CURATIVOS E
FERIDAS
Fundamentos de Curativos e Feridas
Conceito de Feridas e Curativos
Uma ferida é definida como uma ruptura na
continuidade da pele ou de qualquer tecido corporal, resultando de um trauma ou
doença. As feridas podem variar em gravidade, desde pequenas lesões
superficiais até grandes lacerações que podem afetar tecidos profundos.
Independentemente do tipo ou extensão, todas as feridas requerem cuidados
adequados para promover a cicatrização e prevenir infecções.
Os curativos são materiais ou substâncias
aplicadas sobre a ferida com a finalidade de proteger, absorver exsudatos,
prevenir a infecção e, em alguns casos, fornecer um ambiente adequado para a
cicatrização. Eles desempenham um papel crucial no tratamento de feridas,
auxiliando na manutenção da umidade adequada, troca gasosa e remoção de tecidos
necrosados, quando necessário.
Classificação das
Feridas
As feridas podem ser classificadas de várias
maneiras, mas uma das divisões mais comuns é entre feridas agudas e crônicas:
1. Feridas Agudas: São aquelas que ocorrem
de maneira súbita e têm um tempo de cicatrização previsível e relativamente
curto. Exemplos de feridas agudas incluem cortes, lacerações, abrasões,
queimaduras e incisões cirúrgicas. Em condições ideais, as feridas agudas
cicatrizam dentro de semanas, passando pelas fases típicas de cicatrização de
forma ordenada.
2. Feridas Crônicas: São aquelas que
falham em cicatrizar dentro de um período esperado, geralmente devido a fatores
subjacentes como doenças crônicas, infecções ou condições desfavoráveis.
Exemplos de feridas crônicas incluem úlceras por pressão, úlceras venosas e
arteriais e feridas diabéticas. Essas feridas podem permanecer abertas por
meses ou até anos, exigindo uma abordagem de tratamento mais complexa e
prolongada.
Principais Causas de
Feridas
As feridas podem ter diversas origens, e
identificar a causa é fundamental para o tratamento adequado. Algumas das
principais causas incluem:
1. Trauma: Feridas traumáticas resultam de
forças externas aplicadas ao corpo, como cortes, perfurações, lacerações,
contusões e abrasões. Essas feridas podem ser causadas por acidentes, quedas,
golpes ou objetos afiados.
2. Cirurgia: Incisões cirúrgicas são feridas intencionais feitas por médicos durante procedimentos cirúrgicos. Embora geralmente sejam feitas em condições estéreis e cuidadosamente planejadas, ainda exigem cuidados pós-operatórios para
evitar infecções e
promover a cicatrização.
3. Queimaduras: Podem ser causadas por
calor, frio extremo, produtos químicos, eletricidade ou radiação. As
queimaduras variam em profundidade e extensão, podendo ser superficiais ou
envolver múltiplas camadas de tecido.
4. Doenças Crônicas: Condições como
diabetes, insuficiência venosa, insuficiência arterial e doenças autoimunes
podem predispor o indivíduo ao desenvolvimento de feridas crônicas. Essas
doenças afetam a circulação sanguínea, a resposta imunológica e a capacidade de
cicatrização do corpo.
5. Pressão Prolongada: Úlceras por
pressão, também conhecidas como escaras, são causadas por pressão prolongada
sobre a pele, geralmente em indivíduos acamados ou com mobilidade reduzida. A
pressão contínua reduz o fluxo sanguíneo para a área afetada, levando à necrose
tecidual.
Compreender esses conceitos fundamentais é essencial para qualquer profissional de saúde envolvido no cuidado de feridas. A escolha do curativo adequado, a identificação da causa da ferida e a implementação de um plano de tratamento eficaz são passos críticos para promover a cicatrização e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Fases da Cicatrização
A cicatrização de feridas é um processo
complexo e dinâmico que envolve a interação coordenada de diferentes células e
mediadores biológicos. Este processo pode ser dividido em três fases
principais: inflamatória, proliferativa e de maturação.
