SISTEMA
DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) é uma das principais ferramentas de vigilância em saúde no Brasil. Instituído pelo Ministério da Saúde em 1975, o SIM tem como objetivo central reunir, organizar e disponibilizar dados sobre óbitos ocorridos em todo o território nacional. Esse sistema é fundamental para subsidiar políticas públicas de saúde, orientar ações de prevenção e controle de doenças, monitorar a situação epidemiológica da população e avaliar o impacto de intervenções sanitárias ao longo do tempo.
O funcionamento do SIM baseia-se na padronização do registro de óbitos por meio da Declaração de Óbito (DO), documento oficial que deve ser preenchido por profissionais habilitados sempre que ocorre uma morte. A DO contém informações sobre o falecido, como dados demográficos, causas da morte, local do óbito, entre outros. Esses dados são posteriormente codificados segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e inseridos no sistema pelas secretarias municipais e estaduais de saúde.
O SIM é gerenciado em âmbito nacional pelo Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis (DAENT), vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde. Em cada esfera de governo — federal, estadual e municipal — existem responsabilidades específicas para assegurar a alimentação adequada do sistema, o treinamento das equipes responsáveis, a qualidade dos dados e a análise das informações. A gestão descentralizada do SIM permite maior capilaridade na coleta e maior precisão na identificação das causas de mortalidade nas diferentes regiões do país.
Um dos principais usos do SIM é a produção de indicadores de mortalidade. Entre os mais relevantes estão a taxa de mortalidade geral, as taxas específicas por idade, sexo, causas de morte e grupos de causas evitáveis. Esses indicadores são essenciais para mapear o perfil de saúde da população, identificar grupos vulneráveis, monitorar a transição epidemiológica e planejar ações específicas, como campanhas de prevenção ao suicídio, programas de controle de doenças crônicas, estratégias de redução de mortalidade infantil e materna, entre outros.
O SIM também é uma ferramenta importante para estudos científicos e análises comparativas. Pesquisadores e gestores públicos utilizam suas bases de dados para avaliar o
impacto de políticas públicas, analisar tendências temporais e realizar comparações entre regiões e países. A qualidade e a abrangência dos dados tornam o SIM uma referência para instituições acadêmicas, organizações internacionais e agências de saúde.
No entanto, como todo sistema de informação, o SIM enfrenta desafios relacionados à completude, consistência e oportunidade dos dados. A subnotificação de óbitos, o preenchimento incorreto da Declaração de Óbito, a dificuldade na identificação da causa básica da morte e a demora na inserção e processamento das informações ainda são entraves que comprometem, em certa medida, a qualidade da base de dados. Para superar essas dificuldades, o Ministério da Saúde tem investido em ações de qualificação da informação, como capacitação de profissionais, padronização de procedimentos, auditorias e incentivo à utilização do SIM em todos os municípios brasileiros.
Nos últimos anos, avanços tecnológicos têm contribuído para a melhoria do sistema. A informatização do preenchimento da Declaração de Óbito, a integração com outros sistemas de informação em saúde e o desenvolvimento de plataformas online de acesso público, como o DataSUS, ampliaram a transparência e a acessibilidade aos dados. Além disso, o uso de tecnologias de georreferenciamento e análise espacial tem permitido uma visualização mais precisa dos padrões de mortalidade, facilitando a intervenção em áreas com maior concentração de óbitos por causas evitáveis.
Outro aspecto relevante é a articulação do SIM com outras bases de dados, como o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A integração entre esses sistemas possibilita análises mais completas do ciclo vital da população, desde o nascimento até a morte, favorecendo o desenvolvimento de políticas intersetoriais e de abordagens mais integradas no cuidado à saúde.
Importante também destacar o papel do SIM na vigilância de óbitos por causas externas, como acidentes e violências. A identificação e o monitoramento desses óbitos permitem a construção de políticas públicas voltadas à segurança no trânsito, à prevenção de homicídios e suicídios, à redução da mortalidade por afogamento, quedas e outras causas externas que afetam principalmente jovens e populações em situação de vulnerabilidade social.
Em tempos de crises sanitárias, como a pandemia de COVID-19, o SIM demonstrou sua
relevância ao contribuir com informações sobre o excesso de mortalidade, a distribuição dos óbitos por faixa etária e a evolução temporal das mortes. Esses dados foram fundamentais para a organização da resposta emergencial e para o ajuste das medidas de vigilância epidemiológica adotadas em diferentes momentos da pandemia.
