TUBERCULOSE
DIAGNÓSTICO LABORAL
Diagnóstico
da Tuberculose
Métodos de Diagnóstico Clínico
Anamnese
e Exame Físico
O
diagnóstico clínico da tuberculose (TB) começa com uma anamnese detalhada e um
exame físico minucioso. Estes passos são cruciais para identificar os sinais e
sintomas da doença, bem como para avaliar os fatores de risco do paciente.
Anamnese:
1. Histórico
de Sintomas: O médico deve perguntar sobre a presença
de tosse persistente, febre, suores noturnos, perda de peso e fadiga. A duração
e a gravidade desses sintomas são importantes para o diagnóstico.
2. Histórico
Médico: Perguntas sobre infecções prévias, doenças crônicas
(como HIV, diabetes) e uso de medicamentos imunossupressores são fundamentais.
3. Exposição
a TB: O médico deve investigar se o paciente teve contato
próximo com alguém diagnosticado com TB, especialmente em ambientes fechados ou
de alto risco, como prisões e abrigos para desabrigados.
4. Histórico
de Viagens: Informações sobre viagens recentes a
áreas com alta incidência de TB podem fornecer pistas importantes.
5. Fatores
Socioeconômicos: Considerar as condições de vida e
trabalho do paciente, que podem aumentar o risco de exposição à TB.
Exame
Físico:
1. Observação
Geral: Avaliar a condição geral do paciente, incluindo
sinais de mal-estar, perda de peso e fraqueza.
2. Sistema
Respiratório: Ausculta pulmonar para detectar sons
anormais, como crepitações ou roncos, que podem indicar a presença de TB
pulmonar.
3. Linfadenopatia:
Palpação dos linfonodos, especialmente no pescoço, para verificar a presença de
linfonodos aumentados ou doloridos.
4. Exame
Torácico: Verificar sinais de dor torácica, derrame pleural ou
cavitações pulmonares.
Testes
Cutâneos e Sorológicos
Após
a anamnese e o exame físico, são realizados testes adicionais para confirmar o
diagnóstico de TB.
Testes
Cutâneos:
1. Teste Tuberculínico (PPD): Também conhecido como teste de Mantoux, este exame envolve a injeção intradérmica de derivado proteico purificado (PPD) na pele do antebraço. A reação é medida em 48-72 horas, e a presença de induração (endurecimento) é avaliada. Um resultado positivo indica infecção por TB, mas não diferencia entre TB latente e ativa.
Testes
Sorológicos:
1. Ensaio de Liberação de Interferon-Gama (IGRA): Este teste mede a resposta imunológica ao Mycobacterium tuberculosis. Amostras de sangue são expostas a antígenos específicos do bacilo, e a liberação de
interferon-gama é
medida. O IGRA é útil para confirmar infecção por TB, especialmente em pessoas
vacinadas com BCG, onde o teste de PPD pode apresentar falsos positivos.
Interpretação
dos Resultados Clínicos
A
interpretação dos resultados clínicos é um processo complexo que envolve a
integração das informações obtidas na anamnese, exame físico e testes
laboratoriais.
1. Resultados
do Teste Tuberculínico (PPD): Um resultado positivo no
teste de PPD (induração ≥ 5 mm em pessoas com alto risco, ≥ 10 mm em pessoas
com risco moderado, e ≥ 15 mm em pessoas sem fatores de risco conhecidos)
sugere infecção por TB, mas não confirma se a infecção está ativa. A interpretação
deve levar em conta o histórico do paciente e os fatores de risco.
2. Resultados
do IGRA: Um resultado positivo no IGRA indica infecção por TB,
mas, como o teste de PPD, não diferencia entre infecção latente e ativa. Este
teste é particularmente útil em populações vacinadas com BCG.
3. Correlações Clínicas: A presença de sintomas consistentes com TB, como tosse persistente e perda de peso, juntamente com um resultado positivo em testes cutâneos ou sorológicos, sugere fortemente TB ativa.
4. Exames
Complementares: Para confirmar TB ativa, são necessários
exames adicionais, como radiografia de tórax, tomografia computadorizada,
baciloscopia do escarro e cultura de Mycobacterium tuberculosis.
O
diagnóstico definitivo de TB ativa geralmente requer a confirmação laboratorial
do bacilo da TB em amostras clínicas. A cultura é o padrão-ouro, mas pode levar
semanas para fornecer resultados. Métodos moleculares, como o teste Xpert
MTB/RIF, podem oferecer uma confirmação mais rápida.
A
combinação de uma anamnese cuidadosa, exame físico detalhado e testes
laboratoriais apropriados é fundamental para o diagnóstico preciso e a gestão
eficaz da tuberculose.
