AUXILIAR DE SOLDA
Fundamentos
da Soldagem e Segurança no Trabalho
Introdução à Soldagem
A soldagem é uma das mais
importantes técnicas de união de materiais utilizados na indústria moderna.
Trata-se de um processo que visa unir duas ou mais peças, geralmente metálicas,
através do aquecimento e fusão localizada, com ou sem a aplicação de pressão,
podendo ou não utilizar material de adição. A soldagem se consolidou como um
dos pilares da fabricação mecânica, sendo indispensável na construção de
estruturas metálicas, tubulações, equipamentos industriais, veículos
automotivos, embarcações, aeronaves e obras de infraestrutura.
A necessidade de unir materiais de forma permanente e resistente tornou a soldagem essencial para o desenvolvimento tecnológico e econômico. Em praticamente todos os setores industriais, ela está presente como etapa crítica de montagem e reparo. Além disso, a soldagem contribui significativamente para a redução de custos e aumento da produtividade, uma vez que proporciona juntas mais leves, resistentes e de melhor acabamento quando comparadas a outros métodos de fixação, como parafusos ou rebites.
Com o avanço das tecnologias, os processos de soldagem evoluíram, tornando-se mais seguros, eficientes e precisos. Atualmente, a soldagem é amplamente aplicada com controle automatizado e robótico, especialmente na indústria automotiva e de fabricação de componentes metálicos, onde a qualidade e a repetibilidade são fundamentais. No entanto, a base do processo ainda se apoia na compreensão dos princípios físicos e metalúrgicos da fusão e solidificação dos materiais.
Principais Processos de Soldagem
Os processos de soldagem podem ser
classificados de várias formas, sendo os mais comuns os processos elétricos e
os processos a gás. Entre os mais utilizados na indústria estão o Eletrodo
Revestido (SMAW), o MIG/MAG (GMAW), o TIG (GTAW) e a soldagem Oxiacetilênica.
Cada processo apresenta características, aplicações e exigências específicas de
operação e segurança.
O processo de soldagem por Eletrodo Revestido (SMAW) é um dos mais antigos e difundidos no mundo. Nele, o calor necessário para a fusão do metal é gerado por um arco elétrico estabelecido entre o eletrodo metálico revestido e a peça a ser soldada. O revestimento do eletrodo tem a função de proteger a poça de fusão da contaminação atmosférica e estabilizar o arco elétrico. É um processo versátil, de baixo custo e amplamente utilizado em reparos, montagens e estruturas
metálicas de pequeno e médio porte. Sua principal vantagem é a simplicidade dos equipamentos e a possibilidade de utilização em ambientes externos, mesmo sob condições adversas.
Já o processo MIG/MAG (Metal
Inert Gas/Metal Active Gas) é caracterizado pelo uso de um arame contínuo
como eletrodo e de um gás de proteção que envolve o arco elétrico e a poça de
fusão. No processo MIG, utiliza-se um gás inerte, como o argônio, indicado para
metais não ferrosos; enquanto no processo MAG, emprega-se um gás ativo, como o
dióxido de carbono, mais apropriado para o aço carbono. É um processo de alta
produtividade, que proporciona cordões de solda de excelente aparência e reduz
o tempo de execução. Por isso, é amplamente utilizado na indústria automobilística
e metalomecânica.
O processo TIG (Tungsten Inert
Gas), também conhecido como GTAW, utiliza um eletrodo não consumível de
tungstênio e um gás inerte, geralmente argônio, para proteger a área de
soldagem da contaminação. Esse processo proporciona soldas de alta qualidade e
precisão, sendo amplamente empregado em materiais finos, como aço inoxidável,
alumínio e ligas especiais. Embora apresente menor produtividade e exija maior
habilidade do operador, é preferido em aplicações onde a estética e a
integridade da solda são essenciais, como na indústria aeronáutica e na
fabricação de tanques e tubulações de alta pressão.
