AUXILIAR DE SOLDA
Prática
Supervisionada e Noções de Qualidade
Prática de Soldagem Assistida
A prática de soldagem assistida é
uma etapa fundamental na formação de profissionais iniciantes na área
metalúrgica. Durante essa fase, o aprendiz ou auxiliar de solda tem a
oportunidade de observar, compreender e aplicar os conceitos teóricos em
situações reais, sempre sob a supervisão de um soldador experiente. Trata-se de
um processo de aprendizado prático que envolve a montagem de peças, a
observação das técnicas de soldagem e o desenvolvimento das noções básicas
sobre cordão de solda e postura profissional.
A prática supervisionada não tem apenas o objetivo de reproduzir tarefas mecânicas, mas de promover o entendimento do comportamento dos materiais, das ferramentas e das variáveis que influenciam o resultado. Através dela, o aluno aprende a atuar com segurança, responsabilidade e precisão, desenvolvendo habilidades indispensáveis para o desempenho de funções de apoio e, futuramente, para a execução autônoma da soldagem.
Montagem de Peças sob Supervisão
A montagem de peças é o
primeiro passo da prática assistida e consiste em preparar e posicionar
corretamente os componentes metálicos que serão unidos por soldagem. Esse
processo deve ser executado sob orientação direta do soldador responsável,
garantindo que todas as etapas sigam os padrões técnicos e de segurança.
Antes de iniciar a montagem, o
aprendiz deve realizar a verificação das medidas e da geometria das peças,
conferindo ângulos, folgas e alinhamentos. A precisão nessa etapa é essencial,
pois qualquer desvio pode comprometer a qualidade do cordão de solda e causar
deformações no produto. Para isso, utilizam-se ferramentas como trenas,
esquadros, paquímetros, níveis e réguas metálicas.
As peças devem ser posicionadas
conforme o tipo de junta — tope, sobreposta, em ângulo, canto ou T — e
devidamente fixadas com grampos, gabaritos ou dispositivos magnéticos. O
alinhamento é conferido novamente antes do início da soldagem, e pequenos
pontos de fixação, conhecidos como ponteamentos, são aplicados para
manter as peças firmes.
O auxiliar de solda, durante essa
fase, deve compreender a importância do preparo da superfície,
realizando a limpeza das áreas a serem unidas, removendo óxidos, tintas,
ferrugem ou impurezas que possam comprometer a fusão. A execução cuidadosa
dessa preparação é um dos pilares para o sucesso da soldagem.
A supervisão constante garante que o aprendiz execute as
tarefas de forma correta e segura, evitando erros comuns,
como desalinhamentos, folgas excessivas ou aplicação de calor indevido. Essa
orientação prática é essencial para que o profissional em formação compreenda a
relação entre a montagem e o desempenho estrutural da solda.
Observação das Técnicas do Soldador
A observação direta das técnicas
de soldagem é uma das formas mais eficazes de aprendizado. Durante a
prática assistida, o aluno deve observar atentamente os movimentos, os ajustes
e as decisões tomadas pelo soldador experiente, entendendo como cada variável
influencia o resultado.
Entre os aspectos que devem ser
observados estão a preparação do equipamento, o ajuste dos parâmetros
de soldagem (corrente, tensão, velocidade e tipo de eletrodo ou arame), a manipulação
do arco elétrico e o controle da poça de fusão. O auxiliar deve
perceber como o soldador ajusta a intensidade da corrente conforme o tipo de
material e a espessura da peça, mantendo um arco estável e uniforme.
Outro ponto fundamental é a postura
e movimentação do soldador. O operador deve manter o corpo estável,
apoiando os braços e evitando movimentos bruscos. O controle do arco e da tocha
deve ser firme e contínuo, com deslocamento constante e velocidade adequada.
Essa coordenação garante que o cordão de solda tenha boa penetração, largura
uniforme e ausência de falhas.
