BÁSICO EM INTERPRETAÇÃO DE LIBRAS
Introdução à
Língua Brasileira de
Sinais (Libras)
História
e Contexto da Libras
Origem da Língua Brasileira de Sinais
A Língua Brasileira de Sinais (Libras)
tem uma origem que remonta ao século XIX, quando foi fundada a primeira escola
para surdos no Brasil, em 1857. Essa instituição, o Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), localizada no Rio de Janeiro, desempenhou um
papel crucial no desenvolvimento da Libras. O INES foi influenciado pelas
metodologias e sinais da Língua de Sinais Francesa, trazida por Eduard
Huet, um surdo francês que veio ao Brasil para lecionar. A partir desse
momento, a comunicação em sinais entre os surdos brasileiros começou a se
consolidar, resultando na criação de uma língua própria, adaptada ao contexto e
à cultura local.
Embora tenha sido amplamente utilizada pela comunidade surda, a Libras passou por longos períodos de discriminação e marginalização. Durante boa parte do século XX, métodos de educação oralistas, que buscavam ensinar os surdos a falar em vez de usar sinais, dominaram a educação dos surdos, contribuindo para o afastamento do uso oficial da Libras nas instituições educacionais. Foi somente nas últimas décadas do século XX que a Libras começou a ganhar reconhecimento e aceitação oficial, culminando em um marco histórico em 2002.
Importância da Libras na Inclusão Social
A Libras tem um papel fundamental na
inclusão social dos surdos no Brasil. Ela representa mais do que uma forma de
comunicação: é a principal ferramenta de integração da comunidade surda na
sociedade. Ao possibilitar a comunicação efetiva entre surdos e ouvintes, a
Libras elimina barreiras linguísticas e promove a acessibilidade em diferentes
esferas, como educação, saúde, trabalho e lazer.
Por meio da Libras, pessoas surdas
podem expressar suas ideias, sentimentos e necessidades de forma completa e
autônoma. Além disso, sua inclusão nas escolas, universidades e ambientes de
trabalho é facilitada, criando um ambiente mais inclusivo e respeitoso para
todos. A Libras também fortalece a identidade cultural da comunidade surda,
permitindo que seus membros compartilhem suas experiências e desafios dentro de
uma perspectiva coletiva. O reconhecimento da Libras como língua oficial
contribui para a promoção da igualdade de direitos e oportunidades.
Legislação sobre o Uso de Libras no Brasil
O reconhecimento oficial da Libras como meio legal de comunicação no Brasil aconteceu com a Lei nº 10.436,
de 24 de abril de 2002. Essa legislação determinou que a Libras fosse
reconhecida como a língua oficial das pessoas surdas no país, garantindo seu
uso nas instituições públicas e privadas. A lei também promove a inclusão da
Libras no sistema educacional e na formação de professores capacitados para
ensinar a língua.
Em 2005, o Decreto nº 5.626
veio complementar essa legislação, detalhando como a Libras deveria ser
implementada em diferentes áreas da sociedade, especialmente na educação. O
decreto estabelece que instituições de ensino devem oferecer cursos de Libras e
garantir a presença de intérpretes em salas de aula para alunos surdos. Também
determina a formação de profissionais e instrutores para o ensino da língua,
tanto no nível básico quanto no superior.
Essas legislações reforçam o
compromisso do Brasil com a acessibilidade e a inclusão social, garantindo que
as pessoas surdas tenham o direito de se comunicar e interagir plenamente na
sociedade. A promoção da Libras como um meio de inclusão social contribui para
a construção de um ambiente mais justo e igualitário, onde a diversidade
linguística e cultural é respeitada e valorizada.
Alfabeto Manual e
Sinais Básicos
Introdução ao Alfabeto Manual (Datilologia)
O alfabeto manual, também conhecido
como datilologia, é uma representação visual das letras do alfabeto feita por
meio de sinais com as mãos. Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), a
datilologia é usada para soletrar nomes próprios, termos técnicos ou palavras
para as quais ainda não existem sinais específicos. Cada letra do alfabeto
corresponde a uma configuração diferente da mão, e aprender essas posições é um
passo fundamental para quem deseja se comunicar de forma fluida com pessoas
surdas.
A datilologia é especialmente útil em
situações onde palavras novas ou estrangeiras precisam ser usadas, ou em casos
em que o interlocutor ainda não conhece os sinais correspondentes. Ao aprender
o alfabeto manual, a pessoa pode se comunicar mais claramente, mesmo em
contextos mais complexos.
Sinais Básicos para Comunicação Cotidiana
Além do alfabeto manual, a Libras
inclui uma vasta gama de sinais básicos para facilitar a comunicação cotidiana.
