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Patologia Macroscópica de Ruminantes e Equinos

 PATOLOGIA MACROSCÓPICA DE RUMINANTES E EQUINOS

 

Introdução à Patologia Macroscópica 

Fundamentos da Patologia Macroscópica

  

Introdução à Patologia e Lesões Macroscópicas

A Patologia é a ciência que estuda as alterações estruturais, funcionais e bioquímicas que ocorrem nas células, tecidos e órgãos em resposta a doenças. No contexto da patologia macroscópica, o foco está na observação de lesões visíveis a olho nu, que ocorrem como consequência de diversos processos patológicos. Essas lesões podem ser causadas por infecções, traumas, distúrbios metabólicos, entre outros.

As lesões macroscópicas são alterações físicas detectáveis, como inchaços, necroses, inflamações e formações anômalas nos órgãos e tecidos. A observação dessas lesões é fundamental para o diagnóstico preliminar de várias doenças, pois oferecem pistas sobre os processos subjacentes que levaram à sua formação. Ao reconhecer essas alterações, o profissional de saúde ou veterinário pode correlacioná-las com sinais clínicos e históricos do animal, facilitando o diagnóstico correto.

Importância do Diagnóstico Macroscópico

O diagnóstico macroscópico é crucial para a identificação inicial de doenças, especialmente em campo ou em situações onde técnicas laboratoriais mais sofisticadas não estão prontamente disponíveis. Ele envolve a avaliação das alterações visíveis em órgãos e tecidos durante a necropsia ou exame físico, ajudando a estabelecer hipóteses diagnósticas.

Um diagnóstico precoce baseado na patologia macroscópica pode direcionar tratamentos imediatos e eficazes, controlar a disseminação de doenças infecciosas e melhorar a compreensão da progressão da patologia. Em ruminantes e equinos, por exemplo, a identificação de lesões características de doenças específicas permite que medidas de controle e prevenção sejam rapidamente implementadas, protegendo a saúde dos animais e a produção pecuária.

Além disso, a patologia macroscópica também auxilia na pesquisa científica, sendo uma ferramenta valiosa para correlacionar sintomas clínicos com achados anatômicos, bem como para descobrir novas doenças ou compreender melhor doenças emergentes.

Técnicas de Amostragem e Documentação de Lesões

A amostragem e a documentação de lesões são etapas críticas na patologia macroscópica, pois garantem que as observações realizadas no campo ou no laboratório sejam precisas e possam ser usadas para diagnósticos subsequentes ou comparações

científicas.

  • Amostragem: Refere-se à coleta de porções representativas dos tecidos ou órgãos afetados. A escolha correta da área lesionada é essencial para capturar a extensão e a natureza da patologia. A amostragem deve ser feita de forma que inclua a transição entre o tecido saudável e o tecido lesionado, possibilitando uma análise mais completa.
  • Documentação: A documentação de lesões pode ser feita por meio de anotações detalhadas, fotografias e, quando necessário, vídeos. Descrever corretamente a cor, textura, forma, tamanho e localização da lesão ajuda na comparação com doenças conhecidas e facilita consultas futuras. Fotografias em alta qualidade permitem a revisão dos achados por outros especialistas e a criação de um arquivo de casos para ensino e pesquisa.

Técnicas adequadas de preservação das amostras são essenciais para evitar degradações que possam comprometer o diagnóstico. O uso de formol ou outros fixadores é comum para preservar tecidos para análises histológicas subsequentes.

A aplicação dessas técnicas é fundamental para garantir a confiabilidade do diagnóstico e a continuidade dos estudos em patologia macroscópica.

Patologia Macroscópica em Ruminantes

 

Principais Lesões Macroscópicas em Bovinos

Nos bovinos, as lesões macroscópicas podem ser o resultado de uma variedade de causas, incluindo infecções, traumas e distúrbios metabólicos. Entre as lesões mais comuns, estão as que afetam os sistemas respiratório, digestivo, cardiovascular e musculoesquelético.

  • Sistema Respiratório: Lesões pulmonares, como pneumonias, são frequentes em bovinos. Os pulmões podem apresentar áreas de consolidação (endurecimento), necrose e inflamação. A presença de fluidos nos pulmões ou cavidade pleural pode indicar doenças infecciosas, como a pleuropneumonia contagiosa.
  • Sistema Digestivo: Lesões como úlceras no trato gastrointestinal e dilatação do rúmen são frequentes em bovinos, muitas vezes decorrentes de problemas alimentares, como acidoses ou ingestão de corpos estranhos. Hepatite infecciosa e fasciolose (infecção por trematódeos no fígado) também são lesões relevantes que afetam o fígado.
  • Sistema Cardiovascular: Endocardite (inflamação do revestimento interno do coração) e miocardite (inflamação do músculo cardíaco) podem ser identificadas macrocospicamente através de observações de espessamento ou lesões ulcerativas nas
  • válvulas cardíacas.
  • Sistema Musculoesquelético: Lesões musculares, como miosites (inflamação do músculo), são visíveis como áreas esbranquiçadas ou hemorrágicas no tecido muscular. Traumas também podem resultar em fraturas ósseas ou lesões nos tecidos moles.