Por fim, o processo de soldagem Oxiacetilênica é baseado na queima de uma mistura de oxigênio e acetileno, que gera uma chama de alta temperatura capaz de fundir os metais. Apesar de ter sido amplamente utilizado no passado, atualmente é mais comum em serviços de reparo, corte e brasagem. Seu equipamento é relativamente simples, portátil e de baixo custo, o que o torna útil em oficinas e situações em que não há disponibilidade de energia elétrica.
Cada processo de soldagem possui vantagens e limitações que devem ser analisadas conforme o tipo de material, espessura, posição de soldagem e qualidade desejada. A escolha adequada do processo é fundamental para garantir resistência, economia e segurança na execução do trabalho.
Função do Auxiliar de Solda e
Responsabilidades no Ambiente de Trabalho
O auxiliar de solda desempenha papel fundamental no suporte às atividades do soldador, contribuindo diretamente para a eficiência, qualidade e segurança das operações de soldagem. Trata-se de um profissional que atua na preparação, organização e acompanhamento do processo, garantindo que as condições de
trabalho estejam adequadas e que os materiais e
equipamentos estejam prontos para o uso.
Entre as principais atribuições do
auxiliar de solda estão a limpeza das peças, a preparação das juntas, o
posicionamento e fixação dos componentes, o manuseio e transporte de
ferramentas, o controle de cabos e mangueiras, além da verificação do funcionamento
dos equipamentos. O auxiliar também é responsável por zelar pela conservação
das ferramentas, manter o ambiente de trabalho limpo e seguro e auxiliar o
soldador durante a execução da soldagem, especialmente em montagens complexas.
Outro aspecto importante da função é
o conhecimento e o cumprimento das normas de segurança. A soldagem envolve
riscos significativos, como exposição à radiação ultravioleta, altas
temperaturas, fumos metálicos e risco de choque elétrico. Cabe ao auxiliar o
uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI), como máscara de
solda, luvas, avental de couro, mangotes, botinas e protetores auriculares.
Além disso, o profissional deve
estar atento às boas práticas de prevenção de acidentes e à sinalização
adequada do ambiente.
A comunicação e o trabalho em equipe
também são competências essenciais. O auxiliar de solda precisa entender as
orientações do soldador, antecipar suas necessidades e manter um ritmo de
trabalho compatível com o processo produtivo. A eficiência desse profissional
está diretamente relacionada à sua capacidade de observação, responsabilidade e
comprometimento com a qualidade e segurança do serviço.
O mercado de trabalho para
auxiliares de solda é amplo e diversificado. O profissional pode atuar em
indústrias metalúrgicas, navais, petroquímicas, de construção civil, montagens
industriais e manutenção. Com experiência e capacitação técnica, é possível
progredir na carreira, tornando-se soldador especializado ou técnico em
soldagem.
Assim, a função de auxiliar de solda é de grande importância dentro do setor industrial, sendo responsável não apenas por apoiar o processo produtivo, mas também por garantir que as operações sejam realizadas de forma segura, organizada e eficiente. A valorização dessa função passa pela qualificação profissional e pelo conhecimento dos fundamentos da soldagem, dos diferentes processos e das boas práticas de segurança e qualidade.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Welding
Handbook. 9ª ed. Miami: AWS, 2010.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo:
McGraw-Hill, 2005.
SOUZA, Sérgio Augusto de. Processos de Soldagem. São Paulo: Edgard
Blücher, 2009.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SENAI. Técnicas de Soldagem: Módulo Básico. Brasília: SENAI-DN, 2018.
PRAKASH, Surinder. Welding Processes and Technology. New Delhi: Khanna
Publishers, 2015.
Equipamentos
e Ferramentas Básicas da Soldagem
A soldagem é um dos processos mais importantes na fabricação e manutenção de estruturas metálicas, exigindo o uso de equipamentos adequados e ferramentas auxiliares específicas. A correta escolha, operação e manutenção desses recursos são essenciais para garantir a segurança do profissional e a qualidade do trabalho executado. Conhecer os tipos de máquinas de solda, suas partes e os instrumentos de apoio é o primeiro passo para uma atuação eficiente e segura como auxiliar ou operador de solda.
