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Produção de Milho

 PRODUÇÃO DE MILHO

      

Implantação e Manejo da Lavoura 

Preparo e correção do solo

  

1. Introdução

O solo é o principal recurso natural utilizado na produção agrícola, funcionando como base física, química e biológica para o desenvolvimento das plantas. No cultivo do milho (Zea mays L.), o manejo adequado do solo é determinante para o sucesso produtivo, uma vez que influencia diretamente a disponibilidade de nutrientes, a aeração, a infiltração de água e o desenvolvimento radicular. O preparo e a correção do solo devem ser realizados de forma técnica, respeitando as características locais e as exigências da cultura. A análise de solo, a calagem e a adubação corretiva são etapas essenciais para estabelecer condições ideais de fertilidade, enquanto o sistema de preparo — convencional ou plantio direto — deve ser escolhido de acordo com as condições climáticas, o tipo de solo e o sistema produtivo adotado.

2. Análise de Solo e Interpretação de Resultados

A análise de solo é o ponto de partida para qualquer programa de manejo da fertilidade. Trata-se de um procedimento laboratorial que determina os teores de nutrientes disponíveis e as características químicas do solo, permitindo a recomendação precisa de calagem e adubação.

A coleta das amostras deve ser feita de forma representativa, dividindo o terreno em talhões homogêneos e retirando amostras compostas de 15 a 20 subamostras em cada área. A profundidade recomendada para culturas anuais, como o milho, é de 0 a 20 cm, podendo haver amostragem mais profunda em solos manejados com plantio direto.

Os principais parâmetros avaliados são o pH, a acidez potencial (H+Al), a saturação por bases (V%), os teores de cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), fósforo (P) e matéria orgânica (MO). A interpretação dos resultados é feita com base em tabelas regionais desenvolvidas por instituições como a Embrapa, universidades e órgãos estaduais de pesquisa.

A partir desses dados, o técnico define as necessidades de calagem e adubação, adequando a correção à expectativa de produtividade e às características do solo. A interpretação correta da análise de solo é fundamental para evitar tanto a deficiência quanto o excesso de nutrientes, que podem causar desequilíbrios nutricionais e impactos ambientais negativos.

3. Calagem e Adubação Corretiva

A calagem é uma prática essencial para corrigir a acidez do solo e melhorar as condições químicas e físicas do ambiente radicular. Solos ácidos reduzem a

disponibilidade de nutrientes como fósforo, cálcio e magnésio, além de aumentar a toxicidade de alumínio e manganês, o que prejudica o desenvolvimento das raízes e o crescimento das plantas.

3.1. Calagem

O corretivo de acidez mais utilizado é o calcário agrícola, que contém carbonatos de cálcio e magnésio. A quantidade de calcário a ser aplicada é determinada pela análise de solo, considerando a acidez potencial (H+Al), o teor de bases e a saturação por bases desejada (geralmente entre 60% e 70% para o milho).

A aplicação deve ser feita preferencialmente de forma uniforme e incorporada ao solo, no mínimo três meses antes da semeadura, para permitir o tempo de reação química. Em sistemas de plantio direto, onde não há revolvimento do solo, pode-se utilizar o método de calagem superficial, que, embora mais lenta, apresenta efeito cumulativo ao longo dos anos.

Além de neutralizar a acidez, a calagem fornece cálcio e magnésio, promove melhor estruturação do solo e estimula a atividade biológica, beneficiando a decomposição da matéria orgânica e o equilíbrio nutricional da cultura.

3.2. Adubação corretiva

A adubação corretiva visa ajustar os níveis de nutrientes disponíveis no solo, especialmente fósforo (P) e potássio (K), antes do plantio. Em solos deficientes, aplica-se o fósforo na forma de superfosfato simples, triplo ou termofosfato, e o potássio geralmente como cloreto de potássio.

O fósforo é pouco móvel no solo, por isso deve ser aplicado preferencialmente no sulco de semeadura ou incorporado antes do plantio. O potássio, mais móvel, pode ser aplicado a lanço ou junto com o fósforo.

A adubação nitrogenada, essencial para o crescimento vegetativo, costuma ser parcelada: uma parte no plantio e outra em cobertura, entre 25 e 40 dias após a emergência, quando o milho atinge o estágio de 4 a 6 folhas.