O auxiliar também deve observar a formação do cordão de solda, identificando os sinais visuais que indicam uma soldagem correta — brilho uniforme, ausência de respingos e cordão bem distribuído. Por outro lado, deve aprender a reconhecer indícios de defeitos, como trincas, porosidade, excesso de escória e falta de fusão. Essa capacidade de avaliação é essencial para atuar no controle de qualidade e na preparação das peças.
Além dos aspectos técnicos, a
observação deve incluir as condutas de segurança e organização adotadas
pelo soldador: uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI),
posicionamento dos cabos, controle da ventilação e limpeza da área de trabalho.
O bom profissional é aquele que alia técnica à disciplina e à consciência
preventiva.
A prática observacional permite que o aprendiz compreenda que a soldagem é uma atividade de precisão, na qual cada detalhe — desde o ajuste da máquina até o ângulo da tocha — influencia o resultado. Esse aprendizado visual e prático é o primeiro passo para o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas aplicadas ao processo de soldagem.
Noções Básicas
de Cordão de Solda e
Postura
O cordão de solda é o
resultado visível da união entre os metais. Sua aparência, forma e regularidade
indicam a qualidade da soldagem e refletem o domínio técnico do operador.
Compreender suas características e a relação com a postura do soldador é
essencial para o aprendizado prático.
O cordão ideal deve apresentar largura
uniforme, boa penetração e ausência de defeitos superficiais. A largura
varia conforme o tipo de junta e o diâmetro do eletrodo ou arame utilizado. Um
cordão muito estreito pode indicar falta de fusão, enquanto um cordão
excessivamente largo pode resultar em sobreaquecimento e deformação da peça.
A postura correta do soldador
influencia diretamente a estabilidade do arco e a qualidade do cordão. O
operador deve adotar uma posição confortável, com os pés firmes e o corpo
equilibrado, evitando apoiar-se sobre as peças. O braço que segura a tocha ou o
eletrodo deve estar apoiado ou sustentado de maneira firme, permitindo
movimentos suaves e controlados.
O ângulo de inclinação da tocha
ou do eletrodo é outro fator determinante. Em geral, o ângulo deve variar entre
10° e 20° em relação à vertical, conforme o tipo de soldagem e a posição da
junta. Um ângulo incorreto pode gerar falta de penetração, escorrimento do
metal fundido ou respingos excessivos.
A velocidade de deslocamento
deve ser constante. Se for muito alta, o cordão ficará fino e com pouca fusão;
se for muito lenta, haverá acúmulo de material e deformações. O aprendiz deve
observar o brilho e o comportamento da poça de fusão, ajustando o ritmo para
manter um cordão homogêneo.
O controle da distância entre o
eletrodo e a peça também é essencial. Uma distância muito curta pode
provocar aderência, enquanto uma distância muito longa reduz a estabilidade do
arco. A prática constante, aliada à observação do instrutor, ajuda o aluno a
desenvolver coordenação e sensibilidade tátil para manter o arco estável.
Por fim, a limpeza do cordão
após a soldagem deve ser realizada com martelo e escova de aço, removendo
escórias e respingos. Essa etapa permite a inspeção visual, possibilitando
identificar eventuais falhas e avaliar o acabamento da solda.
A prática supervisionada oferece ao aprendiz a oportunidade de desenvolver essas noções básicas com segurança, sem a pressão de produzir resultados imediatos, mas com foco na assimilação correta dos movimentos e dos princípios técnicos.
Conclusão
A prática de soldagem assistida é uma fase essencial na formação
do auxiliar de solda. Por meio da observação, da
montagem de peças sob supervisão e do aprendizado das noções de cordão e
postura, o aprendiz desenvolve as habilidades fundamentais que servirão de base
para seu crescimento profissional.
O trabalho conjunto entre o soldador
experiente e o aprendiz cria um ambiente de aprendizado dinâmico, onde o
conhecimento é transmitido de forma prática e segura. O domínio dessas técnicas
iniciais permite ao futuro soldador compreender o processo como um todo — desde
a preparação das peças até o acabamento — e valorizar a importância da
disciplina, da paciência e da atenção aos detalhes.