Em síntese, o Sistema de Informações sobre Mortalidade constitui uma ferramenta estratégica para a gestão da saúde pública no Brasil. Sua capacidade de produzir informações detalhadas e confiáveis sobre os óbitos ocorridos no país é fundamental para a compreensão da realidade sanitária, para o planejamento de ações de saúde e para a avaliação do impacto de políticas públicas. O fortalecimento contínuo do SIM, por meio da qualificação dos registros, da integração com outras bases de dados e do uso de tecnologias inovadoras, é essencial para consolidar uma gestão em saúde cada vez mais eficaz, transparente e orientada pelas necessidades reais da população.
Referências
bibliográficas
BRASIL. Ministério da
Saúde. Manual de Instruções para o Preenchimento da Declaração de Óbito.
Brasília: MS, 2011.
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Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)
O Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) é uma das principais bases de dados utilizadas na gestão da saúde pública no Brasil. Instituído em 1981, inicialmente com o propósito de viabilizar o pagamento de serviços hospitalares prestados por unidades conveniadas com o então Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), o SIH evoluiu ao longo do tempo para se tornar um instrumento estratégico na organização, planejamento e avaliação das ações hospitalares dentro do SUS.
A principal função do SIH/SUS é registrar e consolidar as informações relativas às internações hospitalares financiadas pelo sistema público de saúde. Para isso, o sistema utiliza como base o documento denominado Autorização de Internação
Hospitalar (AIH), que contém informações detalhadas sobre o paciente, a unidade hospitalar, o diagnóstico clínico, os procedimentos realizados, o tempo de permanência e os custos da internação. Cada AIH é registrada e enviada pelas unidades hospitalares às secretarias municipais e estaduais de saúde, que, por sua vez, repassam os dados ao Ministério da Saúde, onde são processados e armazenados.
O SIH/SUS é, portanto, uma ferramenta essencial para o controle financeiro dos gastos hospitalares, mas sua utilidade vai muito além da função contábil. Ao consolidar os dados referentes a milhões de internações anuais, o sistema se tornou uma importante fonte de informações para a formulação de políticas públicas, o monitoramento da situação sanitária da população e a análise da performance dos serviços hospitalares prestados em âmbito nacional.
Do ponto de vista gerencial, o SIH/SUS permite acompanhar a demanda por internações, identificar padrões de morbidade hospitalar, avaliar taxas de ocupação de leitos, analisar a duração média das internações e estimar os custos por procedimento e por tipo de atendimento. Essas informações são utilizadas por gestores em diferentes níveis do SUS para a alocação de recursos, a definição de metas e o aprimoramento da rede hospitalar. Além disso, servem de subsídio para decisões relacionadas à regulação de leitos, ao planejamento de serviços especializados e ao controle da qualidade da assistência hospitalar.
O sistema também contribui para a vigilância em saúde, especialmente no que diz respeito à vigilância de doenças e agravos que demandam internação, como doenças infecciosas, crônicas e lesões por causas externas. A análise das internações por diagnóstico principal, faixa etária, sexo e região geográfica permite identificar surtos, avaliar impactos de programas de saúde e acompanhar tendências epidemiológicas ao longo do tempo. Essa função é particularmente relevante em situações de emergência sanitária, como epidemias e desastres, em que a capacidade hospitalar precisa ser monitorada em tempo real.
Outra característica importante do SIH/SUS é a sua abrangência. Por ser um sistema de cobertura nacional, alimentado por milhares de estabelecimentos hospitalares conveniados ao SUS, ele fornece uma visão ampla do perfil hospitalar brasileiro. Essa amplitude torna o SIH uma base de dados essencial para estudos acadêmicos, análises estatísticas e produção de conhecimento científico voltado à saúde pública. Diversas pesquisas
epidemiológicas, teses e artigos utilizam os dados do SIH/SUS para avaliar políticas de saúde, estudar a carga de doenças e propor intervenções baseadas em evidências.
