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Noções Básicas em Colonoscopia

NOÇÕES BÁSICAS EM COLONOSCOPIA


Preparação, Técnica e Equipamentos

Preparo Intestinal

Introdução

O preparo intestinal é um dos pilares fundamentais para a realização bemsucedida da colonoscopia. Um cólon limpo e livre de resíduos fecais permite a visualização adequada da mucosa intestinal, facilitando a identificação de lesões como pólipos, angiodisplasias, inflamações e neoplasias. A inadequação do preparo está diretamente associada à menor acurácia diagnóstica, aumento do tempo de exame, necessidade de repetição e risco de complicações. Portanto, compreender os protocolos disponíveis, fornecer orientações claras ao paciente e garantir a adesão são etapas cruciais do processo.

Protocolos de Preparo: Dietas, Laxativos e Jejum

O preparo intestinal envolve basicamente três componentes: modificação dietética, uso de laxativos específicos e restrição de ingestão antes do exame.

Dieta

A orientação dietética inicia-se geralmente três dias antes do exame. Nesse período, o paciente é orientado a evitar alimentos com alto teor de fibras e resíduos, como verduras, frutas com casca e sementes, grãos integrais e alimentos gordurosos.  

Recomenda-se uma dieta pobre em resíduos, à base de arroz branco, carnes magras, massas sem molho, caldos, bolachas salgadas e líquidos claros.

Nas 24 horas que antecedem o exame, é recomendada uma dieta líquida clara, composta por água, chás sem leite, sucos coados sem polpa, gelatina e caldos coados. Alimentos de coloração avermelhada ou arroxeada devem ser evitados, pois podem simular sangue durante o exame.

Laxativos

O uso de laxativos é essencial para esvaziar completamente o cólon. Diversos agentes estão disponíveis no mercado, e a escolha depende da condição clínica do paciente, da preferência institucional e do perfil de risco. Os principais agentes utilizados incluem:

       Polietilenoglicol (PEG): solução isotônica, segura para pacientes com doenças renais, hepáticas ou cardíacas. Requer ingestão de grandes volumes (até 4 litros), o que pode comprometer a adesão.

       Fosfato de sódio: possui boa eficácia, porém não é recomendado em pacientes com insuficiência renal, desidratação ou hipertensão.

       Citrato de magnésio, bisacodil e picossulfato de sódio: opções com menor volume e boa aceitação, mas com maior potencial de efeitos colaterais eletrolíticos.

Estudos recentes indicam que o preparo fracionado, em que metade da solução é ingerida na noite anterior e a outra metade nas horas que

antecedem o exame, proporciona melhores resultados de limpeza e tolerância.

Jejum

Deve-se observar o jejum de sólidos por pelo menos 6 horas antes do procedimento, e a suspensão de líquidos claros até 2 horas antes da colonoscopia, conforme as diretrizes da Sociedade Americana de Endoscopia Gastrointestinal (ASGE). A interrupção ou ajuste de medicamentos, especialmente anticoagulantes e antidiabéticos, também deve ser discutida previamente com a equipe médica.

Orientações ao Paciente

A adesão do paciente ao preparo intestinal é um dos principais determinantes de sua eficácia. Para isso, é fundamental fornecer orientações claras, detalhadas e compreensíveis, de forma oral e por escrito.

As principais informações que devem ser comunicadas incluem:

       A importância do preparo para o sucesso do exame;

       A lista de alimentos permitidos e proibidos nos dias que antecedem o exame;

       O horário correto para iniciar a ingestão da solução laxativa;

       O volume a ser ingerido, em que ritmo e com que intervalos;

       Possíveis efeitos colaterais esperados, como náuseas, cólicas, gases e evacuações líquidas frequentes;

       Sinais de alerta para procurar assistência, como vômitos persistentes, tontura intensa, dor abdominal severa ou sangramento;

       Esclarecimento sobre a necessidade de acompanhante no dia do exame, caso haja sedação.

A personalização da comunicação, levando em conta o nível de escolaridade, idade e condições clínicas do paciente, pode melhorar significativamente a adesão ao preparo.

Ferramentas como vídeos explicativos, ilustrações e mensagens de reforço por telefone ou aplicativos têm sido eficazes em aumentar a taxa de preparo adequado.