1. Fase Inflamatória:
o
Duração:
Primeiros 2 a 4 dias após a lesão.
o
Descrição:
Esta fase inicia-se imediatamente após a lesão. O principal objetivo é
controlar o sangramento e prevenir a infecção. Plaquetas são ativadas para
formar um coágulo sanguíneo, que serve como matriz provisória. A inflamação é
mediada por leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos, que fagocitam
detritos celulares e bactérias, liberando citocinas e fatores de crescimento
que são essenciais para a cicatrização subsequente.
2. Fase Proliferativa:
o
Duração:
De 3 a 24 dias após a lesão.
o
Descrição:
Durante esta fase, há a formação de tecido de granulação, composto por novos
capilares, fibroblastos e uma matriz extracelular. Fibroblastos produzem
colágeno, que proporciona força e estrutura à ferida. A epitelização também
ocorre nesta fase, com células epiteliais migrando e proliferando para cobrir a
superfície da ferida.
3. Fase de Maturação (ou Remodelação):
o Duração: Pode
durar de semanas a anos.
o
Descrição:
A fase de maturação envolve a remodelação do colágeno recém-formado e a
reorganização do tecido para aumentar sua resistência e função. O colágeno tipo
III é gradualmente substituído pelo colágeno tipo I, mais forte. A
vascularização diminui, e o tecido cicatricial se torna mais firme e menos
vascularizado.
Fatores que
Influenciam a Cicatrização
A cicatrização de feridas pode ser
influenciada por uma variedade de fatores intrínsecos e extrínsecos:
1. Fatores Intrínsecos:
o
Idade:
Pessoas idosas podem ter uma cicatrização mais lenta devido a um metabolismo
reduzido e menor produção de colágeno.
o
Doenças
Crônicas: Condições como diabetes, insuficiência venosa e doenças
autoimunes podem prejudicar a cicatrização devido à má circulação sanguínea e
resposta imunológica comprometida. o Estado Nutricional: A deficiência de nutrientes essenciais, como
proteínas, vitamina C e zinco, pode atrasar a cicatrização. o Genética: Algumas pessoas têm predisposição genética para
cicatrização anormal, como queloides.
2. Fatores Extrínsecos:
o
Infecção:
A presença de bactérias patogênicas na ferida pode levar à infecção e
inflamação prolongada, retardando a cicatrização.
o
Oxigenação:
Um bom suprimento de oxigênio é crucial para a cicatrização. Condições que
reduzem a oxigenação, como tabagismo e doenças respiratórias, podem atrasar o
processo. o Medicamentos: Certos medicamentos, como corticosteroides e
imunossupressores, podem interferir na cicatrização.
o
Cuidados
Inadequados: A falta de cuidados apropriados com a ferida, incluindo
limpeza inadequada e curativos ineficazes, pode comprometer a cicatrização.
Complicações na
Cicatrização de Feridas
A cicatrização de feridas pode ser complicada
por vários fatores, levando a problemas como:
1. Infecção: A infecção é uma das
complicações mais comuns e pode levar à inflamação prolongada, destruição
tecidual e formação de abscessos.
2. Deiscência: Refere-se à abertura de uma
ferida fechada, muitas vezes devido a tensão excessiva, infecção ou cuidados
inadequados.
3. Necrose: Morte do tecido devido à falta
de suprimento sanguíneo adequado ou infecção severa, necessitando de
desbridamento.
4. Cicatrizes Hipertróficas e Queloides:
Crescimento excessivo de tecido cicatricial que pode causar desconforto e
problemas estéticos.
5. Fístulas: Formação de conexões anormais entre órgãos ou estruturas devido à cicatrização
inadequada.
Compreender as fases da cicatrização e os fatores que influenciam esse processo é fundamental para o manejo eficaz de feridas. A prevenção e o tratamento adequado das complicações são essenciais para promover a recuperação completa e evitar danos adicionais ao paciente.