O nitrogênio é o nutriente mais demandado pela cultura e o mais suscetível a perdas, especialmente em condições de chuva intensa ou solos arenosos, sendo recomendada a aplicação fracionada e o uso de fontes estabilizadas, quando possível.

4. Sistemas de Preparo Convencional e Plantio Direto

A forma de preparo do solo influencia a estrutura física, a conservação da umidade, a disponibilidade de nutrientes e o controle de plantas daninhas. No cultivo do milho, dois sistemas predominam no Brasil: o preparo convencional e o sistema de plantio direto.

4.1. Preparo convencional

O sistema convencional envolve o revolvimento total do solo por meio de

aração e gradagem. Esse método favorece a incorporação de corretivos e fertilizantes, bem como o controle inicial de plantas daninhas. Contudo, o uso contínuo pode causar compactação em camadas subsuperficiais, perda de matéria orgânica e maior suscetibilidade à erosão.

É indicado para áreas com infestação severa de plantas daninhas ou solos com acidez elevada que exigem incorporação de calcário. Deve-se, no entanto, adotar práticas conservacionistas, como curvas de nível e cobertura vegetal, para reduzir as perdas de solo e nutrientes.

4.2. Plantio direto

O sistema de plantio direto caracteriza-se pela semeadura sobre a palhada da cultura anterior, sem revolvimento do solo. Essa prática reduz a erosão, melhora a infiltração de água, conserva a umidade e aumenta o teor de matéria orgânica, favorecendo a atividade microbiana e a ciclagem de nutrientes.

Além dos benefícios ambientais, o plantio direto contribui para a estabilidade produtiva em longo prazo, especialmente em regiões sujeitas à irregularidade de chuvas. Contudo, requer planejamento, rotação de culturas e controle eficiente de plantas daninhas.

A palhada — composta por resíduos de culturas como soja, braquiária e milheto — atua como cobertura protetora, reduzindo o impacto das gotas de chuva e evitando a formação de crostas superficiais. A adubação e a calagem devem ser ajustadas ao sistema, priorizando fontes de liberação gradual e o manejo adequado da fertilidade em camadas superficiais.

5. Considerações Finais

O preparo e a correção do solo representam a base da produção sustentável de milho. A análise detalhada do solo permite decisões assertivas quanto à calagem e adubação, evitando desperdícios e garantindo equilíbrio nutricional. A escolha entre o sistema convencional e o plantio direto deve considerar não apenas o tipo de solo, mas também a conservação ambiental e a viabilidade econômica.

Em um cenário de crescente demanda por produtividade e sustentabilidade, o manejo racional do solo, aliado à adoção de tecnologias adequadas, é fundamental para o aumento da eficiência agrícola e a preservação dos recursos naturais. O milho, por sua importância econômica e estratégica, exige um solo fértil, estruturado e biologicamente ativo — condições que só se alcançam com planejamento e práticas conservacionistas contínuas.

Referências Bibliográficas

  • EMBRAPA. Manual de Calagem e Adubação para o Estado de Minas Gerais. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2022.
  • FANCELLI, A. L.;
  • DOURADO NETO, D. Produção de Milho. 3. ed. Piracicaba: ESALQ/USP, 2021.
  • CQFS-RS/SC – Comissão de Química e Fertilidade do Solo. Manual de Adubação e de Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 11. ed. Porto Alegre: SBCS, 2016.
  • BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Manual de Boas Práticas Agrícolas para o Milho. Brasília: MAPA, 2023.
  • EMBRAPA. Sistema Plantio Direto: princípios e práticas para a sustentabilidade. Brasília: Embrapa Solos, 2021.
  • MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. Manejo e Produção Sustentável de Milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2020.
  • CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos – Safra 2024/2025. Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento, 2024.

 

Semeadura e Adubação de Base na Cultura do Milho

 

1. Introdução

A semeadura e a adubação de base são etapas decisivas para o sucesso produtivo da cultura do milho (Zea mays L.), pois determinam o estabelecimento inicial das plantas, o aproveitamento de nutrientes e o desenvolvimento radicular. A escolha da época de plantio, o ajuste da densidade populacional, o espaçamento entre linhas e a correta aplicação dos fertilizantes no sulco influenciam diretamente o crescimento, o vigor e o rendimento final. Por ser uma cultura de alta exigência nutricional e sensível a fatores climáticos, o milho requer planejamento técnico e manejo adequado desde o início do ciclo. A eficiência na semeadura e na adubação de base reflete-se em lavouras mais uniformes, plantas vigorosas e maior produtividade.