Impacto do Preparo na Qualidade do Exame

O preparo inadequado é uma das principais causas de exames inconclusivos ou de baixa qualidade diagnóstica. Estima-se que até 25% das colonoscopias sejam realizadas com limpeza subótima, o que pode levar à não detecção de lesões importantes e à necessidade de repetição precoce do exame.

A qualidade do preparo influencia diretamente na taxa de detecção de adenomas (ADR), um dos principais indicadores de qualidade da colonoscopia. Estudos mostram que preparos ruins podem reduzir essa taxa em até 50%.

Além disso, a visualização deficiente da mucosa pode:

       Aumentar o tempo de retirada do aparelho;

       Aumentar o risco de lesões ou perfurações;

       Demandar maior uso de recursos e insumos;

       Aumentar a insatisfação do paciente e o risco de complicações associadas à repetição do exame.

 

Por esses motivos, diversas sociedades médicas estabeleceram sistemas de avaliação da qualidade do preparo, como a Boston Bowel Preparation Scale (BBPS), que atribui escores ao grau de limpeza por segmento colônico, promovendo padronização e melhoria contínua.

Considerações Finais

O preparo intestinal é um componente crítico e decisivo para o sucesso da colonoscopia. A escolha do protocolo, a clareza das orientações e o envolvimento ativo do paciente determinam a qualidade do exame, a segurança do procedimento e a eficácia diagnóstica. Profissionais de saúde devem estar atualizados quanto às melhores práticas e comprometidos com a comunicação eficaz para garantir que esse passo fundamental seja cumprido de forma adequada.

Referências Bibliográficas

       ASGE – American Society for Gastrointestinal Endoscopy. Bowel preparation before colonoscopy: 2020 guideline update.

Gastrointestinal Endoscopy, 91(3), 2020.

       INCA – Instituto Nacional de Câncer. Diretrizes para a detecção precoce do câncer colorretal. Ministério da Saúde, 2018.

       Johnson, D. A., et al. (2014). Optimizing adequacy of bowel cleansing for colonoscopy: recommendations from the U.S. Multi-Society Task Force on Colorectal Cancer. Gastroenterology, 147(4), 903–924.

       Saltzman, J. R., et al. (2015). Quality indicators for colonoscopy.

Gastrointestinal Endoscopy, 81(1), 31–53.

       Wexner, S. D., et al. (2006). A consensus document on bowel preparation before colonoscopy: prepared by a Task Force from the American Society of Colon and Rectal Surgeons. Diseases of the Colon & Rectum, 49(5), 792–809.

       Menees, S. B., et al. (2020). Patient education and engagement to improve bowel preparation. Clinical Gastroenterology and Hepatology, 18(2), 301–309.

Equipamentos e Instrumentação na Colonoscopia

Introdução

A colonoscopia é um exame endoscópico que depende diretamente de equipamentos sofisticados e da adequada manipulação de instrumentos para ser eficaz, seguro e preciso. O domínio técnico sobre os componentes do colonoscópio, os acessórios utilizados durante o procedimento e os protocolos de desinfecção são aspectos essenciais para garantir resultados de qualidade e reduzir riscos ao paciente. A seguir, detalham-se os principais equipamentos e instrumentos envolvidos na colonoscopia, suas funções e cuidados indispensáveis.

O Colonoscópio:

Partes e Funcionamento

O colonoscópio é um tubo flexível de aproximadamente 160 a 180 centímetros de comprimento e 12 a 14 milímetros de diâmetro, dotado de um sistema óptico avançado e canais que permitem a realização de múltiplas funções. Seu funcionamento envolve a integração de componentes eletrônicos, ópticos, mecânicos e hidráulicos.

As principais partes do colonoscópio incluem:

       Tubo de inserção: parte longa e flexível que é introduzida no reto e avançada ao longo do cólon. Possui controle de flexão na extremidade distal, operado por alavancas no cabo.

       Unidade de controle (cabeça do aparelho): contém botões e alavancas que permitem ao operador controlar o movimento da ponta, insuflar ar ou dióxido de carbono, irrigar a lente, aspirar secreções e acionar dispositivos acessórios.

       Canais internos: há geralmente dois canais principais: um canal de instrumentação, por onde se introduzem pinças, alças e cateteres; e um canal de ar/água, que serve para insuflação e irrigação.

       Câmera e sistema de iluminação: localizados na ponta distal do aparelho, captam imagens em tempo real. Modelos modernos utilizam sensores CCD (dispositivo de carga acoplada) ou CMOS, com qualidade de imagem em alta definição (HD).