Apesar de sua relevância, o SIH/SUS apresenta limitações que devem ser consideradas na interpretação dos dados. Como o sistema foi concebido originalmente para fins de faturamento, ele prioriza os aspectos administrativos das internações, e não necessariamente a completude das informações clínicas. Há, por exemplo, restrições quanto à profundidade diagnóstica, à ausência de dados clínicos detalhados e à subnotificação de condições secundárias. Além disso, o sistema registra apenas as internações realizadas pelo SUS, não incluindo dados de hospitais exclusivamente privados ou de internações custeadas por planos de saúde, o que limita sua representatividade em termos de cobertura total do sistema hospitalar brasileiro.
Outro desafio está relacionado à qualidade do preenchimento das AIHs. A confiabilidade das informações depende diretamente da qualidade do registro feito nas unidades hospitalares. Problemas como codificação incorreta, omissão de dados, uso de códigos genéricos e preenchimento inadequado podem comprometer a validade das análises. Por isso, ações de capacitação, padronização e auditoria são fundamentais para garantir que os dados refletidos no sistema correspondam com precisão à realidade assistencial.
Nos últimos anos, o SIH/SUS tem passado por processos de modernização com o intuito de ampliar sua utilidade analítica e integrar-se a outros sistemas de informação em saúde. A articulação com o Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA/SUS), com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), por exemplo, permite uma visão mais completa do percurso do usuário no sistema de saúde. A consolidação dessas bases facilita a construção de indicadores compostos e a análise longitudinal dos dados, promovendo uma gestão mais integrada e eficiente.
Também merece destaque o papel do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), responsável por garantir o acesso público às informações do SIH/SUS por meio de ferramentas como o TABNET e o TABWIN. Essas plataformas disponibilizam, de forma gratuita e aberta, os dados do sistema, permitindo que pesquisadores, gestores, profissionais de saúde e cidadãos explorem as informações e contribuam para a transparência e o controle social das políticas públicas.
Em suma, o Sistema de
Informações Hospitalares do SUS é uma das maiores e mais relevantes bases de dados em saúde do país. Sua importância transcende o aspecto financeiro, contribuindo de maneira decisiva para o conhecimento da realidade hospitalar brasileira, o planejamento de ações em saúde e a avaliação de políticas públicas. O fortalecimento do SIH/SUS passa necessariamente por investimentos em qualificação dos registros, integração com outras bases e desenvolvimento de tecnologias que ampliem sua capacidade de produzir informação de qualidade para uma gestão em saúde mais justa, eficaz e baseada em evidências.
Referências
bibliográficas
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Saúde. Sistema de Informações Hospitalares do SUS: manual técnico
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BRASIL. Ministério da
Saúde. Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/.
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Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB/SISAB)
O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), posteriormente substituído e ampliado pelo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), representa um marco na estruturação dos dados voltados para a gestão da atenção primária à saúde no Brasil. Ambos os sistemas foram desenvolvidos com o objetivo de organizar e operacionalizar a coleta, o processamento e a análise de dados sobre as ações realizadas no nível primário de atenção, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).
O SIAB foi criado no início da década de 1990, no contexto da consolidação do Programa de Saúde da Família, hoje denominado Estratégia Saúde da Família (ESF). Seu propósito inicial era fornecer aos gestores e profissionais da saúde subsídios informacionais para o planejamento, o monitoramento e a avaliação das ações desenvolvidas pelas equipes da atenção básica. Para isso, o sistema era alimentado por meio de fichas padronizadas, preenchidas pelas equipes de saúde das unidades básicas, que registravam informações como número de visitas domiciliares, atendimentos individuais, vacinação, atividades coletivas e
características da população adscrita ao território.
Durante muitos anos, o SIAB foi a principal fonte de dados da atenção básica em saúde, permitindo um acompanhamento sistemático das atividades realizadas nos territórios. Entretanto, com o avanço da informatização dos serviços de saúde, a ampliação do escopo das ações da atenção primária e a necessidade de maior precisão e agilidade nos registros, o Ministério da Saúde iniciou um processo de modernização e substituição gradual do SIAB, dando origem ao SISAB, implantado oficialmente em 2013.
O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) surgiu como uma plataforma mais robusta, digital e integrada, capaz de reunir um volume maior de informações e permitir análises mais completas e em tempo real. O SISAB é alimentado principalmente por dados extraídos do e-SUS Atenção Primária, sistema informatizado que inclui o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e os sistemas de coleta simplificada (CDS), ambos utilizados pelas equipes da Estratégia Saúde da Família e demais profissionais da rede de atenção primária.