2. Época Ideal de Plantio por Região

A época de semeadura do milho varia conforme as condições climáticas, a altitude, o regime de chuvas e o sistema de cultivo adotado. O fator mais importante para definir o plantio é a disponibilidade hídrica, especialmente nos estágios de germinação e florescimento, os mais sensíveis ao déficit de água.

2.1. Região Centro-Oeste

O Centro-Oeste é o principal polo produtor de milho do país, destacando-se na segunda safra (ou safrinha), cultivada após a colheita da soja. O plantio ocorre geralmente entre janeiro e março, aproveitando a umidade residual das chuvas de verão.

A semeadura antecipada, logo após a soja precoce, aumenta o potencial produtivo e reduz o risco de estiagem na fase reprodutiva.

2.2. Região Sul

Na Região Sul, o milho é cultivado majoritariamente na primeira safra, entre setembro e novembro, aproveitando o clima mais ameno e

bem distribuído em chuvas. Em áreas de altitude e temperaturas mais baixas, o plantio deve ocorrer quando a temperatura média do solo atingir 18°C a 20°C, garantindo germinação uniforme.

2.3. Região Sudeste

No Sudeste, o cultivo ocorre tanto na safra de verão (setembro a dezembro) quanto na safrinha (fevereiro a abril). O calendário depende do regime de chuvas e da disponibilidade de irrigação. Em Minas Gerais e São Paulo, a semeadura precoce é vantajosa em áreas com irrigação e solos de boa drenagem.

2.4. Região Nordeste

No Nordeste, o milho é plantado no início do período chuvoso, geralmente entre fevereiro e abril, variando conforme o semiárido ou o litoral úmido. O uso de cultivares adaptadas à seca e práticas como o plantio direto sobre palhada são essenciais para garantir o estabelecimento da lavoura.

2.5. Região Norte

Na Região Norte, o milho é cultivado de forma diversificada. Em áreas de várzea ou sob irrigação, o plantio ocorre no início da estação seca; em áreas de sequeiro, deve ser realizado no início das chuvas, geralmente entre dezembro e fevereiro.

O momento ideal da semeadura deve equilibrar disponibilidade de água, temperatura e luminosidade, garantindo germinação rápida e crescimento inicial vigoroso.

3. Densidade Populacional e Espaçamento

A densidade de plantas e o espaçamento entre linhas determinam a interceptação de luz, a eficiência na utilização de nutrientes e o manejo mecanizado da lavoura. O ajuste desses parâmetros depende do híbrido utilizado, da fertilidade do solo e da disponibilidade hídrica.

3.1. Densidade populacional

O milho apresenta plasticidade morfológica, adaptando-se a diferentes populações de plantas. No entanto, densidades inadequadas podem causar competição por luz, água e nutrientes ou, ao contrário, subutilização da área.
De modo geral:

  • Híbridos simples e modernos, com colmos mais finos e folhas eretas, suportam populações mais elevadas, entre 55.000 e 75.000 plantas por hectare, em condições de alta fertilidade e irrigação;
  • Híbridos duplos ou variedades tradicionais devem ser cultivados com densidades menores, entre 40.000 e 55.000 plantas por hectare, em áreas de manejo intermediário ou de sequeiro.

A densidade ideal é aquela que maximiza o número de espigas produtivas sem comprometer o peso dos grãos. Em regiões com risco de estiagem, recomenda-se reduzir a população para evitar competição excessiva e perdas por deficiência hídrica.

3.2. Espaçamento entre

linhas

O espaçamento influencia a interceptação de luz e o microclima da lavoura. Os espaçamentos mais comuns no Brasil variam entre 0,45 m e 0,90 m, dependendo do tipo de semeadora e da região.

  • Espaçamentos menores (0,45–0,60 m) promovem fechamento mais rápido das entrelinhas, melhor aproveitamento da luz e controle de plantas daninhas;
  • Espaçamentos maiores (0,80–0,90 m) são recomendados para solos de baixa fertilidade e regiões secas, pois reduzem a competição e facilitam o cultivo mecânico.

O ajuste do espaçamento deve sempre considerar o porte do híbrido e a disponibilidade de maquinário, equilibrando produtividade e viabilidade operacional.

