGER, Kenneth L.; LAMPIGNANO, Denise. Manual de posicionamento e técnicas em radiologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
  • OLIVEIRA, Marcos M. de. Posicionamento radiológico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Rideel, 2020.
  • MOY, Lílian L. Anatomia radiológica: princípios básicos para técnicos em radiologia. São Paulo: Senac, 2012.
  • CURTIN, James. Radiologic Science for Technologists: Physics, Biology, and Protection. 11. ed. St. Louis: Elsevier, 2016.
  • CONSELHO NACIONAL DE TÉCNICOS EM RADIOLOGIA (CONTER).
  • NACIONAL DE TÉCNICOS EM RADIOLOGIA (CONTER). Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas. Resolução CONTER nº 11, de 2011.


Princípios Básicos de Posicionamento Radiográfico

O posicionamento radiográfico é uma etapa fundamental para a obtenção de imagens diagnósticas de qualidade. Ele envolve a correta disposição do paciente, a orientação do feixe de raios X, o uso adequado de equipamentos e acessórios e o domínio da terminologia técnica e anatômica. Esses elementos são essenciais para garantir que as estruturas de interesse sejam visualizadas de maneira clara, precisa e com mínima exposição à radiação. Este texto aborda os princípios básicos do posicionamento, com ênfase em planos anatômicos, incidências, alinhamento, centralização, focalização e equipamentos auxiliares.

1. Planos Anatômicos e Nomenclatura

O conhecimento dos planos anatômicos é essencial para a correta descrição do posicionamento do paciente durante o exame radiográfico. Os planos são linhas imaginárias que dividem o corpo humano em seções e orientam a execução e a interpretação das imagens:

  • Plano Sagital: divide o corpo em metades direita e esquerda.
  • Plano Coronal (ou frontal): divide o corpo em partes anterior (frontal) e posterior (dorsal).
  • Plano Transversal (ou axial): divide o corpo em partes superior e inferior.

A nomenclatura radiológica também inclui termos direcionais e posicionais, como:

  • Anterior/posterior (AP/PA): refere-se à direção do feixe de raios X. Em uma projeção AP, os raios atravessam o corpo da frente para trás; na PA, de trás para frente.
  • Lateral: quando o feixe atravessa o corpo lateralmente, geralmente em relação a um dos lados.
  • Oblíqua: projeção em que o corpo está parcialmente rotacionado em relação aos planos anatômicos.
  • Decúbito: posição em que o paciente está deitado. Pode ser dorsal (costas), ventral (abdômen) ou lateral.
  • Projeção: refere-se ao caminho do feixe de radiação através do corpo até atingir o receptor de imagem.
  • Incidência: é a posição específica usada para obtenção da imagem, considerando o posicionamento anatômico e o ângulo do feixe.

Essas classificações são utilizadas de forma padronizada para garantir a uniformidade dos exames, a clareza nos pedidos médicos e a precisão nos relatórios radiológicos.

2. Alinhamento, Centralização e Focalização

O sucesso de uma imagem radiográfica depende da correta

aplicação de três princípios fundamentais: alinhamento, centralização e focalização. Esses conceitos garantem que as estruturas sejam visualizadas sem distorções e dentro do campo radiográfico adequado.

Alinhamento refere-se à disposição correta do paciente em relação ao tubo de raios X e ao receptor de imagem. O corpo deve estar posicionado segundo os planos anatômicos apropriados para a incidência desejada.

Um desalinhamento pode resultar em imagens oblíquas, sobreposição de estruturas ou artefatos técnicos.

Centralização consiste em posicionar o feixe central de radiação (CR – central ray) exatamente sobre a área anatômica de interesse. O CR deve ser direcionado perpendicularmente ou com angulação adequada, dependendo da projeção necessária. A centralização incorreta pode comprometer a visibilidade das estruturas e exigir repetição do exame.

Focalização envolve a distância entre o foco do tubo (fonte dos raios X) e o receptor de imagem, chamada de distância foco-filme (DFF). Essa distância influencia diretamente a nitidez, a ampliação e a distorção da imagem. A DFF mais comum em radiologia geral é de 100 cm (ou 40 polegadas), mas pode variar conforme o exame (ex: 180 cm para tórax).

Outro aspecto importante da focalização é o uso correto do ponto focal do tubo, que pode ser fino ou grosso. Pontos focais menores são indicados para exames que requerem alta definição (ex: extremidades), enquanto os maiores são utilizados em exames de maior carga, como coluna lombar e pelve.

3. Equipamentos e Acessórios Utilizados

A execução adequada do posicionamento radiográfico exige o uso correto dos equipamentos de imagem e dos acessórios auxiliares. Entre os principais, destacam-se:

1. Aparelho de Raios X:
Composto por tubo de raios X, colimador, mesa de exames, suporte vertical e receptor de imagem (filme, chassi CR ou detector DR). A movimentação do tubo e do receptor deve ser precisa para ajustes de angulação, distância e alinhamento.