Tipos de Máquinas de Solda e Suas
Partes
As máquinas de solda são
equipamentos responsáveis por gerar a energia necessária para o processo de
fusão do metal. Essa energia pode ser proveniente de fontes elétricas, químicas
ou até mesmo mecânicas, dependendo do tipo de soldagem utilizada. Em geral, as
máquinas de solda convertem a energia elétrica em calor, permitindo a fusão dos
metais por meio de um arco elétrico.
Os principais tipos de máquinas de
solda utilizadas na indústria são: transformadores, retificadores, inversores e
fontes multiprocesso.
O transformador de solda, utilizado principalmente na soldagem por eletrodo revestido (SMAW), funciona transformando a corrente alternada (CA) em níveis de tensão adequados para a abertura do arco elétrico. É uma máquina simples, robusta e de fácil manutenção, porém menos eficiente em comparação aos modelos mais modernos.
O retificador de solda é uma
evolução do transformador e opera convertendo a corrente alternada em corrente
contínua (CC). Essa característica proporciona um arco mais estável e permite
maior controle sobre o processo, sendo ideal para soldagens que exigem melhor
acabamento e precisão.
Os inversores de solda, por sua vez, representam a tecnologia mais moderna e eficiente. São máquinas eletrônicas que utilizam circuitos de alta frequência para converter e controlar a energia de soldagem. Elas são mais leves, portáteis e apresentam melhor desempenho, permitindo o uso em diversos processos, como MIG/MAG, TIG e Eletrodo Revestido. Além disso, oferecem regulagens
por
sua vez, representam a tecnologia mais moderna e eficiente. São máquinas
eletrônicas que utilizam circuitos de alta frequência para converter e
controlar a energia de soldagem. Elas são mais leves, portáteis e apresentam
melhor desempenho, permitindo o uso em diversos processos, como MIG/MAG, TIG e
Eletrodo Revestido. Além disso, oferecem regulagens precisas e recursos de
proteção elétrica avançados, tornando-se amplamente utilizadas tanto na
indústria quanto em oficinas e trabalhos de campo.
As fontes multiprocesso são
equipamentos capazes de operar em diferentes modos de soldagem, combinando
funcionalidades MIG, TIG e eletrodo em um único sistema. Esse tipo de máquina é
ideal para ambientes que exigem versatilidade e produtividade, pois permite
alternar entre processos conforme o tipo de material e a aplicação.
Independentemente do tipo de
máquina, todas possuem componentes básicos que devem ser bem compreendidos pelo
operador ou auxiliar. Entre as principais partes destacam-se:
A compreensão do funcionamento de cada parte é fundamental para identificar falhas, realizar ajustes e garantir a segurança do processo.
Ferramentas Auxiliares na Soldagem
Além das máquinas de solda, o
trabalho do soldador e do auxiliar depende de diversas ferramentas que auxiliam
na preparação, execução e acabamento das soldas. Entre as mais utilizadas estão
o esmeril, o martelo, a escova de aço e o alicate de pressão.
O esmeril é uma ferramenta
abrasiva utilizada para desbastar, cortar ou limpar peças metálicas. Pode ser
fixo, com disco de bancada, ou portátil, conhecido como esmerilhadeira. Seu uso
é essencial para preparar a superfície antes da soldagem, removendo ferrugem, tinta
e impurezas que poderiam comprometer a qualidade do cordão. É também utilizado
após a soldagem para acabamento e nivelamento da junta. O operador deve sempre
utilizar equipamentos de proteção individual, como óculos, luvas e protetor
auricular, pois o esmeril gera faíscas e partículas metálicas.
O martelo de soldador, ou martelo de escória, é utilizado para remover as escórias e respingos de solda
gerados durante o processo, especialmente no caso da soldagem por eletrodo revestido. É geralmente fabricado em aço temperado e possui uma ponta em forma de cunha e outra pontiaguda. O manuseio adequado do martelo garante melhor acabamento e evita danos à superfície da solda.