4. Tipos e Doses de Fertilizantes de Plantio

A adubação de base tem como objetivo suprir as necessidades iniciais de nutrientes e garantir o rápido desenvolvimento das plantas, especialmente do sistema radicular. O milho é uma cultura altamente exigente em nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), sendo o fósforo o nutriente mais crítico no início do ciclo, por sua baixa mobilidade no solo.

4.1. Nitrogênio (N)

O nitrogênio estimula o crescimento vegetativo, a formação de folhas e o acúmulo de proteínas e clorofila. Na adubação de base, aplica-se de 20% a 30% da dose total, sendo o restante fornecido em cobertura.
As fontes mais comuns são ureia, nitrato de amônio e sulfato de amônio.

Em solos arenosos ou sob condições de chuvas intensas, recomenda-se o parcelamento para evitar perdas por lixiviação e volatilização.

4.2. Fósforo (P)

O fósforo é essencial para o enraizamento e o vigor inicial. Como possui baixa mobilidade, deve ser aplicado no sulco de semeadura, próximo às sementes, sem contato direto para evitar fitotoxicidade.
As fontes mais utilizadas são superfosfato simples, superfosfato triplo e MAP (fosfato monoamônico). A dose recomendada varia de 80 a 120 kg/ha de P₂O₅, conforme a fertilidade do solo e o potencial produtivo.

4.3. Potássio (K)

O potássio regula a abertura estomática, o transporte de fotoassimilados e a resistência ao estresse hídrico. Deve ser aplicado preferencialmente a lanço ou no sulco, juntamente com o fósforo, em doses de 60 a 100 kg/ha de K₂O, conforme o teor de potássio trocável no solo.
A fonte mais comum é o cloreto de potássio (KCl), embora em solos arenosos ou suscetíveis à salinização seja possível utilizar o sulfato de potássio.

4.4. Micronutrientes

Micronutrientes como zinco (Zn), boro (B) e manganês (Mn) são frequentemente

necessários em solos arenosos ou de baixa matéria orgânica. O zinco, em especial, é essencial para o crescimento inicial e a produção de grãos, podendo ser aplicado no sulco ou via tratamento de sementes, na forma de sulfato de zinco ou quelatos.

4.5. Critérios para definição das doses

As doses exatas de fertilizantes devem ser definidas com base em:

  • Análise química do solo;
  • Histórico de produtividade da área;
  • Tipo de híbrido e expectativa de rendimento;
  • Sistema de cultivo (plantio direto ou convencional).

A adubação equilibrada evita desperdício de insumos, reduz impactos ambientais e garante maior eficiência econômica.

5. Considerações Finais

A semeadura e a adubação de base constituem etapas decisivas para o sucesso da cultura do milho. A escolha correta da época de plantio, adaptada às condições regionais e climáticas, garante boa germinação e vigor inicial. A densidade e o espaçamento adequados otimizam a interceptação de luz e o aproveitamento de nutrientes, enquanto a adubação de base, bem planejada, assegura o suprimento inicial de elementos essenciais ao crescimento.

A integração entre análise de solo, planejamento nutricional e escolha de híbridos permite maximizar o potencial produtivo de forma sustentável. Assim, a eficiência na semeadura e na nutrição inicial representa o primeiro passo para uma lavoura de milho vigorosa, produtiva e ambientalmente responsável.

Referências Bibliográficas

  • EMBRAPA. Milho: do plantio à colheita. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2022.
  • FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de Milho. 3. ed. Piracicaba: ESALQ/USP, 2021.
  • BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Manual de Boas Práticas Agrícolas para o Milho. Brasília: MAPA, 2023.
  • CQFS-RS/SC – Comissão de Química e Fertilidade do Solo. Manual de Adubação e Calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 11. ed. Porto Alegre: SBCS, 2016.
  • MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. Manejo e Produção Sustentável de Milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2020.
  • CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos – Safra 2024/2025. Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento, 2024.
  • COELHO, A. M. Fertilidade do Solo e Adubação da Cultura do Milho. Sete Lagoas: Embrapa, 2021.


Manejo de Plantas Daninhas, Pragas e Doenças na Cultura do Milho

 

1. Introdução

O manejo fitossanitário do milho (Zea mays L.) é um dos pilares da produção

sustentável e de alta produtividade. A cultura, amplamente cultivada em diferentes regiões do Brasil, está sujeita à interferência de plantas daninhas, pragas e doenças que reduzem o potencial produtivo e comprometem a qualidade dos grãos. Esses inimigos afetam o milho desde a emergência até a colheita, podendo causar perdas superiores a 50% quando não controlados adequadamente.