Essas lesões, quando observadas durante uma necropsia, fornecem pistas importantes sobre a causa da morte ou doença em bovinos e direcionam o veterinário para o diagnóstico correto e subsequente tratamento ou controle da enfermidade.

Lesões Macroscópicas em Ovinos e Caprinos

Assim como nos bovinos, os ovinos e caprinos também apresentam uma série de lesões macroscópicas que podem ser detectadas por observação direta durante necropsias. Algumas das patologias mais comuns em ovinos e caprinos incluem:

  • Sistema Respiratório: Pneumonia, especialmente a pneumonia enzoótica, é uma lesão comum em ovinos e caprinos jovens. Observam-se áreas consolidadas nos pulmões, acúmulo de fluidos e, em casos avançados, necrose tecidual.
  • Sistema Digestivo: Nos pequenos ruminantes, a enterotoxemia (doença do intestino causada pela toxina de Clostridium perfringens) pode resultar em lesões macroscópicas severas, incluindo inflamação intestinal e hemorragias. Outra lesão significativa é a necrobacilose hepática, que ocorre devido à migração de parasitas, causando necrose no fígado.
  • Sistema Musculoesquelético: A artrite infecciosa é comum em ovinos e caprinos, principalmente causada por Mycoplasma ou Chlamydophila. Ela pode ser observada como inflamação e aumento de líquido nas articulações, o que compromete a mobilidade dos animais.
  • Sistema Reprodutivo: Aborto enzoótico em ovinos, causado por Chlamydophila abortus, resulta em lesões macroscópicas como inflamação do útero e placenta. Em caprinos, abortos podem ser associados à brucelose e também apresentam alterações visíveis no útero.

Essas lesões em ovinos e caprinos, quando identificadas precocemente, permitem o controle eficaz de doenças que podem afetar não apenas a saúde individual do animal, mas também a produção pecuária como um todo.

Exames Post Mortem e Interpretação

O exame post mortem é uma prática fundamental para determinar a causa da morte de um animal e é amplamente utilizado em ruminantes para diagnosticar surtos de doenças e investigar mortes súbitas. O procedimento consiste em uma necropsia completa, onde o profissional avalia o estado dos

órgãos e sistemas, identificando lesões macroscópicas que podem apontar para a causa da doença.

Os passos gerais para o exame post mortem incluem:

1.     Exame Externo: Avaliação das condições externas do animal, incluindo pele, articulações, olhos e mucosas. Qualquer inchaço, deformidade ou lesão visível deve ser registrado.

2.     Abertura da Cavidade Corporal: As cavidades torácicas e abdominais são abertas para permitir o exame dos órgãos internos. A posição, o tamanho e a cor dos órgãos são avaliados, buscando anormalidades.

3.     Exame de Órgãos Específicos: Cada órgão é avaliado individualmente. Lesões como inflamações, hemorragias, necroses, edemas ou tumores são cuidadosamente documentadas.

4.     Coleta de Amostras: Se necessário, amostras de tecidos podem ser coletadas para exames histopatológicos ou microbiológicos, para complementar o diagnóstico macroscópico.

A interpretação das lesões macroscópicas requer conhecimento profundo da anatomia e fisiologia normais dos ruminantes, bem como das condições patológicas mais comuns. Lesões características, como abscessos, necroses ou hemorragias, podem indicar infecções bacterianas, virais, parasitárias ou distúrbios metabólicos. Ao correlacionar as observações com o histórico clínico do animal e outras informações epidemiológicas, o profissional consegue determinar com mais precisão a causa da morte.

A necropsia e a interpretação correta das lesões são ferramentas essenciais para o manejo eficaz de doenças em rebanhos, contribuindo para a saúde animal e a sustentabilidade da produção agropecuária.


Patologia Macroscópica em Equinos

 

Lesões Comuns em Equinos

Nos equinos, as lesões macroscópicas frequentemente estão associadas a uma variedade de condições, incluindo doenças infecciosas, traumas físicos e problemas metabólicos. A observação de lesões macroscópicas é essencial para o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de doenças. Algumas das lesões mais comuns em equinos incluem:

  • Lesões Musculoesqueléticas: Traumas e lesões em tendões e músculos são extremamente frequentes em equinos, especialmente aqueles que participam de atividades físicas intensas. A ruptura de tendões e ligamentos pode ser identificada por áreas de hemorragia ou inflamação nos tecidos moles. Além disso, fraturas ósseas, que podem ser completas ou incompletas, também são frequentes, especialmente em cavalos de corrida.
  • Lesões Respiratórias: Doenças como a pneumonia, muitas
  • vezes causadas por infecções bacterianas ou virais, resultam em áreas consolidadas ou necrosadas no tecido pulmonar. O acúmulo de fluidos nos pulmões, como no caso de edema pulmonar, é uma lesão macroscópica comum, especialmente em condições como insuficiência cardíaca ou reações alérgicas graves (asma equina).
  • Lesões Cutâneas: Dermatites e feridas superficiais são comuns em equinos, resultando de infecções bacterianas, traumas ou reações alérgicas. Essas lesões podem apresentar-se como áreas de inflamação, abscessos, ulcerações ou cicatrizes visíveis na pele.
  • Lesões no Sistema Digestivo: A cólica é uma condição comum em equinos e pode levar a lesões macroscópicas no trato gastrointestinal, como distensões no intestino ou deslocamento do cólon. Úlceras gástricas também são comuns, especialmente em equinos submetidos a dietas inadequadas ou estresse prolongado.

Identificar essas lesões precocemente ajuda a evitar a progressão das doenças e possibilita tratamentos mais eficazes, prolongando a saúde e o bem-estar dos equinos.

Doenças Sistêmicas em Equinos e Lesões Associadas

As doenças sistêmicas em equinos afetam múltiplos órgãos e sistemas simultaneamente, sendo que as lesões macroscópicas observadas em diferentes partes do corpo fornecem pistas sobre a natureza dessas doenças. Entre as doenças sistêmicas mais importantes em equinos, destacam-se:

  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): Também conhecida como asma equina, essa doença afeta o sistema respiratório, resultando em lesões macroscópicas como espessamento dos brônquios e acúmulo de muco. O tecido pulmonar pode apresentar áreas de enfisema, onde os alvéolos ficam distendidos e danificados.
  • Laminites: Essa doença afeta os cascos dos equinos, levando a inflamação e separação das lâminas sensíveis e insensíveis do casco. Macroscopicamente, o casco pode apresentar deformações, e o tecido subcutâneo do pé pode exibir inflamação severa, com áreas de necrose em casos avançados.
  • Septicemia: Infecções sistêmicas graves resultam em lesões disseminadas por todo o corpo do animal. Macroscopicamente, a septicemia pode causar inflamação de múltiplos órgãos, como fígado, rins e coração, que apresentam sinais de abscessos, hemorragias e necroses.
  • Doenças Metabólicas: A síndrome metabólica equina, que está relacionada a distúrbios hormonais e obesidade, pode levar a
  • lesões macroscópicas nos tecidos gordurosos, com depósitos de gordura anormais visíveis ao redor dos órgãos. Em casos graves, também pode haver complicações como a laminites.

Cada uma dessas doenças sistêmicas causa uma variedade de lesões macroscópicas, que são essenciais para o diagnóstico e entendimento da progressão da patologia no corpo do equino.

Procedimentos para Exames Macroscópicos em Equinos

O exame macroscópico em equinos, realizado principalmente durante a necropsia, é um procedimento essencial para investigar a causa de doenças e mortes. Ele envolve a inspeção detalhada dos órgãos e sistemas do animal para identificar lesões visíveis a olho nu. Os principais passos para a realização de um exame macroscópico em equinos são:

1.     Exame Externo: Antes de abrir a cavidade corporal, é fundamental realizar uma inspeção externa do corpo do animal. Isso inclui observar a pele, pelagem, cascos e a presença de qualquer anomalia, como lesões, inchaços, feridas ou deformidades visíveis.

2.     Abertura da Cavidade Torácica e Abdominal: O cavalo é posicionado adequadamente, e uma incisão é feita para abrir a cavidade torácica e abdominal, permitindo o exame dos órgãos internos. Nesse momento, observa-se a presença de fluidos, inflamação ou distensões incomuns.

3.     Exame dos Órgãos Internos: Cada órgão, como o coração, pulmões, fígado, baço e intestinos, é avaliado separadamente quanto a tamanho, forma, coloração e textura. Lesões como hemorragias, necroses, abscessos ou aderências são cuidadosamente documentadas.

4.     Exame do Sistema Musculoesquelético: Os músculos, ossos e articulações são inspecionados para identificar lesões, fraturas, deformidades ou inflamações. Isso é especialmente relevante em equinos que sofrem de problemas de locomoção ou que apresentam sinais de claudicação.

5.     Documentação das Lesões: Durante todo o procedimento, é fundamental realizar uma documentação fotográfica detalhada e fazer anotações precisas das lesões encontradas. Amostras de tecidos podem ser coletadas para análise histológica ou microbiológica, a fim de confirmar suspeitas diagnósticas.

6.     Interpretação dos Achados: A interpretação das lesões macroscópicas observadas durante o exame ajuda a estabelecer a causa da doença ou morte. O exame macroscópico em equinos é uma ferramenta poderosa para veterinários e pesquisadores, pois fornece informações valiosas sobre a saúde e as condições que afetam esses animais.

Realizar um exame

macroscópico completo e adequado permite não apenas identificar a causa imediata da morte, mas também entender melhor as condições de saúde dos equinos, possibilitando a melhoria dos cuidados preventivos e do manejo clínico.

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