       Fonte de luz e processador de imagem: localizados na unidade externa, são conectados ao colonoscópio por cabos e processam as imagens captadas pela câmera, permitindo exibição em monitores durante o exame.

O funcionamento eficiente do colonoscópio depende da sinergia entre o médico endoscopista, os profissionais de apoio e a manutenção técnica do equipamento. A flexibilidade, resolução da imagem, angulação da ponta e resposta aos comandos são aspectos técnicos que influenciam diretamente na qualidade do exame.

Acessórios Básicos Utilizados

Durante a colonoscopia, especialmente nos procedimentos terapêuticos, são utilizados diversos acessórios que são inseridos pelo canal de trabalho do colonoscópio. Esses instrumentos são descartáveis ou reprocessáveis, e sua seleção depende da finalidade clínica.

Pinças de Biópsia

São instrumentos utilizados para obtenção de fragmentos da mucosa colônica, geralmente em áreas suspeitas de inflamação, displasia ou neoplasia. Podem ser de diferentes tipos (com ou sem espícula, com ou sem mandíbula dentada) e permitem coleta precisa com mínimo trauma tecidual.

Alças de Polipectomia

São laços metálicos retráteis usados para a ressecção de pólipos. O laço envolve a

base do pólipo e é fechado sob tração, sendo associado a corrente elétrica (eletrocautério) para corte e hemostasia. Existem modelos de alça fria (sem corrente elétrica) para pólipos pequenos, reduzindo o risco de perfuração e sangramento.

Agulhas de Injeção

Utilizadas para injetar solução salina ou adrenalina na submucosa, geralmente antes de ressecar lesões maiores, criando uma elevação que protege as camadas profundas e facilita a ressecção segura.

Clipes Hemostáticos

Pequenos dispositivos metálicos usados para compressão de vasos ou fechamento de perfurações menores. São aplicados por cateter específico, também introduzido pelo canal de trabalho.

Cestos de Recuperação e Redes

Servem para retirar fragmentos grandes ou corpos estranhos após a ressecção de lesões. Também são usados em exames com finalidade terapêutica.

O uso apropriado de acessórios requer treinamento específico, além da avaliação da anatomia, tipo de lesão e risco associado a cada intervenção.

Higienização e Controle de Infecção

A higienização dos colonoscópios e seus acessórios é um processo crítico na prática endoscópica, sendo fundamental para a segurança dos pacientes e prevenção de infecções cruzadas. Devido à complexidade estrutural dos aparelhos, a limpeza inadequada pode deixar biofilmes e microrganismos viáveis em canais internos.

As etapas básicas da higienização incluem:

1. Pré-limpeza imediata

Realizada logo após o exame, ainda na sala de procedimento. Envolve aspiração de detergente enzimático, limpeza externa da superfície do tubo e vedação das extremidades para transporte seguro até a sala de reprocessamento.

2. Limpeza manual

Feita com escovas especiais e detergentes específicos. Todos os canais, válvulas e partes removíveis devem ser lavados cuidadosamente. Essa etapa é considerada a mais importante para remoção de matéria orgânica.

3. Desinfecção de alto nível

Realizada com uso de soluções químicas compatíveis (glutaraldeído, ácido peracético, ortoftaldeído), em tanques ou máquinas automatizadas (AERs – Automated Endoscope Reprocessors). O tempo de exposição deve seguir as recomendações do fabricante e da vigilância sanitária.

4. Secagem e armazenamento

O aparelho deve ser completamente seco, inclusive os canais internos, utilizando ar comprimido filtrado. O armazenamento deve ocorrer em armários próprios, com ventilação e proteção contra contaminação.

Além disso, os profissionais responsáveis pela limpeza devem usar Equipamentos de

Proteção Individual (EPIs), como luvas de borracha grossa, avental impermeável, proteção facial e óculos.

A falha em qualquer etapa do reprocessamento pode levar à transmissão de bactérias resistentes, vírus (como hepatite B e C) e fungos, o que pode comprometer gravemente a saúde dos pacientes.

Normas e diretrizes nacionais (ANVISA) e internacionais (CDC, ASGE, ESGE) devem ser rigorosamente seguidas, com registros sistemáticos de cada ciclo de desinfecção, manutenção preventiva dos equipamentos e capacitação contínua da equipe.