A prática assistida não apenas forma profissionais habilidosos, mas também promove uma cultura de segurança e qualidade no ambiente de trabalho, preparando o aluno para atuar com competência e responsabilidade em diversos setores industriais.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Welding
Handbook. 9ª ed. Miami: AWS, 2010.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2005.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SENAI. Técnicas de Soldagem: Prática Supervisionada. Brasília: SENAI-DN,
2018.
SOUZA, Sérgio Augusto de. Processos de Soldagem. São Paulo: Edgard
Blücher, 2009.
PRAKASH, Surinder. Welding Processes and Technology. New Delhi: Khanna
Publishers, 2015.
Limpeza
e Acabamento das Soldas
A etapa de limpeza e acabamento das
soldas é um dos processos mais importantes após a execução da união metálica.
Mesmo quando o cordão de solda é tecnicamente bem realizado, o resultado pode
ser comprometido se não houver uma correta remoção de escórias, respingos e
impurezas superficiais. Além de garantir uma boa aparência estética, o
acabamento adequado tem impacto direto na resistência, durabilidade e segurança
das estruturas soldadas.
O trabalho de pós-soldagem envolve atividades como remoção de escórias e respingos, acabamento superficial e inspeção visual, e cuidados gerais após o término da soldagem. Cada uma dessas etapas contribui para o controle de qualidade do produto, além de prolongar a vida útil dos equipamentos e reduzir o risco de falhas estruturais.
Remoção de Escórias e Respingos
Durante o processo de soldagem, especialmente nos métodos com eletrodo revestido (SMAW) e com arame tubular (FCAW), forma-se sobre o cordão uma camada de escória,
resultante da fusão do revestimento do eletrodo ou do fluxo de proteção. Essa escória tem a função de proteger o metal fundido contra a contaminação atmosférica enquanto ainda está líquido, mas deve ser totalmente removida após o resfriamento.
A remoção da escória é feita
com o auxílio de ferramentas manuais, como o martelo de escória e a escova
de aço. O martelo é utilizado para desprender as crostas solidificadas,
aplicando leves batidas ao longo do cordão, enquanto a escova de aço é usada
para eliminar resíduos menores e impurezas superficiais. Em soldagens mais
extensas, pode-se empregar lixadeiras ou esmerilhadeiras para agilizar o
processo.
A limpeza correta é essencial, pois
a permanência de escória sobre o cordão impede a visualização de defeitos e
prejudica a aplicação de camadas adicionais de solda. Além disso, impurezas
entre passes sucessivos podem gerar porosidade, falta de fusão e trincas,
comprometendo a integridade da junta.
Outro aspecto importante é o
controle dos respingos de solda, pequenas partículas metálicas que se
desprendem do arco elétrico e aderem à superfície das peças. Os respingos
afetam a aparência do produto e podem interferir na pintura ou na galvanização.
Para evitá-los, utiliza-se spray antirrespingos ou compostos cerâmicos
aplicados antes da soldagem. Caso os respingos ocorram, a remoção deve ser
feita com ferramentas apropriadas, sem danificar o cordão.
A eficiência na remoção de escórias e respingos reflete diretamente o profissionalismo do soldador e do auxiliar. Um trabalho limpo e bem-acabado facilita a inspeção visual e assegura a qualidade final do processo.
Acabamento Superficial e Inspeção
Visual
Após a limpeza inicial, realiza-se o
acabamento superficial da solda, etapa voltada para a correção estética
e funcional do cordão. O acabamento visa eliminar irregularidades, saliências,
projeções e pequenas imperfeições que possam comprometer a montagem ou o
desempenho da estrutura.
O acabamento é feito com lixas,
limas ou esmerilhadeiras, dependendo do tipo de material e da exigência do
projeto. O operador deve manter cuidado para não remover material em excesso,
pois isso pode alterar o perfil da junta e reduzir a resistência da solda. Em
algumas aplicações — como em tubulações pressurizadas, vasos de pressão e
estruturas sujeitas a fadiga — o acabamento deve seguir padrões rigorosos
estabelecidos por normas técnicas, como as da American Welding Society (AWS)
ou da ABNT NBR 14842.