A adoção de estratégias integradas — que combinam controle químico, biológico e cultural — constitui o caminho mais eficiente e ambientalmente seguro para reduzir os impactos desses organismos. O Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o Manejo Integrado de Doenças (MID) promovem o equilíbrio ecológico e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas, minimizando o uso excessivo de agrotóxicos e prevenindo a resistência de pragas e patógenos.

2. Principais Inimigos da Cultura e Seus Impactos

2.1. Plantas daninhas

As plantas daninhas competem com o milho por luz, água e nutrientes, especialmente nas fases iniciais do ciclo, entre a emergência e o fechamento das entrelinhas. Essa competição reduz o crescimento, o desenvolvimento radicular e, consequentemente, a produtividade.

As espécies mais frequentes incluem capim-colchão (Digitaria horizontalis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), caruru (Amaranthus spp.), buva (Conyza spp.) e trapoeraba (Commelina benghalensis). A interferência dessas espécies pode ser agravada por condições de solo fértil e clima úmido, que favorecem a germinação contínua.
O período crítico de controle de plantas daninhas no milho ocorre entre 20 e 45 dias após a emergência, sendo essencial manter a lavoura livre de competição nesse intervalo.

2.2. Pragas

As principais pragas que afetam o milho são:

  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) – considerada a praga mais destrutiva, alimenta-se das folhas e do cartucho da planta, podendo causar desfolha intensa e morte de plântulas;
  • Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) – ataca a base das plantas recém-emergidas, provocando tombamento e falhas na linha de plantio;
  • Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus) – causa deformações e perfilhamento anormal, principalmente na fase inicial;
  • Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) – vetor dos enfezamentos pálido e vermelho e da virose do raiado fino, doenças que têm se tornado graves em diversas regiões produtoras.

Os danos provocados por essas pragas podem comprometer não apenas a produtividade, mas também a

qualidade dos grãos e a viabilidade econômica da lavoura.

2.3. Doenças

As doenças do milho são causadas por fungos, bactérias e vírus, podendo afetar folhas, colmos, espigas e grãos. Entre as mais comuns estão:

  • Ferrugem-comum (Puccinia sorghi) e ferrugem-polissora (Puccinia polysora), que reduzem a fotossíntese;
  • Mancha-branca (Phaeosphaeria maydis), que provoca necroses nas folhas e perda de área fotossintética;
  • Helmintosporiose (Exserohilum turcicum), de alta incidência em condições úmidas;
  • Podridão de colmo e de espiga (Fusarium spp., Stenocarpella maydis), que reduzem o peso dos grãos e favorecem micotoxinas.

As doenças fúngicas são favorecidas por temperaturas amenas, alta umidade e adensamento populacional, condições comuns nas regiões tropicais e subtropicais.

3. Controle Químico, Biológico e Integrado (MIP e MID)

O manejo eficiente de plantas daninhas, pragas e doenças requer integração de diferentes métodos de controle, priorizando o uso racional de defensivos e a preservação ambiental.

3.1. Controle químico

O controle químico ainda é amplamente utilizado devido à sua eficiência e praticidade. No caso das plantas daninhas, empregam-se herbicidas pré e pós-emergentes, como atrazina, mesotriona, nicosulfuron e glifosato, dependendo do tipo de infestação e da tecnologia da semente (convencional ou transgênica).
Para o controle de pragas, utilizam-se inseticidas do grupo dos piretroides, neonicotinoides e diamidas. Entretanto, a aplicação deve ser baseada no monitoramento e em níveis de dano econômico, evitando pulverizações calendarizadas.
No controle de doenças, o uso de fungicidas à base de triazóis, estrobilurinas e carboxamidas tem mostrado bons resultados, especialmente quando aplicado preventivamente em cultivares suscetíveis.

O uso intensivo de defensivos, sem rotação de princípios ativos, pode provocar resistência e desequilíbrio biológico. Por isso, recomenda-se o manejo rotativo de produtos e o uso de misturas com diferentes mecanismos de ação.