Uma das principais inovações trazidas pelo SISAB foi a possibilidade de identificar os usuários dos serviços de forma individualizada, por meio do CPF ou do Cartão Nacional de Saúde (CNS), permitindo assim o acompanhamento longitudinal do cuidado e a avaliação do percurso do paciente dentro da rede de atenção. Isso representa um avanço significativo em relação ao SIAB, que trabalhava com dados agregados e não individualizados, dificultando a rastreabilidade dos atendimentos e a análise de continuidade do cuidado.
O SISAB também ampliou o escopo de informações registradas, incluindo dados sobre condições de saúde, exames solicitados, procedimentos realizados, agravos identificados, vínculo familiar e territorialidade. Essa diversidade de informações permite maior precisão na análise do perfil epidemiológico das comunidades, nas estratégias de prevenção de doenças, na avaliação do desempenho das equipes e na construção de políticas públicas mais adequadas às realidades locais.
Do ponto de vista da gestão, o SISAB é uma ferramenta estratégica para o monitoramento das metas do Programa Previne Brasil, modelo de financiamento da atenção primária que considera indicadores de desempenho, cadastro de usuários e captação ponderada de recursos. Os dados registrados no sistema são utilizados para cálculo de repasses financeiros federais às equipes e municípios, o que reforça ainda mais a
importância da qualidade e da fidedignidade das informações inseridas.
A utilização do SISAB
favorece a integração entre os diversos níveis do SUS, especialmente quando
articulado com outras bases de dados como o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e o Sistema
de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Essa interoperabilidade entre
sistemas permite uma visão mais ampla da situação de saúde dos usuários e
possibilita análises mais complexas sobre a efetividade da atenção prestada.
Apesar dos avanços, a implementação do SISAB ainda enfrenta desafios em muitas regiões do país. Entre os principais obstáculos estão a desigualdade no acesso a tecnologias da informação, a dificuldade de conectividade em áreas remotas, a necessidade de qualificação contínua das equipes para uso dos sistemas informatizados e a resistência de alguns profissionais à transição do papel para o digital. A superação dessas dificuldades exige investimento em infraestrutura, formação técnica e apoio institucional constante por parte das esferas estadual e federal.
Outro ponto sensível é a garantia da privacidade e segurança dos dados inseridos no SISAB. Como se trata de informações sensíveis e individualizadas, é fundamental que os sistemas estejam em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assegurando que os dados dos usuários estejam protegidos contra acessos indevidos, vazamentos e usos não autorizados. As boas práticas de segurança da informação devem ser parte integrante da gestão dos dados em saúde, especialmente no contexto da digitalização crescente dos serviços.
Em síntese, o SIAB representou uma etapa fundamental na consolidação da atenção básica no Brasil, contribuindo para o registro das ações em saúde e para a organização das informações no território. Com o surgimento do SISAB, o país avançou significativamente em direção a um modelo de gestão mais informatizado, integrado e centrado na pessoa. O fortalecimento do SISAB é essencial para o aprimoramento das políticas de atenção primária, para a qualificação da gestão municipal e para o cumprimento dos princípios do SUS, como a universalidade, a integralidade e a equidade da atenção.
Referências
bibliográficas
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e-SUS e Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC)
A transformação digital dos serviços de saúde no Brasil tem se intensificado nas últimas décadas como resposta à crescente demanda por eficiência, qualidade e integração da atenção à saúde. Nesse contexto, o e-SUS Atenção Primária (e-SUS AP) e o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) emergem como ferramentas fundamentais para modernizar a gestão da Atenção Primária à Saúde (APS) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ambos os sistemas integram a estratégia nacional de informatização da saúde, com o objetivo de garantir o registro sistemático e qualificado das ações desenvolvidas pelas equipes de saúde da família e pelas unidades básicas de saúde em todo o país.
O e-SUS AP foi lançado pelo Ministério da Saúde em 2013 como parte do processo de reestruturação dos Sistemas de Informação da Atenção Básica. A proposta foi substituir gradualmente os modelos anteriores, como o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), introduzindo ferramentas mais modernas, capazes de garantir maior fidelidade e agilidade nos registros. O e-SUS é composto por dois principais sistemas: o sistema de Coleta de Dados Simplificada (CDS) e o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), que podem ser utilizados de acordo com a infraestrutura tecnológica e a realidade de cada município.