Uma vez finalizado o
acabamento,
inicia-se a inspeção visual, que é o método mais simples e acessível de
controle de qualidade. Apesar de sua simplicidade, a inspeção visual é uma das
técnicas mais importantes para detectar defeitos superficiais, sendo utilizada
em praticamente todos os processos de soldagem.
Durante a inspeção visual, o
inspetor ou o soldador deve verificar:
Para uma inspeção eficaz, o local
deve estar bem iluminado e limpo. Em alguns casos, são utilizados instrumentos
de medição específicos, como gabaritos, réguas e calibradores de solda, que
permitem avaliar com precisão as dimensões do cordão e as distorções.
A inspeção visual pode ser
complementada por ensaios não destrutivos (END), como líquido
penetrante, partículas magnéticas, ultrassom e radiografia, dependendo da
criticidade da aplicação. No entanto, mesmo quando tais ensaios são aplicados,
a observação visual é sempre o primeiro e mais rápido método de verificação.
Assim, o acabamento e a inspeção visual formam o elo entre a execução e a garantia da qualidade, permitindo corrigir falhas antes que se tornem problemas estruturais.
Cuidados Pós-Soldagem
Os cuidados pós-soldagem são
essenciais para garantir a integridade da junta, o desempenho do produto e a
segurança do ambiente de trabalho. O processo de soldagem submete os metais a
elevadas temperaturas, causando dilatações e tensões internas que, se não forem
controladas, podem gerar trincas e deformações.
Um dos principais cuidados após a
soldagem é o resfriamento controlado. As peças devem ser deixadas para
esfriar naturalmente, evitando o uso de água ou jatos de ar frio que provoquem
resfriamento brusco. O choque térmico pode causar fissuras internas e alterar a
microestrutura do metal, reduzindo sua resistência mecânica.
Em determinados tipos de aços e ligas, é recomendada a tratamento térmico de alívio de tensões, realizado após a soldagem para redistribuir as tensões residuais e melhorar as propriedades do material. Esse processo é feito por meio do aquecimento gradual da peça a uma temperatura específica, seguido de resfriamento controlado. Embora seja executado por técnicos
especializados, o auxiliar e o soldador
devem estar cientes da importância desse procedimento.
Outro cuidado essencial é a limpeza
final do local de trabalho. Restos de escória, respingos metálicos,
fragmentos de eletrodos e poeira devem ser removidos para evitar acidentes e
facilitar a organização. A manutenção das ferramentas e equipamentos também
deve ser realizada imediatamente após o término do serviço — cabos, tochas,
martelos e escovas devem ser limpos e armazenados adequadamente.
O controle de corrosão é
outro aspecto relevante no pós-soldagem. Em peças de aço carbono, por exemplo,
é importante aplicar camadas de proteção, como tinta ou galvanização, para
evitar oxidação. Já em peças de aço inoxidável, deve-se realizar a passivação,
um processo químico que restaura a camada protetora de óxidos de cromo
danificada durante a soldagem.
Por fim, o trabalhador deve estar
atento à segurança pós-processo. Mesmo após o término da solda, as peças
permanecem quentes e podem causar queimaduras. O ambiente deve ser sinalizado
adequadamente até que a temperatura retorne ao normal.
Esses cuidados pós-soldagem garantem que o trabalho seja finalizado com qualidade, segurança e durabilidade, além de reforçar a responsabilidade e o comprometimento do profissional com o resultado.
Conclusão
A limpeza e o acabamento das soldas constituem etapas indispensáveis no processo de fabricação e manutenção metálica. Mais do que uma questão estética, trata-se de procedimentos técnicos que asseguram a integridade, a resistência e a segurança das estruturas.
A remoção adequada de escórias e
respingos permite a visualização e correção de defeitos, enquanto o acabamento
superficial e a inspeção visual asseguram que o cordão esteja conforme as
especificações do projeto. Já os cuidados pós-soldagem previnem danos
térmicos, corrosão e falhas estruturais, contribuindo para a durabilidade do
produto e a segurança do operador.