Considerações Finais

A eficiência e segurança da colonoscopia dependem diretamente da qualidade dos equipamentos utilizados e do domínio técnico dos profissionais envolvidos. O conhecimento sobre o funcionamento do colonoscópio, o uso correto dos acessórios e o cumprimento rigoroso dos protocolos de higienização são elementos essenciais para garantir um exame de alto padrão. O investimento em capacitação, manutenção e controle de infecção é indispensável para a prática endoscópica moderna, segura e eficaz.

Referências Bibliográficas

       ASGE – American Society for Gastrointestinal Endoscopy. (2018). Reprocessing the colonoscope: Guidelines and recommendations.

Gastrointestinal Endoscopy, 88(3), 467–476.

       Waye, J. D., Rex, D. K., & Williams, C. B. (2010). Colonoscopy:

Principles and Practice. Wiley-Blackwell.

       Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED). Manual de Reprocessamento de Endoscópios Flexíveis, 2021.

       ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota Técnica

GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 – Medidas de Prevenção e

Controle.

       Nelson, D. B., et al. (2015). Multisociety guideline on reprocessing flexible GI endoscopes. Gastrointestinal Endoscopy, 81(3), 482–498.

       Rutala, W. A., Weber, D. J., & the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC). (2019). Guideline for Disinfection and Sterilization in Healthcare Facilities.

Técnica do Procedimento Colonoscópico

Introdução

A colonoscopia é um exame endoscópico que permite a avaliação visual direta de toda a mucosa do intestino grosso e, quando necessário, do íleo terminal. A sua realização segura e eficaz depende do domínio da técnica por parte do endoscopista, da correta posição do paciente, da adequada sedação e da condução cuidadosa de todas as etapas: inserção, inspeção e retirada do aparelho. A qualidade do exame também está diretamente relacionada ao registro de imagens

exame endoscópico que permite a avaliação visual direta de toda a mucosa do intestino grosso e, quando necessário, do íleo terminal. A sua realização segura e eficaz depende do domínio da técnica por parte do endoscopista, da correta posição do paciente, da adequada sedação e da condução cuidadosa de todas as etapas: inserção, inspeção e retirada do aparelho. A qualidade do exame também está diretamente relacionada ao registro de imagens e à coleta adequada de biópsias para diagnóstico histopatológico.

Posição do Paciente e Sedação

Posição do Paciente

A posição clássica para a realização da colonoscopia é a posição de decúbito lateral esquerdo, com os joelhos fletidos em direção ao abdome. Essa posição facilita a introdução do colonoscópio pelo ânus e o avanço pelo reto e cólon sigmoide, permitindo um melhor alinhamento anatômico inicial.

Durante o exame, especialmente nas regiões de flexuras ou em pacientes com cólon redundante, pode ser necessário realizar mudanças de posição (decúbito dorsal ou decúbito lateral direito), associadas à compressão abdominal manual, a fim de facilitar o avanço do aparelho e melhorar a visualização.

A escolha e eventual alteração da posição do paciente devem levar em consideração a condição clínica, a tolerância ao exame e a cooperação durante o procedimento.

Sedação

A sedação é amplamente utilizada para proporcionar conforto ao paciente e permitir que o exame seja realizado com segurança e tranquilidade. O nível de sedação varia de leve a profunda, dependendo da prática do serviço, das condições clínicas do paciente e da complexidade esperada do exame.

As principais opções incluem:

       Sedação consciente: feita com benzodiazepínicos (como midazolam) e analgésicos opioides (como fentanil), sob supervisão do endoscopista.

       Sedação profunda ou anestesia: administrada por anestesiologista, frequentemente com propofol, oferecendo maior conforto, porém exigindo monitoramento mais rigoroso.

Independentemente do nível de sedação, é essencial o uso de monitorização contínua da pressão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigênio e nível de consciência.

Etapas do Exame: Inserção, Inspeção e Retirada

A colonoscopia é composta por três fases fundamentais, cada uma com objetivos e cuidados específicos.

Inserção

A inserção do colonoscópio se inicia pelo canal anal, passando sucessivamente pelo reto, cólon sigmoide, descendente, transverso, ascendente e ceco. Em muitos casos, o íleo terminal

também pode ser examinado.

Durante essa fase, o objetivo principal é alcançar o ceco com segurança, sem causar desconforto ou lesões. Para isso, o endoscopista deve:

       Controlar a angulação do aparelho com as alavancas manuais;

       Utilizar insuflação de ar ou dióxido de carbono para distensão do lúmen;

       Aplicar torções e manobras de tração e empurrão para contornar curvas;

       Evitar a formação de alças redundantes no cólon, que dificultam o avanço e causam dor.