O módulo CDS é indicado para municípios com limitações tecnológicas, como falta de conectividade ou equipamentos insuficientes. Ele permite o preenchimento de fichas digitais por meio de um software instalado nas unidades de saúde, que posteriormente exporta os dados para o banco nacional. Já o PEC, por sua vez, é um sistema mais robusto e completo, que assume o papel de um verdadeiro prontuário eletrônico, permitindo o registro individualizado das informações clínicas dos usuários em tempo real e de forma integrada.
O Prontuário Eletrônico do Cidadão é o principal componente do e-SUS AP, pois reúne, de maneira organizada, todas as informações clínicas, demográficas e sociais de cada paciente atendido na atenção básica. Com
Prontuário Eletrônico do Cidadão é o principal componente do e-SUS AP, pois reúne, de maneira organizada, todas as informações clínicas, demográficas e sociais de cada paciente atendido na atenção básica. Com ele, os profissionais de saúde podem acessar o histórico de atendimentos, acompanhar o plano terapêutico, registrar exames solicitados e resultados, prescrever medicamentos, agendar consultas e acompanhar indicadores de saúde. Além disso, o PEC permite a integração com o Cartão Nacional de Saúde (CNS), assegurando a identificação única do usuário em todo o território nacional.
Entre os principais benefícios do PEC está a melhoria na qualidade e na segurança do cuidado. O registro eletrônico possibilita maior precisão nas informações clínicas, evita perdas ou duplicidades de dados, reduz erros de prescrição e facilita a comunicação entre os diferentes membros da equipe de saúde. A padronização dos registros também contribui para a geração de indicadores mais confiáveis, fundamentais para o planejamento e a avaliação das ações da atenção primária.
Outro aspecto relevante é a possibilidade de geração automática de relatórios gerenciais e envio de dados para o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB), que subsidia as políticas nacionais, como o financiamento por desempenho do programa Previne Brasil. Isso significa que os dados inseridos no PEC têm impacto direto na captação de recursos federais pelos municípios, reforçando a importância da alimentação correta e regular do sistema.
O uso do PEC também fortalece a longitudinalidade do cuidado, princípio essencial da Atenção Primária à Saúde. Com o histórico do paciente disponível digitalmente, mesmo que ele mude de município ou unidade, suas informações clínicas permanecem acessíveis, garantindo maior continuidade no acompanhamento e maior eficiência nas intervenções em saúde. Além disso, o sistema permite uma visão ampliada do território, auxiliando as equipes na identificação de perfis epidemiológicos e na adoção de estratégias mais adequadas para cada realidade local.
Apesar dos avanços, a implantação do e-SUS e do PEC ainda enfrenta desafios, especialmente em municípios com infraestrutura precária, ausência de conectividade, escassez de equipamentos e carência de capacitação técnica das equipes. Muitos profissionais ainda demonstram resistência à utilização de sistemas digitais, seja por desconhecimento, sobrecarga de trabalho ou insegurança com as novas tecnologias. A
superação dessas barreiras exige investimentos contínuos em infraestrutura, formação profissional, suporte técnico e sensibilização dos gestores e trabalhadores da saúde.
Outro ponto importante refere-se à segurança da informação. Por se tratar de um sistema que armazena dados sensíveis da população, o PEC deve estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo a confidencialidade, a integridade e a privacidade das informações. O acesso ao sistema deve ser restrito, com senhas individuais e mecanismos de rastreabilidade de acessos, além de políticas claras de backup, armazenamento e uso ético das informações.
O futuro do e-SUS e do Prontuário Eletrônico do Cidadão está ligado à ampliação da interoperabilidade entre sistemas, ou seja, à capacidade de comunicação entre diferentes plataformas de informação em saúde. A integração do PEC com sistemas hospitalares, de urgência e emergência, de laboratórios e de farmácias possibilitará uma visão mais ampla e coordenada do cuidado em saúde, promovendo maior resolutividade e eficiência no uso dos recursos públicos.