2. Colimador:
Dispositivo que limita o tamanho do campo de radiação, reduzindo a exposição desnecessária e melhorando o contraste da imagem. A colimação correta é uma exigência ética e legal, relacionada ao princípio da proteção radiológica.

3. Receptor de Imagem:
Pode ser filme radiográfico (sistema analógico), cassete com fósforo (CR – radiografia computadorizada) ou detector digital (DR). Deve estar alinhado e nivelado em relação ao feixe central.

4. Grade Antidifusora (Grid):
Utilizada para reduzir a radiação

secundária (espalhada) que chega ao receptor, melhorando a qualidade da imagem. É indicada especialmente em exames de partes espessas, como pelve ou abdome.

5. Dispositivos de Posicionamento:
Incluem cunhas, espumas, pranchas, suportes para mãos e pés, e imobilizadores. Auxiliam na manutenção do posicionamento correto e no conforto do paciente, especialmente em casos de limitação física, pediatria ou trauma.

6. Equipamentos de Proteção Radiológica:
Aventais de chumbo, protetores de tireoide, óculos plumbíferos e biombos devem ser usados para proteger tanto o paciente quanto o profissional contra exposições desnecessárias.

A familiaridade com esses equipamentos e sua aplicação adequada é parte integrante da formação técnica em radiologia. Além disso, o profissional deve realizar verificações constantes de funcionalidade e calibragem para garantir a segurança e eficácia do exame.

Considerações Finais

Os princípios básicos de posicionamento são essenciais para garantir exames radiográficos eficazes, seguros e de alta qualidade diagnóstica. O domínio dos planos anatômicos, das nomenclaturas e das técnicas de alinhamento, centralização e focalização permite ao técnico realizar procedimentos padronizados e reduzir erros. O uso correto dos equipamentos e acessórios complementa esse processo, promovendo a proteção radiológica, o conforto do paciente e a precisão das imagens.

A constante atualização técnica, a prática supervisionada e o respeito às normas éticas e legais são fundamentais para a formação de um profissional comprometido com a excelência no atendimento e na produção de diagnósticos confiáveis.

Referências Bibliográficas

  • BONTRAGER, Kenneth L.; LAMPIGNANO, Denise. Manual de posicionamento e técnicas em radiologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
  • OLIVEIRA, Marcos M. de. Posicionamento radiológico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Rideel, 2020.
  • MOY, Lílian L. Anatomia radiológica: princípios básicos para técnicos em radiologia. São Paulo: Senac, 2012.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 453, de 1º de junho de 1998. Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico.
  • CONTER – Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia. Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas. Resolução nº 11/2011.

Aspectos de Proteção Radiológica

A proteção radiológica é um conjunto de práticas, normas e princípios voltados para minimizar a exposição à

radiação ionizante de pacientes, profissionais e do público em geral durante a realização de exames de imagem. Em radiologia médica, embora os benefícios do diagnóstico sejam inegáveis, é fundamental adotar medidas que reduzam ao máximo os riscos biológicos associados ao uso dos raios X. Neste texto, abordam-se os principais aspectos da proteção radiológica, incluindo o conceito de dose, o princípio ALARA, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), técnicas de blindagem, posicionamento seguro e as responsabilidades legais e éticas do técnico em radiologia.

1. Dose de Radiação e seus Efeitos

A dose de radiação corresponde à quantidade de energia absorvida pelos tecidos biológicos durante a exposição à radiação ionizante. Essa dose é medida em sievert (Sv) para efeitos biológicos e em gray (Gy) para energia absorvida. Na prática clínica, os valores geralmente são expressos em milisievert (mSv) ou miligray (mGy), devido à baixa intensidade usada nos exames médicos.

Os efeitos da radiação são classificados em:

  • Determinísticos: ocorrem a partir de uma dose-limite e têm gravidade proporcional à dose (ex: queimaduras, catarata).
  • Estocásticos: não têm limiar definido e envolvem risco de longo prazo, como câncer e mutações genéticas.

Embora a dose em exames convencionais seja relativamente baixa, a exposição repetida ou desnecessária deve ser evitada, especialmente em grupos vulneráveis como crianças, gestantes e profissionais expostos ocupacionalmente.

2. Princípio ALARA e Justificativa

O princípio ALARA (As Low As Reasonably Achievable) é um dos pilares da proteção radiológica e significa que todas as exposições à radiação devem ser mantidas tão baixas quanto razoavelmente possível, levando em consideração fatores técnicos, sociais e econômicos.

Três diretrizes práticas derivam do ALARA:

  • Tempo: quanto menor o tempo de exposição, menor a dose.
  • Distância: o aumento da distância entre a fonte de radiação e o profissional reduz significativamente a dose recebida.
  • Blindagem: uso de barreiras físicas entre a fonte e o indivíduo (paredes, biombos, aventais de chumbo).