O profissional que domina essas
técnicas demonstra atenção, zelo e comprometimento com a qualidade. Tanto o
soldador quanto o auxiliar devem compreender que a excelência em soldagem não
termina com o desligamento da máquina, mas se completa no acabamento.
Assim, a prática de limpeza e acabamento não é apenas uma etapa complementar, mas sim um componente essencial da soldagem profissional e da cultura de qualidade industrial.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Welding
Handbook. 9ª ed. Miami: AWS, 2010.
CHIAVERINI, Vicente.
Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2005.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SOUZA, Sérgio Augusto de. Processos de Soldagem. São Paulo: Edgard
Blücher, 2009.
SENAI. Acabamento e Controle de Qualidade em Soldagem. Brasília:
SENAI-DN, 2018.
PRAKASH, Surinder. Welding Processes and Technology. New Delhi: Khanna
Publishers, 2015.
Controle
de Qualidade e Boas Práticas na Soldagem
O controle de qualidade e a adoção
de boas práticas são elementos fundamentais para garantir a eficiência, a
durabilidade e a segurança das soldas utilizadas em produtos e estruturas
metálicas. A soldagem é um processo complexo que envolve fatores térmicos,
elétricos, químicos e mecânicos, e pequenas variações em qualquer uma dessas
etapas podem comprometer o resultado. Por isso, além do domínio técnico do
soldador, é essencial o cumprimento rigoroso de procedimentos de inspeção,
padronização e organização no ambiente de trabalho.
A qualidade de uma solda não se resume à aparência do cordão, mas também à sua resistência mecânica, à ausência de defeitos internos e à conformidade com as especificações de projeto. Ao mesmo tempo, a disciplina, a limpeza e a segurança do local de trabalho são condições indispensáveis para a execução de uma soldagem eficiente e segura.
O que é uma Solda de Qualidade
Uma solda de qualidade é aquela que garante a integridade da estrutura, suportando os esforços mecânicos e as condições de serviço para as quais foi projetada, sem apresentar defeitos visíveis ou internos. Ela deve possuir boa penetração, fusão completa entre as peças, resistência adequada e acabamento uniforme.
De acordo com a American Welding
Society (AWS), a solda de qualidade é o resultado da combinação entre três
fatores principais: a preparação correta das peças, a execução precisa do
processo e o controle adequado das variáveis operacionais, como corrente,
tensão, velocidade de avanço, tipo de eletrodo ou arame e gás de proteção.
Os principais aspectos que
caracterizam uma solda de boa qualidade são:
Além dos critérios técnicos, uma
solda de qualidade também deve atender às normas e especificações estabelecidas
por órgãos reguladores e instituições de padronização, como a ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) e a AWS. A conformidade
com essas normas assegura que o processo produtivo esteja dentro dos parâmetros
de segurança e desempenho exigidos pela indústria.
Uma boa solda é, portanto, resultado da união entre conhecimento técnico, atenção aos detalhes e disciplina operacional. O controle de qualidade deve ser aplicado em todas as etapas — desde a preparação das peças e seleção dos materiais até a inspeção final e acabamento.
Principais Defeitos nas Soldas
Mesmo com o uso de equipamentos
modernos e técnicas avançadas, os defeitos de soldagem ainda representam um dos
maiores desafios na indústria metalúrgica. Eles podem surgir devido a falhas
humanas, parâmetros inadequados, contaminação das superfícies ou condições
ambientais desfavoráveis. Os defeitos reduzem a resistência da junta e podem
provocar falhas prematuras, colocando em risco a segurança de pessoas e
estruturas.
Os principais defeitos observados em
soldas são porosidade, trinca e falta de penetração.
1. Porosidade
A porosidade é caracterizada pela presença de pequenas cavidades ou bolhas de
gás no interior do cordão de solda. Essas bolhas se formam quando gases (como
oxigênio, hidrogênio ou dióxido de carbono) ficam presos durante a
solidificação do metal fundido. As principais causas incluem:
A porosidade reduz a resistência mecânica da solda e pode servir como ponto de iniciação de trincas. A prevenção envolve limpeza rigorosa das peças, secagem dos consumíveis e controle do fluxo de gás de proteção.