Em síntese, o e-SUS AP e o Prontuário Eletrônico do Cidadão representam um avanço significativo na informatização da atenção primária no Brasil. São ferramentas que, quando bem implantadas e utilizadas, promovem a qualificação do cuidado, a racionalização dos processos de trabalho e a melhoria na gestão da saúde pública. Consolidar o uso dessas tecnologias é essencial para fortalecer os princípios do SUS e construir um sistema de saúde mais justo, eficiente e centrado nas necessidades da população.
Referências
bibliográficas
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Saúde. e-SUS Atenção Primária: Manual do Sistema com Prontuário Eletrônico
do Cidadão (PEC). Brasília: MS, 2021.
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Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é uma das
mais importantes ferramentas de vigilância epidemiológica no Brasil. Criado com o objetivo de sistematizar a notificação e o acompanhamento de doenças e agravos de interesse em saúde pública, o SINAN permite a coleta, transmissão, análise e disseminação de dados relativos a ocorrências notificáveis, subsidiando a formulação de políticas públicas, a elaboração de estratégias de prevenção e controle, e o monitoramento da situação de saúde da população brasileira.
A operacionalização do SINAN é baseada em um fluxo contínuo e descentralizado de informações. Os dados são inicialmente coletados em serviços de saúde públicos e privados, a partir de fichas de notificação e investigação de agravos. Essas fichas são preenchidas por profissionais de saúde sempre que são identificados casos de doenças ou eventos que constam na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória, definida pelo Ministério da Saúde. Após o preenchimento, as informações são digitadas nos sistemas locais, consolidadas em âmbito municipal e estadual, e enviadas à base nacional do Ministério da Saúde, onde são processadas e disponibilizadas para análise.
O SINAN é essencial para a vigilância de doenças transmissíveis, como dengue, tuberculose, hepatites virais, HIV/AIDS, malária, influenza, coqueluche, sarampo e meningites, entre outras. Além disso, o sistema também registra agravos não transmissíveis de relevância para a saúde pública, como acidentes de trabalho, violência interpessoal, intoxicações exógenas, eventos adversos pós-vacinação e malformações congênitas. Essa diversidade de eventos monitorados pelo SINAN torna-o uma base de dados abrangente e estratégica para a compreensão dos principais problemas de saúde que afetam a população.
Um dos diferenciais do SINAN é sua capacidade de gerar alertas e apoiar respostas rápidas diante de surtos, epidemias ou mudanças no padrão de ocorrência de agravos. A detecção precoce de casos suspeitos, aliada ao monitoramento contínuo da evolução dos agravos, permite que as autoridades sanitárias adotem medidas oportunas de contenção, controle e investigação. Essa função é especialmente relevante em situações emergenciais, como foi observado durante a pandemia de COVID-19 e nos surtos de doenças como febre amarela e chikungunya, em que a informação em tempo real é crucial para salvar vidas.
Os dados produzidos pelo SINAN também são fundamentais para a elaboração de indicadores epidemiológicos, como incidência, prevalência, letalidade e
dados produzidos pelo SINAN também são fundamentais para a elaboração de indicadores epidemiológicos, como incidência, prevalência, letalidade e distribuição geográfica dos agravos. Esses indicadores permitem o planejamento de ações de saúde, a priorização de recursos, a avaliação do impacto de intervenções e o acompanhamento de metas pactuadas entre os entes federativos. Além disso, são amplamente utilizados em pesquisas acadêmicas e relatórios técnicos, contribuindo para o desenvolvimento científico e a produção de conhecimento em saúde coletiva.
Apesar de sua relevância, o SINAN enfrenta desafios que comprometem, em parte, a qualidade e a completude das informações. Entre os principais problemas destacam-se a subnotificação de casos, o preenchimento incompleto ou inadequado das fichas de notificação, a duplicidade de registros, os atrasos na digitação e envio dos dados e a rotatividade de profissionais sem a devida capacitação. Esses fatores afetam a confiabilidade dos dados e dificultam a análise precisa do cenário epidemiológico.
Para enfrentar essas
limitações, o Ministério da Saúde tem investido em ações de qualificação da
informação, como a padronização das fichas de notificação, a capacitação
contínua dos profissionais de saúde, a informatização dos processos de registro
e transmissão de dados e a atualização constante dos protocolos de vigilância.
A utilização de plataformas digitais, como o e-SUS Notifica, tem contribuído
para a melhoria na agilidade da notificação e na segurança da informação,
favorecendo a integração entre os diversos sistemas utilizados pelas redes de
saúde.