3.2. Controle biológico

O controle biológico é uma alternativa sustentável que utiliza organismos vivos para reduzir populações de pragas e patógenos. Entre os agentes mais usados na cultura do milho estão:

  • Bacillus thuringiensis (Bt): bactéria que produz toxinas letais a lagartas, amplamente utilizada em sementes geneticamente modificadas (milho Bt);
  • Trichogramma pretiosum: vespa parasitóide que ataca ovos de
  • lepidópteros;
  • Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae: fungos entomopatogênicos eficazes no controle de percevejos e cigarrinhas;
  • Bacillus subtilis e Trichoderma spp.: microrganismos usados no manejo de doenças de solo, como podridões radiculares.

Esses agentes biológicos podem ser aplicados via pulverização, tratamento de sementes ou incorporação ao solo, e são compatíveis com sistemas de produção integrada.

3.3. Manejo integrado (MIP e MID)

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o Manejo Integrado de Doenças (MID) consistem em estratégias que combinam métodos químicos, biológicos e culturais de forma equilibrada.
As principais práticas incluem:

  • Monitoramento populacional de pragas e sintomas de doenças;
  • Rotação de culturas, reduzindo o acúmulo de inóculos e hospedeiros alternativos;
  • Uso de cultivares resistentes e híbridos adaptados às condições regionais;
  • Destruição de restos culturais e manejo adequado de palhada;
  • Adoção de milho Bt e tecnologias associadas, com áreas de refúgio para evitar resistência;
  • Aplicações seletivas de defensivos, baseadas em níveis de dano econômico e previsão climática.

O MIP e o MID proporcionam controle eficiente e sustentável, reduzindo custos e riscos de contaminação ambiental.

4. Cuidados com Resistência e Segurança Ambiental

A resistência de pragas, doenças e plantas daninhas aos produtos químicos tem se tornado um desafio crescente na agricultura moderna. O uso repetitivo do mesmo princípio ativo seleciona indivíduos resistentes, diminuindo a eficácia do controle e aumentando a dependência de novos produtos.

Para mitigar esse problema, recomenda-se:

  • Rotação de mecanismos de ação de herbicidas, inseticidas e fungicidas;
  • Alternância entre métodos químicos e biológicos;
  • Adoção de refúgios estruturados no caso de cultivares Bt, com 10% a 20% da área plantada com sementes convencionais, permitindo a manutenção de populações suscetíveis;
  • Respeito ao período de carência e às doses recomendadas pelos fabricantes.

A segurança ambiental deve ser prioridade em qualquer programa de manejo. A aplicação de defensivos deve observar condições climáticas adequadas (vento inferior a 10 km/h e ausência de chuva iminente), além de equipamentos calibrados e uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

O descarte correto das embalagens, o armazenamento seguro e a destinação adequada dos resíduos

correto das embalagens, o armazenamento seguro e a destinação adequada dos resíduos evitam contaminação de solos, águas e fauna. O treinamento dos operadores e o cumprimento das normas legais, como as definidas pela Instrução Normativa MAPA nº 5/2023, são fundamentais para a sustentabilidade do sistema produtivo.

5. Considerações Finais

O manejo de plantas daninhas, pragas e doenças na cultura do milho requer visão integrada e planejamento técnico. A combinação de métodos preventivos, biológicos e químicos, dentro dos princípios do MIP e do MID, garante eficiência, sustentabilidade e redução de custos.

O produtor moderno deve priorizar o monitoramento contínuo, o uso racional de defensivos e a adoção de práticas conservacionistas. A preservação da biodiversidade e a segurança ambiental são tão importantes quanto a produtividade. Dessa forma, o equilíbrio entre tecnologia, conhecimento e responsabilidade ambiental é o caminho para uma agricultura de milho competitiva e sustentável no longo prazo.

Referências Bibliográficas

  • EMBRAPA. Manual de Identificação e Controle de Pragas e Doenças do Milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2022.
  • FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, D. Produção de Milho. 3. ed. Piracicaba: ESALQ/USP, 2021.
  • BRASIL. Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Instrução Normativa nº 5, de 2023 – Programa Nacional de Boas Práticas Agrícolas. Brasília: MAPA, 2023.
  • MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. Manejo e Produção Sustentável de Milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2021.
  • CUNHA, J. P. A. R. Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos. 2. ed. Viçosa: UFV, 2020.
  • CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos – Safra 2024/2025. Brasília: Companhia Nacional de Abastecimento, 2024.
  • SOSBAI. Recomendações Técnicas de Manejo Integrado de Pragas e Doenças em Culturas de Grãos. Pelotas: Sociedade Brasileira de Agrociências, 2022.

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