O tratamento adequado de feridas envolve a
utilização de diferentes tipos de curativos, cada um com características
específicas e funções distintas. A escolha do curativo apropriado depende da
natureza da ferida, seu estágio de cicatrização e as necessidades específicas
do paciente. Vamos explorar os principais tipos de curativos, suas
classificações e os materiais comumente usados.
Curativos Primários e
Secundários
Curativos Primários:
• Função: Estes curativos são aplicados
diretamente sobre a ferida e têm como objetivo proteger a lesão, absorver
exsudatos e promover um ambiente adequado para a cicatrização.
• Exemplos: Gazes impregnadas com
medicamentos, películas adesivas, hidrocoloides e hidrogéis.
Curativos Secundários:
• Função: Utilizados para cobrir e fixar
os curativos primários, fornecendo suporte adicional e protegendo a ferida de
contaminações externas.
• Exemplos: Bandagens elásticas, ataduras e fitas adesivas.
Curativos Interativos,
Oclusivos e Não-Oclusivos
Curativos Interativos:
• Descrição: Esses curativos são
projetados para interagir com o ambiente da ferida, promovendo a cicatrização
através da manutenção de um nível ótimo de umidade e temperatura.
• Exemplos: Curativos de espuma,
alginatos e hidrofibras, que absorvem o excesso de exsudato e criam um ambiente
úmido ideal.
Curativos Oclusivos:
• Descrição: São impermeáveis a líquidos
e gases, mantendo um ambiente úmido e protegido. Eles são frequentemente
utilizados para feridas superficiais e queimaduras.
• Exemplos: Filmes de poliuretano,
hidrocoloides e alguns tipos de hidrogel. Esses curativos ajudam a prevenir a
desidratação da ferida e protegem contra contaminação.
Curativos
Não-Oclusivos:
• Descrição: Permitem a troca de gases e
líquidos, sendo mais adequados para feridas que precisam de ventilação e
drenagem.
• Exemplos: Gazes simples, gaze não
aderente e alguns tipos de bandagens.
Materiais Comuns
Usados em Curativos
1. Gaze:
o Descrição: Um dos materiais mais tradicionais e amplamente utilizados. Pode ser estéril ou não estéril, e é útil tanto para curativos primários quanto
secundários.
o
Uso:
Absorver exsudatos, proteger a ferida e proporcionar uma barreira física.
2. Hidrocoloides:
o
Descrição:
Composto por partículas que gelificam ao entrar em contato com exsudato,
formando um gel que mantém a umidade. o Uso: Indicado para feridas de espessura parcial e total,
queimaduras e úlceras de pressão.
3. Hidrogéis:
o
Descrição:
Compostos por alta porcentagem de água, fornecem hidratação à ferida. o Uso: Indicado para feridas secas ou necrosadas, oferecendo um
ambiente úmido para desbridamento autolítico.
4. Espumas:
o
Descrição:
Feitas de material altamente absorvente, capazes de manter um ambiente úmido e
proteger a ferida. o Uso: Adequadas para feridas com moderada a alta exsudação, como
úlceras de pressão e feridas crônicas.
5. Alginatos:
o
Descrição:
Derivados de algas marinhas, formam um gel em contato com exsudato, absorvendo
grandes quantidades de líquido. o Uso: Utilizados em feridas altamente exsudativas, úlceras de
pressão e feridas infectadas.
6. Películas Transparentes:
o Descrição: Filmes finos e transparentes, impermeáveis a líquidos e
bactérias, mas permeáveis ao vapor de água e oxigênio. o Uso:
Indicados para feridas superficiais, abrasões, incisões cirúrgicas e como
curativo secundário.
Conclusão
A escolha do curativo adequado é crucial para o manejo eficaz das feridas. Considerar o tipo de ferida, o estágio de cicatrização e as necessidades do paciente ajuda a determinar o curativo mais apropriado. A combinação de diferentes tipos de curativos pode ser necessária para otimizar a cicatrização e proporcionar o melhor cuidado possível.
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