Outro aspecto importante é o papel do SINAN na promoção da equidade em saúde. Ao permitir a desagregação dos dados por faixa etária, sexo, raça/cor, escolaridade e território, o sistema possibilita a identificação de desigualdades sociais e regionais na ocorrência dos agravos. Essa abordagem orienta políticas públicas mais justas e direcionadas para populações em situação de vulnerabilidade, como povos indígenas, população em situação de rua, comunidades rurais e regiões de difícil acesso.
A integração do SINAN com outros sistemas de informação em saúde também tem sido um objetivo estratégico para ampliar a capacidade de análise e resposta do sistema. Sua articulação com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), com o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e com os dados laboratoriais, por exemplo, permite uma abordagem mais abrangente e aprofundada
sobre Mortalidade (SIM), com o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e com os dados laboratoriais, por exemplo, permite uma abordagem mais abrangente e aprofundada sobre o curso dos agravos, suas consequências e os desfechos clínicos. Essa interconectividade é fundamental para fortalecer a vigilância epidemiológica e melhorar a resolutividade das ações em saúde.
A confidencialidade e o uso ético das informações registradas no SINAN são aspectos que merecem atenção permanente, sobretudo diante da sensibilidade dos dados relacionados a determinados agravos, como casos de violência sexual, abuso infantil e doenças sexualmente transmissíveis. É imprescindível que os profissionais envolvidos na notificação e gestão dos dados observem rigorosamente os princípios da ética e da legalidade, em consonância com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo o sigilo e a integridade das informações dos indivíduos atendidos.
Em resumo, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação é um instrumento vital para a vigilância em saúde no Brasil. Sua capacidade de captar, processar e disseminar informações epidemiológicas sobre doenças e agravos de notificação compulsória confere-lhe um papel central na defesa da saúde pública. Fortalecer o SINAN significa aprimorar a capacidade de resposta do SUS, promover ações mais eficazes de prevenção e controle, e contribuir para a construção de um sistema de saúde mais eficiente, equitativo e baseado em evidências.
Referências
bibliográficas
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Saúde. Manual de Operacionalização do Sistema de Informação de Agravos de
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Integração de Sistemas e Desafios Operacionais na Saúde
A integração de sistemas de informação em saúde é um dos pilares fundamentais para o funcionamento eficiente e coordenado dos serviços de atenção à saúde no
Brasil. Trata-se da capacidade dos diferentes sistemas utilizados em âmbito federal, estadual e municipal — tanto em instituições públicas quanto privadas — de se comunicarem, compartilharem dados e oferecerem uma visão unificada e contínua do cuidado prestado aos usuários do sistema. A integração permite que informações sobre atendimentos, diagnósticos, exames, tratamentos e agravos fluam de maneira organizada e segura entre os diversos pontos da rede de atenção, favorecendo a gestão mais qualificada e a tomada de decisão baseada em dados confiáveis.
No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), existem múltiplos sistemas voltados ao registro e à análise de informações específicas, como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) e o Sistema de Informação da Atenção Básica (SISAB), alimentado principalmente pelos dados do e-SUS Atenção Primária. Cada um desses sistemas cumpre funções distintas e essenciais para a vigilância, a avaliação de políticas e a organização da atenção à saúde. No entanto, quando operam de forma isolada, sem integração, comprometem a eficiência do sistema como um todo, gerando retrabalho, lacunas informacionais e desperdício de recursos.
A principal meta da
integração é romper com a fragmentação da informação. Isso significa que os
dados clínicos, epidemiológicos e administrativos, oriundos de diferentes
níveis e áreas do sistema, devem estar interligados de forma a permitir a
continuidade do cuidado e o acompanhamento integral do usuário. Essa
interoperabilidade entre sistemas reduz a duplicidade de registros, melhora a
qualidade da informação, promove o uso racional dos recursos e permite análises
mais precisas e completas da situação de saúde da população.