2. Trinca
As trincas são descontinuidades graves que se manifestam na superfície ou no
interior do cordão. Elas podem ocorrer durante o resfriamento (trincas a frio)
ou logo após a solidificação do metal (trincas a quente). Suas causas
principais são:
As trincas comprometem severamente a
integridade da estrutura e podem causar falhas catastróficas. O controle
térmico, o pré-aquecimento das peças e o uso de materiais compatíveis são
medidas eficazes de prevenção.
3. Falta de Penetração
A falta de penetração ocorre quando o metal de solda não alcança completamente
a raiz da junta, deixando um espaço vazio entre as partes unidas. As principais
causas são:
Esse defeito reduz a resistência da solda e pode gerar pontos de concentração de tensão. A correção envolve o ajuste da corrente, da velocidade e da geometria da junta.
Além desses, outros defeitos comuns
incluem inclusões de escória, mordeduras, excesso de reforço e deformações.
A detecção precoce pode ser feita por inspeção visual e, quando necessário, por
ensaios não destrutivos (END), como radiografia, ultrassom e líquido
penetrante.
O controle de qualidade na soldagem tem como meta identificar, corrigir e prevenir esses defeitos, garantindo que o produto esteja de acordo com os padrões técnicos e de segurança.
Organização e Boas Práticas no
Ambiente de Trabalho
A organização do ambiente de
trabalho é um dos pilares das boas práticas na soldagem. Um espaço limpo,
bem iluminado e devidamente organizado não apenas facilita a execução das
tarefas, mas também reduz significativamente o risco de acidentes e falhas.
Antes de iniciar a soldagem, o
profissional deve garantir que todas as ferramentas, máquinas e materiais
estejam em boas condições de uso e posicionados corretamente. Os cabos e
mangueiras devem ser dispostos de forma a não representar obstáculos, e os resíduos
metálicos, como escórias e respingos, precisam ser removidos regularmente.
As boas práticas de trabalho
incluem:
Além da organização física, é
essencial manter uma organização mental e comportamental. O profissional
deve trabalhar com foco, paciência e atenção aos detalhes, evitando improvisos.
A pressa e a desatenção estão entre as principais causas de erros e acidentes
em processos de soldagem.
As boas práticas também se estendem
ao cuidado ambiental. O descarte de resíduos metálicos e de consumíveis deve
seguir as normas de sustentabilidade e segurança, evitando contaminação do solo
e do ar.
O ambiente de trabalho deve refletir a cultura da qualidade e da segurança. Um local limpo, ventilado e bem estruturado demonstra comprometimento com a excelência e o respeito à vida.
Conclusão
O controle de qualidade e as boas
práticas na soldagem são fatores decisivos para garantir a confiabilidade e o
desempenho das estruturas metálicas. Uma solda de qualidade é fruto da
combinação entre técnica, conhecimento e disciplina, enquanto a organização e o
cuidado com o ambiente de trabalho refletem o profissionalismo de quem a
executa.
Compreender as causas e prevenir
defeitos como porosidade, trinca e falta de penetração é essencial para
assegurar a integridade da junta. Da mesma forma, manter o local de trabalho
limpo, seguro e bem planejado contribui para a eficiência e a durabilidade dos
equipamentos e produtos.
A soldagem é uma atividade que exige não apenas habilidade manual, mas também responsabilidade, atenção e compromisso com padrões de qualidade. O profissional que adota boas práticas e valoriza o controle de qualidade eleva o nível de seu trabalho e contribui para o fortalecimento da cultura de segurança e excelência na indústria metalúrgica.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Welding
Handbook. 9ª ed. Miami: AWS, 2010.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2005.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SENAI. Controle de Qualidade na Soldagem: Padrões e Ensaios. Brasília:
SENAI-DN, 2018.
SOUZA, Sérgio Augusto de. Processos de Soldagem. São Paulo: Edgard
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