A escova de aço é empregada
na limpeza da área de soldagem antes e depois do processo. Sua função é
eliminar impurezas superficiais, óxidos e resíduos de escória que podem
prejudicar a aderência da solda. Pode ser manual ou acoplada a ferramentas
elétricas, dependendo da necessidade de produtividade e extensão da área a ser
limpa.
O alicate de pressão, também
chamado de grampo tipo “C” ou “mordente”, é utilizado para fixar as peças a
serem soldadas, mantendo-as firmes e corretamente alinhadas durante o processo.
Essa ferramenta é indispensável para garantir a precisão do posicionamento e
evitar deslocamentos que resultem em defeitos na solda. O uso correto do
alicate contribui para a qualidade final do produto e para a segurança do
operador.
Essas ferramentas, embora simples, são essenciais para o sucesso das operações de soldagem. O domínio de seu uso demonstra profissionalismo e contribui para a produtividade e a segurança no ambiente de trabalho.
Identificação e Conservação dos
Equipamentos
A identificação correta dos
equipamentos e ferramentas é um requisito básico de qualquer ambiente
industrial. Cada máquina e acessório deve possuir uma etiqueta ou marca de
identificação que contenha informações sobre o fabricante, modelo, capacidade,
tensão, corrente máxima e data de inspeção. Essa prática é importante para o
controle de manutenção e para a prevenção de falhas e acidentes.
A conservação dos equipamentos
é outro aspecto fundamental na rotina de trabalho. As máquinas de solda devem
ser mantidas em locais secos, ventilados e protegidos contra poeira e umidade.
Deve-se evitar o contato com respingos metálicos, escórias ou graxas, que podem
comprometer a ventilação e o funcionamento interno.
É importante realizar inspeções
periódicas nos cabos e conexões, garantindo que não haja desgaste, trincas ou
rompimentos no isolamento elétrico.
Os acessórios, como cabos, porta-eletrodos e garras, também necessitam de cuidados. A limpeza após o uso e o armazenamento adequado prolongam sua vida útil. Ferramentas manuais, como esmeril, martelo, escova e alicate, devem ser guardadas em locais apropriados, livres de umidade, e inspecionadas regularmente quanto a danos, desgaste ou
oxidação.
A manutenção preventiva é o melhor
meio de assegurar a durabilidade e a segurança dos equipamentos. Ela envolve a
verificação dos sistemas elétricos, substituição de peças desgastadas e
calibração dos controles de corrente e tensão. Além disso, é essencial seguir
as instruções dos manuais técnicos e nunca realizar reparos improvisados.
O cuidado com os equipamentos também reflete a responsabilidade do profissional. Um auxiliar ou soldador que zela por suas ferramentas demonstra comprometimento, respeito pelas normas de segurança e consciência da importância de seu papel no processo produtivo.
Conclusão
O domínio dos equipamentos e ferramentas básicas é essencial para qualquer profissional que atue na área de soldagem. Compreender o funcionamento das máquinas, identificar suas partes e aplicar as ferramentas auxiliares corretamente garante não apenas a qualidade das soldas, mas também a segurança e a produtividade no trabalho. Além disso, a conservação adequada dos equipamentos é uma prática que evita acidentes, reduz custos e contribui para o bom desempenho das atividades.
O auxiliar de solda, em especial, deve estar atento a cada detalhe — desde a preparação das peças até o armazenamento dos instrumentos —, pois o sucesso do processo de soldagem depende da harmonia entre técnica, conhecimento e cuidado com os recursos utilizados. Assim, a formação de um profissional competente começa pelo domínio dos fundamentos e pela valorização das boas práticas de operação e manutenção.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Welding
Handbook. 9ª ed. Miami: AWS, 2010.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2005.
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Blücher, 2009.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SENAI. Técnicas de Soldagem: Módulo Básico. Brasília: SENAI-DN, 2018.