Esses sinais são essenciais para interações simples e imediatas, como
saudações, perguntas comuns e respostas rápidas. Alguns exemplos de sinais
básicos incluem:
Esses sinais são frequentemente usados
em situações sociais e de convivência diária, sendo um ponto de partida para a
comunicação com pessoas surdas. Ao aprender esses sinais básicos, o ouvinte
pode criar uma ponte de inclusão e promover uma interação mais acessível.
Prática de Soletração
A prática de soletração com o alfabeto
manual é uma excelente maneira de reforçar o aprendizado da Libras. Por meio da
datilologia, é possível soletrar palavras que não possuem sinais específicos ou
nomes próprios, permitindo uma comunicação mais precisa. Para praticar, basta
escolher palavras e soletrá-las lentamente com as mãos, verificando a
configuração correta de cada letra.
Uma atividade útil é praticar a
soletração de nomes de pessoas, cidades ou objetos do cotidiano, além de
utilizar a datilologia para complementar a comunicação em Libras. Com o tempo,
a prática melhora a fluência e ajuda a pessoa a reconhecer e reproduzir os
sinais com mais rapidez.
Estrutura
Gramatical da Libras
A Língua Brasileira de Sinais (Libras)
possui uma estrutura gramatical própria, distinta do português. Como qualquer
língua natural, a Libras segue regras gramaticais que definem a organização das
palavras e os significados das frases. A seguir, exploramos as principais
diferenças entre a gramática da Libras e do português, a estrutura das frases
na Libras, e o uso de classificadores e expressões faciais.
Diferenças entre a Gramática da Libras e do Português
Embora a Libras e o português sejam
línguas utilizadas no Brasil, suas estruturas gramaticais são bastante
diferentes. A principal diferença está no fato de que a Libras é uma língua
viso espacial, enquanto o português é oral-auditiva. Isso significa que a
Libras utiliza o espaço e as mãos para organizar e expressar informações,
enquanto o português depende de sons e palavras faladas.
Uma característica importante da
Libras é a sua ordem de palavras, que pode ser diferente do português. Enquanto
o português segue a estrutura Sujeito-Verbo-Objeto (SVO), a Libras
frequentemente utiliza uma estrutura mais flexível, com a ordem Sujeito-Objeto-Verbo
(SOV) sendo comum. Por exemplo, em português dizemos "Eu vou à
escola", enquanto na Libras a frase poderia ser organizada como "Eu
escola vou". Além disso, em Libras, o contexto visual e espacial é
fundamental para a compreensão da mensagem, algo que não ocorre no português
falado.
Estrutura de Frases em
Libras
Na Libras, as frases são formadas por uma combinação de sinais manuais, expressões faciais e o uso do espaço. A ordem das palavras pode variar de acordo com a ênfase que o falante deseja dar, mas uma estrutura comum é o uso do SOV (Sujeito-Objeto-Verbo).
Por exemplo:
Além disso, a Libras permite a
utilização do espaço ao redor do corpo para criar referências. Isso significa
que os objetos, pessoas ou locais podem ser "posicionados" no espaço
e referenciados ao longo da conversa. Um exemplo seria apontar para um local à
esquerda para indicar "loja" e à direita para indicar
"casa", permitindo uma construção visual clara de onde as ações
ocorrem.
Classificadores e Expressões Faciais
Os classificadores são uma
característica única da Libras e desempenham um papel importante na gramática
visual da língua. Classificadores são sinais que representam categorias de
objetos ou seres e permitem detalhar ações ou características de maneira mais
visual. Por exemplo, para indicar uma pessoa andando, o sinal básico de
"pessoa" é complementado por um classificador que indica a forma e o
movimento da ação.
Classificadores podem descrever
tamanho, forma, movimento e a localização de objetos e pessoas no espaço. Isso
permite uma descrição rica e visual que complementa os sinais básicos. A
combinação desses classificadores com o uso do espaço ao redor do corpo do
sinalizador torna a Libras altamente descritiva e adaptável a diferentes
contextos.
As expressões faciais são outro aspecto essencial da estrutura gramatical da Libras. Elas não são apenas complementares aos sinais, mas podem modificar o significado de uma frase. Por exemplo, levantar as sobrancelhas ao fazer uma pergunta do tipo "sim ou não" é uma regra gramatical na Libras. Da mesma forma, expressões de dúvida, surpresa, ou emoção também são transmitidas pelo rosto do sinalizador, sendo parte integrante da comunicação.
Conclusão
A estrutura gramatical da Libras difere significativamente do português, com uma gramática viso espacial que utiliza classificadores, o espaço e expressões faciais para dar sentido às frases. A flexibilidade da ordem das palavras e a importância do contexto visual tornam a Libras uma língua rica em detalhes e altamente adaptada à comunicação entre surdos.
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