Diagnóstico Laboratorial – Baciloscopia
Coleta
e Preparação de Amostras
A
baciloscopia é uma técnica essencial para o diagnóstico da tuberculose (TB),
permitindo a detecção do Mycobacterium tuberculosis em amostras clínicas. O
processo começa com a coleta e preparação adequada das amostras.
Coleta
de Amostras:
1. Escarro:
A amostra mais comum para baciloscopia é o escarro, especialmente em casos de
TB pulmonar. O paciente deve ser instruído a coletar escarro profundo após uma
tosse produtiva, preferencialmente pela manhã, em um recipiente estéril.
2. Lavado Broncoalveolar: Em pacientes incapazes de produzir escarro,
Em pacientes incapazes de produzir
escarro, pode ser realizada uma broncoscopia para coletar lavado
broncoalveolar.
3. Outras
Amostras: Em casos de TB extrapulmonar, podem ser coletadas
amostras de urina, líquido pleural, líquido cefalorraquidiano, biópsias de
tecidos ou aspirados linfonodais.
Preparação
de Amostras:
1. Homogeneização: As amostras de escarro devem ser homogeneizadas para garantir uma distribuição uniforme dos bacilos. Isso pode ser feito usando um vórtex ou outro método adequado.
2. Descontaminação:
Para amostras que possam conter outros microrganismos, um processo de
descontaminação é necessário. Um método comum envolve o uso de
N-acetil-L-cisteína (NALC) e hidróxido de sódio (NaOH) para eliminar
contaminantes não micobacterianos.
3. Concentração:
Algumas amostras podem ser concentradas por centrifugação para aumentar a
sensibilidade do exame, especialmente em casos de TB extrapulmonar.
Técnica
de Coloração de Ziehl-Neelsen
A
técnica de coloração de Ziehl-Neelsen é um método clássico utilizado para a
detecção de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), como o Mycobacterium
tuberculosis. O procedimento envolve várias etapas:
1. Fixação:
Uma pequena quantidade da amostra é espalhada em uma lâmina de vidro para
formar um esfregaço fino, que é então fixado ao calor passando a lâmina sobre
uma chama.
2. Coloração
Primária: O esfregaço fixado é coberto com uma solução de
fucsina básica, um corante vermelho, e aquecido suavemente até a produção de
vapores. Isso permite que o corante penetre nas paredes celulares dos bacilos.
3. Descoramento:
Após a coloração primária, a lâmina é lavada com água e depois descorada com
uma solução de ácido-alcoólica (geralmente ácido clorídrico em álcool). Este
passo remove o corante das células não resistentes ao ácido.
4. Coloração
de Contraste: A lâmina é então contra corada com azul
de metileno ou verde malaquita, que colorem o fundo e outras células,
facilitando a visualização dos BAAR, que permanecem vermelhos.
Interpretação
de Lâminas
A
interpretação das lâminas coloridas requer experiência e atenção aos detalhes.
A análise é feita utilizando um microscópio de luz.
1. Exame
Microscópico: Sob o microscópio, os BAAR aparecem como
bacilos delgados e vermelhos contra um fundo azul ou verde. Eles são geralmente
arranjados em grupos ou de forma isolada.
2. Contagem de Bacilos: A contagem de bacilos é realizada em várias áreas do esfregaço, e os resultados
são relatados em termos de número de
bacilos observados por campo de visão.
o Negativo:
Nenhum bacilo encontrado após a observação de pelo menos 100 campos.
o Positivo
Escasso: 1-9 bacilos em 100 campos.
o Positivo
Moderado: 10-99 bacilos em 100 campos.
o Positivo
Alto: 1-10 bacilos por campo em pelo menos 50 campos.
o Positivo
Muito Alto: Mais de 10 bacilos por campo em pelo
menos 20 campos.
3. Relatório: Os resultados são relatados ao médico solicitante, com uma descrição quantitativa da presença de BAAR. A presença de um número significativo de bacilos indica TB ativa, enquanto um resultado negativo não exclui a doença, especialmente em pacientes com suspeita clínica forte.
A
baciloscopia é uma ferramenta valiosa no diagnóstico da tuberculose devido à
sua rapidez e baixo custo. No entanto, sua sensibilidade pode ser limitada,
especialmente em pacientes com baixa carga bacilar ou em casos de TB
extrapulmonar. Portanto, a baciloscopia é frequentemente complementada por
outros métodos diagnósticos, como cultura e testes moleculares, para um
diagnóstico mais completo e preciso.