É importante reconhecer os marcos anatômicos ao longo do trajeto, como as flexuras esplênica e hepática, além de identificar a válvula ileocecal e, quando possível, o óstio apendicular.

Inspeção

Após alcançar o ceco, inicia-se a fase de retirada lenta do aparelho, momento em que ocorre a inspeção minuciosa da mucosa colônica. Essa etapa é a mais relevante para o diagnóstico de lesões como pólipos, divertículos, angiodisplasias, colites e neoplasias.

A inspeção deve ser feita com cuidado, com adequada insuflação, limpeza da mucosa (irrigação e aspiração de resíduos), e observação metódica de todos os quadrantes da parede intestinal. A taxa de detecção de adenomas (ADR – Adenoma Detection Rate) está diretamente relacionada à qualidade dessa fase.

Estudos recomendam que o tempo mínimo de retirada (desde o ceco até o reto) seja de pelo menos 6 minutos em exames de rastreio, para garantir uma inspeção eficiente.

Retirada

A retirada do colonoscópio deve continuar com a mesma atenção à mucosa, incluindo o reto e o canal anal. Eventuais lesões encontradas durante a retirada devem ser fotografadas, biopsiadas ou removidas, conforme avaliação do endoscopista.

Durante essa fase, é comum realizar procedimentos terapêuticos, como polipectomias, hemostasias e coleta de amostras. A retirada cuidadosa também minimiza o desconforto ao paciente e reduz o risco de trauma ou perfuração.

Registro de Imagens e Biópsias

O registro adequado do exame é uma etapa imprescindível para documentação clínica, controle de qualidade e continuidade do cuidado ao paciente.

Registro de Imagens

A captura de imagens durante a colonoscopia deve seguir padrões estabelecidos por sociedades médicas, com o objetivo de:

       Comprovar a chegada ao ceco (imagem da válvula ileocecal e do óstio apendicular);

       Documentar a presença ou ausência de lesões;

       Registrar intervenções realizadas (polipectomia, biópsias);

       Acompanhar lesões conhecidas em exames de

seguimento.

Além das imagens, é obrigatório o preenchimento de relatório descritivo, contendo informações sobre o preparo intestinal, sedação utilizada, segmentos examinados, achados, intervenções e recomendações.

Coleta de Biópsias

A biópsia é realizada com pinças específicas introduzidas pelo canal de trabalho do colonoscópio. Indica-se biópsia em:

       Áreas de mucosa alterada (eritema, ulceração, sangramento);

       Lesões suspeitas de malignidade;

       Casos de diarreia crônica, para investigação de colite microscópica;

       Rastreio de doenças inflamatórias intestinais.

As amostras devem ser acondicionadas em frascos com formol e devidamente identificadas, com envio para exame anatomopatológico.

Considerações Finais

A técnica do procedimento colonoscópico exige habilidade, conhecimento anatômico e domínio das manobras de inserção e retirada do colonoscópio. A posição adequada do paciente e o uso de sedação segura contribuem para o sucesso do exame. Uma inspeção meticulosa da mucosa, associada a registros fotográficos e coleta de biópsias bem indicadas, garantem alta qualidade diagnóstica e terapêutica. O cumprimento rigoroso de todas as etapas é fundamental para a efetividade e segurança do procedimento.

Referências Bibliográficas

       Rex, D. K., et al. (2015). Quality indicators for colonoscopy.

Gastrointestinal Endoscopy, 81(1), 31–53.

       Waye, J. D., Rex, D. K., & Williams, C. B. (2010). Colonoscopy:

Principles and Practice. Wiley-Blackwell.

       ASGE – American Society for Gastrointestinal Endoscopy. (2019). Standardized reporting and documentation in colonoscopy.

Gastrointestinal Endoscopy, 90(6), 951–957.

       Kaminski, M. F., et al. (2017). Performance measures for lower gastrointestinal endoscopy: A European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE) Quality Improvement Initiative. Endoscopy, 49(4), 378–397.

       Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED). Manual de orientação para colonoscopia, 2021.

       Calderwood, A. H., et al. (2014). The impact of withdrawal time on adenoma detection: A systematic review. Gastrointestinal Endoscopy, 79(3), 388–397.

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