Além disso, a justificativa do exame é outro princípio essencial: um exame radiológico só deve ser realizado se houver benefício clínico comprovado, evitando exposições desnecessárias. A otimização também é parte do processo: a técnica utilizada deve produzir a menor dose possível para a imagem adequada ao diagnóstico.

3.

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

O uso de EPIs é uma exigência legal e prática para minimizar a exposição ocupacional e acidental à radiação. Entre os principais equipamentos utilizados na rotina radiológica, destacam-se:

  • Avental de chumbo: protege órgãos sensíveis e regiões de alta radiossensibilidade. Deve ter espessura equivalente a pelo menos 0,5 mm de chumbo.
  • Protetor de tireoide: fundamental em exames de tórax, coluna e extremidades superiores.
  • Óculos plumbíferos: protegem os olhos, cuja lente é altamente sensível à radiação.
  • Luvas plumbíferas: indicadas em procedimentos intervencionistas ou quando há manipulação próxima ao campo de radiação.
  • Dosímetro individual: monitora a dose acumulada mensalmente por cada profissional, devendo ser usado corretamente e analisado periodicamente.

Os EPIs devem ser inspecionados regularmente quanto à integridade e armazenados de forma adequada para garantir sua eficácia.

4. Blindagem e Posicionamento Seguro

A blindagem das salas de exame é uma exigência regulamentar prevista pela Portaria nº 453/1998 do Ministério da Saúde. Ela envolve a instalação de barreiras físicas fixas, construídas com materiais como chumbo ou concreto, que impedem a propagação dos raios X para áreas externas à sala de exame.

Os elementos blindados geralmente incluem:

  • Paredes laterais e de fundo com proteção adequada à carga de trabalho e à energia dos equipamentos.
  • Portas com visor plumbífero.
  • Biombos para proteção dos técnicos durante a exposição.
  • Cabines de comando com vidro plumbífero.

Além da blindagem física, o posicionamento seguro do paciente e do técnico é essencial. O paciente deve ser corretamente posicionado e imobilizado, evitando repetição do exame. Já o técnico deve manter-se protegido atrás de barreiras durante a exposição e nunca permanecer no campo de radiação direta, salvo quando estritamente necessário — e sempre com o uso de EPI.

Em exames de leito ou emergência, nos quais não há blindagem fixa, é indispensável o uso de avental de chumbo, afastamento do feixe e colimação rigorosa.

5. Responsabilidades do Técnico em Radiologia

O técnico ou tecnólogo em radiologia possui responsabilidade direta na aplicação das normas de proteção radiológica, tanto para a sua segurança quanto para a dos pacientes e do ambiente.

Entre suas principais responsabilidades, destacam-se:

  • Verificar a necessidade e a justificativa do exame
  • antes da exposição.
  • Aplicar corretamente os parâmetros técnicos, evitando doses excessivas.
  • Garantir a colimação precisa do feixe de radiação à área de interesse.
  • Fazer uso obrigatório e consciente dos EPIs e exigir sua utilização por outros profissionais.
  • Registrar e relatar exposições acidentais, falhas de equipamento ou sinais de deterioração nas barreiras de proteção.
  • Zelar pelo correto funcionamento dos equipamentos, realizando testes de qualidade e manutenção preventiva.
  • Garantir que todos os envolvidos no ambiente estejam cientes dos riscos e orientações básicas.

É dever do técnico respeitar o Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas, especialmente os princípios que garantem a segurança do paciente e do trabalhador da saúde.

Conclusão

A proteção radiológica é uma dimensão essencial da prática em radiologia, exigindo conhecimento técnico, vigilância constante e comprometimento ético. O domínio dos conceitos de dose, ALARA, uso de EPIs, blindagem e posicionamento seguro garante a realização de exames com qualidade diagnóstica e mínima exposição à radiação. O técnico em radiologia é o principal agente da proteção radiológica no ambiente clínico, sendo responsável por aplicar corretamente as técnicas, orientar os pacientes e zelar pelas normas estabelecidas.

A adoção rigorosa desses princípios contribui para a segurança de todos os envolvidos e fortalece a credibilidade dos serviços de imagem dentro do sistema de saúde.

Referências Bibliográficas

  • BONTRAGER, Kenneth L.; LAMPIGNANO, Denise. Manual de posicionamento e técnicas em radiologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
  • CURTIN, James. Radiologic Science for Technologists: Physics, Biology, and Protection. 11. ed. St. Louis: Elsevier, 2016.
  • OLIVEIRA, Marcos M. de. Posicionamento radiológico: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Rideel, 2020.
  • BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 453, de 1º de junho de 1998. Diretrizes de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico.
  • CONTER – Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia. Código de Ética dos Profissionais das Técnicas Radiológicas. Resolução nº 11/2011.
  • ICRP – International Commission on Radiological Protection. Recommendations of the International Commission on Radiological Protection. ICRP Publication 103, 2007.

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