Diagnóstico Laboratorial - Cultura e
Testes Moleculares
Cultura
de Mycobacterium tuberculosis
A
cultura de Mycobacterium tuberculosis é considerada o padrão-ouro no
diagnóstico da tuberculose (TB). Este método é altamente sensível e específico,
permitindo não só a detecção do bacilo, mas também a realização de testes de
sensibilidade aos medicamentos.
Processo
de Cultura:
1. Coleta
de Amostras: Semelhante à baciloscopia, a coleta
adequada de amostras é essencial. Pode incluir escarro, lavado bronco alveolar,
líquidos corporais ou biópsias de tecido.
2. Descontaminação
e Concentração: Para eliminar contaminantes bacterianos,
as amostras são frequentemente tratadas com agentes descontaminantes e
concentradas por centrifugação.
3. Inoculação
em Meios de Cultura: As amostras são inoculadas em meios de
cultura específicos para Mycobacterium tuberculosis. Os meios mais utilizados
são:
o Meio
Löwenstein-Jensen (LJ): Um meio sólido que permite a
observação direta das colônias.
o Meio de Middlebrook: Disponível em formatos sólidos (7H10, 7H11) e líquidos (7H9), sendo o líquido usado em sistemas automatizados como o BACTEC MGIT 960.
4. Incubação: As amostras são incubadas a 37°C, geralmente por um período de 4 a 8 semanas, devido ao crescimento lento do bacilo. O sistema automatizado pode reduzir o tempo de detecção para cerca de 2
amostras são incubadas a 37°C, geralmente por um período de 4 a 8 semanas,
devido ao crescimento lento do bacilo. O sistema automatizado pode reduzir o
tempo de detecção para cerca de 2 semanas.
5. Identificação
das Colônias: As colônias de Mycobacterium tuberculosis
são identificadas com base em suas características morfológicas e propriedades
bioquímicas, como a produção de niacina.
Testes
de Sensibilidade aos Antimicrobianos
Após
o isolamento da cultura, os testes de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA)
são realizados para determinar a susceptibilidade ou resistência do bacilo aos
medicamentos utilizados no tratamento da TB.
Procedimentos
de TSA:
1. Métodos
Proporcional e de Diluição: Estes métodos envolvem a inoculação
do bacilo em meios contendo diferentes concentrações de medicamentos. A
presença ou ausência de crescimento bacteriano indica susceptibilidade ou
resistência.
2. BACTEC
MGIT 960: Um sistema automatizado que utiliza um meio líquido
enriquecido e monitoramento fluorescente para detectar crescimento bacteriano
na presença de drogas antituberculose. Este método é mais rápido e pode
fornecer resultados em cerca de 10 dias.
3. Teste Genotípico (Genotype MTBDRplus): Este teste molecular detecta mutações específicas associadas à resistência aos medicamentos, fornecendo resultados em poucas horas.
Diagnóstico
Molecular (PCR, Xpert MTB/RIF)
Os
métodos moleculares revolucionaram o diagnóstico da TB, oferecendo rapidez e
precisão na detecção do bacilo e na identificação de resistência aos
medicamentos.
PCR
(Reação em Cadeia da Polimerase):
1. Técnica:
O PCR amplifica segmentos específicos do DNA do Mycobacterium tuberculosis a
partir de amostras clínicas, permitindo a detecção rápida do bacilo.
2. Vantagens:
Alta sensibilidade e especificidade, capaz de detectar baixas cargas bacilares.
Utilizado principalmente em casos de TB extrapulmonar e em pacientes
HIV-positivos.
Xpert
MTB/RIF:
1. Descrição:
O Xpert MTB/RIF é um teste automatizado baseado em PCR em tempo real, que
detecta simultaneamente o DNA do Mycobacterium tuberculosis e mutações no gene
rpoB, associadas à resistência à rifampicina.
2. Procedimento:
A amostra é processada e inserida no cartucho do teste, que é então colocado no
sistema GeneXpert. Os resultados são fornecidos em aproximadamente 2 horas.
3. Benefícios:
o Rapidez:
Diagnóstico rápido, crucial para iniciar o tratamento precocemente.
o Precisão: Alta sensibilidade e
sensibilidade e especificidade na detecção da TB e da resistência à
rifampicina.
o Facilidade
de Uso: O sistema é relativamente simples de operar,
tornando-o ideal para ambientes com recursos limitados.
Impacto
dos Testes Moleculares:
Conclusão
A combinação de métodos de cultura, testes de sensibilidade aos antimicrobianos e diagnósticos moleculares oferece uma abordagem abrangente para o diagnóstico da tuberculose. Enquanto a cultura fornece o padrão-ouro para a identificação do bacilo e a avaliação da resistência, os testes moleculares complementam com rapidez e precisão, permitindo intervenções terapêuticas mais eficazes e oportunas.
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