PRAKASH, Surinder. Welding Processes and Technology. New Delhi: Khanna
Publishers, 2015.
Segurança
e Equipamentos de Proteção Individual na Soldagem
A soldagem é uma atividade essencial na indústria moderna, mas envolve diversos riscos ocupacionais que exigem atenção constante à segurança. O processo, que utiliza calor intenso, eletricidade, gases e metais fundidos, pode causar acidentes graves quando realizado sem as devidas precauções. Dessa forma, compreender os
riscos, utilizar corretamente os equipamentos de proteção individual (EPI) e seguir procedimentos de segurança é indispensável para preservar a integridade física do trabalhador e garantir um ambiente produtivo e seguro.
Riscos da Atividade de Soldagem
O trabalho de soldagem expõe o
profissional a uma combinação de riscos físicos, químicos e ergonômicos. Entre
os principais perigos estão as queimaduras térmicas, a radiação
proveniente do arco elétrico e a inalação de fumos metálicos, que
podem comprometer seriamente a saúde do soldador.
As queimaduras são um dos
acidentes mais comuns e podem ocorrer devido ao contato direto com superfícies
aquecidas, respingos de metal fundido ou faíscas. A temperatura do arco
elétrico pode ultrapassar 6.000 °C, sendo suficiente para causar lesões graves
em frações de segundo. A falta de proteção adequada, o uso incorreto de
ferramentas e a manipulação imprudente das peças são fatores que aumentam
significativamente esse risco.
A radiação emitida pelo arco
elétrico é outro perigo relevante. O arco gera radiação ultravioleta (UV),
infravermelha (IV) e visível, que podem causar lesões oculares conhecidas como cegueira
do soldador ou fotoceratite, além de queimaduras na pele semelhantes
a uma exposição solar intensa. A radiação UV, em especial, é invisível e
penetra facilmente tecidos leves, tornando indispensável o uso de máscaras de
solda com filtros adequados e roupas de proteção confeccionadas com material
resistente ao calor.
A inalação de fumos metálicos e
gases tóxicos representa um dos riscos mais graves à saúde a longo prazo.
Durante o processo de soldagem, especialmente na fusão de aços e ligas
metálicas, são liberadas partículas finas e vapores que podem conter
substâncias nocivas, como óxidos de ferro, manganês, zinco, cromo e níquel. A
exposição prolongada a esses contaminantes pode causar doenças respiratórias,
intoxicações e até efeitos neurológicos. Por isso, é imprescindível garantir
uma boa ventilação no ambiente, utilizar exaustores localizados e máscaras
respiratórias com filtros apropriados.
Além desses riscos, o soldador também está sujeito a choques elétricos, principalmente em locais úmidos ou mal aterrados, e a problemas ergonômicos, devido às posições forçadas e repetitivas adotadas durante o trabalho. A vibração, o ruído e a iluminação inadequada completam o conjunto de fatores que tornam a soldagem uma atividade que requer rigor na aplicação das normas de segurança.
Equipamentos de Proteção
Individual
e Coletiva
O uso de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) é obrigatório e regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 6
(NR-6) do Ministério do Trabalho. Os EPIs têm como objetivo proteger o
trabalhador dos riscos que não podem ser eliminados por medidas de engenharia
ou de organização. Já os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) são
dispositivos que visam à segurança de todos os trabalhadores presentes no
ambiente.
Entre os principais EPIs
utilizados na soldagem, destacam-se:
No âmbito coletivo, os EPCs
incluem sistemas de exaustão localizados, cortinas de solda com material
antirradiação, aterramento elétrico adequado, sinalização de segurança e
delimitação de áreas de risco. Também se recomenda a instalação de detectores
de gases e o uso de barreiras físicas para proteger outros trabalhadores
próximos à área de soldagem.