No entanto, alcançar a plena integração dos sistemas de informação em saúde no Brasil é um desafio complexo, que envolve aspectos técnicos, organizacionais, culturais e políticos. Entre os principais desafios operacionais, destaca-se a diversidade de plataformas utilizadas nos diferentes entes federativos e instituições. Muitos municípios utilizam sistemas próprios, com formatos e padrões de dados distintos dos adotados pelos sistemas nacionais. A ausência de padronização dificulta a compatibilidade e a interoperabilidade entre plataformas, comprometendo a troca de informações em tempo real e a consolidação de
entanto, alcançar a plena integração dos sistemas de informação em saúde no Brasil é um desafio complexo, que envolve aspectos técnicos, organizacionais, culturais e políticos. Entre os principais desafios operacionais, destaca-se a diversidade de plataformas utilizadas nos diferentes entes federativos e instituições. Muitos municípios utilizam sistemas próprios, com formatos e padrões de dados distintos dos adotados pelos sistemas nacionais. A ausência de padronização dificulta a compatibilidade e a interoperabilidade entre plataformas, comprometendo a troca de informações em tempo real e a consolidação de bancos de dados unificados.
Outro obstáculo importante é a infraestrutura tecnológica desigual entre as regiões do país. Enquanto alguns municípios contam com equipamentos modernos, conectividade adequada e equipes capacitadas para operar sistemas informatizados, outros ainda enfrentam limitações graves, como ausência de internet nas unidades de saúde, uso de registros manuais e carência de suporte técnico. Essas desigualdades dificultam a implantação de sistemas integrados e comprometem a qualidade da informação produzida.
A falta de capacitação profissional também é um entrave significativo. Muitos trabalhadores da saúde ainda não dominam as ferramentas digitais disponíveis, não compreendem a importância da informação como instrumento de gestão ou resistem à mudança de práticas tradicionais. A rotatividade de profissionais e a sobrecarga de trabalho nas unidades de saúde dificultam a consolidação de uma cultura de registro qualificado e contínuo, essencial para o funcionamento de sistemas integrados.
Ademais, há desafios relacionados à segurança da informação. A integração de sistemas exige o compartilhamento de dados sensíveis entre diferentes serviços e níveis de atenção, o que demanda a adoção rigorosa de protocolos de segurança, políticas de acesso restrito, criptografia e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A proteção da privacidade dos usuários e o uso ético das informações devem ser princípios orientadores de toda iniciativa de integração de dados em saúde.
Apesar dessas dificuldades, existem importantes avanços sendo implementados. A Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020–2028, coordenada pelo Ministério da Saúde, tem como um de seus eixos prioritários a promoção da interoperabilidade entre sistemas. A criação da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) é uma das iniciativas mais promissoras nesse campo. A RNDS
dessas dificuldades, existem importantes avanços sendo implementados. A Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020–2028, coordenada pelo Ministério da Saúde, tem como um de seus eixos prioritários a promoção da interoperabilidade entre sistemas. A criação da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) é uma das iniciativas mais promissoras nesse campo. A RNDS visa possibilitar a troca segura de informações de saúde entre os diferentes pontos da rede de atenção, promovendo a continuidade do cuidado e a integração dos dados clínicos ao longo do tempo e do território.
A implantação de prontuários eletrônicos interoperáveis, como o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC), e a vinculação desses sistemas ao Cartão Nacional de Saúde (CNS) também são estratégias que favorecem a integração. O CNS permite a identificação unívoca do usuário nos serviços de saúde, o que é fundamental para a consolidação de uma base de dados única e para a rastreabilidade do histórico de atendimentos, independentemente da unidade ou do município onde ocorreu o atendimento.
Em nível local, iniciativas de consórcios intermunicipais, redes de cooperação técnica e plataformas compartilhadas têm contribuído para viabilizar a integração de sistemas em regiões com limitações orçamentárias ou estruturais. Essas estratégias demonstram que a cooperação entre entes federados pode ser um caminho eficaz para superar os desafios operacionais da integração.
Em síntese, a integração de sistemas de informação em saúde é condição essencial para a efetividade do SUS e para a melhoria contínua da atenção à saúde. Embora os desafios operacionais sejam significativos, é possível superá-los com investimentos adequados, planejamento estratégico, formação profissional, padronização de tecnologias e compromisso político-institucional. A construção de um sistema de saúde verdadeiramente integrado e baseado em dados confiáveis é um passo decisivo para garantir o acesso universal, a equidade e a qualidade dos serviços de saúde no Brasil.
Referências
bibliográficas
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emas de Informação em Saúde: uma abordagem para gestores. São
Paulo: Martinari, 2017.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD). Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 7 ago. 2025.
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