É importante ressaltar que o uso do EPI não substitui as demais medidas preventivas, mas complementa a segurança do trabalhador. O empregador deve fornecer os equipamentos em perfeito estado, treinar o funcionário quanto ao uso e substituí-los sempre que houver desgaste. O uso inadequado ou a negligência no emprego dos EPIs é uma das principais causas de acidentes evitáveis.
Procedimentos de Segurança e
Primeiros Socorros
A segurança na soldagem depende não apenas do uso dos equipamentos, mas também da adoção de procedimentos operacionais corretos e de uma cultura preventiva. Antes de iniciar o trabalho, o soldador deve
inspecionar a área de serviço, verificar as condições
dos cabos, conexões e equipamentos, e assegurar-se de que não haja materiais
inflamáveis próximos.
A verificação das instalações
elétricas é essencial para prevenir choques e curtos-circuitos. As máquinas
devem ser aterradas e desligadas quando não estiverem em uso. A ventilação deve
ser garantida, principalmente em espaços confinados, onde a concentração de
gases pode alcançar níveis perigosos.
Durante o processo, o soldador deve
manter postura adequada, evitando movimentos bruscos e posições desconfortáveis
por longos períodos. O uso de ferramentas em bom estado e o armazenamento
adequado dos materiais inflamáveis reduzem os riscos de incêndio.
É fundamental que o local possua extintores
de incêndio apropriados, como os de dióxido de carbono (CO₂) e pó químico
seco, e que todos saibam utilizá-los.
Os procedimentos de primeiros
socorros devem ser conhecidos por todos os profissionais da equipe. Em caso
de queimaduras, a área afetada deve ser resfriada com água corrente por
alguns minutos, sem aplicar pomadas, óleos ou produtos caseiros. Se houver
queimadura extensa, a vítima deve ser encaminhada imediatamente a um serviço
médico. Em situações de choque elétrico, o socorrista deve desligar a
fonte de energia antes de tocar na vítima e acionar o serviço de emergência.
A inalação de fumos metálicos pode
causar irritação, tontura e dificuldade respiratória. Nesses casos, o
trabalhador deve ser removido para um local arejado e encaminhado ao
atendimento médico. O treinamento em primeiros socorros e o acesso rápido a
materiais de emergência podem fazer a diferença entre um acidente leve e uma
ocorrência grave.
Outro aspecto essencial é o cumprimento das Normas Regulamentadoras (NRs) que tratam da segurança do trabalho. Além da NR-6 (EPI), destacam-se a NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), NR-10 (Segurança em Instalações Elétricas), NR-12 (Segurança em Máquinas e Equipamentos) e NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção). O conhecimento e o cumprimento dessas normas são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho seguro e em conformidade com a legislação.
Conclusão
A soldagem é uma atividade de alta complexidade e risco, que exige atenção rigorosa à segurança. O uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva, aliado à aplicação de procedimentos adequados e ao cumprimento das normas regulamentadoras, é indispensável para prevenir
acidentes e preservar a saúde dos profissionais.
O soldador e o auxiliar devem atuar com responsabilidade, consciência e disciplina, compreendendo que a segurança não é apenas uma exigência legal, mas um valor essencial que assegura a continuidade do trabalho e a integridade física de todos os envolvidos. A cultura de segurança deve ser permanente e reforçada diariamente, garantindo que a soldagem seja realizada com eficiência, qualidade e, acima de tudo, com proteção à vida.
Referências Bibliográficas
AMERICAN WELDING SOCIETY (AWS). Safety
in Welding, Cutting, and Allied Processes – ANSI Z49.1. Miami: AWS, 2012.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora nº 6 –
Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Brasília: MTE, 2019.
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Soldagem.
2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2005.
SENAI. Segurança em Processos de Soldagem. Brasília: SENAI-DN, 2018.
MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem:
Fundamentos e Tecnologia. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
SOUZA, Sérgio Augusto de. Processos de Soldagem. São Paulo: Edgard
Blücher, 2009.
PRAKASH, Surinder. Welding Processes and Technology. New Delhi: Khanna
Publishers, 2015.
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